APONTAMENTOS DE ECONOMIA PARTE 9 MACROECONOMIA CONCURSO DE ADMISSÃO À CARREIRA DE DIPLOMATA PROF. EDMO MENINI São Paulo 2009 34 – Macroeconomia Rede de Ensino LFG SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................... 36 CONTAS NACIONAIS ....................................................................... 36 Contas Nacionais: FGV até 1986 ................................................................................................................................. 36 Contas Nacionais: FIBGE 1986-1995 ......................................................................................................................... 39 Contas Nacionais: FIBGE Após 1996 .......................................................................................................................... 42 ANEXO CONTAS NACIONAIS 2008 – DADOS PRELIMINARES .......................... 45 EXERCÍCIOS .......................................................................... 47 Gabarito................................................................................................................................................................................. 49 Prof. Edmo Menini – Preparatório para Carreira de Diplomata Macroeconomia – 35 INTRODUÇÃO As duas primeiras aulas de Macroeconomia foram dedicadas ao estudo da Contabilidade Nacional e inter-relações entre Produto, Renda e Despesa. Nesta aula estaremos visualizando as identidades contábeis demonstradas através das Contas Nacionais. CONTAS NACIONAIS O Sistema de Contas Nacionais desenvolve-se principalmente a partir dos anos 30 devido à necessidade de planejamento econômico das nações como metodologia capaz de avaliar o resultado da atividade econômica. Este sistema, também denominado de Contabilidade Social ou Contabilidade Nacional permite medir e comparar entre países diversos agregados como produção, poupança, investimento, consumo, renda, transações com o exterior (importação e exportação) além de oferecer a posteriori uma perspectiva global da economia de uma nação. A apuração e demonstração das Contas Nacionais respeitam as Práticas Contábeis do regime de partidas dobradas (a cada débito, há o devido crédito) desenvolvido e analisadas para os quatro setores: Famílias, Empresas, Governo e Resto do Mundo. Cada setor ou agente econômico ao interagir na economia gera três contas: Produção, Consumo (Gasto com a renda) e capital (aumento do patrimônio pela poupança ou investimento – parcela da renda não direcionada para o consumo). Na prática, corresponde respectivamente, a CONTA DE PRODUÇÃO, CONTA DE UTILIZAÇÃO DE RENDAS E CONTA DE ACUMULAÇÃO DE CAPITAL, que totalizam doze contas (3x4 setores). A apresentação destas contas varia um pouco entre os países, todavia, no Brasil até 1986 eram apuradas pela Fundação Getúlio Vargas, posteriormente pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (FIBGE), sofrendo alteração após 1996 para atenderem a metodologia do System of National Accounts (SNA) proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU). Contas Nacionais: FGV até 1986 A análise das Contas Nacionais permite uma visão agregada dos fenômenos econômicos com base em três pressupostos básicos: medir a produção corrente de um período convencionado, normalmente anual; referir-se a uma variável fluxo; a moeda é neutra, no sentido de que é considerada apenas como unidade de medida e instrumento de troca. A medida de desempenho macroeconômico de maior utilização e divulgação no Brasil é o Produto Interno Bruto (PIB), podendo ser calculado de duas formas distintas: a) Produto Interno Bruto a preços de mercado (PIBpm): todos os bens e serviços finais produzidos na economia, em um dado período de tempo, contabilizados pelo preço final de venda ao consumidor. b) Produto Interno Bruto a custo de fatores (PIBcf): apurado com base na remuneração aos fatores de produção (salários (w), juros (j), aluguéis (a) e lucro (l)), conforme fórmula, considerando o Setor Governo na economia. Quando o modelo econômico considerar o governo interagindo com produtores e consumidores, o Produto Interno Bruto será dado como: PIBpm = PIBcf + Tributos Indiretos (Ti) – Subsídios (Sub) O leitor deve estar familiarizado com o conceito de DEPRECIAÇÃO (d), estudado anteriormente, que diferencia a nomenclatura para valor líquido versus valor bruto (PIB = PIL + d). Aplicando-se este conceito na formulação do PIBpm, pela relação PIBcf = PILcf + d, temos: 36 – Macroeconomia Rede de Ensino LFG PIBpm = PILcf + Depreciação (d) + Tributos Indiretos (Ti) – Subsídios (Sub) A construção do modelo de análise da FGV considera ainda os registros das transações com o Resto do Mundo (quarto setor do nosso modelo) para os valores de Exportação (X) e Importação (M). Sua metodologia utilizada até 1986 considera cinco contas para demonstrativo do Sistema de Contas Nacionais do Brasil: 1) Conta de Produção (Produto Interno Bruto a preços de mercado + importações); 2) Conta de Apropriação (Utilização das Rendas das Empresas e das Famílias) 3) Conta Corrente do Governo 4) Conta Consolidada de Capital 5) Conta de Transações Correntes com o Exterior. Conta 1 (FGV) – Conta de Produção Débito Renda Interna Líquida a Custo de Fatores (RILcf = PILcf = remuneração de salários, aluguéis, juros e lucros – w + a + j + l) (+) Tributos Indiretos (Ti) (–) Subsídios (Sub) (+) Depreciação (d) (=) PIBpm (+) Importação (M) Crédito Consumo das Famílias (C); (+) Consumo do Governo (G); (+) Formação Bruta de Capital Fixo (FBKF); (+) Variação de Estoques (ΔE) Nota: Investimento = I = FBKF + ΔE (+) Exportação (X) Oferta Global de Bens e Serviços Total da Demanda por Bens e Serviços Vamos resgatar a primeira identidade da contabilidade nacional (Produto=Renda=Despesa) e a formulação definida para a Despesa Nacional: DN = C + I + G + X – M A metodologia da FGV “troca de lado” o valor referente à Importação (M) de bens e serviços se compararmos com a fórmula. O total de Débito para a Conta de Produção é a somatória de todos os bens e serviços finais produzidos em um determinado período (PIBpm), acrescido do total de bens e serviços importados (M). Rearranjando a equação, com DN=PN, por sua vez, PIBpm=DIBpm, temos a OFERTA GLOBAL, que representa em valores todos os bens e serviços finais disponíveis para a economia brasileira. PIBpm + M = C + I + G + X Conta 2 (FGV) – Conta de Apropriação Débito Consumo Final das Famílias (C) Tributos Diretos (Td) Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE) Outras Receitas Correntes do Governo (ORCG) Poupança Líquida do Setor Privado (Sp) Utilização dos Recebimentos Crédito Renda Interna (renda interna = produto interno a custo de fatores) (PIBcf) Transferências (Tf): pensões, aposentadorias etc..(pagamentos ao setor privado). Total dos Recebimentos A Conta 2 reflete a utilização das rendas das famílias e das empresas na economia. Do lado do Crédito está discriminado o montante de recebimentos dado pelos pagamentos que remuneraram os fatores de produção (w+a+j+l) necessários para geração da produção interna, independentemente se foram cidadãos brasileiros ou estrangeiros, acrescidos das transferências ao setor privado. Prof. Edmo Menini – Preparatório para Carreira de Diplomata Macroeconomia – 37 Qual a utilização destes recebimentos? A coluna do Débito mostra que foram direcionados para consumo (C) das famílias, impostos do governo sobre o rendimento das famílias (Td), Outras Receitas Correntes do Governo (ORCG) como aluguéis, dividendos por participação em empresas públicas mais a poupança líquida do setor privado (Sp). Conta 3 (FGV) – Conta Corrente do Governo Débito Crédito Consumo do Governo (G) Subsídios (Sub) Tributos Indiretos (Ti) Transferências (Tf) Tributos Diretos (Td) Poupança em Conta Corrente do Governo Outras