IDO
IDO
'3
Ir
Director: Eng.o Rogério F. de Moura. Director-Adlunto: Rui 'Carta xana. Chefe
da Redacção: Mota Lopes. Redacção: Areosa Pena. Ribeiro Pacheco, Miguéis
Lopes Jr.. Maria de Lurdes Ferreira, Manuel Salvado. Augusto Carvalho (Lisboa).
Fernanda Gomes e Santos Ribeiro (Porto), Teresa Sé Nogueira (Brasil);
Economia -Parcfdio Costa; Automobilismo- Carlos Caiano. Fotografia: Ricardo
Rangel (chefe); Kok Nam e Armindo Afonso. Maquetizaçio: Lourenço de
Carvalho. Delegado na Beira: Casimiro Nogueira. Delegado em Joanesburgo:
Brás Pereira. Oficinas: A. Gonçalves (chefe-geral). Composição - Carlos Manuel,
Emídio Campos, Henrique Pais, José Gonçalves, C. Anane e Isaías Vicente;
Impressão - José Arede, Alexandre Fernandes e Américo Oliveira; «OffsetfJaime Duarte. A. Simões, J. Rosário, Vítor Manuel, Nelson Amarai e Nicolau
Dias. Propriedade: Tenpográfica, S. A. R. L. Redacção, Administração e Oficinas:
Avenida Afonso de Albuquerque, n.~ 1078 A e 0 (Prédio Invicta) -Telefs.: 26191.
26192 e 26193. C. P. 2917. Lourenço Marques.
NOTA DA REDACÇAO
PROIBIDO A MULHERES, este número de TEMPO
é, pelo contrário, muito especialmente dedicado a todas as nossas leitoras, Com
efeito, e no caderno central, um pequeno «dossier» sobre a situação da mulher no
mundo de hoje põem muitos pontos nos is e recorda que também aqui mesmo,
entre nós, as questões hoje levantadas pelos movimentos feministas mundiais têm
razão de ser. A última palavra cabe, no entanto - e exactamente- à nossa leitora.
NO que se refere a actual política nacional, inserimos igualmente um «dossier»
especial, constituído por noticiário e editoriais sobre um dos mais importantes
tópicos dos dias que correm a proposta de reforma constitucional que o Presidente
do Conselho fez subir à Câmara Corporativa e que, mesmo depois de aprovada e
longamente explicada, continua a 'suscitar apaixonadas mas nem sempre muito
coerentes posições. Nas páginas que neste número de TEMPO lhe dedicamos,
tentamos explicar, em termos que gostaríamos acessíveis, o que realmente se está
a passar em redor da proposta de Marcello Caetano e o que ela significa na actual
conjuntura política portuguesa. Intitulámos esse «dossier» de «A Nossa Posiçao»
e julgamos que, apesar de tudo, essa posiçao se patenteia claramente nas páginas
que o comporta.
ENTRE outros assuntos que o Leitor igualmente encontrará neste número de
TEMPO, salientamos-lhe ainda a entrevista realizada na Rodésia com o Ministro
da Defesa daquele território vizinho, o «honorable» John Howman, que em
termos nem sempre muito expansivos se refere à luta armada rodesiana.
E até à semana caro Leitor.
* pIp~
n." 30- 11 de Abril de 1971- 7.5
o
Tiragem desta edição: 18000 exemplares
Biblioteca do Arq. Hist. de Moç. N .o.. . , ---------..
Cota
i
Sumario
Reportagens:
DOSSIER REFORMA CONSTITUCIONAL (1)
MINISTRO DA DEFESA DA RODÉSIA CARTAS DE CONDUÇÃO
MULHER: O SEGUNDO SEXO «OSCAR»: GALARDÃO EM DESCRÉDITO
DOSSIER REFORMA CONSTITUCIONAL (H) FESTIVAL DA EUROVISÃO
6
1.5
22 29 35
48 50
Secções:
A REDACÇÃO 4
POP 41
FOTOS & FACTOS 44,
PASSATEMPO 58
OPINIÃO 66
A NOSSA CAPA
PROIBIDO A MULHERES, este número de TEMPO é, pelo contrário, muito
especialmente dedicado a todas as leitoras.
VENDA DIRECTA.
Distrto de Laureno Marques, 7880. Outrm distrito., 1~00.
ASSINATURAS
Moçambique- Distrito de Lourenço Marques- Trimestral (13 números), g0$00;
semestral (26 números), 18000: anual (52 números). 350$00. Outros distritos (via
aérea) - Trimestral. 120$00; semestral. 240 0; anual, 450$00. Outros territórios
portugueses e pafres vizinhos (via ,ér-)
0$0Trimestral, 00: semestral.
240100: anual. 400$00 acrescidos
das seguintes taxas por exemplar: Metrópole e Ilhas, 18$50; Angola, 9$%0:
Africa do Sul, Rodésia, Suazilândia e Malawi,ç510.
VISADO
PELA COMISSAO
DE CENSURA
i
Qo 0\~
A MELHOR FOTO DOS NOSSOS LEITORES
MASTRO REAL, de António José Almeida Lopes, foi a melhor fotografia da
semana. Uma participação de um nosso leitor de Lourenço Marques (Rua
Fernandes da Piedade, 33, 8., flat 22) que lhe vale o prémio com que galardoamos
as presenças nesta nossa popular secção: uma assinatura de três meses de
TEMPO. Toda a correspondência para «A Melhor Foto dos Nossos Leitores»
deve ser endereçada com essa referência para a Caixa Postal 2917, Lourenço
Marques, Não se devolvem as provas recebidas.
PREFIRA
AG FA-G EVAERT.È CT18: O SLIDE DA COR NATURAL
BEIRA: O PRESENTE
Exmos. Senhores:
Em virtude de V. Exas. estarem desligados de qualquer espécie de jornais, venho
por este meio pedir licença, para focar um problema aqui desta «Beira chata»...
Há dias, num dos jornais aqui desta cidade, agora o único (e que nem por isso é
melhor), falavam do fecho de contas anual da Câmara Municipal da Beira... Nada
menos que 44 mil contos! Sobre isso já têm pára ýaqui falado, dado, uma ou outra
ideia em como aplicar parte do dinheiro.
Primeiramente, vou falar num assunto que dá vontade de rir. Registou-se no dia
27 de Março a maior maré do ano. Muito bem. Se há ai alguém que recentemente
tenha vindo á Beira, pode comprovar que depois do campo dp Sporting, aonde
existiam os
canhões, não existe muralha, já o mar a levou. Pois, querem V. Exas. acreditar,
que no dia 24, deram inicio à construção de uma muralha, ou algo parecido, pois
ainda estão nas fundações, e não se sabe bem o que em três dias pode dali sair...
Cabe na cabeça de alguém, que só a três dias da maior maré do ano dêem inicio às
obras? E quem diz ali, diz também perto do Grande Hotel, onde o mar quando
está enfurecido, passeia pela rua!
Seguidamente, falaremos do Macúti. Mas aquele Mactíti. para lá das Palmeiras,
pois
até ali está tudo em ordem. Sabe? As PaImeiras é ennsiderado o bairro «com
muito chiq». cá da terra. Se há alguém que lá more e diga o contrário, é porque é
um insatisfeito!
Mas como eu ia dizendo, vou falar do Macúti. Exactamente dos Maristas para lá.
O Macúti está em pé há cerca de 18 anos. Pelo menos nessa altura foram
construídos os bairros da Sofil, existia o bairro da Câmara, as casas do Banco e da
União Comercial. Depois disso, têm vindo sempre a construir, e hoje o Macúti
está razoável. Mas, o que acho curioso, é que há dez anos pelo menos que aquilo
está como é hoje. Desejo perguntar o porquê de os trabalhos não se fazerem.
Em terceiro, e ainda no Macúti, para
quando a iluminação decente das ruas interiores? Sim, quem passar na Avenida
principal do Macúti, pensará que é tudo assim. Mas as paralelas e outras, porque
não se iluminam? Os consumidores pagam! A luz ali existente é fraca, mortiça,
mal se distingue quem vem a cinco metros de distáncla.
E vá lá, porque não fazer-se um jardim público na Beira? É incrível, «nas não
existe um jardim decente na cidade, e quando digo cidade, digo um que seja
acessível a todos
UMA CARTA
DO SECRETARIO PROVINCIAL DE COMUNICAÇÕES
Dirigida ao nosso director e com palavras que muito nos apraz registar,
recebemos do secretário provincial de Comunicações de Moçambique, eng.o
Vilar Queiroz, a seguinte carta:
Senhor Director:
Este jovem órgão da Informação que sob a direcção de V. Ex., tem vindo a
revelar-se de mgnifesto interesse para o público várias vezes se tem ocupado de
facetas relacionadas com os transportes e comunicações na Província e mesmo
com as minhas acções na função de secretário provnicial.
'Agora que um ano é decorrido no exercício do meu cargo venho agradecer o
interesse que o «Tempo» tem manifestado pelo âmbito dos assuntos à minha
responsabilidade e testemunhar a V. Ex.1, senhor director, e aos seus diligentes
colaboradores a minha muita consideração e agradecer-lhes o interesse posto na
minha acção o do que me está afecto.
Com os meus cordiais cumprimentos desejo para «Tempo» e os que nele
trabalham os melhores sucessos.
VILAR QUEIROZ
os moradores. Existe um na Manga, o Soares Perdigão... Nem sei bem se lhe
posso chamar jardim, pois quando lá fui deu-me a nitida impressão de estar
pràticamente votado ao abandono. Pontes caídas sobre o lago... mas pode ser que
eu esteja errada! Pode ser que seja feitio! Existe ai um belo jardim, que é o Vasco
da Gama. Porque não fazer-se um à sua semelhança aqui na Beira? Já rnão direi
tão belo, tão maravilhoso como o de Lourenço Marques, mas algo parecido.
E os passeibs? Rachados, esburacados... e isto onde elesexistem! Há zonas
residenciais que há anos não têm passeios. Lá construir, constroem eles, mas os
passeios... Eram mais uns sacos de cimento que tinham que g astar! Portanto, é da
competência da Câmara, senão fazê-los, obrigar e contribuir para que os mesmos
sejam feitos. E uma vez que esta minha carta já vai longa, vou apenas falar noutro
problema da cidade. Sabe, eu trabalho, e como não tenho carro, venno
diariamente para o serviço de autocarro, o qual dá diàriamente as mesmas voltas.
Não, não vou falar de autocarros! Isso, nem vale a pena! Mas como ia dizendo,
quando vou trabalhar, vejo, correndo aquelas artérias da cidade a carroça dos
cães. Aonde moro, não há ninguém que não tenha um caãzinho, e geralmente,
todos «grandinhos». Antes de irem para o serviço, as senhoras têm a preocupação
de mandar amarrar bem os cãezinhos «não vá passar a carroça»... Alguns, já
chegaram ao requinte de às sete horas das manhã os prenderem. É fácil, a carroça
passa todos os dias à mesma hora! Mas ao que me quero referir, é à falta de
civismo desta gente. A noite, andam aqueles cães todos à solta, na estrada, entram
nos quintais, e é uma barulheira que não se pode sossegar. Que tal o sr. presidente
dar as suas ordens, para que a carroça passe durante umas noites pelo Mactítl e
Manga?
Tenho a certeza que a «apanha» era brutal, e se os donos fossem na altu'a do
pazamento da multa avisados para terem os animaizinhos presos de noite, então,
sim! Poder-se-ia repousar em paz? Eu também gosto de animais, mas tenho ainda
um pouco de consideração pelos vizinhos pelo que não os tenho. Mas estou a ver
que o único mod. de proceder aqui nesta «Beira chata» é deixar andar! Que se
salve quem puder!
E aqui fica o meu pedido, um pedido de uma residente (infelizmente), para que
pela Beira se faça algo de útil! Imagine que já falam da iluminação do Natal! A
eterna invejazinha de Lourenço Marques, que é bela naquela época. Sim, é bela,
lindamente iluminada.., mas as .suas ruas estão todas decentemente iluminadas
durante 365 dias
por ano!
k aqui fica o meu pedido de publicação, com autorização de modificação, pois
não me considero boa escritora!
MARIA NUNES
PÁGINA
A
ALT E.RAÇÃO DO,
e A proposta do Governo subirá
agora à Assembleia Nacional
Foi aprovada na generalidade pela Câmara Corporativa a proposta de alteração da
Constituição apresentada pelo Governo, tendo sido rejeitados os dois projectos de
alteração apresentados quase ao mesmo tempo por dois grupos de deputados, um
encabeçado pelo dr., Sá Carneiro, outro pelo dr. Duarte Amaral. Nenhum destes
dois projectos se referia, porém, á orgânica política do Ultramar: o primeiro
tratava quase só de meter «o nome de Deus»
-no texto da Constituição e o segundo, subscrito pelos mais destacados elementos
da chamada «ala liberal», envolvia diversa matéria sobre liberdades individuais e
garantias pollticas dos cidadãos.
Foi relator da proposta de
alteração do Governó o Prof. Doutor Afonso Queiró, conhecido mestre de Direito
Administrativo da Universidqde, de Coimbra. O seu parecer é um extenso
documento de mais de cem páginas dactilografadas, de que publicamos a parte
re, ferente à eleição do Presidente da República, aumento do número de deputados
e Ultramar.
ELEIÇAO DO PRESIDENTE DA REPúBLICA
E ,MAIS DEPUTADOS PARA O ULTRAMAR
Acerca do artigo 80.* («da eleição do Presidente da República e suas
prerrogativas») o Governo propôs que a substituição do Presidente da República
no caso previsto no parágrafo segundo seja não só da competência do Presidente
do Conselho como no impedimento deste, do Presidente da Assembleia Nacional.
Concordando com a proposta, a Câmara Corporativa entende, porém, que se deve
acrescentar que o Presidente da Assem bleia Nacional investido nas funções de
Chefe do Estado ficará privado do exercício das funções próprias. Também a
Câmara concorda( cem a alteração que se propõe no artigo 85.0 para aumentar.o
número de deputados componentes da Assembleia Nacional. Esse número recorda-se --- foi inicialmente de 90. passando para 120 em 1945 e para 130 em
1951. A justificação apresentada pelo Governo e perfilhada no parecer é de que
isso «permitirá uma representação mais justa das Províncias Ultramarinas e de
certos círculos metropolitanos». Referindo as anomalias mais gritantes do que se
passa presentemente, anota-se:
«Segundo o artigo primeiro do Decreto-Lei n.' 43901, de 8 de Setembro de 1961,
os círculos de Angola e Moçambique elegem cada um sete deputados, mais um
apenas do que os que
elegem os círculos de Aveiro, Braga, Coimbra, Leiria, Santarém e Viseu, e menos
cinco e menos três do que os que elegem, respectivamente os de Lisboa e do
Porto.» Lembra-se, depois, que o aumento não suscitará a necessidade de eleição
suplementar, pois os vinte deputados previstos a mais não resultam de vagas que
tenham ocorrido na Assembleia Nacional.
TERRITÓRIOS PORTUGUESES FORA DA EUROPA
Na definição dada no art.' 133." segundo a proposta de lei, aos territórios da
Nação Portuguesa situados fora da Europa, a Câmara Corporativa, além de uma
ligeira alteração da forma acrescenta-lhe um parágrafo único:
,O estudo de cada Província Ultramarina estabelecerá a organização adequada à
sua situação geográfica e às condições do seu desenvolvimento, observada a lei
que fixar o regime geral de Governo das Províncias Ultramarinas. Nesta deverá
prever-se a possibilidade de haver, quando convier, serviços públicos de
administração provincial integrados na organização da administração de todo o
território português.»
Também há diferenças entre o texto do art.' 134.' da proItosta de lei e o que surge
no parecer, que, aliás, altera a própria numeração deste artigo (sugere que passe a
ter o núnero 136/rpt 136/0). Diz-se na proposta: «cada Província constitui uma
pessoa colectiva de 'direito público dotada de autonomia, ~com capacidade para
adquirir, contratar e estar em juizo e cujo estatuto estabelecerá a organização
política e administrativa adequada à sua situação geográfica e às condições *do
seu desenvolvimento. A Câmara sugere:
«Cada Província constitui uma pessoa colectiva de direito público, com capacidade para adquirir, contratar e estar em juízo.'
AUTONOMIA
DAS PROVINCIAS ULTRAMARINAS
Também o artigo em que se descreve o que compreende a autonomia das
Províncias UItramarinas foi modificado pela Câmara Corporativcr. O Governo
propôs para ele o número 135.0 e no parecer dá-se-lhe o número 134.0.
PRINCIPAIS ALTERAÇõES
E nas suas alíneas as primeiras alterações propostas pela Câmara são
comparativamente: a)- O direito de possuir órgãos efectivos de Governo próprio
(lê-se na proposta de lei). O direito de possuir uma Assembleia Colectiva com
competência legislativa (texto do' parecer).
b) - O direito de legislar, através de órgãos próprios, com respeito das normas
constitucionais e das emanadas dos órgãos de soberania sobre todas as matérias
que interessem exclusivamente à respectiva Província e não estejam,.reservadas
pela Constituição ou pela lei a que se refere a alínea um) do art.* 93 o, à
competência daqueles últimos órgãos (proposta de lei). O direito de legislar, com
respeito das normas.cons7 titucionais e das emanadas dos órgãos da soberania,
sobre todas as matérias que lhe interessem exclusivamente e não estejam
reservadas pela Constituição ou pela leX que define o regime geral de Governo
das Províncias Ultramarinas à competência daqueles órgãos. c) -O direito de
assegurar através dos órgãos de Governo próprio a execução das leis e a
administração interna (proposta de lei) o direito de, através de órgáos locais,
assegurar a execução das leis e a admiIOMA UNDAI
NTAI
nfttração interna (texto do parecer).'
d) -O direito de dispor das suas receitas e de as afectar às despesas públicas de
acordo com a autorização votada pelos órgãos próprios de rýepresentação
(proposta de lei). O direito de cobrar as suas receitas e afectá-las às suas despesas,
de acordo com o diploma de autorização, votado pela sua Assembleia Legislativa,
em que serão definidos os princípios a que deve obedecer o orçamento da parte
das despesas de quantitativo não determinado por efeito de lei ou contrato
preexistente (texto do parecer).
No art.' 136." da proposta de lei diz-se que «o exercício da autonomia das
Províncias Ultramarinas não afectará a unidade da Nação Portuguesa nem a
integridade da soberania do Estado». Para esse efeito compete aos órgãos da
soberania da República...».
A Câmara Corporativa, que dá a este artigo o número 135." perfilha a seguinte
redacção:
«Com vista à perservação da unidade nacional, da integridade da soberania do
Estado, das superiores conveniências da Nação Portuguesa e da solidariedade das
suas várias parcelas, compete aos órgãos da soberania.»
Aliás, no articulado deste artigo poucas alterações de vulto são introduzidas pela
Câmara Corporativa, excepto no parágrafo primeiro, cujo texto apresentado pelo
Governo é o seguinte: os órgãos de soberania com atribuições legislativas
relativamente às Províncias UItramarmas são a Assembleia Nacional, nas matérias da sua exclusiva compétência
ou quando haja de legislar para todo o território nacional, e o Governo, por meio
de decreto-lei, ou, nos casos em que os diplomas se destinem apenas às
Províncias, por meio' de acto do Ministro a quem a lei confira competência
especial para o efeito». No parecer da Câmara Corporativa, a este parágrafo é
dada outra redacção:
«Os órgãos, da soberania com atribuições legislativas relativamente às Províncias
Ultramarinas são a Assembleia Nacional, sob a forma de lei, nas matérias da sua
exclusiva competência e nas de interesse comum à Metrópole e a todas ou
algumas delas, o Governo, sob a forma de decreto-lei, neste último domínio, e o
Ministro ao qual a lei confira competência especial para o efeito, nas matérias de
interesse superior do Estado ou que sejam comuns a mais de uma Província
Ultramarina».
ESTATUTO PRÓPRIO
Sobre o titulo VII do artigo quinto («das Províncias Ultramarinas») observa a Câmara Corporativa que «Metrópole e Ultramar são, em
rigor, meras designações geográficas, consideradas, para certos efeitos,
significativas de espaços jurídicos, e nada mais». É feita a seguir, uma observação
ao artigo 133.", onde se diz, na proposta de lei que «as Províncias Ultramarinas
terão estatuto próprio» e
que «formam regiões autónomas»:
«Daqui resulta, dados os termos do proposto artigo 5.«, que estas terão
organização política e administrativa adequada à sua integração geográfica e às
condições do respectivo meio social.
Nos estatutos observar-se-á naturalmente o regime geral de governo das
Províncias Ultramarinas que a lei definir. É natural que esta lei, ela própria venha
a esclarecer a quem compete a feitura dos estatutos das regióes autónomas. Na
proposta não se esclarece se isto fica reservado à competência de autoorganização dessas entidades ou se, pelo contrário, tal matéria, por contender com
os superiores interesses nacionais;, deverá pertencer aos 6rgãos da soberania do
Estado».
Recorda-se a seguir, que existem hoje serviços provinciais integrados na
organização geral de administração de todo o território português (serviços
nacionais) ao lado de outros, certamente mais numerosos, que constituem
organizações próprias de cada Província. E observa-se que não é de excluir, por
exemplo, que serviços como os da saúde pública, do ensino em geral, da justiça e
outros, não apenas possam, mas mesmo eventualmente devam ser organizados
como serviços nacionais. Deste modo, a Câmara sugere que -se diga que na lei
sobre o regime geral de governo das Províncias Ultramarinas se deverá prever a
possibilidade de haver serviços públicos da administração provincial ihtegrados
na organização de todo o território português».
A DESIGNAÇAO DE «ESTADO»
Relativamente à designação de «Estado», que poderão vir a ter as Províncias
Ultramarinas,
de acordo com a tradição naç cional, quando o progresso do seu meio social e a
complexidade da sua administração justifiquem essa qualificação honorifica, a
Câmara Corporativa diz:
«Assinale-se que se não trata de qualificação, digamos, científica, que às
Províncias Ultramarinas caiba, analisando que seta o regime jurídico,
especialmente o regime constitucional, a que ficam sujeitas. Esta Câmara,
especialmente a propósito do artigo 5.", já teve .ocasião de evidenciar que a
unidade política nacional não é negada ou quebrada ou mesmo simplesmente
atenuada pelo facto de se prever a existência de regiões autónomas. As
comunidades populacionais das regiões não são, isoladamente, detentoras de
soberania própria, no exercício da qual elaborem a sua respectiva constituição ou
modifiquem a que em certo momento lhes haja sido outorgada pelos órgãos
legislativos das Províncias Ultramarinas não exprimem a vontade soberana das
suas populações. Não existe um executivo local, responsável perante uma
Assembleia Legislativa e concebido também como representante, ainda que
indirecto, de cada uma dessas populações, entendidas como providas de
soberania. Não existe, nas Províncias Ultramarinas, um -poder judicial» próprio
de cada uma delas, e exercício apenas por cidadãos naturais de cada Província.
órgãos legislativos, executivos e judiciais, em cada Província, não exprimem
outra soberania que não seja a da Nação Portuguesa no seu conjunto, a qual,
antese de mais, se manifesta ou exerce, no plano constituinte, elaborando uma
única Constituição e introduzindo-lhe, sempre que seja oportuno, alterações. Uma
entidade sem poder constituinte não é uma entidade soberana
-não é juridicamente um Estado.
PAGINA 8
PARECR DO PROCURADOR A CAMARA CORPO.
VATI V . FRANCISCO VIEIRA MACHADO
S..o YCreio seria muito preferível a afirmação de que o Estado portuguúês é
unitário, sem qualquer preferência à autonomia das províncias 'ultramarinas. Esta
referência tira vigor à declaração de unidade e é inútil na medida em que esta
autonomia nada tem que ver com unidade naciohal;
2. Conceder a designação -Estado» a qualquer província ultramarina que preencha
determinados requisitos parece-me, na conjuntura presente, altamente perigosa
para a iiidade nacional. Se se trata de uma mera distinção honorífica, as
províncias passam muito bem sem ela. E
-a Constituição não deve conter pa.lavras vazias de sentido. Mas as palavras têm
em si próprias uma 'força de sugestão, uma força dínâmica que, em meu modesto
entender, desaconselha absolutamente a concessão de título de Estado a qualquer
parcela do território nacional.
A palavra Estado» aplicada a uma determinada província gera confusão nas
pessoas, que não são na sua imensa maioria versadas em di.reito constitucional; e
não concebem
-que à palavra não se dê o sentido .que normalmente ela tem.
Para efeitos internacionais, a de signação é Inútil - e é até, talvez, prejudicial. Em
todo o caso, não conquistaremos um único amigo por chamar Estado a uma
determinada porção do território nacional;
3.o Houve o propósito de não fazer qualquer referência a Ministério de Ultramar
ou a ministro do Ultramar. Esta atitude significa o propósito de extinguir aquele
Ministério? Significa mesmo que se pretende estender ao Ultramar a competência
dos vários Ministérios? É que eu não alcanço bem a razão do propósito.
Seja como for, no estado actual das coisas só vejo que possa ser unificada a
organização da justiça, .integrando-se o respectivo pessoal e
as normas que o regem num quadro ú ínico sujeito às mesmas regras.
Sendo assim, a munutenção do
Ministério do Ultramar parece-me indispensável, como organismo coordenador e
orientador especializado,
porque se não pode esquecer que cada província ultramarina tem características o
problemas próprios que devem ser encarados, tendo em atenção a sua
particularidade. Ao mesmo problema pode até não convir dar a mesma solução
em províncias distintas. Se cada Ministério começasse a dar ordens ao Ultramar,
sem serem filtradas por um órgão coordenador não pode ser outro senão o
Ministério do Ultramar.
Tem-se, por várias razões que não vêm à colação, exagerando
extraordinàriàmente as deficiências do Ministério do Ultramar. Algumas têm, sem
dúvida, mas o que há a fazer é corrigi-las e não suprir o Mhiostério.
Desejaria, por isso, que se mantivesse no texto constitucional a referência ao
ministro e ao Ministério do Ultramar.
4.o No artigo 135.0, alínea d), consigna-se o direito das províncias ultramarinas
disporem das receitas ordínárias e de as afectar às despesas, mas não se fala no
equilíbrio orçamental das receitas e despesas ordinárias, o que julgo indispensá
vel.
O disposto na alínea f) do mesmo artigo, a que corresponde a ai'nea e) do parecer
da Câmara, é de tal maneira amplo que é de perguntar se qualquer província pode
estabelecer o regime socialista, por exemplo;
5.* No artigo 136.* proibe-se às províncias ultramarinas contraírem empréstimos
externos. Creio que os empréstimos internos e os avalos deviam ser
condicionados por autorização do poder central, tanto mais que este se obriga a
prestar às províncias assistência financeira e a proporcionar-lhes as operações de
crédito que forem convelientes;
6.o Preferia que se não fizesse na Constituição qualquer referência às missões
católicas, dado que, segundo a minha maneira de ver, teremos de negociar um
novo acordo missionário com o Vaticano, por forma que convém que os nossos
negociadores kão tenham limitações constitucionais;
7.' Creio que o poder de lançar impostos deve ser de exclusiva competência da
Assembleia Nacional.»
Por RUI CARTAXANA
A proposta de alteração da Constituição apresentada pelo Governo Marcello
Caetano e já aceite, com algumas alterações pela Câmara Corporativa, vai ser em
breve discutida e submetida à aprovação da Assembleia Nacional. As outras duas
propostas de alteração constitucional, apresentadas por dois grupos de deputados
que têm, como chefes de fila Sã Carneiro e Duarte Amaral foram, como se sabe,
rejeitadas pela Câmara Corporativa e não devem, portanto, ter um grande futuro
legislativo. Uma tratava quase só de meter «o nome de Deus» no texto da
Constituição, a outra, que era subscrita pelos mais destacados elementos da
chamada «ala liberal», envolvia diversa matéria sobre liberdades individuais e
garantias políticas dos cidadãos - mas ambas ignorando ou omitindo o problema
da orgânica política do Ultramar,
-que, muito ao contrário, constitui, porventura, o fulcro da proposta
governamental.
Na sua proposta, o Governo procura, de facto, dar expressão política aos
princípios definidos pelo Chefe do Governo no importante discurso pronunciado,
precisamente, em Moçambique, perante os Conselhos Legislativo e EconómicoSocial, reunidos em sessão conjunta, sobre descentralização e autonomia
administrativa. A proposta do Governo responde a .quase todas as aspirações do
Ultramar sobre a matéria e ninguém consciente e de boa fé ousará hoje contestar
os princípios que a informam, pois cada vez vai havendo mais problemas do
Ultramar que só se resolvem se forem resolvidos no Ultramar.
Mas a proposta de alteração constitucional apresentada pelo Governo, se
«Nem estarão comigo, tão-pouco,
que, arrogando-se o monopólio do triotismo a cada passo Insinuam, juriam,
caluniam com vesânia
ideias, os actos e as intenções de qu
honesta e desinteressadamente
STITUCIONAL:
POSlCAO
foi de encontro às aspirações dos ultramarinos conscientes, que a aceitaram como
aquilo que era possível (e não é a política a arte do possível?), parece ter
encontrado inesperadas resistências por parte de pequenas minorias com marcada
expressão política, mas sem grande representatividade.
Uns consideram que as alterações propostas apenas mudam os nomes das coisas e
deixam tudo como dantes, outros acham que se foi perigosamente longe de mais e
fazem apelo a uma integração.
Se de um lado e outro se descobre
muita gente de boa fé, que pensa assim ou receia assado por aquilo que entende
ser uma atitude meramente patriótica, é por demais evidente muitas destas
resistências se filiam em interesses que os seus autores julgam ameaçados com as
propostas alterações à Constituição.
Tudo leva a crer que o projecto de
Reforma Constitucional, agora aprovado na Câmara Corporativa, encontre na
Assembleia Nacional a maioria necessária à sua aprovação, certamente com
desgosto de alguns saudosistas que chegaram aos nossos dias sem darem conta de
quanto se transformaram as coisas à sua volta.
A administração dos territórios do
Ultramar não pode continuar a fazer-se à distância, através dos longos e
necessàriamente morosos canais por que se processa actualmente, sob pena de
criar graves anquiloses e perdas de tempo com que se não compadecem os
problemas dos nossos dias. A aproximação dos centros de decisão dos próprios
territórios, que a Reforma Constitucional em curso vem consignar, é uma
necessidade urgente e inelutável.
%agra todos os momentos da vida ao serviço da Nação.»
(Marcello Caetano, na reunião do
Comité Central da A. N. P. realizada no Porto no dia 1-4-71)
PÁGINA 2
PARECER DO PRO. DOUTOR ANTUNES VAR[LA ANTIGO MINISTRO DA
JUSTIÇA
"Votei vencido em três pontos fundamentais. Entendi que não devia riscar-se da
Constituição a afirmação de que a religião católica é a religião da Nação
Portuguesa, embora reconheça que a ideia está formulada em termos muito pouco
felizes no texto do actual artigo 45.0 Agora que o Estado se dispõe a eliminar os
obstáculos que até aqui poderiam ter embaraçado a livre organização, na
Metrópole e no Ultramar, das confissões não católicas, dando plena autenticidade
ao princípio da liberdade religiosa, mais à vontade o legislador se deveria sentir
para manter no estatuto político fundamental um dos traços, fisionómicos que,
reflectindo uma constante histórica do povo português, melhor caracteriza, como
entidade moral e cultural distinta dos indivíduos que em cada momento a
integram, a nossa comunidade nacional.
Quanto ao Ultramar, a proposta governamental tem alguns aspectos francamente
louváveis. Mas peca, de um modo geral, pelo excessivo relevo que imprime em
vários pontos à ideia da autonomia política dos territórios ultramarinos (artigos
5.o, 133.-, 134.- 135.o e 136.0). E o parecer da Câmara,ý na esteira da proposta,
mantém a possibilidade da designação honorífica de Estados, bem como a nova
categoria político-administrativa das regiões autónomas.
A primeira designação começa, porém, por ser juridicamente inexacta, dentro da
estrutura unitária do Estado Português, e nada acrescenta na realidade das coisas,
como se reconhece, aliás, no parecer. Ao argumento desconcertante em que este a
apoia -não haja medo das palavrasi -, apetocer-me-ia replicar: Tenhamos todo o
cuidado com as palavras! As palavras possuem uma força emotiva extraordinária,
pi:nc:pzimente nas sociedades massificadas dos tempos moderos. Aqueles
c'rculos internacionais que hoje ros peçam palavras a troco da sua simpatia, serão
os primeiros a reclamar amanhã, que, por um princípio de coerência ponhamos a
realidade de acordo com as palavras ao serviço de desígnios que fácil será
adivinhar quais sejam.
Quanto à expressão regiões autónomas, que nenhuma tradição cohta entre nós,
reputo-a desnecessária, inoportuna e não isenta de riscos. Desnecessária porque
todas as modificações substanciais previstas o estatuto político- administrativo
das regiões do Ultramar se adaptam porfeitamente à designação genuína de
províncias ultramarinas. Inoportuna, porque, tendo a luta no Ultramar contra o
terrorismo nascido sob o signo da autodeterminação contra a tese da integridade
territorial de um estado unitário, tudo quanto desne. cessàriamente se preste a ser
havido por outros como desvio daquela tese pode ter o sabor amargo de uma
renúncia ou de uma abdicação perante o inimigo, numa altura em que uma
significativa viragem de muitos círculos da opinião internacional se operou já a
nosso favor. Num território, como o do Estado Português sujeito às forças
cehtrífugas de uma pronunciada dispersão geográfica, e numa altura em que as
Universidade de Angola e Moçambique começam a lançar para a vida sucessivas
gerações de jovens que nenhum contacto tiveram na sua formarão intelectual com
o território da mãe-Pá. tria ou com outras parcelas do Estado, o que mais nos deve
preocupar é o reforço dos laços de solidariedade existentes entre estas várias
parcelas da Nação e a multiplicação dos serviços nacionais que, fortalecendo a
consciência da nossa unidade moral, melhor facultem o aproveitamento dos
valores humanos e dos nossos escassos recursos materiais em todo o espaço
económico português. Por isso, votei que não se eliminasse a doutrina expressa
nos actuais artigos 135.o e 136.o da Constituição e se acentuasse antes o princípio
da descentralização administrativa, em lugar da descentralização política. É da
descentralização administrativa e da correlativa desconcentração, de funções, não
proclamadas apehas nos textos, mas traduzidas em actos, que o Ultramar, a meu
ver, necessita como de pão para a boca, tanto no plano superior da Administração
Central com ao nível da administração local.»
PAGINA 10
A Câmara Corporativa
não aprovou (por maioria)
os projectos dos deputados
A',Câmara Corporativa rejeitou tanto o projecto de lei de alterações à
Constituição Política de autoria do deputado Sa Carneiro e outros, quer o projecto
do deputado Duarte Amaral e outros. Nem todos os procuradores designados para
apreciar esta matéria concordaram, no entanto, com esta rejeição na generalidade
de ambos os projectos. A decisão foi tomada por maioria simples, e alguns dos
procuradores que votaram contra fizeram questão.de odeclarar expressamente nos
pareceres.
Assim, relativamente ao projecto Sá Carneiro, cujas linhas fundamentais
acentuavam uma maior extensão das garantias e liberdades individuais, um
esforço dos poderes da Assembleia e da iniciativa dos deputados, e os princípios
da liberdade de expressão do pensamento, votaram contra a rejeição na
generalidade os procuradores Maria de Lourdes Pintassilgo, Diogo Freitas do
Amaral e André Gonçalves Pereira. Relativamente ao projecto-Duarte do Amaral,
que visa fundamentalmente inscrever o nome de Deus no preâmbulo da
Constituição, votaram contra a sua rejeição os procuradores Fernando Cid
Proença, Martins de Corvalh.D, Maria de Lourdes Pintassilgo, Diogo Freitas do
Amaral e André Gonçalves Per ira.
Não assinam, quer um, quer outro, dos pareceres sobre os projectos dos
deputados, os procuradores designados loão Antunes Varela e Trigo de Negreiros,
que assinaram e tomaram parte no debate da proposta do Governo.
As expressões utilizadas no parecer são, parç o projecto-Sá Carneiro: «A Câmara,
respeitando as intenções dos srs. deputados que subscreveram o projecto de lei
que vem de',ser analisado, entende não dever recomendar a aprovaçâo na
generalidade»; e para, o projecto-Duarte Amaral: «Ante as considerações que
acabam de ser produzidas, a Câmara Corporativa desaconselha a aprovação na
generalidade do projecto de Lei n.9 7/X, sem embargo de reconhecer os altos
propósitos dos deputados que o subscrevem.NOS (TAMBEM) DISCORDAMOS!
O jornal «Notícias da Beira» defImia há dias, em editorial, a sua posição sobre os
pareceres dos procuradores à Câmara Corporativa dr. Francisco Vieira Machado e
Prof. Antunes Varela sobre a proposta de reforma constitucional apresentada pelo
Governo, afirmando a sua discordância sobre os textos daqueles doutos
procuradores em termos inequívocos. Gostosamente nos associamos a essa
discordância, que é a de quantos em Moçambique entenderam, desde a primeira
hora, o pensamento do Prof. Marcello Caetano sobre a Reforma da Constituição e
os seus inelutáveis fundamentos.
Dizia aquele jornal diário no referido editorial, após definir a sua própria posição
sobre a proposta do Governo:
«A isso vimos para, com serena objectividade, usarmos também a nossa
independência de julgamento e a nossa liberdade de a expressarmos.
«De ambas nos sentimos com direito não menor do que aquele de que
beneficiaram os dignos procuradores.
«Neste espírito, e com a necessária clareza, afirmamos a nossa completa
discordância dos termos e da doutrina contidos nas declarações de voto dos
dignos procuradores dr. Francisco Vieira Machado e prof. João Antunes Varela.
«Sendo ambos figuras destacadas da vida nacional, com serviços assinaláveis
prestados ao país, reforça-se a autoridade das suas opiniões pessoais com as altas
funções desempenhadas na actividade política, no decurso das suas carreiras profissionais e nos cargos exercidos em empresas privadas.»
E após referir o curriculum das duas personalidades, um e outro antigos membros
do Governo, como diz o «Noticias da Beira», prossegue o editorial subscrito por
C. A.:
«Mas ný,o nos intimidam nem as pessoas, nem os méritos que nelas concorrem
para deixarmos de afirmar quanto pensemos.
«Vivendo nestas terras do Ultramar, participando dos anseios das suas gentes,
auscultando diàriamente os seus problemas e não ignorando o que em redor se
passa, ou ao longe se discute e planeia, tentaremos expressar opinião que não seja
só nossa mas busque integrar o que pensam, sentem e dizem muitos dos que
nestas terras nasceram, nestas terras investiram o seu sangue e sacrifícios, ou por
elas estão dispostos a lutar no pacífico labor do progresso ou no combate árduo
que em qualquer campo se lhes imponha.
«É nessa integração de ideias e de vontades que, sem medos ou destemores,
declaramos a nossa oposição ao que por aqueles procuradores foi escrito no
parecer da Câmara Corporativa sobre a proposta de alteração constitucional.
«Opinião que procura ser válida, objectiva e serena, merecerá sem dúvida a
compreensão e o respeito que devotamos àquelas que o dr. Vieira Machado e o
prof. Antunes Varela formularam nas suas declarações de voto de que com
firmeza, e sem equívocos, discordamos.
«Iremos dizer porquê.»
A CÂMARA MUNICIPAL
DELOURENÇO MARQUES (N]COMPORTEL
APOIA A PROPOSTA
IDE MOÇAMBIQUE,
LDA.
DE
REVISÃO
AV. PINHEIRO CHAGAS, 127.2.0 GABINETE N.0 5
CAIXA POSTAL N. 2386 LOURENÇO
MARQUES
CONSTITUCIONAL
Antes da ordem do dia da última sessão da Câmara Municipal de Lourenço
Marques, realizada no passado dia 5 do corrente, o vereador Rui Cartaxana pediu
o uso da palavra. afirmando:
Senhor Presidente, Senhores Vereadores:
Está em curso legislativo e foi já aprovado pela Câmara Corporativa um Projecto
de Reforma Constitucional apresentado pelo Governo de Marcello Caetano que
visa dar às Províncias Ultramarinas e aos'seus órgãos de Governo uma sensível e
por nós desejada autonomia administrativa.
Os princpios que informam essa proposta foram, de resto, enunciados pelo Chefe
do Governo no memorável discurso que, precisamente em Moçambique,
pronunciou perante os Conselhos Legislativos e Económico-Social, reunidos em
sessão conjunta, em 18 de Abril de 1969, e clarividentemente expôs e explicou
quando tornou pública a proposta.
Ninguém no Ultramar e nomeadamente em Moçambique deixou de entender e
apoiar os fundamentos da proposta de alteração constitucional, até porque ela
respondia a um anseio e a uma aspiração das gentes e da própria administração
ultramarina.
Dirijo-me especialmente a V. Ex.', senhor Presidente, ilustre Procurador à Câmara
Corporativa, que fez parte da Comissão que estudou e aprovou a proposta do
Governo e proponho
*
uma moção de apoio inequívoco à proposta de alteração constitucional
apresentada pelo Governo de Marcello Caetano, o qual deverá ficar exarado na
acta desta sessão.
A CAMARA APROVA A MOÇAO E ENVIA UMA CÓPIA DA
DELIBERAÇAO
Foi aprovada, por unanimidade, a seguinte deliberação: «A Câmara regozija-se
com os termos da Proposta de Alteração à Constituição apresentada pelo Governo
aos órgãos legislativos superiores do Pais, nomeadamente em tudo quanto se
refere às Províncias Ultramarinas.»
Mais foi deliberado que uma cópia desta moção, assinada por todos os vereadores,
fosse enviada ao senhor Presidente do Conselho, através do Gabinete do GovernoGeral.