Receitas Correntes do Governo (ORCG) (Sg) Utilização das Receitas Correntes A Entes da O ou Saldo Total das Receitas Correntes Conta Corrente do Governo consolida todas as receitas (crédito) e despesas (débito) dos Federação nos três níveis: Municipal, Estadual e Federal. saldo entre receitas e despesas, se positivo, é denominado de Poupança do Governo (Sg) em Conta Corrente do Governo. Conta 4 (FGV) – Conta Consolidada de Capital Débito Crédito Poupança Líquida do Setor Privado (Sp) Depreciação (d) Nota: Sp + d = Poupança Bruta do Setor Privado = S Poupança em Conta Corrente do Governo (Sg) Poupança Externa (Se) Total dos Recursos para financiamento dos Investimentos = Poupança = Sglobal Formação Bruta de Capital Fixo (FBKF) Variação de Estoques (ΔE) Nota: Investimento = I = FBKF + ΔE Total de Investimentos = Iglobal Na Conta Corrente do Governo não aparece a débito ou a crédito a parcela de Investimento do Governo (Ig). Este valor se encontra nesta conta de capital “dentro” da FBKF junto com o Investimento Privado (Ip). FBKF = Ig + Ip. Neste momento deve-se lembrar da segunda identidade da contabilidade nacional – poupança (S) é igual ao investimento (I). Neste raciocínio, a coluna débito (Investimento) deve ser igualada com a coluna crédito (poupança), que resulta em valores globais da economia. Do lado da poupança: - Depreciação (d), que diferencia valor bruto de valor líquido (valor bruto = valor líquido + depreciação). Logo, a soma da poupança líquida do setor privado com a depreciação (Sp + d) é denominada Poupança Bruta do Setor Privado (S); - Poupança em Conta Corrente do Governo é o saldo entre receitas de impostos (T) deduzidas as despesas (G): Sg = T – G. - Poupança Externa é o saldo com o setor externo de importações (M) menos exportações (X): Se = M – X. - Poupança global: Sglobal=poupança privada (Sp)+poupança do governo (Sg)+poupança externa (Se) Conta 5 (FGV) – Conta de Transações com o Exterior Débito Exportação de bens e serviços (X) Poupança Externa (Se) Utilização das Receitas 38 – Macroeconomia Crédito Importação de bens e serviços (M) Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE) Total das Receitas Rede de Ensino LFG Esta conta deve refletir as transações do Brasil com o Exterior. Para melhor compreensão estamos considerando que a nossa referência é o Brasil. Se vamos entregar bens e serviços para algum país estrangeiro, estamos fazendo uma operação de exportação. Temos que tomar o cuidado de separar entrega de bens e serviços (transferência de recursos reais da economia brasileira) com recebimento de recursos financeiros do país estrangeiro (transferência de recursos financeiros). O Brasil ao exportar bens e serviços recebe como contrapartida o devido valor financeiro do país estrangeiro. Este valor é registrado na coluna de Débito porque equivale para o país estrangeiro uma importação que deve ser paga. Entretanto, sob a ótica da produção brasileira, a exportação de máquinas e equipamentos diminui a nossa capacidade de produção porque parte do produto real brasileiro foi para o exterior, embora tenhamos recebido valores monetários (ficamos mais ricos financeiramente). É importante destacar este ponto pela própria definição de Poupança Externa na Conta Consolidada de Capital dada pela diferença entre importação (M) e exportação (X). Veja que: Se M > X: poupança externa positiva porque se refere a entrada de recursos reais na economia que possibilitam aumentar a capacidade de produção brasileira. De outro lado, no quesito financeiro, houve pagamento ao país estrangeiro que no jargão de mercado significa “saída de divisas ou diminuição de reservas”. Ainda financeiramente, sob a ótica brasileira, os pagamentos superaram os recebimentos, o que equivale a um saldo negativo ou deficitário para o Brasil e superavitário para o país estrangeiro. Para o Brasil, por ser o país de referência, corresponde a