0 ELEVADORES E ESCADAS ROLANTES «Tem-me chegado aos ouvidos
com certa insistência que em determinados meios o regime de autonomia das
províncias ultramarinas é apresentado como significativo
0 SEGUROS
GRATUITOS PARA TODAS AS PESde uma intenção senão de abandono
pelo menos de desSOAS TRANSPORTADAS, ATÉ AO VALOR DE
truição da unidade e da integridade da Nação. Esse pensamento não o tem a gente
do Ultramar que sabe muito
2000 CONTOS
bem o <fi é que significa a sua autonomia. E quanto às pessoas de cá, julgava eu
ter sido suficientemente claro
0 ASSISTENCIA TÉCNICA PERMANENTE
e elucidativo nas palavras que proferi na. Assembleia Nacional ao apresentar a
proposta de Lei.» (Discurso de Marcello Caetano
Resultado de 9 meses de
actividade em Lourenço Mar.
em 15 de Fevereiro de 1971)
ques: 14 797 430$00
ESTE «DOSSIER REFORMA CONSTITUCIONAL» PROSDELEGAÇÕES NA BEIRA, QUE[IMANE, NAMPULA E TETE
SEGUE NAS PAGINAS 48 a 49 DESTA MESMA EDIÇÃO
TOIROS
NA MONUMENTAL
DIAS 10 E 11 DE ABRIL
ÀS 15 HORAS
TRADICIONAIS
CORRIDAS DA PASCOA
CAVALEIROS (os mais jovens cavaleiros portugueses
numa competição de verdade):
D. FRANCISCO
.. aprovo, respeitosamente, o aumento da gasolina, porque as companhias de
petróleo precisam de viver. Mas, por amor de Deus, não aumentem mais nada...
que eu também preciso de
viverl...
(Desenho de Fernando Neves em «A Capital»)
ZéP1o
CIt410
CooA
.,,.oAS~
tf4Ã O l
tAA O1tI14o10O
SOCl EOADS a~AC O tAD4O I " Iit
Glk StA" A AOL Ç4
-~ 1
Fábrica Representate da
,.
. .::.. .. *....
de Condutores Eléctricos de Moçambique
MANGA * BEIRA
CELCAT - Fábrica Nacional de Condutores Eláctricos, 8. A. R. L
4 .4.
-omo afirmouo
/j
IO GOSTAMOS DE MERCENÁRIOS
Estava numa ampla sala alcatifad e a sensação de conforto que recebia do fofo
cadeirá em que me sentav era contrariada pela persistente fixide com que quinze
ou vinte pares de olhos saxonicos me miravav Olhos brilhantes de azul da Prussic
de gente de uniformes victorianos ou vestes parlamentare: mas sempre hirta,
insistente, incomodativa, contornando o salã<
Who are they?-perguntei (até aqui o meu inglês chegave apontando com o queix
as molduras douradas das paredes da sala de recepçã da Assembleia Nacional da
Rodésic
rirevista de
[BEIRO PACHECO
Aguardava a entrevista, marcada para
as três horas da tarde desse dia, com o ministro da Defesa, dos Negócios Es.
trangeiros e do Serviço Público, ,the Honourable»» John Hartley Howman.
Aguardavam comigo três funcionários rodesianos, um dos quais, «mister» Fro*
ser ,dos Negócios Estrangeiros, satisfez,
pareceu-me que pouco convicto, a curiosidade expressa na minha pergunta: aitos
dignatários da coroa britânica ou qualquer coisa como antigos comissários do
Governo de Sua Majestade, sem dúvida personalidades ligadas à história
rodesiana, Os outros dois, o fotógrafo oficial, e «mister» Henwood, este do
Ministério da Informação, ignoraram a per.
gunta e a resposta.
". Durante os cinco ou dez minutos que
ali estive á espera rememorei as diligências feitas para conseguir a entrevista.
.0 primeiro contacto com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, mais
própria,mente com «mister» A. B. Fraser, cujas
insuficiancias no português eu ajudava , m os pózinhos do meu inglês. O porteiro
fardado que me atendeu, que me obrigou a escrever o nome em letra de imprensa
na folha de cima de um bloco, a fazer a assinatura e a marcar a hora.
Que me entregou depois aos cuidados de outro funcionário, vestido como um
cipaio de boné, para me conduzir ao primeiro andar da casa do Ministério, ao
gabinete do que seria mais tarde o meu esforçado intérprete. Entrei no gabinete e
a porta fechou-se. Era um compartimento modesto, tal como o mobiliário: uma
vulgar secretária de madeira com o tampo pintado de preto. Nas paredes, mapas
da Europa, de Angola e de Moçambique. Falámos. Eu disse o que queria e saí.
Mas reparei que a nossa conversa havia' sido muito mais privada do que eu
imaginava: a porta do gabinete *foi aberta com a chave que «mister» Fraser, um
homem de cerca de 40 anos, de cabelo escuro, gestos pouco exuberantes (apenas
os necessários), tinha guardado no bolso da calça. Da primeira vez que lá estive
antes da entrevista, foi ile próprio que me acompanhou até à portaria, na mão o
papel com a minha identidade e com a hora de saída, para
restituir ao homem que controlava todas
as visitas.
YOUR CAMERA, PLEASE
Lembrei-me ainda do momento em que
«mister» Henwod me apareceu, na recepção do «J'ameson Hotel», para me
conduzir à Assembleia Nacional, em cuja sala alcatifada eu pensava agora nas diligências anteriores. O fotógrafo oficial, ao meu lado, um homem da geraçãçao
de «mister» Henwood, do MinistéO «honourable» John Hartley Howmar
ministro da Defesa, dos Negócios Estrangeiros
e do Serviço Público da Rodésia, entrevistado em exclusivo para a revista
«Tempo»
rio da Informação, de cerca de 60 anos, cabelo grisalho, num caso e no outro,
faziam-me recordar o espisódio da máquina, a minha máquina, que tinha ficado
no compartimento anterior - uma espécie de recepção onde só se chegava depois
de ter contentado as exigências de identificação dos policiais. Aí, um funcionário
fardado como um general sul-americano, alto, igualmente grisalho e com modos
autoritàriamente cerimoniosos, despojou-me da «Canon»: Your camera, please.
Yes: dei-lha em troca de uma senha numerada e ele dependurou-a com visível
cuidado num cabide, a objectiva inútil apontada para mim.
Na hora aprazada, o secretário do ministro veio colocar-se entre mim e os vinte pares de olhos das molduras. Era um
sujeito novo, afável, que me guiou, a mim e ao meu grupo (o funcionário da
Informação, o funcionário dos Negócios Estrangeiros e o fotógrafo), até ao
gabinete ministerial. Trepei uma escadaria larga. Mais alguns guardas e
contínuos. Auguns bancos com pessoas que esperavam qualquer coisa. Mais
molduras. Um ministro zambiano? = Nunca cheguei a saber. Dois dias depois da
entrevista iria assistir, na ponte sobre o Zambeze, em Victoria Falis (fronteira da
Rodésia com a Zâmbia) ao trânsito de comboios de mercadorias de um território
para o outro...
PÁGINA 1
AS FORÇAS ARMADAS SUL-AFRICANAS NÃO LUTAM NA RODESIA
O ministro da Defesa da Rodésia (titular, como disse, das pastas dos Negócios
Estrangeiros e do Serviço Público, também), o honourable John Hartley Howman,
recebeu-me afàvelmente no seu gabinete. Decididamente, os rodesianos não
gastam mais do que a conta no arranjo dos seus locais de trabalho: quase não
distingui o gabinete ministerial do modesto aposento onde entrei pela primeira
vez, no Ministério dos Estrangeiros. Talvez um pouco mais amplo, com mais
algumas peças de mobiliário. A mesinha para o chá, bebida que não pode faltar
aos dignos descendentes dos súbditos britânicos. E ali se concentrava a direcção
de três Ministérios.
Sentei-me defronte da cadeira do ministro, à minha direita «mister» Fraser, um
voluntarioso -intérprete que não esqueceu o seu dicionário de bolso. Sua
Excelência sorria, deixando-me ver a armação de oiro de um dos dentes, sob um
bigode malhado de preto e branco. Só deixou de sorrir quando lhe falei das
formas de recrutamento das Forças Armadas rodesianas e me disse que «a maior
parte dos nossos recrutas é rodeslana, mas temos também homens de outras partes
do Mundo, homens que gostam da aventura e que se oferecem para combater ao
nosso lado. Nós aceitamo-los. São bem-vindos». - Mercenários?«Não. São
homens que aceitamos nas mesmas condições dos nossos soldados do Exército
regular.»
SEM A RODÊSIA O PROBLEMA DE ANGOLA E MOÇAMBIQUE SERIA
MAIS GRAVE
A defesa é uma das múltiplas questões que constituem o problema rodesiano no
actual momento político. Poderá - perguntei no inicio
da entrevista- mesmo de modo esquemático, referir os aspectos que integram a
questão da defesa, para a Rodésia?
- Creio que cabe à Rodésia um lugar fundamental na defesa de toda a Africa
Austral. Temos de um lado, Angola e do outro, Moçambique. A Rodésia é a pedra
do centro de um arco e daí a importância para a sua total resistência. Se a Rodésia
não contribuísse para esse defesa, os problemas de Angola e Moçambique seriam
mais graves. Por outro lado, sem a posição de Angola e Moçambique, a defesa da
Rodésia seria mais fraca. Por essa razão sigo com muito interesse os
acontecimentos nos territórios portugueses, acreditando que a sua causa é a nossa,
que trabalhamos, afinal, para uma causa, comum.
«Penso - prosseguiu o ministro que os inimigos são inspirados pelo comunismo,
uns a partir da Rússia, outros a partir da China. Até agora pudemos controlar
todas as ameaças e soubemos sempre proteger as nossas fronteiras.»
- As Forças Armadas rodesianas têm enfrentado a oposição de grupos rebeldes,
creio, em diversos pontos da fronteira. Quer enunciar-nos a acuidade dessa
oposição e a forma como pensa que ela virá a evoluir?
-Desde há um ano que não há incursões dos rebeldes. A última vez que houve, em
Janeiro de 1970, foi um incursão de cerca de duas semanas e ainda assim a única
num período de dois anos. Nós sabemos, contudo, que são muitos os inimigos que
treinam na Tanzânia, na China, na Rússia, na Argélia e em outros
países e esta é a razão por que guardamos constantemente as nossas fronteiras.
- Como explica o facto de não se ter registado em tão longo período um maior
número de incursões^
sendo, como diz, tão numerosos os inimigos em treinamento?
-Julgo que a única razão reside no modo como actuaram as nossas tropas, a forma
como reagiram aós ataques, há dois anos.
O ministro J. H. Howman, que deixou a pasta da Informação para exercer as
actuais funções, preferiu não se pronunciar acerca da forma como pensa que a
situação evoluirá. Apenas me garantiu que a Rodésia conta hoje com os mesmos
meios de há doia anos e que «as Forças Amadas são adestradas especialmente
para esse tipo de luta», acreditando que «toda a Africa Austral terá oportunidade
de vencer a ameaça comunista. A defesa da Rodésia não é apenas o trabalho das
Forças Armadas regulares, mas tambémi o das forças territoriais».
Ante a estranheza que a revelação me causou e que, através do atento «mister»
Fraser, manifestei prontamente, o ministro explicou:
- É que todos os jovens, na idade dos 18 anos, servem nove meses militarmente.
Metade desse tempo é passado em treino, numa unidade fixa, e outra metade
cumprida no Vale da Zambézia. Depois, duas semanas por ano, voltam ao vale.
Este período vai ser ampliado para Um mês. Note que a juventude entende isto
como exercício e sente meSmo prazer nesta espécie de treino teguiar.
O MINISTRO HOWMAN:
- HA APENAS
POLICIA SUL-AFRICANA
NA RODÉSIA
Em diversos meios internacionais, a Rodésia é acusada de integrar nas
O nosso redactor, Ribeiro Pacheco, quando era recebido pelo ministro
rodesianoEntre ambos, em segundo plano, «mr.» Frazer,
-dos, Negócios Estrangeiros
Pormenor da ."trada da casa da Assembleia, entrada diseta de um discreto edifício
voltado pna uma ampla praça ajardinada
COM
OU SE.
OS LARGOS
MILITARES
SERÃO MAN
suas tropas elementos militares estrangeiros, principalmente elementos militares
sul-africanos. Apresentei a questão ao ministro. Por escassos segundos ficou
silencioso. Deixou mesmo de sorrir e deixei portanto de ver-lhe o dente de oiro.
Talvez a sua expressão fosse agora a do capitão Howman do «King's African Rifles» antes de anunciar à sua companhia uma questão de que não gostasse de
falar. O actual ministro da Defesa, dos Negócios Estrangeiros e do Serviço
Público, que nasceu há 52 anos na povoação rodesiana de Selukwe, atingiu aquele
posto na hierarquia militar servindo no «Rhodesian Regiment» e no «King's
African Rifles» durante a segunda guerra mundial.
Olhou-me e enfrentou a pergunta: - Essa acusação não é verdadeira. Não há
elementos militares da Africa do Sul nas nossas Forças Armadas. Há, sim, polícia
normal e isto apenas por se ter verificado que, numa das incursões dos rebeldes,
havia elementos de uma organização terrorista sul-africana. Em face disso, o
Governo da República da Africa do Sul pediu-nos que o policiamento cá fosse
feito pela sua própria polícia. E o pedido foi aceite. Mas não se trata de elementos
militares.
Voltou a sorrir, antes de prosseguir no esclarecimento completo da questão.
Queria ter a certeza de que eu interpretava exactamente o que pretendia dizer.
Talvez por isso se tornasse mais pausado, certificando-se sempre do momento em
que eu havia acabado de tomar as minhas notas. Levantou os olhos do meu bloco
e continuou:
-A maior parte dos nossos recrutas é rodesiana, mas temos também homens de
outras partes do
M BOICOTE
EFECTIVOS
TIDOS
Mundo, homens que gostam da aventura e que se oferecem para combater ao
nosso lado. Aceitamo-los.
E são bem-vindos...
- ..Mercenários ?...
-...Não. São homens que aceitamos nas mesmas condições dos soldados do nosso
exército regular. Durante a nossa história sempre houve gente que para cá veio
servir na Polícia e na Força Aérea e sempre a recebemos. Por cá ficou. Não
gostamos de mercenários. Não tenho a certeza, mas penso que também cá temos
portugueses (é claro que a língua é um problema - gracejou).
A maior parte vem de países de expressão inglesa.
OS LARGOS EFECTIVOS
MILITARES
SERÃO MANTIDOS
A entrevista decorria já há cerca
de meia hora, suponho que excedendo mesmo a duração que lhe estava reservada.
Sobre a secretária do ministro um funcionário colocou duas chávenas de chá.
Uma delas foi posta diante de mim, ao lado de um prato com bolos. Lembrei-me
do boicote económico imposto à Rodésia e, não obstante ele, do florescente
comércio que se notava nas avenidas de Salisburia.
Perguntei: ante o boicote económico e no aspecto militar, como tem sido
resolvido o problema do equipamento? Ou não têm as sanções
criado sério embaraço?
- A situação é difícil e nós temos
de facto problemas, mas problemas para serem resolvidos. Nós temos nas Forças
Armadas largos efectivos e estes vão continuar. Sei/ que sem o boicote a questão
seria bem mais difícil também relativamente ao
A Assembleia Nacional da Rodésia, em Salisburia,
onde decorreu a entrevista com o ministro Howman
armamento. Mesmo na situação presente, com as sanções, portanto, creio que
poderemos continuar a neutralizar todas as ameaças.
Ainda que a política de «apartheid» não esteja, no caso da Rodésia, consagrada
em termos oficiais, existe efectivamente numa tendência crescente para a sua
oficialização. Ela terá mesmo, desde há muito uma execução prática. Esta a razão
por que pretendi saber do ministro
da Defesa - e já no fim da entrevista - o sistema utilizado, em relação às Forças
Armadas, para o recrutamento de soldados de cor, bem como as suas
possibilidades de carreira. Disse-me:
- Sim, temos tropas negras e brancas. Os soldados negros são de muita vali
quando bem treinados e é-lhes reervado um sector importante dentro da frente de
forças reguares. Para eles é prestigioso
PODEREMOS CONTINUAR A NEUTRALIZAR TODAS AS AMEAÇAS
servir nas Forças Armadas e, dentro das suas unidades próprias, fazem a sua
carreira. Não hâ realmente misturas, mas isso assenta em razões bastantes. A
língua é uma delas e o tipo de alimentação é outra. Há as maiores facilidades
escolares Para a aprendizagem da língua inglesa, sem existir, porém, qualquer
espécie de obrigatoriedade. Dai que muitos prefiram manter a língua nativa. 0 que
se passa, neste campo, não re. sulta de qualquer forma de impedimento, mas de
uma questão de experiência e até de habilidade de direcção. De resto, as relações
entre todas as tropas são excelentes e eu considero o exército como uma unidade
de luta e não como um terreno de diferenciação de cores.
AFRICA AUSTRAL
«Na questão da defesa - afirmou-me o ministro J. H. Howman,
quando já ensaiávamos as despedidas- nós temos, no campo geral, uma parte
importante em Africa, com Portugal entre nós e a Africa do Sul. Logo que as
sanções que nos têm sido impostas desapareçam, penso que poderemos ter uma
parte ainda maior na defesa da civilização cristã em Africa.»
«Acho que todos os rodeslanos sentem grande simpatia por Portugal e por todos
os portugueses, pela assistência que nos têm dado nos últimos cinco anos.
Compreendem
por que nós lutamos e espero que continuem a compreender as razões dessa
assistência e a facultá-la. Portugal está em Africa há mais tempo do que nós ou
outros povos ocidentais e tenho a certeza de que estaremos ainda juntos no futuro,
com cada vez maior esforço pelo desenvolvimento dos nossos países. Por favor
agradeça ao povo de Moçambique a simpatia que nos tem patenteado e diga que
nós temos a certeza de que ele saberá resolver os seus próprios problemas.»
Esta entrevista com o Ministro da Defesa da Rodésia foi realizada durante a
viagem inaugural da carreira a jacto Lourenço Marques-Salisburia da DETA.
Fotos da entrevista fornecidas pelo Departamento de Informação daquele
território vizinho.
NO
TEMPO
MARCANDO'
O TEMPO
EXACTO
RI
0
DiaStar-Seratchproof
um relógio do seu tempo
Um produto da afamada fábrica de relógios RADO da Suíça! O único relógio do
Mundo cuja caixa e o vidro são tão resistentes que pràticamente não se riscam,
mantendo o seu brilho original e protegendo o seu precioso mecanismo.
COMPROVE A DURABILIDADE E RESISTENCIA DA CAIXA E DO VIDRO
DESTE RELÓGIO PELA ESCALA DE DUREZA QUE A SEGUIR
APRESENTAMOS:
1.o DIAMANTE, 10,0
2.- SAFIRA, 9,0
3.* RELÓGIO DIASTAR, 8,5
4.° TOPÁZIO, 8,0 5.- QUARTZO, 7,0
6.- AÇO, 4,5
7.° PLATINA, 4,8
8., COBRE, 3,5
9.- OURO E PRATA, 2,8
O relógio hoje em dia é um objecto indispensável de uso diário, por isso além de
dar horas certas tem que ser elegante e belo como uma jóia; e o brilho do RADODIASTAR é eterno
Aenes
CASA PALA
Rua Condlreri Pedroo n.o 243- Lourenço Marques
1
DE[
CONDU
ANDIDATOS NA "BICHA'
TRFS MESES A ESPEDi
Quem quer que neste momento requeira exame
para concessão da carta de condução,
junto da Comissão Técnica de Automobilismo,
esperara cerca de três meses antes de prestar provas,
pois há mais de mil candidatos aguardando a vez.
A situação tende a agravar-se,
enquanto algumras escolas de condução
lutam nos bastidores pela sobrevivência.
Deste estado de coisas decorrem inúmeras ilegalidades
e consequências desastrosas
para todos aqueles que precisam da carta para ganhar a vi
Wavera uma solução à vista?
Em instalações que deixaram há muito de ser adequadas ao volume de trabalho a
que se destinam e ao número de funcionários que alber-" gam funciona a
Comissão Técnica de Automobilismo de Lourenço Marques: rés-do-chão da ala
sul do ediÉicio das Obras Públicas. Diante dos seus guichés desfilam, durante as
horas de expediente,, infindáveis bichas. Os funcionários são escassos, e embora
dediquem muito das suas horas "de descanso «a pôr o serviço em dia, a verdade é
que este se vai amontoando». Assim, hã actualmente mais de mil candidátos para
fazer exame de condução, não esperando o -último da lista ser atendido senão
daqui a três meses. Se não ficar aprovado, voltará ao princípio e aguardará, de
novo, um compasso de esper pelo caminho que as coisas será então de quatro
mese: menos.
FALA UM VELHO INSTRUÚ
Um dos instrutores mais 2 ,de Lourenço Marques é o sr. Ribeiro que desfiou o
rosâr ,nconvenientes da actual demo marcação de exames:
- Um aluno meu meteu os em Agosto do ano passado, mase Leonardo Mabigaa.
P>i traviaram-lhe os papéis, devi volume de processos existeni
[UM CIONARIOS DH
FAZEM CONCORR
AS ESCOLAS DE E
--acusa um
insir,
Comissão Técnica de Automobilismo e sé em 24 de Fevereiro é que foi a exame.