Déficit em Transações Correntes ou Déficit no Balanço de Pagamentos em Conta Corrente. Se M < X: poupança externa negativa. Interpretação contrária onde há entrada de divisas e aumento de reservas brasileiras (financeiro) – Superávit no Balanço de Pagamentos em Conta Corrente. No que se refere à terminologia Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE) lançada a Crédito da Conta de Transações com o Resto do Mundo, conforme estudado, trata-se de situação quando o Brasil remete renda para o exterior em volume maior do que recebe. Renda Líquida de Fatores Externos (RLFE): Renda Recebida do Exterior (RRE) - Renda Enviada para o Exterior (RRE). Fórmula: RLFE = RRE – REE - RRE < REE, a RLFE é negativa, se denomina Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE), coluna de CRÉDITO; - RRE > REE, a RLFE é positiva, se denomina Renda Líquida Recebida do Exterior (RLRE), coluna de DÉBITO. Contas Nacionais: FIBGE 1986-1995 Em 1986 demonstração das Contas Nacionais passa para a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (FIBGE), de forma que, temos duas metodologias para serem estudadas, que são elaboradas com base no método de partidas dobradas. A FIBGE reformula a apresentação das Contas Nacionais reduzindo para quatro contas, demonstrando em separado a conta do Governo, denominada de Conta Corrente das Administrações Públicas: 1) Conta de Produção (Produto Interno Bruto a preço de mercado); 2) Conta Renda Nacional Disponível Bruta (consolida Conta de Apropriação e Conta Corrente do Governo); 3) Conta de Capital (acumulação); 4) Conta de Transações Correntes com o Resto do Mundo (Exterior) Prof. Edmo Menini – Preparatório para Carreira de Diplomata Macroeconomia – 39 Conta 1 (FIBGE) – Produto Interno Bruto Débito Crédito Consumo Final das Famílias (C) Produto Interno Bruto a Custo de Fatores (+) Consumo Final das Administrações Públicas (G) PIBcf (salários, aluguéis, juros e lucros): (+) Formação Bruta de Capital fixo (FBKF) - Remuneração dos empregados (+) Variação de Estoques (ΔE) - Excedente Operacional Bruto Nota: Investimento = I = FBKF + ΔE (+) Tributos Indiretos (Ti) (+) Exportação de bens e serviços (X) (–) Subsídios (Sub) (–) Importação de bens e serviços (M) Produto Interno Bruto (PIB) = Dispêndio correspondente ao PIB = PIBpm = PIBcf + Ti – Sub DIBpm = C + G + I + X – M A novidade desta conta, que diverge da FGV, enquanto resultado é o saldo equivaler ao PIB do país. Note que o valor referente à Importação (M) aparece na coluna de Crédito. Outra novidade foi na remuneração dos fatores de produção (w + a + j + l), a FIBGE cria o conceito de Excedente Operacional Bruto, obtido pela subtração dos valores pagos como salários aos empregados do PIBcf, equivalente ao valor total de remuneração de aluguéis, juros e lucros. Excedente Operacional Bruto = PIBcf – salários Não poderia passar despercebido que não aparece a Depreciação (d) na metodologia da FIBGE. Os valores encontrados são valores brutos para o produto, a renda e a despesa. Conta 2 (FIBGE) – Renda Nacional Disponível Bruta Débito Crédito PIB a Custo de Fatores – PIBcf = RIBcf: - Remuneração do empregados - Excedente Operacional Bruto Remuneração de empregados, líquida, recebidas do resto do mundo (saldo entre recebido e pago); Outros rendimentos, líquidos, recebidos do resto do mundo (saldo entre recebido e pago); (+) Tributos Indiretos (Ti) (–) Subsídios (Sub) Transferências unilaterais, líquidas, recebidas do resto do mundo (saldo entre recebido e pago). Apropriação da Renda Nacional disponível bruta Consumo Final das Famílias (C); Consumo Final das Administrações Públicas (G) Poupança Bruta: Soma da Poupança Bruta do Setor Privado (S) com a Poupança do Governo (Sg) = Saldo da Poupança Interna Utilização da Renda Nacional disponível bruta Na coluna de crédito, como se refere ao demonstrativo da Renda Nacional, não havendo destaque do valor da depreciação, o Produto Interno Bruto a Custo de Fatores (PIBcf), quando calculado, é acrescido da depreciação e equivale a Renda Interna Bruta a custo de Fatores (RIBcf): PIBcf = RIBcf. Embora a metodologia da FIBGE não destaque valor para a Depreciação, se calculada ou estimada será lançada a débito na coluna de Crédito e o resultado desta conta passa a ser denominada de Apropriação da Renda Nacional Disponível Líquida. Ainda na coluna de crédito aparece Transferências Unilaterais com o Resto do Mundo. Não confundir com as transferências do Governo para o Setor Privado. Estas transferências dizem respeito a pagamentos (de brasileiros) e recebimentos (de estrangeiros) como doações entre residentes e não-residentes. Como a FGV não destaca este valor, ele se encontra “dentro” da rubrica Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE). 40 – Macroeconomia Rede de Ensino LFG Conta 3 (FIBGE) – Conta de Capital Débito Formação Bruta de Capital Fixo (FBKF) – Construção – Máquinas e Equipamentos – Outros Variações de Estoques (ΔE) Crédito Poupança Bruta = Poupança Interna (Setor Privado e Governo) (–) Saldo em transações correntes com o resto do mundo = Poupança Externa. Acumulação Bruta Interna Financiamento da Acumulação Bruta Interna A Conta de Capital reflete a segunda identidade da Contabilidade Nacional ao mostrar a igualdade entre investimento e poupança. Do lado do débito, o Investimento ou Acumulação Bruta Interna é calculado acrescido da Depreciação. Se esta for destacada e subtraída ter-se-á Acumulação Líquida Interna. Do lado do crédito o saldo em transações correntes com o resto do mundo corresponde ao Saldo em Conta Corrente do Balanço de Pagamentos. Conta 4 (FIBGE) – Transações Correntes com o Resto do Mundo Débito Exportação de bens e serviços (X); Remunerações de empregados recebida do resto do mundo; Outros rendimentos recebidos do resto do mundo Transferências unilaterais recebidas do resto do mundo Recebimentos correntes Crédito Importação de bens e serviços (M); Remunerações de empregados paga ao resto do mundo; Outros rendimentos pagos ao resto do mundo; Transferências unilaterais pagas ao resto do mundo; Saldo das transações correntes com o resto do mundo Utilização dos Recebimentos Correntes (FIBGE) Conta Corrente das Administrações Públicas Débito Crédito Consumo Final das Administrações Públicas (G); Tributos Indiretos (Ti) Subsídios (Sub) Tributos Diretos (Td) Transferências (Tf) Outras Receitas Correntes Líquidas Juros da Dívida Interna Poupança em Conta Corrente do Governo Total da Utilização da Receita Corrente Total da Receita de Corrente Prof. Edmo Menini – Preparatório para Carreira de Diplomata Macroeconomia – 41 Contas Nacionais: FIBGE Após 1996 A nova metodologia aplicada pela FIBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística composta por Tabelas de Recursos e Usos de Bens e Serviços (TRU) e Contas Econômicas Integradas (CEI) são adequadas ao método elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU). A estrutura das Contas Nacionais passa a ser composta por três grupos de contas, substituindo-se as colunas de débito e crédito por usos e recursos que mostram respectivamente aplicação e origem dos recursos: 1º Grupo: Tabela 1 – Economia Nacional – Conta de bens e serviços Este primeiro grupo se assemelha com a Conta de Produção da metodologia antiga, porém a novidade é o destaque para o Valor Bruto de Produção a Custo de Fatores (VBPcf) e o Consumo Intermediário (CI). Estes conceitos foram discutidos na metodologia de cálculo da Produção Nacional pelo Valor Adicionado. Uma segunda questão a destacar é que a nova metodologia na rubrica “Consumo Final”, consolidou tanto os gastos das famílias (Consumo Final (C)), quanto das administrações públicas (Gastos do Governo (G)). 