A maior parte dos alunos que levo a exame são indivíduos que prcsmd
cat
para ganhar a
vida. Ora nenhum deles usufrui
grandes dispunibilidades financeliras e interessa-lhes irar a carta ràplÁé4
damente, porque quanto mais tempo
esperarem pelo exame mais dinheiro vio gastando em lições para não
íe rever o sistema de 44 lições obrigat6rias
perderem o treino.
Tenho tido casos
Guedes Machado
de candidatos que acabaram
por desistir, por não poderem continuar a pagar as lções até chegar a vez de serem
examinados.
Quanto à forma como estão a ser feitos os exames disse-nos que, de uma maneira
geral, decorriam sem dar margem a reparos, obtendo-se resultados justos.
Acrescentou, no entanto:
-Os exames psicotécnicos e clnicos é que têm deixado passar gente absolutamente
incapaz de ir para trás de um volante. Olhe que hã indivíduos anormais e outros
sujeitos a sincopes a conduzir.-Penso que seria de toda a conveniência o instrutor
dar uma informação ao exam minador sobre o comportamento cívico de cada um
dos candidatos que ensinou. Ninguém melhor do que o instrmtor está apto a dar
uma informação honesta sobre os defeitos e as qualidades de quem ensinou
durante dois meses e mais.
NECESSARIA A REVISÃO DO SISTEMA DE CONTRATOS
A maior parte dos instrutores defende a necessidade de revisão do sistema de
contratos vigente, desde Setembro de 1963, por portaria publicada no Boletim
Oficial n.° 36.
Refere o artigo 9.o deste diploma legislativo que «os candidatos terão direito ao
mínimo de três lições de todos os alunos demorassem 120 dias a tirar a carta,
prtica de condução por semana»
o haveria escolas de conduçâo que sobrevivessem
até ao giomento
em que sejam aproAnatálio Camjos .
vadoáes
exame de condução, te não
exoedendo o prazo de 240 dias»,
S.M.VPÁGINA
[FCIA
ONDUCAO
utor
Segundo o nstrutor Guedes Machado e perante as actuais circunstâncias «tem de
ser revisto com urgência o sistema de 44 lições obrigatórias».
Da mesma opinião é o sr. Anatálio
Campos que diz:
-Se todos os alunos demorassem
120 dias, quatro meses, a praticar, para conseguir a carta de condução, não havera
escolas de conduço que
sobrevivessemL
Antônio Pereira: Um prejuizo
mensal de 16 conto&.
SETE VEICULOS PARADOS
POR FALTA DE INSTRUTOR
0 sr. António Pereira, proprietário
da Escola de Condução Aguia, tem outro parecer, não discordando do enunciado
na portaria. As suas queixas são outras:
- Estou a ter um prejuízo mensal
de 16 mil escudos, porque sigo honestamente a lei e não consinto que os meus
alunos sejam lesados. O que acontece é que não tenho Instrutores encartados para
dar liçoes. Apesar de três empregados meus terem metido já os papéis, há mais de
três meses, para fazer exame de instrutor ainda nenhum conseguiu a carta.
Um foi reprovado com a desculpa de que não sabia suficlentemento bem o
Código. Os outros dois continuam a aguardar a vez de serem examinados. Desta
forma e entre carros ligeiros, carros pesados e motociclos há na minha escola sete
veículos parados durante a maior parte do tempo, por só eu e o meu filho é que
podemos utiliz-los. E, desta forma, vejo-me na obrigação
de rejeitar alunos.
CONCORRÊNCIA ILEGAL
O sr. Ãntónio Pereira queixa-se
ainda da concorrência ilegal de que
é vtima:
é As autoridades não tomam pio
Há candidatos que devido à
demora ac«bmn por desistr
- Asautoidaes no tmam r-- Vítor Ribeiro vidências, mas a verdade é que muitos
alunos não frequentam -as escolas de condução - que pagam as
SEI VICOS DE TRANSITO UMA SOLUCAO?
O que eu defendo é que « C. T. A.
se constitua em serviços independentes
-director das Obras Públicas, eng.' Faria Gajo
suas licenças industriais - por andarem a receber lições de funcionários dos S. M.
V. Ora tal prática é proibida por lei. Acontece ainda que a escola de condução da
Matola traz os seus alunos para Lourenço Marques, a fim de lhes ministrar as
lições nas ruas da cidade, quando tal lhes é vedado pelo Código da Estrada. Não
podem sair do concelho a que pertencem, senão para efeitos de exame. Também
não compreendo qual o critério que preside à concessão de alvarás a sucursais. A
mim negaram-me o alvará para abrir uma, junto do Bairro do Jardim. Mas a
Escola Coimbra, que só tem alvará, mantém a funcionar a sede, na Avenida
Augusto de Castilho próximo ao cruzamento com a Avenida Andrade Corvo, e
uma sucursal, junto ao cinema S. Miguel. Qual a moral de tudo isto?
OS SERVIÇOS
DÃO UMA EXPLICAÇÃO
O Director dos Serviços de Obras Públicas, eng.o Faria Gajo, prestou-se a
esclarecer a actual demora:
-A crise é motivada pela falta de pessoal, já que o serviço aumenta continuamente
e o alargamento dos quadros de qualquer repartição só é conseguido de espaço a
espaço.
Quisemos saber se preconizava a anexação da Comissão Técnica de
Automobilismo pela J. A. E. M. ou defendia manter-se a integração da C. T. A.
nas O. P., como até aqui.
- O público tão bem será servido de uma forma como de outra. O que eu defendo
é que a C. T. A. se constitua em serviços independentes, denominados, talvez,
«Serviços de Trânsito». Tal organismo, planificaria e fiscalizaria todos os assuntos referentes ao tráfego automóvel de
Moçambique.
Um outro porta-voz da Comissão Técnica de Automobilismo disse que embora
houvesse dotação orçamental para pagar a funcionários de certa craveira técnica, a
verdade é que ninguém se candidata às vagas de engenheiro mecânico e de agente
técnico de engenharia, com vencimentos (tudo incluído) na ordem dos 17 e dos 14
contos, respectivamente:
~ Enquanto estes lugares não forem ocupados haverá sempre atraso nos exames
de condução, mau grado estarem a fazer-se 20 por dia. Em Lisboa, o número de
candidatos que espera por exame também é na ordem dos mil, mas lá há cerca de
vinte examinadores, ao passo que aqui são apenas três.
ELE E
0 CAMPEÃO
EM
MOCAMBIQUE
'
Explicamos porquê. A Land Rover ocupa o 1.° lugar nas vendas em viaturas do
género.
Resistência, rapidez, e economia fazem da
Land Rover uma marca de prestígio.
Com completo Stock de peças e assistência garantida pelos Serviços Técnicos da
Codauto, O Land Rover, é o campeão na sua classe!
AGENTE EXCLUSIVO PARA MOÇAMBIQUE
esposa ,i qi- burguês So
do Guereiro
Niarcisista
r~ o Repousc
volúvel
o o
I>IAS(, 0
i 4h i
FrvolaCaprichosa
Frívola
Simone de Beauvoir: «(0
-privilégio económico detido
pelos homens, o seu valor social, o prestigio do casamento, a utilidade de um
apoio masculino, é o que leva as mulheres a preocuparem-se tanto em agradar aos
homens»
luz %ae EmI G IImU111 s Emuu1
«EXISTE UM PRINCíPIO BOM QUE CRIOU A ORDEM, A LUZ E O
HOMEM, E UM PRINCíPIO MAU QUE CRIOU O CAOS, AS TREVAS E A
MULHER» PITAGCI A.i
As contemporâneas de Freud
No que respeita à jovem adolescente, importância do sucesso escolar é minizada.
Se perde um ano, isso será um :idente desagradável, mas quando se ita de umrapaz, é uma tragédia a nível
-niliar; uma profissão ou uma carreira, ra uma rapariga, é sempre considerada los
pais como uma contrapartida para impossibilidade de um casamento vanta;o. A
própria cultura é encarada muito xis como uma valorização tendo em vista caça
de um melhor marido, que uma se de realização pessoal. E quanto ao xo, a
preocupação máxima, é a de esnder-lhe as suas realidades, o mais rapo possível.
Para a rapariga o abordar sexo, faz-se numa perspectiva do camento, de tal modo
que é inconcebível ira ela a distinção entre os dois conitos. Quer dizer, o rapaz
sabe desde uito jovem, que sexo e casamento são as coisas completamente
diferentes, ira a rapariga, confundem-se.
Que mais é necessário para explicar ie é a sociedade, muito mais que a itureza,
que faz os homens e as mueres? E sobretudo, que a sociedade tipula que o homem
é o valor padrão a mulher o seu acessório? Se as mulheres pensarem que a sua
istência, ao contrário da dos homenq. caracterizada pelo que não pode ou io deve
fazer, compreende toda a argusntação das feministas de quem tanto fala. O pior é
que a condição feminina como uma dor que se instalou há tanto mpo. que a
consideramos natural. Só rarrente nos lembramos dela. A adolescência, que é a
idade das andes revoltas do EU contra as pressões > mundo exterior, é a altura em
que rapariga toma consciência da situação inferioridade e sobretudo de coerção a
que a sociedade, nessa altura reprentada pelos pais. a coloca em relação os
rapazes, seus companheiros dos ban,s da escola, de quem se considera ual,
Revoltando-se contra a família, vol- se para os jovens da sua idade, que vendo os
problemas semelhantes aos ,la,. lhe servem de refúgio. Entre elo
vai escolher aquele que julga que irá libertá-la do jugo. Casada, não tarda a
constatar que o companheiro ao transformar-se em marido, assumiu a autoridade e
encerrou-a na gaiola a que quis fugir. Passada a fase do encantamento amoroso,
quando ele existe, pois não raro a amargura e o desencantamento surgem desde o
primeiro dia, a mulher volta a tomar consciência da sua condição. A maioria
aceita-a corn facto inelutável. Mas uma minoria que escapa aos condicionalismos
e que por educação ou capacidade intelectual, se eleva acima do destino das suas
irmãs, pensa nelas e por elas: são as «leaders» do movimento feminista. Elas
estudaram a situação da mulher, os factos e os mitos. E lançaram o grito de alerta.
FREUD NO BANCO DOS RÉUS
A condição da mulher como ser inferior ao homem, vem de muito longe. Está
ligada a origem e evolução da sociedade Ocidental, à ideologia burguesa tal como
se cristalizou no século XIX e à moral chamada, por certos sociólogos, judaicocrista.
Mas foi Freud e as suas teorias sobre a libido, o monismo fálico, etc., quem a
reforçou. Freud considerou que toda a mulher e desde a mais tenra infância, ao
tomar conhecimento da sua anatomia e ao compará-la com a do rapazinho,
começa a sofrer de um complexo de castração. Isto é: ela verifica, que o órgão
sexual masculino é um complemento que a ela lhe falta. E esta revelação que a faz
sofrer de inveja, vai condicionar toda a sua psicologia. Ela não se resignará nunca
a tal «handicap». Quando muito procurará sublimá-lo.
Para ele, a maternidade, o acto de dar à luz um filho, é uma das alegrias
compensadoras da tal inveja. O procurar igualar os homens no vestuário ou nas
atitudes, é outro tipo de tentativa. O procurar realizar-se através de uma carreira
profissional, será também uma maneira de compensar o seu complexo de
inferioridade. Enfim, a mulher não tem, segundo Freud, valor em si mesma.
Amelhor entre
elas será sempre e apenas um reflexo, às vezes ridículo. outras vezes comovedor e
patético, sempre falhado, do modelo humano: o indivíduo do sexo masculino.
É contra tal modo de ver que as mulheres hoje se revoltam. Elas querem ser
consideradas indivíduos, com valor em si mesmas, independentemente de
qualquer comparação com o homem, considerado como padrão. As especulações
de Freud, baseavam-se na observação das mulheres que conhecia ou
frequentavam o seu consultório. Mulheres de uma determinada sociedade,
educadas e condicionadas por ela. A partir desse material já adulterado, tirou ele
as suas ilacções que foram consideradas dogmas pelos seus continuadores.
Que valor podem ter hoje as teorios freudianas, se as mulheres têm já
teôricamente todas as possibilidades de construirem por si só toda a sua vida e
desenvolverem todas as suas potencialidades sem a ajuda nem a protecção do
homem. inclusive a maternidade? Não se fala já e abertamente, na inseminaçao
artificial?
O REMÉDIO
PARA A ANSIEDADE
A libertação da mulher far-se-á obrigatóriamente com o progresso técnico. por
muito que custe admitir aos coiservadores.
A minimização crescente do trabalho manual exigindo força física e a necessidade
cada vez maior de trabalho intelectual, ocuparão cada vez mais as mulheres hoje
improdutivas. As improdutivas não são óbviamente as camponesas, nem as
operárias, mas as burguesas, que são alinal as vitimas e as fautoras da sua
condiçáo.
A médica, a advogada, a enfermeira, a empregada de escritório, a funcionária
pública, as trabalhadoras da classe média, afinal, constituem a legião das
descontentes.
Sobre elas incidem tantos preconceitos como sobre a dona de casa ou a mulher
casada sem profissão. Simplesmente e isso está provado, es,,s duas últimas
categoDIFERENÇA
OMEÇA NO BERÇO
SOLIIAL
EM FESTA PELO SEU
2.0 ANIVERSÁRIO!
FAÇA-NOS A SUA VISITA E BENEFICIARA DOS DESCONTOS
ESPECIAIS QUE A
SOLGAL
LHE OFERECE EM TODOS OS SEUS ARTIGOS
DURANTE 30 DIAS
SOLGAL
AVENIDA PAIVA MANSO, 260
(NA ESQUINA COM A FERNÃO DE MAGALHÃES)
LOURENÇO MARQUES 0 TELEF. 23350
AGÊNCIA DE TURISMO
GLOBAL
UMA AGÊNCIA ESPECIALIZADA
EM TURISMO RECEPTIVO
Telefones: 25755 e 23272
Caixa Postal 2545
Endereço Telegráfico: «Global»
Avenida D. Luís, 8-2.° andar, sala 12 Lourenço Marques
«MEIO VITIMAS, MEIO CÚMPLICES DA SUA PRóPRIA SITUAÇAO,
COMO TODA A GENTE»
J. P. SARTRE
1
#.GINA 34
rias, têm menos defesas contra a angústia e a insegurança.
A leitora a quem nos dirigimos está incluída no número das vítimas, quer tenha ou
nao consciência disso e pelos condicionamentos da classe social a que pertence.
Não lhe dizemos pois nada de novo, nada que a sua experiência não lho tenha
demonstrado, se lhe apontarmos os motivos da sua ansiedade, da insegurança em
que vive.
Se trabalha sente-se insegura no emprego, onde as preocupações domésticas a não
abanonam, prejudicando o próprio rendimento profissional. A falta de
esta«belecimentos adequados a quem entregar os filhos, que têmn de sair de casa
para ir para a escola ou nela ficar entregues a estranhos, são outra fonte de
ansiedade.
Se é doméstica, dependente do marido. vive .quase sempre na angústia de
k OS
o perder, perdendo com ele a segurança
4p,
que o casamento dá e tendo de encarar
-,tv
um' futuro de solidão e privações.
Se é jovem e soltei'a, consome-a o
SH
constante dilema entre os novos costumes com que toma contacto e aos quais
adere e a reacção familiar, a opinião pública, .pois não foi educada para enfrentar
mas
para temer, o receio de não casar, pois
o ficar solteira é um dos grandes preconceitos ainda arreigados entre nós.
Será preciso procurar mais longe a causa da ansiedade crónica das mulheres,
quecada vez mais frequentam os consultórios médicos com doenças puramente de
origem psíquica e cada vez mais recorSAS
rem às drogas tranquilizantes, de um modo tão corrente que até se acha normal?
E que dizer do medo de envelhecer,
de ter rugas, de engordar, de não andar bem vestida relativamente às outras, de
não ter uma casa tão bem posta, de não ter automóvel? A publicidade, a
predominância dos valores materiais em detrimento dos do espírito, canalizamnos cada vez mais no sentido da insatisfação permanente com o que se tem e no
do desejo de igualar os padrões que ambicionamos copiar, sem sequer tentar
avaliar o seu
real "valor.
MARIA DE LOURDES
INTER
onde
É difliii preuer.O Japão é actualmente a 2 produtor mundial de outomõueis.
Por enquanto.
TOYOTAlidera a merndo japonês de autamíueis.[om um
nuanndo niuel de produio industrial, a TOYOTAé a grande impulsionadora da
imagem de prestigia e dinamisma que hoje, em todo a mundose alio h térnir
japanesa.
OTOYOTA uma técnica de vanguarda
. . . . ........
CAMPEOES
DISTRITAIS
DE 1970/71
Da esquerda para a direita: Em clma: Rai Bueb, Paulo Carvalho, Alvaro Santos
(treinador), João Ferreira, Nuno Narcy e Manuel Lima. Em baixo: Fr.k Matnuk,
Jojo Vicente, Jooj Medeirca e Carlos SimSes.
GRUPO DESPORIIVO IILÇO. MARODIS'
PÁGINA 35
"OSCAR"
o descrédito
eum
galardio
A ACADEMIA DAS ARTES E CItNClAS CINEMATO RAFICAS DE
HOLLYWOOD VIVE ESTA QUINTAF A SUA NOITE MAIS NOTÁVEL: A
ATRIBUIÇÃO DO 0'Só «OSCAR-, O GALARDÃO TRADICIONAL QU , E'IA
AS OBRAS QUE AQUELA INSTITUIÇAO COSID 48 MAIS NOTAVEIS DO
ANO. EMBORA A VOTA C> SEJA SECRETA, A LISTA PRIVIA DOS
CONCORRETL AO PRÊMIO ESTA DE ANTEMÃO ILASORAOA COM
NOMES SUGERIDOS PELAS GRAND~S EPREAS DA Charles Chaplin em o
«Barba Azul» (Mr. Verdouix). INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA. AS , Os
VARI( Hollywood distinguiu-o com um «Oscar» e mais tarde )0SCAR$S QUE
PREMEIAM FILMES E ACTOreS
perseguiu-o obrigando-o a refugiar-se na
Europa
RCIALMENTE SÃO SURPRE3,.
.............
WÈ
...... . . . . . .
SHAW:
O primeiro incidente a perturbar o ambiente de expectativa que antecede a grande
noite de gala, foi provocado pelo actor George Scott, protagonista de «Petúlia» e
mais recentemente, o famoso intérprete da discutida personagem de «Patton», um
general americano famoso durante a II Guerra Mundial. Ao saber que a «20th.
Century Fox» tinha proposto o seu nome à Academia, como concorrente ao
«Oscar» da interpretação masculina pelo, seu trabalho em «Patton», Scott
apressou-se a enviar um telegrama em que expressamente declarava renunciar a
tal candidatura. Esta atitude aliás, valeu-lhe uma publicidade maior e mais
rendosa ainda do que o «Oscar, que lhe pudesse vir a ser atribuído.
A sua atitude de desrespeito pelo prestígio «oscariano», não é inédita. Há dez
anos atrás também esteve indigitado para o «Oscar» a atribuir ao melhor actor
secundário pelo sem desempenho no filme de Robert Rossen, «The Hustler», de
que Paul Newman era a, vedeta principal. Já nessa altura exprimiu o seu desejo de
não fazer parte da lista. Quem ganhou o prémio nesse ano foi Georges Chakiris,
um dos intérpretes de «West Side Story».
Charles Chaplin e Greta Garbo foram outros que manifestaram olímpico desprezo
pela Academia de Hollywood, na altura em que eram famosissimos e disputados
pelos produtores. Ao serem distinguidos com dois prémios especiais, não
compareceram no banquete onde, no meio de brindes e discursos. deveriam
representar a comédia da comoção pela honra que lhes era concedida e beijar a
estatueta de lágrimas nos olhos. Eo troféu, devidamente embalado, foi-lhes ter a
casa através dos serviços de uma empresa de distribuição de encomendas ao
domicílio.
Quando Bernard Shaw, o grande escritor inglês que era também um humorista
contundente, foi agraciado em 1938 com um «Oscar» por causa da adaptação ao
cinema da sua peça «Pigmalião», afirmou a propósito e grandemente irritado: ,Fui
insultado».
Já houve tempo, a época heróica Hollywood, em que as poderosíssim companhias
cinematográficas empreç vam dezenas de vedetas, centenas figurantes, milhares
de técnicos e guns intelectuais dos melhores da Arr rica, a quem davam o pão de
cada c permitindo-se exigir-lhes em troca abdicação dos princípios que lhes era
caros. A concessão do disputado e ai bicionado «Oscar», era o prémio consolação
para muita amargura e 1 milhação. O prestígio do «Oscar» eE ligado à hegemonia
e ao poder-desl: tico de Hollywood. E a sua decad cia acompanhou a crise da
cidade q foi o símbplo da indústria cinematogi fica.
Já foi tempo em que o «Oscar» p dia ser a consagração de um nome, m, também e
sobretudo uma porta aber para a glória e a fortuna. Jack Lemm e ,Anthony Quinn
são dois exemplos. «Oscar» que conquistaram por intE pretações secundárias,
tornou-os ved tas de primeiro plano. Nunca mais zeram parte de um «cast» em
que n encabeçassem a lista, depois de tere labutado durante anos a fazer segund
papéis.
Mas muitos outros não abandonara a mediania, apesar do «Oscar,». Gec ges
Chakiris e Rita Moreno ,actor( secundários do premiadíssimo «We! Side Story»,
detentores também c «Oscar» de interpretação, nada fiz
-ram depois disso que chamasse a ate ção. Continuam a fazer parte dos pr
fissionais apagados que nem atraei espectadores às bilheteiras, nem sã disputados
pelos produtores nem p, los realizadores.
O «Oscar» hoje não confere prest gio a um actor, premeia filmes come ciais por
natureza e distingue filme estrangeiros cujo valor já tinha sid reconhecido
anteriormente em festivai idóneos,
HONRA AO MÉRITO
A Academia já anuni especiais a '~rem cor
A glória vi
de receber um
"Oscar"
«0 Apartamento»,
de Billy Wilden
com Jack Lemmon
e Shirley McLaine.
O «Oscar»
mudou a carreira do actor e tornou-o famoso
«Bonnie e Clyde-,
de Arthur Penn
um dos filmes galardoàdos com o «Oscar»,
que reunia
extraordinário nível artístico e adesão do grande público.
de 15 de Abril. O troféu «lrving Thalberg» ao famoso realizador sueco Ingmar
Bergman. O «Jean Hersolt» para Frank Sinatra que já anunciou a sua retirada das
lides artísticas. E um «Oscar» especial para a veterana e grande actriz Lilian Gish.
Bergman, de quem a Academia de Hollywood se lembra este ano, há dez anos
para cá que tem vindo a ser considerado um dos génios da história do cinema,
Mereceu agora a honra de ser Q prifieiio estrangeio a conseguir o «Thalberg» que
é o símbolo de alto nível artístico destinado a homenagear
um realizador.
Lilian Gish é uma actriz que vem do tempo do cinema mudo e que ultrapassa de
longe o conceito de estrela de Hollywood que a tradição fixou. É autora de um
livro sobre os primórdios do cinema americano. E soube honrar o cinema
americano no estrangeiro, o que é raro. Deixou a melhor impressão nos exigentes
meios artísticos de Moscovo, cujas cinematecas visitou e onde fez conferências
sobre cinema..
Todos aqueles que aguardam o «Oscar» sentem emoção esta noite. A cermónia da
entrega dos «Oscars» é cheia de aparato e transmitida pela TV e pelas
actualidades cinematográficas para todo o mundo. É sempre um momento
inesquecível para um actor de Hollywood, e constitui ainda um dos marcos
-da glória efémera que a «fábrica de ilusões» tem para oferecer aos seus *
servidõres.
r o ri[u e. i=mpleta
O rigor científico das misturas alimentares hiperproteicas NUTRESCO oferecelhe uma alimentação mais perfeita, agradável e económica. Boa saúde ,alegria e
satisfação são sinónimos duma alimentação perfeita. E uma alimentação perfeita
garante um dinamismo novo que permite maior rendimento de trabalho.
Proporcione aos seus trabalhadores o produto alimentar Super Maeu. Super Maeu
um produto da NUTRESCO de Moçambique recomendado pela FAO,
reconhecido pelos Serviços de Saúde e outras Entidades Oficiais de Moçambique.
NUTRESCO-alto valor alimentar a baixo custo.
1
A
~ ........ "
, .. ... . . .. . . .
11
COMPANHIA INDUSTRIAL DE FUNDIÇO E LAMINAGEM
S.A.R.L.
TEL.732181 - C. POSTAL 441 - L. MARQUES
Em 1971, graças aos meios técnico- culos como «Hair» quebram definitiva
-electrónicos e às características «ex- mente as barreiras existentes entre c
perimentais» e «indefiníveis» (no bom público e o ídolo, transformando cada
sentido do termo) de que se reveste, o um deles simultâneamente num recep
«pop» aparece-nos como importante tor-transmissor. meio de interacção. Como
importante Na sua acção socializante o «pop« veículo universal de aproximação
dos contribui inclusivamente para combatei homens.
a
ignorância, escrevendo velhas injus
Assim, a revolução técnico-electró- tiças <om nova informação e contribu nica
da última década, teve amplas e também para a união de raças há benéficas
repercussões na música muito separadas, derretendo as mais «pop»,,pelos
aparelhos que aquela lhe variegadas emoções num pó comum de forneceu e de
que esta se serviu para humanidade. «Mais e mais negros ou melhorar
artisticamente e se difundir vem hoje 'pop'», observa o director da instantânea e
universalmente. Libertan- «Atlantic Records», «a integração tra do-se de
condicíonalismos inerentes ao balha agora a todos os níveis, juntandc local da sua
criação, o «pop» pôde socialmente brancos e negros». Issc alargar-se e envolver
dessa forma os só foi possível graças à universalidade homens uns com os outros.
Por outro conseguida por aquela música. As pes lado, e dado o carácter
«experimental» soas de cor ficaram expostas ao «pop» de que se foi révestindo,
não se pode em festivais e através dos amigos, e em 1971, «nacionalizar» a
música compram-no -Blind Faith, Santana, «pop». Em 1971 não existe música
Ekseption, Blood Sweat and Tears - e «pop» inglesa, francesa ou americana,
jovens brancos escutam os «blues» doE porque tantos tentáculos seus foram
negros - Hendrix, Mayall, Charles. lançados em tantas expressões musi- O
«pop» saturou todos os níveis da cais - clássica, «jazz», latino-ameri- vida
mundial, atravessando fronteiras cana, brasileira, concreta, electrónica, não
naturais com graça e imunidade «blües», etc. - que é pràticamente im- espiritual.
Fazendo todas as fracções possível acomodá-la ou restringi-la- a do Homem
como denominador comum, um dado local ou povo. Isso porque O «pop» está
hoje em todo o lado, contambém a parte cantada (quando
o «country» na
cabeça, os*«blues, nos
existe) dos trechos «pop» está a tomar pés, o «jazz» no estômago... fazendc
menos e menos importância como men- mais básicas as nossas vidas. Porque
sagem «em si», pois a qualidade dos o «pop», ele mesmo, é um modo de trechos
musicais subiu de tal forma vida básico para milhões. que estes se abalançam
airosamente a O grande problema da música «pop» preencher forma e conteúdo.
A voz hu- de hoje, é o compositor e a possibi mana, nos trechos «pop» de hoje,
fun- lidade terrível que ele perca totalmente ciona como um instrumento mais a
en- o controlo de si mesmo, produzindc quadrar no meio dos outros - ficando por
produzir e só para vender, sem ten. assim eliminado o condicionalismo lin- tar
acompanhar a evolução e transfor guístico - e não como recheio-base mação da
música. Os compositores decorado com a parte instrumental que têm de
reconsiderar o potencial dc era nos velhos tempos do «rock and disco, suas
propriedades e possibili roli».
dades, com espírito inventivo e
imagi
Em 1971, portanto, o «pop» é algo nação.
mais do que uma manifestação musical Neste mundo electrónico de patentes
destinada a gostos imediatos e mais registadas, mais do que a simples com
primários. É uma verdadeira música, ou pilação de informação, é imperioso per
pelo menos parte dela, de alto teor sar com avanço. E não é só a perfei. artístico,
escutada e apreciada pelas ção da média que é urgente., É precise maiorias de
todo o mundoý Para os jo- difundir o «pop» pelos que sobram vens ela é mais do
que uma «moda», também. Tender-para a interacção TO. é uma verdadeira
filosofia. Os ampli- TAL, pois o «pop» é, só por si, infor ficadores de grande
potência e os sis- mação. E as parangonas dos jornais temas maciços de som
criam uma co- estão cheias de más notícias. Por issc municação total em
gigantescas vias- «Senhor Compositor», leia os jornais.
-comuns (ilha de Wight, 40 000 pessoas, Woodstock, 50 000), e espectá
MIGUÉIS LOPES JÚNIOR
4z
p o,
a
Os "Rolling Stones», no começo. Da esquerda para a direita: Charlie Watts,
Brian Jones, Keith Richard, Mick Iagger e Bill Wyman
O "MISTÉRIO" DA
"CAVERNA" -- Jornalismo ou
- A "volta dos tristes» agora, passa primeiro "crime» dos seus moradores: um de
vergonhoso ou de muito diferente de )ela Av. 1. Serrão-, afirma, com humor
dístico de papel no qual se lê «Caverna». qualquer outra que conhecemos.
imargo, um dos habitantes da «Caverna", Nome a sugerir selvagens préhistóricos - Desde Janeiro até à data efectuou-se república» de estudantes
universitários e boatos adjacentes a burguês mais emo- ali uma única festa de
aniversário. ita num edifício daquela via. Com efeito, cional ou primário. A
jornalista isento, - A Polícia NUNCA contactou os locagraças a uma reportagem
inserta no não. Até porque as pessoas que habitam tários da «Caverna».
;A; 1 LUU 1IUSi umpeA
r,, ov oca e maior Líragem, um prédio da capital está quase transformado em
ponto de 'atracção turística. Veículos de ,todas as espécies desfilam perante o 415
da 1." Serráo, procurando os seus ocupantes - pescoços torcidos e olhos bem
abertos dirigidos para a «flat» designada como sCaverna- - descortinar, sem o
canse.guirem, as "poucas vergonhas», «bacanais» e «festinhas" que o autor
daquele escrito afirma ai ocorrerem a toda a hora e momento.
Indignados com o que consideram «um charrilho de mentiras», os locatários da
«Caverna» contactciram-nos. Pediram-nos que esclateLessemos, depois de
apurdda a verdade REAL dos factos - e de ambos os lados - para bem ou para mal
o teor da reportagem feita a seu respeito. Assim o fizemos. Podemos já dè inicio
assegurar que nunca nenhuma equipa de reportagem do «Noticias» esteve no
interior daquela «flat» facto que torna imediatamente o artigo inserido naquele
jornal unilateral e merios verdadeiro. No que toca às restantes conclusões da
nossa investigação podemos dizer:
- Na porta da «flat", igual a todas as portas de todas as «flats» do Mundo, o
para lá dessa porta têm aspecto de serem civilizadas. Isso, claro para os que se
fiam um pouco nas aparências. Para os que se fiam Só nas aparências poderemos
dizer que alguns deles usam o cabelo comprido. E esses, claro, começarão
imediatamente a dar razão a todos os boatos postos a circular. «São meninos
cabeludos», dirão na sua gíria reaccionária e mentecapta. São meninos cabeludos
e para eles está tudo explicado, no seu universo de ideias ainda mais curtas do que
os cabelos que usam. Mas paraesses também não estamos' interessados em
escrever. É que quem confunde civilização com comprimento capilar, poderá
muito mais fàcilmente confundir um "a" com a ltoarafia de um amendoim...
Assim, nós, nós que até conhecemos muito crápula de cabelo curto, que, não nos
fiamos NADA em aparências, ouvimos as razões dos locatários da «Caverna».
Não as vamos expor aqui, pois dessa forma estaríamos a ser tão unilaterais como
o autor da reportagem sobre eles publicada. Referiremos apenas os factos que
podemos assegurar depois de uma pesquiza intensa e plurilateral.
-O interior da «flat» não possui nada
- Houve algumas rixas com o vizinho de baixo - iguais a todas as rixas de
vizinhos do mundo - por causa do barulho que faziam ao arrastar cadeiras A partir
de Janeiro porém, nunca mais houve complicações por esse motivo.
- A carrinha «Opel» não está selicda pela Policia nem nunca o foi. Houve ape nas
uma vistoria em que nada foi apontado de ilegal aos seus proprietários.
- A reportagem inserta no «Notícias» foi mais baseada no boato e no «diz-se. do
que em factos concretos.
Resumindo: os únicos «crimes» destes seis jovens foram o de se terem instalado
puma «república», usarem cabelos compridos, terem pés,' mãos e não serem
mudos, factos pelos quais provocam barulho que incomoda os vizinhos.
Simplesmente como sáo jovens e parece ser apanágio de uma certa Imprensa
atirar para cima da juventude com os vícios e depravações criadas pela sociedade
que os rodeia; como esses jovens náo são filhos de «bancários», «engenheiros» ou
«doutores», há que arranjar mais um justificativo. Há que construir na sua
ingenuidade uma reportagem escândalo que venda muitos jornais.
7- ~7
s
e
Tem circulado o boato desde há algum tempo, mas ninguém parecia disposto a
acreditá-lo em especial os «fans». Mas a verdade confirma-se e a noticia é agora
oficial. Os Rolling Stones, heróis de toda uma geração, os sumo-sacerdotes da
música «pop» ao lado dos Beatles, vão abandonar a Inglaterra.
Após dez anos de êxitos e fama internaciônais, vão agora viver no Sul da França.
A noticia foi dada em Newcastle, uma escura cidade industrial do Norte da
Inglaterra, Até parece que os Stones quiseram ado..ar a pílula, colocando entre
eles e os seus admiradores de Londres, a maior distância possível.
A sua digressão artística de dez dias, primeira que efectuam em Inglaterra nos
últimos ,cinco anos, principiou no dia 6 de Março em Newcastle, numa espécie de
peregrinação de despedida, e terminou no dia 14 no «Roundhouse» de Londres,
onde se estreou em Inglaterra o sensacional e mundialmente famoso, «Oh!
Calcutta».
Foi um rude golpe para os seus admiradores. Em doze meses, a música «pop»
inglesa perdeu os Beatles e os Rolling Stones, os dois maiores agrupamentos do
mundo.
Os Beatles separaram-se em Abril do ano passado e o agrupamento está agora
ficialmente dissolvido, e os Stones vão exilar-se em Maio próximo.
Os Beatles, ao menos, permanecerão em Inglaterra. Ao contrário dos Rolling
Stones, que «trairam» o seu pais e espezinharam o orgulho nacional ao
anunciarem muito cortêsmente que iam partir.
São ainda misteriosas as razões desta decisão. Os seus admiradores perguntam
para onde eles irão. Um representante dos Stones respondeu: «Algures no Sul da
França». Os que estão no segredo dos deuses afirmam que eles se fixarão perto de
Cannes. Tudo muito confuso.
«Porque se vão eles embora?», perguntam ainda os seus «fans». Resposta: «Eles
adoram a França».
Confuso ,e Pouco ou nada convincente. Porque é que os Stones haviam de se
apaixonar repentinamente por um pais relativamente desconhecido da sua cultura
«pop»?
Os Rolling Stones ganharam muito dinheiro com a música «pop», e os descrentes
sugerem que a grande atracção da França é a ausência de inspectores de impostos
britânicos. Aparentemente chocado com esta sugestão, o seu representante
apressou-se a fazer um desmentido.
No entanto, as perguntas continuam sem resposta. Elas são um enigma tão grande
como os próprios Rolling Stones.
Quem são os Rolling Stones?
Toda a gente conhece os Beatles: John, Paul, George e Ringo.
Com excepção de Mick Jagger, os Rolling Stones têm permanecido numa névoa
de mistério. Jamais houve conflitos de personalidade, embora Jagger seja
reconhecido como o indiscutível chefe.
Durante nove anos, os Stones foram sempre um grupo e não indivíduos.
Apenas uma vez, em Junho de 1969, houve um sinal de cisão. Foi quando o seu
guitarrista, Brian Jones, anunciou que abandonaria o grupo devido às suas
diferentes preferências musicais.
Não houve ressentimento. E, quando um mês mais tarde foi encontrado morto na
sua piscina, Jagger e os Stones, assim como o substituto de Jones, que havia já
sido escolhido - Mick Taylor--, levaram a efeito um espectáculo gratuito em Hyde
Park, onde 250 000 jovens se reuniram para render as últimas homenagens ao
falecido «Stone».
Os Rolling Stones foram constituídos em 1962. Eram cinco rapazes da classe
operária do East End, de Londres - Mick Jagger, Brian Jones, Charlie Watts,
Keith Richard e Bill Wyman. Tinham todos menos de vinte anos.
Inspirados pelo êxito dos Beatles, eles e centenas de outros agrupamentos
começaram a surgir por toda a Inglaterra. A sua estreia veio com, o disco «Come
On», que os lançou para a «hit parade» e deu inicio à história dos Rolling Stones.
Eles não eram, porém, iguais aos Beatles. O nome do seu agrupamento foram-no
eles buscar a um famoso «blue» de Muddy Wa-. ters e, como Waters, eles eram
também tristes.
Não hesitara mem cantar os prazeres do sexo e o seu comportamento fora e dentro
do palco depressa lhes conquistou a -epu, tação que fez com que, por contrast, os
Beatles fossem vistos como «bons rpazi. nhos».
Foram os Rolling Stones que fizeram com que os Beatles passassem a ser
queridos das mamãs e dos papás.
De facto, a diferença entre os dois grupos era sempre superficial. Ambos se
inspiravam nos «blues» do negro americano e foram eles que apresentaram ao
mundo o ritmo inglês e os «blues».
Depois de haverem conquistados os Estados Unidos durante a primeira metade da
década de 60, volveram as costas à sociedade «bem» com álbuns musicais
dedicados aos «drop-outa»,
Para os Beatles, foi «Sergeant Pepper», e para os Stones «Their Satanic Majesty's
Request».
As drogas foram depois introduzidas na música «pop», e ambos os agrupamentos
se viram em dificuldades com a lei.
E o futuro? Jagger está absolutamente ciente de que nada há mais triste do que um
v>lho Rolling Stone. Voltou-se, assim, para o cinema, com «Ned Kelly» e
«Performance».
Estará à vista o fim dos «Stones»? Quererá o Sul da França significar o fim dos
Rolling Stones?
Provincianismo?
Admite-se que alguém possa estranhar
que seis jovens que vivem juntos façam um pouco de barulho e incomodem os
vizinhos. Ser um dito «informador da opinião pública» a especular com esse
barulho, a emporcalhar reputações públicamente, e decretar uma moradia como
casa de passe sem conhecimento REAL dos
factos é inadmissível e espantoso.
Como diria a nossa colega Maria de
Lourdes, Lourenço Marques continua a ser a terra «onde sobra o dinheiro e a
mentalidade provinciana». A TV ainda não apareceu por cá, e assim o burguês
pacato, após um dia igual a tantos outros, fomenta o boato, a «conversc, de
comadrio', o «diz-se» e o «consta», procurando construir à mesa do café, ou na
conversa de chacha com o vizinho, o mundo repleto de emoções fortes que lhe
falta no quotidiano. E é missão da Imprensa destruir o boato e não cultivá-lo e
aumentar-lhe as proporções. Desconhecemos os motivos ocultos que levaram
aquele jornalista (?) do «Notícias» a efectuar tão odio.o e furibundo trabalho.
Desconhecemos os motivos pelos quais se permite a publicação de um escrito
pleno de declarações falsas e apenas baseado em palavras apanhadas «no ar», ao
invés de apurar o honesto e isento dos factos que.deve nortear toda a informação.
Conhecemos -isso simo verdadeiro jornalismo, e nos seus cânones não se
enquadra, nem por sombras,
o tipo de escrito publicado.
MIGUÉIS OPES IONIOR
1
a
"0 INFERNO
SÃO OS OUTROS"
Quando se náo pertence à classe das pessoas bafejadas pela «fortuna», nao nos é
infelizmente possível escolher para morar uma vivenda isolada, rodeada de
jardins e altas sebes, provida de piscina privativa, onde tudo se pode fazer, desde
o nudismo às festas até de madrugada. sem ter de dar contas a ninguém. Pode-s~
ser livre.
Quando se pertence à classe média, temos de viver num prédio de «flate» onde
vivem mala pessoas e ninguém pode determinar os vizinhos com quem deseja
partilhar a escada. Pode-nos sair na rifa a senhora de idade que cria gatos, o
caçador que tem cães barulhentos e mal-cheirosos no quintal do rés-do-chão, o
pacato cidadão que bate-,na mulher, a exemplar mãe de familia que desanca as
crianças ou um grupo de estudantes mais ou menos barulhentos, que à falta de
melhor, vivem em «república».
Realmente a liberdade de quem vive num prédio de apartamentos é muito menor
de que a de quem é rico e vive numa moradia de luxo.
Mas temos ou nao de ser tolerantes com a liberdade do nosso vizinho? Não é
legítimo a senhora ter gatos que miam. o marido bater na mulher e esta gritar, a
mãe bater nos filhos e eles fazerem berreiro e os jovens fazerem as suas festas?
Há muita gente que acha que não é legitimo. A mim parece-me que o marido que
dá tareias na mulher, além do barulho, dá um péssimo exemplo de incivilidade,
(voltámos à época das cavernas) sobretudo ás crianças que dão conta do que se
passa. Esse tipo de vizinho, justifica perfeitamente um abaixo-assinado e denúncia
no jornal, além de intervenção das autoridades, no interesse da civilização e dos
bons costumes. Quanto aos jovens que fazem as suas festas sem incomodar os
outros, não vejo que haja nada a dizer, nem encontro justificação para se vir para
o jornal especular sobre as características de coisas que se fazem à porta fechada.
Não acho que isso seja da competência dos vizinhos.
M. de L
BRIGITTE BARDOT
NO FUTEBOL
A equipa brasileira do «Santos'
da qual faz parte o «rei» Pelé,
jogou contra uma selecção dos clubes de Marselha e St. Etienne,
num desafio cuja receita revertia a favor da luta contra o cancro.
Brigitte Bardot patrocinou o espectáculo.
Na foto,
B. B. não dá o pontapé de salda:
foge simplesmente dos fotógrafos.
Entretanto nas bancadas, Brigitte
parece muito menos interessada
no desenrolar do desafio do que em trocar olhares apaixonados
com o seu actual noivo:
o suíço Christian Kalt.
Brigitte conheceu Christian nos Alpes suíços e ele começou por servir-lhe
de professor de «ski,
antes de ser escolhido para marido da vedeta.
Cetroý de ~nSno A-dio.vijS
L
A
DE
O
L
AN
T RA
Av. 5 d# Otubro. 87-8.'
APED
INGLÊS
MOAIAE D,,3O
PABLO NERUDA
O POETA EMBIXAIMOR
Pablo Neruda,
um dos maiores poetas vivos
da América Latina
e Prémio Nobel,
que já representou o seu pais
no estrangeiro
como diplomata,
foi agora nomeado
pelo Governo de Allende,
embaixador em Paris.
Na foto, o novo embaixador,
quando apresentava no Eliseu
as suas credenciais
ao Presidente Pompidou.
TIABAiO POR FASES
Na segunda-feira dia 5,...
E4LJ
uma brigada camarária efectuou o trabalho, sempre necessário,
q
e
de avivar a pintura das faixas brancas
, i:,
de sinalização,
da Av. Pinheiro Chagas,
,
" " "4P. «
.
conforme se vê na foto. Na terça-feira, dia 6, outra brigada da Câmara,
encarregada da conservação das ruas, espalhou sarrisca e asfalto,
" ...
:
aparentemente destinado
r,:1
a tapar buracos da mesma Avenida, e por cima dos traços brancos pintados de
novo na véspera... A isto chama-se
racionalização do trabalho e produtividade de obras.
para pr..nir os e.feitos de um possí.Íl acidente o SEGURO DO LAR IMPÉRIO é
o único que lhe garante, por cada objecto destruido, valor necessário para a sua
substituição.
nã .. alo .. 2.- ma,
nor o valer pelo qua V. comprou...' h 0 s Por isso, o SEGURO IMPÉRIO
garante o Lar, a certeza de que poderá reconstrui-lo tal c... antas, D O
=aranto os objectos que lhe dão alegria
como.didade . simplesmente preatigio. \
l' IO
E agora, a integridade
do seu lar está defendida dos riscos de
INCÊNDIO, ROUBO, EXPLOSAO E INUNDAÇÕES \
Tudo isto
por um prémio anual insignificante.
IMERO(cmbaeno custo oaal do: seguro V.learia'dacet) .... 250 anos a repõr os
objectos perdidos em caso de acidente) Mas não esqueça: O SEGURO DO LAR
pede chegar antes...
SeV. o chamarl
i
°'°...
...... ......« , o - ..,... . ,.. ...........
AGORA!
" para as cidades de Loureneo Marques Beira Nampula Ouetli.ae
AO S . EU SE-Vt Consulto-nos a compromisso, estabteleceremos contaoto
como.
: No m. ........ .................. ..................................................
M 1R M ~Moada .................................................. :_................ ...
. o radi . .Lo.. .......u.. ....
asuasg
rd
a . ....................
.
avo daRopúdste,32 -Lourenço marques
s
Cx Postal 622 -Telefs 24647-295626 Beira Co. Postal 293. Quelimane Cx. Postal
17 * Nampula Cx Postal 691
1
'OVO "737" PARA A DETA
A «Boeing» ofereceu há dias, nó Hotel Uolna, uma recepção assinalando a
compra te mais uma unidade «737» pela DETA, em [ue serviram de anfitriões os
srs. Brabretts, ;tamper, Brodock e Urlbut, directores da[uele importante complexo
industrial, que e deslocaram a Lourenço Marques para ratar de vários assuntos
com a companhia zérea moçambicana. Assistiram à reunião Secretário Provincial
de Comunicações, ng." Vilar Queiroz, os directores provinciais los C. F. M. e da
DETA, individualidades igadas às empresas de transportes aéreos, onvidados e
representantes da Imprensa.
LOUIS ARMSTRONG
GRAVEMENTE DOENTE
O «rei» do «jazz»,
o celebre trompetista .norte-americano Louis Armstrong, de 71 anos de idade,
encontra se hospitalizado em Nova Iorque desde o mês passado. O grande artista,
que sofre de perturbações cardíacas, agravadas agora por uma afecção pulmonar,
tem no entanto registado melhoras. Esta é uma foto recente de Louis «Stachmo»
Armstrong.
QUER SER MILIONÁRIO?
fEntão compre lotaria com o carimbo da
CASA DA SORTE
a maior organização
do espaço Português em
LOTARIAS E TOTOBOLA
NOVO DIRECTOR DA "NASA"
DR. JAMES
C. FLETCHER
O Presidente Nixon
nomeou recentemente o dr. James Fletcher como Director da NASA
(Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço)
'Na foto, o homem que passará a presidir
os destinos dos E.U., A, na conquista do espaço.
Representantes: CASA OFALI - Lou*renço Marques
LACO)
J AN>
UMA
POSIÇÃO
DO JORNAL «NOTICIAS DA BEIRA» E PORQUE A POSIÇÃO TOMADA
SE ENQUADRA DENTRO DA NOSSA LINHA DE PENSAMENTO SOBRE A
REFORMA CONSTITUCIONAL PROPOSTA PELO GOVERNO DE
MARCELLO CAETANO, TRANSCREVEMOS, COM A DEVIDA VÉNIA, AS
SEGUINTES
Sobre o parecer do Prol. Antunes Varela afirma aquelajornal no que se refere às
suas objecções sobre o Ultramar:
«Depois, e com coerência que se nos afigura -pouco convincente, o mesmo digno
procurador alvoroça-se com o excessivo relevo dado, no seu entender, à ideia da
autonomia político-administrativa dos territórios ultramarinos contida na proposta
governamental, para afirmar de modo desconcertante: «Tenhamos todo o cuidado
com as palavras!» Pois acontece que no Ultrar mar se entende que chegou oý
tempo de abandonar terminologias que fizeram época e contiveram intuitos
generosos mas em que já ninguém, dentro ou fora das fronteiras pode acreditar.
Sobretudo não se pode fazer crédito no .mito das palavras como ideias de força,
atrás das quais se entrincheiraram alguns ingénuos que se viram envolvidos e
submersos pelas realidades.
No Ultramar não é das palavras que temos medo. Pensamos que não é com elas
que haverá de se ter primacial cuidado, uma vez que não acreditamos no mérito
da dialéctica para resolver os nossos problemas.
O que sinceramente receamos (e parece haver ficado agora comprovado com as
declarações de voto em apreciação) são as ideias de imobilismo que se albergam
atrás de palavras e as convertem em «tabus» para impedirem a marcha decidida,
para novas formas de administração com que ambicionamos ver-nos governados,
atentando na justiça de anseios e clamores que as palavras não satisfazem e não
calam.
Parece que chegou o tempo de se definirem conceitos, em
vez de se inventarem termos que substituam outros. Não é por se chamar a
Moçambique «colónia», «província ou «estado» que, certamente, a situação
'político-administrativa se altera: como não foi por se usarem as expressões
«indígena», «nativo» ou «autóctone» que se modificou a situação, a condição
social ou o tratamento aos africanos. Estes só conheceram novos horizontes
quando, corajosa e dignamente, no governo do prof. Oliveira Salazar, se rasgou o
Estatuto do Trabalho Indígena, se dignificou a liberdade na escolha da ocupação
profissional, se derrubaram mitos administrativos, ou afugentaram fantasmas que
se dizia ameaçarem a exploração económica- das empresas, numa revolução das
consciências e das inteligências em termos que, hoje, fundamentalmente
recearíamos (tantos anos volvidos!) não merecerem o voto unânime da Câmara
Corporativa, se houvessem de lhe ser submetidos. Não tenhamos medo das
palavras.
Mas tenhamos cuidado, que todo será pouco, com os que nada (nem as palavras)
querem que se mude.» E a seguir:
«Deixando a apreciação das palavras contidas no texto da proposta governamental
e as preocupações que elas, por si só, causaram ao digno procurador que em tal
matéria nos formula peremptórias recomendações, ocupemo-nos dos conceitos
que nos interessa ver definidos para às palavras se atribuir sentido que as afaste do
equívoco aparente emr que foram envolvidas. Será curioso salientar, como já
recordou autorizada'mente o Presidente do Conselho, que as gentes do Ultramar
sabem muito
bem o que é e o que significa a autonomia desejada. Só voltamos a repeti-lo,
depois de o termos já afirmado. por parecer que noutras latitudes, e mesmo em
níveis dos mais responsáveis, tal clareza de entendimento não foi partilhada.
Pois bem: a progressiva e crescente autonomia político-administrativa dos
territórios ultramarinos caracterizar-se-á pela efectiva descentralização dos órgãos
executivos da gestão dos negóeios públicos, pela mais activa participação de
elementos locais válidos e autênticamente representativos na elaboração das
disposições legislativas de âmbito territorial, pela tr.nn-ý.jição para estas paragens
de departamentos que a elas dediquem a sua acção, pela mais ampla e qualificada
representação das forças ultramarinas nos órgãos nacionais da administração e da
política. É isto, e só isto, o que aqui claramente se entende e pretende.
Com isto visa-se alcançar mais vincada íntegração da vida politico-administrativa
nacional, por real participação de todos na governação do que a todos interessa,
em vez de se conservarem dependências de subalternização de uns em relação
aos outros territórios, de uns em relação aos outros homens e se correrem riscos
(que não são poucos) de os problemas locais haverem de ser sempre resolvidos
com interferência governativa situada fora do enquadramento em que os assuntos
se vivem, as dificuldades se enfrentam e, tantas das vezes, o ânimo falece porque
as esperanças se estiolam. Entende-se, ainda, que nos órgãos centrais se deve
reunir a condução de tudo quanto interesse ao conjunto da comunidade nacional
mas que, simultâneamente, se entregue à autonomia definida aquilo que seja mais oportuna e
capazmente resolúvel pelos órgãos periféricos.
Repare-se que quando se fala da autonomia que preconizamos, e o governo e nós
entendemos, sempre a qualificamos como «progressiva e crescente» para com
isso significarmos marcha ponderada que se ajuste à capacidade que venha a ser
demonstrada para tal efeito. Assim, a autonomia que advogamos. progressiva e
crescente, haverá de permitir a mais acelerada formação da sociedade multiracial
que ambicionamos, áem que conceitos paternalistas impeçam o efectivo acesso
legitimo dos mais capazçs e a realização plena da justiça social com base única no
mérito e no direito.
OPINIO[S OU[ NÃO
Será quase irónico que de Lisboa se nos diga, mesmo em autorizada declaração de
voto, que o rumo da autonomia «pode ter o sabor amargo de uma renúncia ou de
uma abdicaçao perante o inimigo». Acontece que é aqui que somos forçados a
enfrentar uma guerra, em que a Nação inteira participa mas que somos os
primeiros interessados em ganhar para podermos construir a paz.
Mas a paz só será durável, por nela termos a adesão de todos quantos a podem
manter, desde que nenhum de nós tenha de se sentir estranho na casa própria.
De outra forma as forças centrífugas que se exercem, e nem
QUE
APOIAMOS
CONSIDERAÇõES SOBRE OS PARECERES DO DR. F. VIEIRA MACHADO
E PROF. ANTUNES VARELA ACERCA DA PROPOSTA DO GOVERNO
QUE AQUELE JORNAL SUBORDINOU AO TITULO «PORQUE
DISCORDAMOS»:
sequer se locazam exclusivamente no Ultramar, podem frus. trar o *êxito dos
sacrifícios que temos suportado e fazer perder, por culpa de ditirambos políticos,
o que todos os dias os nossos soldados vão consolidando.
É esse, aliás, o clássico fenómeno da deterioração nas retaguardas, que quanto
mais longínquas mais perigosas se revelam.->
Sobre o parecer do dr. Vieira Machado:
'Não é por gosto ou por espírito polémico que proclamamos a nassa discordância
com declarações de voto, a nosso ver menos felizes, contidas no parecer da
Câmara Corporativa que
V[M MOÇAMBIQI[
apreciou a proposta de lei do Governo sobre a revisão constilucional.
Mas temos de discordar, e afirmá-lo sem reticências ou eufemismos, quando uma
personalidade como o dr. Francisco Vieira Machado parece esquecer as suas
especiais responsabilidades escrevendo o que há dias neste jornal reproduzimos,
na integra, para juízo dos leitores.
Os comentários que já formulámos sobre a declaração do Prof. Antunes Varela
ajustam-se .em muitos pontos a esta outra declaração de voto, atentas as
coincidências e consequências de ambas.
Mas algo mais temos de acrescentar.
Não pomos em causa a justeza e utilidade de certos métodos ou estruturas
governativas, quando projectados em épocas recuadas, sobretudo tendo em conta
que nelas escasseava a presença no Ultramar de elémentos válidos para a
condução dos negócios públicos e era lento o acesso ou formação de elites locais.
Compreendemos a bondade de certas soluções quando encaradas pelo óptica de
há vinte ou trinta anos mas já não aceitamos que se advogue como actual aquilo
que as realidades têm comprovado não se ajustar aos dias do presente.
Ainda recordamos as decididas reformas promulgadas sob a égide do Professor
Salazar, que soube retirar do passado a experincia para renovar tantas vezes com
audácia, abrindo os caminhos do futuro. Quem poderá esquecê-lo percorrendo o
caminho que vai do «acto colonial» à ousada legislação de 1961 e 1962.
Aceitamos que, no dizer do dr. Vieira Machado, o Ultramar possa passar
perfeitamente sem meras distinções honorificas que não são, na vida dos homens
ou dos territórios, nem o que mais importa nem o que mais dignifica.
Mas parece-nos que essa dispensabilidade não engeita as vantagens do
reconhecimento do mérito e da justiça de o fazer. Medeia, no entanto, fosso
abissal entre discutir-se isso ou afirmar-se, como o fez o dr. Vieira Machado, que
conceder a designação de «estado» a determinados territórios ultramarinos se
apresenta como perigoso para a unidade nacional[ Ocorre-nos, até, o comprovado
acerto com que tal qualificação foi atribuída ao Estado da India (que a conservou
merecidamente até à invasão militar estrangeira) criando-se precedente
que não provocou o surto de sensibilidade agora exteriorizado e ficou a constituir
padrão que, ao menos, deve merecer respeito acrescido pelos sofrimentos que, no
cativeiro, aquele Estado suporta.
Verifica-se com surpresa o clima emocional que a caminhada, no rumo que nos é
próprio, suscita, mesmo em pessoas experimentadas e esclarecidas, ao ponto de se
entender legitimo perguntar, a propósito da autonomia ultramarina, "se qualquer
Província pode estabelecer o regime socialista, por exemplo». I
No nosso sincero e honesto esforço de entendimento não descortinamos sombra
de apoio para essa preocupada interrogação do digno procurador e apenas nos
ocorre referir que risco não menor poderá surgir na Metrópole (e ser extensível
por portaria ao Ultramar...) não obstante todas as cautelas constitucionais que
sejam adoptadas.
Só nos parece que ro Ultramar estamos provàvelmente mais afastados, e menos
necessitados, de considerar tal hipótese.
Outro aspecto que é abordado vigorosamente pelo dr. Vieira Machado, aliás no
mesmo pendor centralista, prende-se com a eternização constitutcional do
Ministério do Ultramar e a acrescida ingerência da Assembleia Nacional à qual,
segundo entende, deve pertencer o exclusivo poder de lançar impostos. Mas o que
é notável é quo isso se defenda quando se reconhece, lúcidamente, «que cada
província ultramarina tem características e problemas próprios que devem ser
encarados tendo em atenção a sua particularidade» e se menciona que «ao mesmo
problema pode até não convir dar a mesmo solução em províncias distintas».
Fica-se, assim, sem poder encontrar o fio de lógica que conduza à declarada
oposiçfio contra os rumos da autonomia que exactamente visa atender a tais
realidades que o dr. Vieira Machado reconhece.
E é por isso que tenderá a diminuir a interferência governativa distante e assídua
(do Ministério do Ultramar ou de quaisquer outros) nos assuntos de âmbito local,
reservando-se para o Governo Central os problemas que respeitem ao todo da
comunidade nacional que, na proposta de lei, ninguém quer desintegrar.
Será todavia tempo de se ir meditando nos inconvenientes de se concentrarem em
Lisboa todos esses órgãos centrais que melhor poderiam servir o interesse
nacional se fossem localizados onde mais oportuna e vincada se reconhecesse
dever ser polarizada a sua acção.
A menos que alguém entenda que o equador funciona de «muro da inteligência"
reservando a capacidade governativa aos que habitem na hemisfério norte ou nele
profiram, mais cómodamente, contiuar.
Não aceitamos, pois, as teorias centralizadoras do dr. Vieira Machado que, ao
arrepio das realidades que reconhece e não pode deixar de conhecer, nos
conduziriam a retomar aparências de «colonialismo», a todos os títulos
desaconselháveis, ainda que mitigadas por um "paternalismo» avoengo.
Com o Prof. Antunes Varela a recear a caminhada para o luturo e com o dr. Vieira
Machado a sugerir regressos ao passado, está bem de ver que não podemos
concordar.
São posições que não servem a Moçambique.
E por isso não podem servir Portugal.»
1
OLmWIA ia
PAGINA 50
E UR. VISÃO 71
«Un banc, un arbre,
une rue»
- Severine (Mónaco)
-Pomme, pomme, pomme»
- Monique (Luxemburgo)
«Lykken er ...
- Hanne Krogh
(Noruega)
Com a vitória da canção «un banc, un arbre, une rue», na voz de Séverine,
Mónaco venceu mais uma edição do Eurofestival da Canção. «Menina, com letra
de José Carlos Ary dos Santos, música de Nazareth Fernandos, orquestra dirigida
por Jorge Costa Pinto e interpretação descontraída e inteligente de Tonicha,
obteve o 9.o lugar, a me-1 lhor classificação de sempre para um representante
português em certames similares.
A nota mais dominante deste festival, em relação aos anteriores, foi, porém, a
acentuada diferença, de 12 e 28 pontos, entre Séverine, a encantadora
representante de Mónaco e, as representantes da Espanha e Alemanha, que se
classificaram, respectivamente, em 2.o e 3. lugares.
Entre as usuais notas de insólito inerentes a organizações desta grandeza
evidenciamos as precauções especiais tomadas em Dublin no intuito de prever
qualquer acto de sabotagem do espectáculo por parte dos terrorista do clandestino
Exército Republicano irlandês e, num telegrama emitido também de Dublin, após
o festival, a sensacional declaração de Gay Low, um dos membros do júri inglês,
da tentativa de suborno do referido júri por parte da rpresentação espanhola.
Paterson Fox, outro elemento do referido júri, declara, contudo, estar convencido
de que o - «Como é natural, esperamos que apoie a nossa canção, realmente
sugerido numa festa oferacida pelos espanhóis, não ia além de uma frase irónica
que não poderia considerar-se tentativa de pressão...
C1.p,111caç&o
aí
16.1 < 6 votos) ÁUSTRIA
16.' 52 *5
MALTA
1.' (128 »
MÔNACO
12.* ( ?e »
SUIÇA
II.* <100 »
ALEMANHA
2.' (116
ES~PANHA
10.* 8 2 »
FRANÇA
13.' 170 -5 LUXEMBURGO
9. 9 » 6 INGLATERRA
14.' os 68
BÉLGICA
5.* 9 1 5
ITÁLIA
E., OS 65 »
SUI1CIA
Il., 79 »
IRLANDlA
8. 85
5
OLANDA,
v. 83 62
PORTUGAL
14.' 68
I UGOSLÁVIA
8.' E 4 5 FINLANDIA,
17.' E55 »
NORUEGA
0"8.
MBA
ARO TvE
ORTIF
BIRT RMI ISE RTIE NOS
Ri? JET YLE NRK
CAlÇAS Mseik
Maii. L-M.ItiIe
E __ ____ ____ ____]PAjGINA 51
AUTOR DA BOA
Bichas. Sclmh~sses
Messe.l Rigem; CIsbeIe Mifsed
U., h~e,, eí .,bs, esrum 1
Tes Damss
Losiis sd oe 201 une
Mau,"e T4,s
Diss Walt E"s e. museo e~e
Posase., essess, *555
leek i* lhe h-. Cedeu Mesges, Mar~es L'~ss à ma 4.~rs Vila 4~dc
Os. day L~w
De tild Mede
Teel dlesa e# #¥um U~e ede*3.
Lykkes *r...
Frad Iey
Tmsy L.=
Hacoi lias
I-~es DessesY
P~en Ceer Desle Mycce pwIs ~o Cee.se.segh
Ce~ ~e Sess
~cl ed iiasse
COMPOSITOR
CHEFE E ORQUESTRA
RUIehrd Scon*
R.b.ri Op,.sk.
Messe! Rigessi
I-. Cssch
Twssy CIsirssp
Mamefr R. Trab-edelíi
Alice De,,
Pedsle PeSte.
He~s gim~ds
Nakae Elanqett
Dese Mestin
Ita Pilna
.ntds, 3.h.c 1006 C~se A.y de. Sede.
Ze 11.I Geo* Rama. L~*&ise Asse BeD~1,.
Deel Mestls
jese SIskbcc.ss Nessa de Ne~aet
Pes~sde leses K.elee Leuse Lathlssess Amo 8 ~sik.
«Menina» - Tonicha (Portugal)
MUMiY NlST6RICO CE MOÇAMBIQUE
Ices-aede V.sscc Dieler Zifrtanns Balds de L.m Rias Fsees Pbe.'el
Isbesy A.5I.y
Feecci Bay
F~c P~&
Cl~e Resedab
Nael ICeeI.s Culf ~s. dmc Usde luzoe Gosta ~ lelieebe Prolsaska Ovoi Remas
As É Ses.
Fe..Se. ."d Mere
Katja Ebsti.
Ss. Lassa
Clodgs Rodpss jasq~s Ravissssd
D.e! Oe, A~,sd Me,Ie.Mcck Bew-*
Kdeeqlv lia~l Mesisis Ame 0' ICde
$lã~e
Nasses Kmbg
PAGINA 52
<Eurovisão 71
«Vita vidder»
- Berd Oest, Agneta Munther, Marie Bergman e Pierre Icacson (Suécia)
«Diese Welt»
- Katja Ebstein
(Alemanha'
ýJack in the box»
- Clodagh Rodgers (Inglaterra)
«En un mundo nuevo» - Karina (Espanha
Breve história da Eurovisão
Tudo começou em 1956, em Lugano: no dia 24 de Maio. «Refrain» foi
considerada a canção vencedora do 1 Concurso Eurovisão da Canção. Lya Assia,
da Suíça, foi, portanto, a primeira in.
térprete a colher os louros de tão discutido certame.
E, sem interrupções de realização, embora com desistências e estreias de países
participantes, o Eurofestival continuou, até ao ano passado, com a seguinte
história: em Francfort (3-3-957), venceu «Net Ais Toen», cantada por Corry
Brokkon (Holanda); em Hilversum (12-31958), «Dors mon amour», por André
Claveau (França); em Cannos (11-3-1959), «Een Beetje», por Teddy Scholten
(Holanda); em Londres' (29-3-1960), «Tom Piliibi», por Jacqueline Boyer
(França); em Cannes (18-3-1961), ,,Nous, les amoreux», por Jean Claude Pascal
(Luxemburgo); em Luxemburgo (18-3-1962), «Un premier amour», por Isabelie
Aubret (França); em Londres (23-3-1963), «Dansevise», por Greto o Jurgen
Ingmann .(Dinamarca); em Copenhaga (21-3-1964), «Non ho I'étá», por Gigliola
Cinquetti (Itália); em Nápoles (20-3-1965), «Poupée de cire, poupée de son), por
Franco Gail (Luxemburgo); em Luxem burgo (5-3-1966), «Mercie Chéri», por
Udo Júrgens (Áustria); em Viena (8-4-1967), «Puppet on a string», por Sandio
Shaw (Inglaterra); em Londres (6-4-1968), «La-Ia-la», por Massiel (Espanha); em
Madrid (29-3-1969), «Vivo Cantando», «Boom-bang-a-bang», «De Troubadour»
e «Un jour, en enfant», todas «ex aequo», cantadas, res.
pectivamente, por Salomé (Espanha), Lulu (Inglaterra), Lenny Khur (Holanda) e
Frida Boccara (França); em Amesterdão (21-3-1970), «Ali Kinds of everything»,
por Dana (Irlanda).
As votações obtidas por canções portuguesas concorrentes, até 1969, foram as
seguintes:
1965: «Sol de Inverno», um voto de Mónaco; 1966: «Ele e Ela», um voto da
Dinamarca e cinco votos da Espanha; 1967: «O Vento Mudou», um voto da
França, um da Suíça e outro da Espanha; 1968: «Verão", dois votos da Noruega e
três votos da Espanha; 1969: «Desfolhada Portuguesa», dois votes da Espanha,
um da Bélgica e outro da França.
A única vez que uma canção portuguesa não obteve um único voto foi em 1964,
no ano em que se iniciou a nossa participação no certame, com «Oração»,.
POGIA R I
o, PROJECTO "6CANARIS"9
O -ovo» de poliester
equipado com dois relógios Certina-DS
e uma câmara de filmar
- certamente
o primeiro objecto de arte
que cruza o Atlântico por si só.
Tem 3 m de largo, 2 m de alto
e pesa 350 kg.
Em 10 de Junho último foi lançado ao mar, nas Ilhas Canárias, um «ovo» de
poliester cujas dimensões são dois por três metros. Esse <ovo», devido ao escultor
suíço Herbert Distel, deve alcançar, flutuando, o continente americano. Nesse
«ovo» está montada uma câmara de filmar, a qual tirará fotografias com
interValos regulares; e vão nele, também, dois relógios Certina-DS que medirão o
tempo efectivo do trajecto.
Com o lançamento deste «ovo», que é fruto de quase dois anos de preparativos,
entra na sua fase mais interessante uma nova experiência de arte, porquanto
aquele <ovo» de poliester é, certamente, o primeiro objecto de arte que atravesa,
por si só, o Atlântico. O Serviço alemão de meteorologia marítima, de Hamburgo,
calculou que a corrente da superfície do mar, e em especial as monções
constantes, farão com que o <ovo» siga à deriva, a rota de Colombo através do
oceano, Calculam-se como pontos mais prováveis para a chegada do <ovo» as
Antilhas, as Braamas, a Costa da Caraiba e o Golfo do México.
Depois da travessia o «ovo» será exposto em Nova Iorque seguindo depois para o
Central Park, para ser vendido em leilão na galeria Grimpel & Weitzenhoffer.
Numerosos peritos de arte segui- e os demais iniciadores do projecto ram este
projecto com marcado in- recorreram ao Certina-DS porque a teresse porque,
além do aspecto suspensão utilizada por Certina naartístico, esse projecto tem
um sig- queles modelos permanece intacta, nificado científico de alto valor,
mesmo sob a acção das tempestades O percurso, o lugar da chegada e a tropicais
impetuosas. E o «ovo» vai duração do cruzeiro têm incontes- munido de dois
desses relógios. Um tável interesse científico.
deles será entregue, como
recomPara a indicação do tempo reque- pensa, a quem achar o «ovo» à cheria-se
um relógio que pudesse su- gada ao Continente americano; o portar todas as
oscilações, todos os outro será atribuído ao vencedor de trambulhões que o «ovo»
teria de um concurso organizado pelo Banco suportar, certamente, durante o seu
Popular Suíço, que também patrocruzeiro; e, por isso, Herbert Distel cínou o
projecto «Canaris».
Este mapa apresenta os prováveis cursos, duração do cruzeiro
e possíveis zonas
de chegada.
CERTINA TOMA PARTE NO PROJECTO "CANARIS"
Reproduzido da Revista ,BELORA» com a devida vénic
............ .............
U t o D D F A t ° . . . . . . . .... .. .. ..°. ° . . .. .
-o u , O P F L ... . * ~ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . .
AI4O ca, PRý R .
OA OD S tCNI .....
.............,...-....*
,l.~ ~ ~ ~~Tj ..........."'" " "°*
-NOM.............................
. ....................
.Á O... .......
ç÷o,* o°..° .... ,*** .., .o..-.. '
AGENTrES:
PENDRAY SOUSA & CIA. LDA.
LOURENÇO
MARQUES- MAXIXE -BEIRA- TETEQIJELIMANE 'NAMPUL
::, l 9 11 , rl r
Aspecto da largada para os 100 minutos. Quicas, como se pode ver, foi o mais
rãpido no arranque
100 MINUTOS DO 100 À 11R
Realizou-s, no passado fim de semana a primeira prova de velocidade de 1971,
numa organihação, do Clube 100 à Hora, que teve lugar no Autódromo da Cesta
do Sol.
Ap sar' do dia muito quente e húmido a pista apresentou-se com alguns milhares,
de espectadores, o que vem confirmar que o automobilismo em Lourenço
Marques, tal como nos grandes centros da Europa, se está a tornar desporto das
.grandes multidões,. Futuramente a Polícia de Trânsito terá até que coordenar
melhor as saídas do autódromo, pois presentemente, quando há provas, desse
local até à Polana, leva-se cerca de uma hora, fugindo aos pontos de maior
movimento.
Fernando Capela,
o grande vencedor
dos 100 do 100,
ainda visivelmente cansado inicia a volta de honra
S Coý' o patrocinio, dos óleos Wm,. Pem Com
Agentes Ciage
INICIADOS E M
Antes do inicio do espectáculo automobilístico, houve um minuto de silêncio em
memória de José Ferreira da Silva, seguido por todos os presentes com o maior
respeito. A corrida foi-lhe dedicada a por essa razão todos os carros se
apresentavam com uma tarja preta no vidro da frente, em sinal de luto por um
colega que tanto fz pelo automobilismo de competição.
Seguiram-se corridas de iniciados e motorizadas, tendo saído vencedores,'
respectivamente Jorge Leite, em «B. M. W. t600» e João Pascoal da Fonseca, em
«Suzuki- Comp Int.
OS 100 MINUTOS
Um ausente nestas corridas: José Ferreira da Silva. Em últimna homenagem, um
minuto de silêncio em sua memória
100 MINUTOS DO 100
HORA
LOCAL DESTINADO À RÁDIO E IMPRENSA
Mais uma vez, a Rádio e a Imprensa foram preiudicadas com o local que lhes foi
destinado, pois contrariamente ao que se faz em todo o Mundo, o ponto de melhor
visão geral foi reservado aos conta-voltas e cronometragem. Esperamos quJe para
a próxima vez haja mais consideração neste pormenor, pois os cronometristas e os
conta-voltas, aliás como se faz em Kyalami, podem muito bem ficar ao mesmo
nível da pista. Esta uma das grandes falhas que tanto prejudicaram os homens de
quem as organizações muito necessitam.
Depois das motorizadas, e com início às 15 horas e 35 minutos, 18 carros
lançaram-se em velocidade para cumprirem os 100 minutos, tendo apenas um
terço acabado a prova.
Fernando Capela, em «Morris Cooper S», foi o primeiro classificado, não
conseguindo esconder as lágrimas de emoção quando terminou a prova. De dia
para dia, Capela apresenta-se melhor preparado, e em nossa opinião ele foi um
justíssimo vencedor. Miguel Andrade regressou às nossas pistas tripulando um
«Alfa Romeo.. Não nos restam quaisquer dúvidas que o melhor prémio para o seu
regresso foi o segundo lugar na classificação geral. Desejamos-lhe agora uma boa
«continuação...
Quanto aos «azarentos», não vale a pena debruçar-nos sobre eles, pois foram
tantos que só esperamos que para a próxima tenham mais sorte.
CLASSIFICAÇOES:
INICIADOS
1. Jorge Leite, «B. M. W. 11100»
2.0 - Fernando Balas, «Austin Cooper S»
3.* Paulo Cunha, <«oyota Corola»
MOTORIZADAS
. Pascoal da Fonseca, «Suzuk.»
100 DOS 100
. - Fernando Capela, «Morris Coop, 5»
2.- - Miguel Andrade «Alfa Romeo»
3. - Morais Rodrigues «Alfa -Romeo»
Com o patrocínio dos óleos Wm. Penn
Agentes
Ciage
kDAS
"como
AGEM
OS AGIOTAS"
Segundo uns anúncios publicados no jornal «Diário», o sr. Manuel Taveira
Martins, denunciado na última ediç&o da nossa revista como um dos individuos
que, em Lourenço Marques, pratiM
caria a agiotagem em larga escala, o nosso Director, os autores da Reportagem e
as pessoas que prestaram declarações ao «Tempo», denunciando aqueíe senhor,
iriam ser alvo de uma acção judicial.
Cremos que ninguém cometerá o erro de crer que nao temos provas e testemunhos
para assentar aquilo que afirmámos em Juizo.
Perfeitamente conscientes de que estes são «os ossos deste oficio», vamos
continuar no caminho traçado, tão dispostos como até aqui a apontar e denunciar
erros e injustiças, com o mesmo espírito com que um cirurgião exibe e lanceta
com o bisturi as chagas e as feridas infectadas.
Há dias, alguém que até gosta de nós disse-nos pelo telefone, como quem dá um
conselho amigo, aue «nao pretendessemos endireitar o Mundo». Não te- E, já
agora a propósii
mos tão desmesurada pretensão: mas
próximo número prosseguirE
queremos contribuir para isso.
manifestada no nosso pru
o agiotismo: a revelaçCo
grantes de usura cometido
to caro Leitor: no emos com a intenção mefro artigo sobre [e novos casos fiais em
L. Marques.
1.0 Flme ~wU~\U....LEMO
Moçambicano
O "LIMPOPO" visto por nós
RUI CARTAXANA: O «Limpopo» não é mau: é péssimo. Não tenho prazer
nenhum em dizer isto, mas chega a ser penoso e incomodativo para o espectador
que, ou se torce na cadeira aflito, ou cai no riso em situações em que o efeito
devia ser precisamente o oposto. A imagem é fraca, os diálogos fazem lembrar a
linguagem de cordel das piores fotonovelas, a história em si mesma é prosaica e
sem qualquer interesse, a realização anda ao sabor das sequências, a interpretação
é uma desgraça total, de que só se salva, de alguma maneira, a jovem Isabel
Terna. Há por ai muito amador que já fez melhor.
Dizem que os espanhóis não gostam de ver bons princípios aos filhos...
aguardemos os que se seguem ao primeiro filme moçambicano. Quanto ao
«Limpopo», se mandasse proibia a sua saida de Moçambique: há coisas que só
vistas em família.
MIUIS LOPES JONIOR: «Limpopo» é uma mescla cinematográfica - não tenho
coragem para lhe chamar filme - «cozinhada» de qualquer forma e jeito. Quanto a
mim, creio que lhe estaria muito melhor aplicado o titulo de «Erros a evitar em
Cinema». Com efeito, e com toda a benevolência do Mundo, não há um único
aspecto da película que consiga ser razoável, menos mau sequer. É tudo péssimo e
grotesco, desde a fotografia à direcção de actores, passando pelo enredo,
sonorização, diálogos, interpretações, etc.
Havendo gente em Moçambique com válidas e reais provas dadas no cinema
amador (como José Cardoso, por exemplo), não percebo como se pode entregar a
responsabilidade de produzir o.primeiro filme de Moçambique ao autor de
semelhante atestado de incompetência. Enfim, em todas as escalas tem de existir
um zero e como tal fica este deplorável -Limpopo» na do cinema feito em
Moçambique. É que o próximo será pela certa melhor, já que produzir algo pior
do que «isto», deve ser pràticamente impossível...
Se este foi o filme que marca o nascimento do cinema em Moçambique, não haja
dúvidas de que se tratou de mais um caso de «bebé-Talidomida...
LOURENÇO DE CARVALHO: Porque impossível e ofensivo se torna falar
acerca de «Limpopo» em termos de cinema, dizemos - NÃO VA..
Mas se for teimoso, paciente e possuir uma forte dose de tQ7rância em relação
aos pratos fortes da casa (piegas, lacrimejantes, repletos de boas intençes e
instruções para a caça ams elefantes e jovens desprevenidas, pestanudas umas, e
outras burguesas rechonchudas), então corra, como nós fizemos (ver para crer
como S. Tomé), e ria...
Ria, penosamente embora, envergonhado por vezes e outro tanto cínico...
Concluindo: Magnífico exemplar este de estupidez humana.
guia do espectador
«Gaileu», de Liliana Cavani «Limpopo», de Jorge de Sousa «A Minha Noite em
Casa de Maud», de Erie Rohmer «Seduzida e Abandonada», de Pletro Germi
a Corda na Garganta», de Tino Brass
«O Ávózinho Congelado», de Edouardo Molinaro «Campeonato Mundial de
Futebol» «A Hora da Justiça» «3 Super-Homens em Tóquio» «Amor à Sueca»
«Um Golpe em Itál a» «Tarzan e o Rapaz da Selva» «Um Homem Para Ivy» «Um
Xerife com Estrela de Ouro»
SALA
Estúdio 222
Infante Infante Infante Dicca
Gil Vicente
Seala
Império Cine-Machava S. Mfguel Olmpia S. Gabriel
Manuel Rodrigues
Tivoli
5 a - 6 8 9 5 0 o - 0 - O, o 1 8 7 7 8 8 7 7 8 - 8 - 7 0 5---55 - - 5 5 5
3
4 4
2
3 3
--4- 4
3 5- 3
2- 3 -- Cotações: 9 - Obra-prima; 8- Excepcional; 7 - Não perca; 6-Com muito
interesse; 5- COM algum imteresse; 4/3 - Passatempo; 2- Se interesse;1 - Não
vá; o - Um insulto à inteligência do espectador.
R- Viu o filme mas recusa-se a classificá-lo por não se tratar da versão integral.
'1 1<
1
EU SOU TÉCNICO
PÁGINA 59
1 CAMPEONATO
"TEMPO" DE
PALAVRAS
CRUZADAS
O DÉCIMO PROBLEMA
O ,problema especiais - o tão esperado n.° 10- põe hoje à prova o saber dos
nossos cruzadistas. O n.° 9 iá foi um problema dificil, constituindo um belo treino
para este que é bastante mais «puxado à substâncias. Mas não é de desanimar,
porque entre os concorrentes que enviarem a solução certa será sorteada a
colecção completa das obras de José Cardoso Pires, colecção esta oferecida pela
Livraria Texto - 6.0 andar do prédio Lusitana - e composto pelos livros «Jogos de
Azar», «O Anjo Ancorado», ,,Cartilha do Marialva», «Hóspede de Job», «O
Render dos Heróis»e «O Delfim».
No sorteio realizado entre os 33 concorrentes que acerta-am no problema n., 7,
sagrou-se vencedor o sr. João Manuel Pereira Cabral, residente na vila da
Moamba.
Muito bem ,agora mãos à obra - que é como quem diz «mãos aos dicionários» pois o prémio é bom e só se repetirá esta oportunidade daqui a dez semanas.
Boa sorte!
PROBLEMA N. 1IO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1l 13
12 FLL iJN
PROBLEMA N.° 10
I CAMPEONATO «TEMPO» DE PALAVRAS CRUZADAS
HORIZONTAIS: 1 - Espécie de bolo
usado na India; substância resinosa e aromática que tem a consistência da cera;
composição musical para duas vozes ou dois instrumentos. 2- Tecido; sílaba
mágica ou palavra sagrada que, pslmodiada lentamente, nas notas musicais dó,
mi, sol, encerra, segundo as crenças indos, toda a gama ascendente dos Sons
Criadores do Universo, projectando em vibrações verbais de uma rapidez
crescente todas as ondas sonoras da gama musical (Teos.); ninho (Prov.). 3Ornato
de pedra, dos que se encontram nas urnas funerárias dos antigos povos
arborígenes (Bras. do N.); véu com que se cobre a face (Ant.); instante, tris, ésnão-és (Prov. minh.). 4-Estrela de 1. magnitude da constelação do Escorpião, a
que os antigos chamavam o Coração do Escorpião. 5-Crómio (s. q.); movimento
para ficar bem sentado ou aconchegado (Fam.); Actinio (S. q.). 6Desculpa-se
com, dá como pretexto; árvore da família das leguminosas que cresce na índia
(saraca indica, Lin.). 7- Lugar de afastamento; cidade da Judeia junto da qual
Judas Macabeu derrotou Nicanor, capitão dos sírios, no dia 13 do mês de Adar do
ano 161 a. C. (Bibl.). 8-Barbilhão de certos peixes; o que não sabe o que hã-de
fazer, embaraçado (pi.). 9-Contracção de prep. e artigo; pronome pessoal; estar
(bem ou mal) de saúde. 10 --Arrendamento. 11Quadrúpede ruminante; terreno
onde se cultivam legumes e hortaliças; a parte da cozinha onde se acende o fogo.
12--Espécie de veado das regiões do Norte; nome de mulher; pai (Gír.). 13Elogio; rei da Lidia, cerca de 563 a 548 a. C., célebre pela sua opulência e
riqueza, e também por suas desventuras; graça, chiste.
VERTICAIS: 1- Nome indígena da gaivota (Bras.); cada uma das três deusas que
fiavam, dobravam e cortavam o fio da vida
(Mit.); árvore do Brasil que dá madeira de lei. 2- Mancha no olho do cavalo;
relação constante entre um fenómeno e a sua causa; 'desfiladeiro. 3-Metade de um
batalhão; antigo escudo coberto de couro; formiga das roças do Brasil. 4Vitelinato de prata, composto semelhante ao protargol (Farma.). 5Pref. que indica
privação ou negação; circulo do horizonte; interj. que designa espanto, alegria,
etc. 6-Armação portátil ou pdirapeito para proteger dos tiros a guarnição de um
navio ou as tropas assaltartes tornar-se célebre. 7 - Ruminante bovideo; árabe,
beduíno. 8-Lugar da freg. de Sernache do Bonjardim,, conc. da Sertã; narrativa
oficial de tudo quanto se passa em audiências ou inquirições oficiais (pl.). 9Leira;
nome de mulher; vogais iguais. 10Carregador que, entre os Romanos, tinha o
privilégio de conduzir fardos do porto para os armazéns. 11- Espaço de tempo;
digerir, suportar; roupas de lã. 12-Espécie de tambor indígena (Bras.); atmosfera;
nome genérico das vespas (Bras.). 13-Interj. que serve para afirmar; pessoa
sectária do Zoroastro; lista.
SOLUÇÃO DO PROBLEMA N.- 8
HORIZONTAIS: 1- Outo; ode; olga. 2Iró; aluno; Arc. 3-Tu; tranvia; At. 4Arfil.
5-Uso; dai; saa. 6 -Crisma; erarta. 7- Aname; arbim. 8- Sádico; sucata. 9Siá; pua;
aso. 10-Cravo. 11-Am; glicoRe; mó. 12-Baú; âmago; gim. 13-Orla aia; velo.
VERTICAIS: 1 - Oito; cãs; labo. 2- Uru; 'srnas; mar. 3-Tó; Psiádia; Ul. 4-Õsmia.
5-Ara; cem; clã. 6-Olaria; oprima. 7Dunfa; uacai. 8- Envide; savoga. 9-Oil;
R.A.U.; oso. 10-Sarça. 11-Lá; carbaso; gê. 12-Grã; atito; mil. 13-Acto; amã;
pimo.
NO M E ................................................
MO RADA
............................................
.OC..
ID.
DE................................. > ...... .......
"iLO CALIDADE
....................................
............................................................
REGULAMENTO
1) Cada solução exacta aos problemas de palavras cruzadas publicadoas
semanalmente por TEMPO será pontuado com 1 ponta:
2) O prémio semanal e especial será sorteado pelos concorrentes que
apresentarem soluções certas em cada semana:
3) O prémio final será atribuído a quem estiver mais classificado. Fa caso de
igualdade de dois ou mais concorrentes ser& publicado um novo problema
especial, de maior dificuldade de resolução, destinado especialmente a esses
concorrentes. Em caso de novo empate o prémio final será sorteado
4) As soluções - com o cupão correspondente que será- publicado junto aos
problemas ou cópia em papel separado- devem ser entregues na Livraria Texto.
Pr6dio Lusitana, 6.' andar, sala 603 ou enviadas pelo correio para a Caixa Postal
4030. Lourenço Marques. Só serão aceites se entregues dentro do prazo de dez
dias sobro a data da capa da revista, em que forem publicados os problemas a que
se referem:
5) A classificação geral do campeonato será publicada mensalmente.
LUSALITE DE MOÇAMBIQUE, S.A.R.L.
,..,.
DONDO
LEI,69
UM PRAZER TOTAL
EM CADA VIAGEM
PÁGINA 0Z
Viajar de avião ... Em férias ... em negócios ... só o avião permite uma viagem ao
ritmo veloz do nosso tempo! Os técnicos especializados da NAVETUR
escolherão, para si, essa viagem ideal a viagem aérea que mais lhe convém ... A
NAVETUR é uma Agência de viagens moderna, que lhe oferece comodidade e
eficiência! NAVETUR
Transforma a sua
viagem aérea num prazer total!
N
AV
ET
UR
o....a:..n.ra.s dei ..
erasresde Mocamb[tque. Lda,
SEDE - Lourenço Marques, Av. da Repúbl ic. 32 SUCURSAL - Beira, Ruo
Costo Serrão, 49
A9~t
Telaone 28028 -Caixa Postal 2694
Telefone 23259Caixa Postal 27
Ed eegd o
End. Teeg,âticc - NAVETUR
OO>
'e....
e.. ~
Er~uir1xw5Ii~I
~e~4
1
III
-.
CARNEIRO
(21 de Março a 20 de Abril)
AMOR- No dia 11 sentir-se-á estimulado pelas circunstânçias e verificará que
estará de acod c
ssoas que o
cercam. Algu q h m chegado
apresentgr-lhe-á ui projee quserá do seu agro. No ~nt o, no d , a harmonia de
que
oe d erá ser
perturba
qua uer
as. Procure resta
o
Demonstre a sua a
os que ama.
Isto será particularmente importante no dia 16.
TRABALHO - No dia 14 podem surgir discussões acerca de interesses de família,
que provocarão disputas desagradáveis. No dia 15, há muitos perigos no ar.
Mantenha-se em guarda, e evite quaisquer decisões apressadas nessa data. No fim
da semana procure elaborar um programa agradável e cuidadosp para os seus
objectivos.
SAÚDE - Boa.
TOURO
(21 de Abril a 21 de Maio)
AMOR - No princípio da semana, obterá satisfação em muitos campos e verá que
ter a
a oposição
aoseus p
to, no dia
11 terá d resí 1
alterado
o proain u o
D i
gie a
es. e tro fortuito p
-l a
alguém.
Mas, co
e
imites. No
dia 14, evi
apressadas, pois é
provável que cometa um erro de julgamento.
TRABALHO - Seja muito cuidadoso em todos os campos, principalmente no dia
14. Se possível, evite viajar no dia 17. Os astros estão incertos. Mantenha uma
atmosfera agradável à sua volta e evite discussões.
SAÚDE - Não se exceda esta semana. Necessita dar repouso aos seus nervos.
GÉMEOS
(22 de Maio a 21 de Junho)
AMOR - Ficará satisfeito em notar que no dia 11 serão evitadas certas
divergência ue r
erificará que
a sua confiça
t
o entanto,
no di
a
todos
osc
L b- qu
igo em
cert ilso
s
13, tenha dç e
masiada
impo, ni abaoMnea
s calmo
aceraè ,sasitnõs
TRABAL
tendência de
achar fastidioso o seu ritmo de trabalho.
Os seus nervos estarão em franja, e levá-lo-ão a impressões injustificadas. A sua
liberdade de acção permitir-lhe-á, no dia 16, obter resultados satisfatórios na
questão que está explorando. Analise os problemas que tem em mente.
SAÚDE - Necessita de vigilância.
o.~
L
CARANGUEJO
(22 de Junho a 22 de Julho)
AMOR - Não pretenda impor as suas intenções pessoais às pessoas que o!
rodeiam, para
i brar a atmosftão-lhe reserva' o
a
o
de que
querer
Cito.
, é possível q b
um problema
laQ a
situação
paciente ,es
ptar uma
atitud de
M
verificará
influências desapontadoras. Procure dominar os seus impulsos. No fim da semana
deve procurar sossego e algum repouso.
TRABALHO - No dia 13, tenha cuidado com quaisquer promessas que possa
fazer. Tome nota de quaisquer ideias que lhe surgirem no dia 16. Algumas delas
poderão ser aplicadas com utilidade.
SAÚDE- Instável. Tome cuidado consigo. Seja cuidadoso, principalmente nos
dias 13 e 15.
LEÃO
(23 de Julho a 23 de Agosto)
AMOR- No dia 11, exercerá influência lisonjeira sobre as pessoas que o rodeia, e
[iýsuas ideias. No en o
' o seu
opti
a
o confla 110 Nýla14
re chegar , mgo decSrao
ne;Xc
quepag m ec(
s. e.Ug e N ix conr oia 13, evite
desempenhar
pel preponderante seja em que campo for. Pode haver
protestos ou complicações, e fará bem em estar deles afastado. Estude os
objectivos que se lhe abrirem, e faça uma escolha cuidadosa. Se tiver quaisquer
ideias originais ou construtivas, guarde-as para si, de momento, Tome cuidado.
No fim da semana terá oportunidade de elaborar um programa cuidadosamente
preparado.
SAÚDE - Vigie-a.
VIRGEM
(24 de Agosto a 23 de Setembro)
AMOR - No dia 11, decorrerá bem
uma viagem organizada em conjunto. No entanto, os as
ração serão
ligeirame
influências
contra a. T ,
m o que
di se (li 12 m,ýÀ d,ý tezas.É
disser di'ar. Seja
pacie No i,
restabeTRA
kpersuasão e
um pouco
no dia 13 quaisquer desentendimentos tomem importância
iiAesperada. As pessoas escutá-lo-ão.
Cuidado com complicações que possam surg4r no dia 15. Mantenha-se reservado.
~ÚDE - Muita vitalidade.
BALANÇA
24 de Setembro a 23 de Outubro
AMOR - O princípio da semana promete ser bom se não ceder a súbitos desejos
ou tentações que poderão surgir eseaamiu o. Não desaponte os que esperam q
demonstre a sua afeição. Se de f
qasquer alterações ao
progr e o o por outros, no dia
12, não s
mastre d asiao dminante.
No fim da s an conseguirá estreitar
laços de am d
feião. As, pessoas
poderão duvidar da sua sinceridade. Analise os seus sentimentos.
TRABALHO - No dia 13 terá completa liberdade de acção mas procure adoptar
uma prudente linha de acção. Cuidado com excessos. Os acontecimentos da dia
15 poderão surpreendé-lo e prejudicar as suas intenções.
SAÚDE - Precisa de ter cuidado consigo.
ESCORPIÃO0
(24 de Outubro a 22 de Novembro)
AMOR - Deixe que outros elaborem o programa, no princípio da semana.
Divertir-se-á. Procree ser restável e amistoso. N
inspirado
se rej
a p te que é mais
atrae doqe sin .ra Não se comprometa
15, haverá mios perigos
no ar. Er acidentais poderão ter consequen
as. Abra bem os olhos e
mantle e
Domine os seus
reflexos. Uma viagem planeada para o dia 17 tirar-lhe-á do pensamento
determinadas coisas. Empreenda-a, mas seja cuidadoso.
TRABALHO - Encontrará alguma dificuldade em se readaptar ao ritmo das suas
actividades habituais. Procure vencer quaisquer impressões depressivas. Reduza
ao mínimo as suas actividades e evite assuntos de discussão que poderão tornar-se
amargas.
SAÚDE - Instável. Não se exceda.
SAGITARIO
<23 de Novembro a 21 de Dezembro)
AMOR - PrÀ'cure tirar todo o proveito de momentos felizes que surgírao no dia
12.
cionar-se-á um
problem
ndo. A
atmos
s .i
à sua
volta
studar as
perspecia deqaqe
soição ou,
frutuo
tro lado, no
dna 1
contrárias que p
r á violência ou
inesperadas reacções. Domine-se. No fim da semana procure restabelecer a
atmosfera de confiança e entendimento. Os que o amam, esperam que lhes
demons-, tre a sua afeição.
TRABALHO - No dia 13, aplainar-se-ão certas dificuldades que receava.
Examine novos métodos de trabalho que poderão ser aplicados com utilidáde. No
dia 18, seja cuidadoso.
SAÚDE - Muita vitalidade.
PAGINA 6
MIL ESCUDOS PARA O LEITOR
$
na de 11 d 1/ de Abril)
CAPRICÓRNIO
(22 de Dezembro a 20 de Janeiro)
AMOR -No principio da semana, surgir-lhe-ão muitas ideias durante o seu tempo
livre. No entanto, mantenha os pés bem fichão e seja realista. N
es
serão
bem - e o escut Os. program ra este dia agradarTRAAH
"- No dia
14 ea cuidados e
corra riscos alquer
espécie. onslhe os o
zerem o'
mesmo. N dia 1i9, a
tável uma
calma discussão acere de interesses comuns. Procure considerar medidas
progressivas.
SAÚDE - Instável. Sentir-se-á um
pouco deprimido. Tome precauções e evite excessos. Procure encontrar ambientes
calmos de que muito necessita.
Tem precisão de recuperar a sua vitalidade. Tome cuidado.
AQUARIO
(21 de Janeiro a 18 de Fevereiro)
AMOR-No principio da semana estará preparado para acolher quaisquer
sugestões referentes a um programa, mas certifique-s
canse demasiado.
Pr es
ambienles rep
- Os
as pessoas q rodeia ar-lhemulos
satisfa
os
os intecuais e
artísticsPrcrvecreta
ansiedades e icreaqudcotáio, no
dia 16 enf
us recursos
nervosos. Não deixe que se evaporem alguns dos seus mais caros desejos.
TRABALHO - No dia 14, poderá vir
a considerar a realização de uma viagem importante. Mas não tome quaisquer
decisões apressadas. Examine cuidadosamente os acontecimentos presentes. No
dia 15, encontrará, possivelmente, algumas dificuldades, mas não se deixe vencer
por elas. Vença o seu pessimismo.
SAÚDE - Procure organizar um fim,
de semana repousante. Seja cuidadoso.
PEIXES
(19 de Fevereiro a 20 de Março)
AMOR - As relações com pessoas de
família o amigos trar-lhe-ão o repouso de que necessita. Mas não conte aos outros
as sua p
No dia 12,
naturalm
ipar em
qualqup qa for convidado. ese sn insegu o ansado, o
m que terá a
fazer
inar o
E,~nvi nine a situ S dia 14
tiver
a- quaisq eciões em
questõe
completo
acordo com apes
que ama.
TRABALHO - No dia 15, tenha cuidado com acidentes que poderão ocorrer nos
mais Inesperados campos. Domine-se e observe as pessoas á sua volta. Elas
poderão cometer qualquer erro grave.
SA DE - Necessita de vigilância.
Continuam a afluir fotos e cartas (mais estas do que aquelas) a este concurso
organizado pelo «Tempo», numa iniciativa da Mesa de Prevenção e Segurança,
sob o patrocínio do Instituto do Trabalho (Fundo de Acção Social no Trabalho
Rural de Moçambique).
Dois dos nossos leitores associaram-se e enviaram-nos, sobre o mesmo episódio
de falta de segurança no trabalho, um relato e uma foto, ambos premiados, pelo
que têm à sua disposição mil estudos.
O relato é de Mendes de Oliveira e a foto é de Lopes Alves, ambos desta cidade.
Parabéns aos premiados.
Para os leitores que se entusiasmem com este exemplo recomendamos-lhes o
envio rápido dos seus testemunhos escritos ou fotográficos para a Mesa de
Prevenção e Segurança, Caixa Postal 696 - Lourenço Marques. Há mil escudos à
vossa espera.
A imagem foi obtida em Dezembro do ano passado, de um 7.o andar, algures na
Av. da República, e o flagrante reporta-se ao 6.o andar do mesmo edifício.
A operação visava a substituição de um dos tubos de néon que constitui o anúncio
luminoso do logótipo de uma conhecida agência de publicidade local.
Alie-se ao facto de que a reparação em questão implicava manuseamento* de
material eléctrico (perigo esse que, de boa fé, queremos acreditar ter sido
eliminado pelo simples tornar de um interruptor.) o «factor-risco» proporcionado
pela consistência dos estreitos suportes que fixam o anúncio ao edifício, de
momento sobrecarregados pelo peso dos dois operários, e o «factor-risco»
equilíbrio a que obrigava a espessura - precisamente o espaço de dois pés unidos
em largura- do anúncio e, cremos absolutamente desnecessárias quaisquer
sofisticações do perfeito «perigo de vida» em que eles labutavam.
Não podemos, não obstante, privar-nos a confessar que, o que mais nos
impressionou foi, porém, o sorriso de tranquila inconsciência estampado naqueles
rostos desprotegidos ao perceberem que os estávamos a fotografar. E, embora
cheios de vontade de fixar o momento em que o empregado, então de joelhos, se
voltasse a deitar para colocar o tubo novo que possuía entre mãos, na preocupação
de lhes evitar mais esse risco que poderia surgir (e estávamos veemente
convencidos que surgiria concerteza) de qualquer preocupação de «pose»,
houvemos por melhor retirar-nos imediatamente, diga-se, já sem uma gota de
sangue nas veias....
" om dentes postiços pode comer mas com olhos de vidro
não pode ver. Use óeulos de segurana
* Um só trabalhador Imprudente pode tornar Imegura toda
a of~cna.
" Mos: (mica ferramenta insubstituvel
" No ver, não saber, nio pensar: tr~s cemas de acidentes.
" Os acidentes nio acontecem, são causados.
SNunca
é de nala um acidente de menos; elmia
um
perigo 4 evitar um acdente.
N
1
~
Divisas, crdito, etc.
S problemas de ordem económica,
que são vividos ou sentidos por todos de uma maneira ou de outra, adquiriram nos
últimos anos uma agudeza e uma importância tónica, senão dramática. Mas são
também, paralelamente, daqueles que se conhecem mais mal - e isso acontece não
só porque eles são complicados em si mesmo mas também porque tem
implicações e conexões profundas com quase todos os sectores da actividade
humana, desde a política à vida privada dos cidadãos.
Alguns destes problemas de raiz económica, perfeitamente detectados e
conhecidos, afectam sèriamente, desde há tempos a esta parte, a conjuntura
económico-financeira da Província. O primeiro é, como se sabe, o chamado
problema cambial, ou dos pagamentos interterritoriais, que mostra tendências de
agravamento e vem tornando muito difíceis as relações comerciais entre a
Província e a Metrópole. Mas que está longe de ser um problema isolado, como
alguns parecem pretender e ainda há dias vi em letra de forma num jornal diário
de Lourenço Marques.
C LARO que um comércio submetido
a rigorosas restrições de importação, algumas delas muito discutíveis, mas outras
lógicas e inevitáveis, num território como Moçambique cuja produção interna não
lhe fornece senão uma pequenissima parcela de bens de consumo, se vê remetido
para uma crise muito séria; as importações da Metrópole permitiriam resolver o
problema, dinamizando até as indústrias de lá - mas a isso obstam as dificuldades
de transferência dos pagamentos, que, por mor das restrições cambiais, só são
executados lã 14 meses depois. É evidente que uma empresa comercial ou uma
indústria votadas à exportação não podem suportar prazos
de pagamento que se estendem a 14 meses e mais; como é evidente que o
comércio importador de Moçambique, que tem compromissos e obrigações
fiscais, despesas, salários, etc., se não importa, não pode vender, se não vende,
não poderá subsistir.
verdade que, como dizia há dias
o «Notícias», ao dar pela primeira vez a sua opinião sobre tão momentoso
problema, as medidas até agora tomadas - restrições à importação, uma lista de
prioridades para os pagamentos - não são mais do que uma panaceia.
Mas o que me parece que faltou ao «Notícias» dizer -e talvez se entenda porquê é que as restrições de crédito praticadas actualmente pelos bancos agravam
sériamente a situação.
Eu pergunto: se os bancos comerciais da Metrópole descontassem as ordens de
pagamento da Província, com a garantia do seu redesconto pelo Banco de
Portugal, a uma taxa de juro adequada ao prazo de obtenção da respectiva
cobertura, o problema não se resolveria até que outras medidas mais profundas
fossem tomadas, sem mais encargos para o importador e o pagamento imediato
aos exportadores?
Mas este é ainda apenas mais um aspecto do problema global das nossas
dificuldades económicas actuais, que as pessoas e o comércio sentem traduzidas
nos atrasos de liquidação das ordens de pagamento sobre a Metrópole e nas
restrições à importação. No fundo, bem no fundo da questão está o deficiente
estágio de desenvolvimento económico de que padece a Província e de que só
poderá sair pelo desenvolvimento; mas este exige forçosamente, como ainda há
dias afirmou numa conferência de Imprensa o director-geral da Informação,
grandes dispêndios na aquisição de bens equipamentos
indispensáveis, que são importados e têm de agravar o «déficit» crónico da
balança de pagamentos, pois durante muito tempo ainda continuaremos a comprar
no exterior mais bens do que aqueles que exportamos.
AS outras circunstâncias, além
destas, agravam ainda o conjunto do problema. Uma delas é, por exemplo, a
circulação descarada e gravosa do rand em grande parte da Província, quase como
uma moeda paralela, através da qual se processa uma importante sangria das
divisas que precisamos. Os moçambicanos vão á África do Sul e têm de cambiar
os seus escudos por rands, porque o escudo moçambicano não tem lá curso; mas o
sul-africanos, que vêm cá em muito maior número (mais de 300 000 em 1970,
segundo cálculos nada optimistas), não trocam o seu dinheiro pelo nosso e toda a
gente recebe por ai rands, que depois voltam à origem, pelos mais diversos
caminhos, mas sem qualquer contrapartida para nós, numa operação que não só é
ilegal, como lesa sensivelmente as nossas reservas cambiais.
O problema, no seu conjunto, não é fácil de resolver. Mas não se resolve de
certeza é com a demagogia epidérmica de um artigo de fundo, ou com medidaspaliativo de um ou outro resultado imediato, que se dissolve nas implicações da
conjuntura.
P ARECE-ME a mim que, além das medidas que o Governo prometeu e
certamente terá em estudo urgente, caberá ao crédito nacional, especialmente no
sector do médio prazo, um importante papel no encontro de um caminho para a
solução, que a protelar-se muito poderá deixar cicatrizes profundas, senão mesmo
lesões irrecuperáveis em muitos sectores das actividades económicas de
Moçambique.
9pini
GRAFICA, S.A.R.L.
Tempo
....,....
EEE 0 UNIe BANC e Á E
Download

ÿþM i c r o s o f t W o r d - a h m t e m 1 9 7 1 0 4 1 1