2º Grupo: Tabela 2 – Economia Nacional – Contas de produção, renda e capital Este grupo agrupa as informações constantes das contas de Renda Nacional Disponível Bruta e de Capital apresentadas pela metodologia anterior. 3º Grupo: Tabela 3 – Economia Nacional – Conta Econômicas Nacionais - PIB O último grupo guarda equivalência com a Conta de Transações com o Resto do Mundo. Tabela 1 - Economia Nacional - Conta de bens e serviços - 2000 Recursos (1 000 000 R$) Operações e saldos Usos (1 000 000 R$) 2000 1 979 057 Produção 134 951 Importação de bens e serviços 119 394 Impostos sobre produtos 8 430 110 964 Imposto de importação Demais impostos sobre produtos Consumo intermediário Consumo final 868 061 Formação bruta de capital fixo 211 225 Variação de estoque Exportação de bens e serviços 2 233 402 Usos (1 000 000 R$) 1 011 751 Total Operações e saldos 24 944 117 422 2 233 402 Recursos (1 000 000 R$) 2000 Conta 1 - Conta de produção Produção 1 011 751 Consumo intermediário Impostos sobre produtos Imposto de importação 42 – Macroeconomia 1 979 057 119 394 8 430 Rede de Ensino LFG Usos (1 000 000 R$) Operações e saldos Recursos (1 000 000 R$) Demais impostos sobre produtos 1 086 700 110 964 Produto interno bruto As tabelas acima se referem às Contas Nacionais do ano 2000 que foram cobradas em concursos conforme mostrado no tópico de Exercícios. Gostaria que o leitor fizesse a comparação destas tabelas com os exercícios para constatar que as questões respeitaram a mesma nomenclatura do IBGE. Este comentário serve para que após se familiarizar com a Conta de bens e serviços e a Conta de Produção do Sistema de Contas Econômicas Integradas de 2000 possa avançar para a análise das contas para o ano de 2006. Em 2006 ocorreram alguns ajustes como o aparecimento da conta “Subsídios aos produtos” e retirada da conta “Impostos de importação” na Tabela 1 e na Tabela 2. Tabela 1 - Economia Nacional - Conta de bens e serviços - 2006 Recursos (1 000 000 R$) Operações e saldos Usos (1 000 000 R$) 2006 4 121 766 Produção 271 679 Importação de bens e serviços 336 554 Impostos sobre produtos (-)1 491 Subsídios aos produtos Consumo intermediário 2 087 032 Despesa de consumo final 1 903 679 Formação bruta de capital fixo 389 328 Variação de estoque Exportação de bens e serviços 4 728 504 Total 8 012 340 457 4 728 504 Tabela 2 - Economia Nacional - Contas de produção, renda e capital - 2006 Operações e saldos Usos (1 000 000 R$) Recursos (1 000 000 R$) 2006 Conta 1 - Conta de produção Produção 2 087 032 4 121 766 Consumo intermediário Impostos sobre produtos Subsídios aos produtos 2 369 797 336 554 (-) 1 491 Produto Interno Bruto Conta 2 - Conta da renda 2.1 - Conta de distribuição primária da renda 2.1.1 - Conta de geração da renda Produto interno bruto 969 391 968 527 864 367 048 (-) 4 872 2 369 797 Remuneração dos empregados Residentes Não-residentes Impostos sobre a produção e a importação Subsídios à produção (-) Prof. Edmo Menini – Preparatório para Carreira de Diplomata Macroeconomia – 43 Operações e saldos Usos (1 000 000 R$) 1 038 230 Recursos (1 000 000 R$) Excedente operacional bruto e rendimento misto bruto 212 919 Rendimento misto bruto 825 311 Excedente operacional Bruto 2.1.2 - Conta de alocação da renda Excedente operacional bruto e rendimento misto bruto 1 038 230 Rendimento misto bruto 212 919 Excedente operacional bruto 825 311 Remuneração dos empregados 969 780 Residentes 968 916 Não-residentes 864 Impostos sobre a produção e a importação 367 048 Subsídios à produção (-) 73 445 2 311 211 (-) 4 872 Rendas de propriedade enviadas e recebidas do resto do mundo 14 470 Renda nacional bruta 2.2 - Conta de distribuição secundária da renda Renda nacional bruta 1 175 2 320 577 2 311 211 Outras transferências correntes enviadas e recebidas do resto do mundo 10 541 Renda Disponível Bruta 2.3 - Conta de uso da renda Renda disponível bruta 1 903 679 416 898 2 320 577 Despesa de consumo final Poupança bruta Conta 3 - Conta de acumulação 3.1 - Conta de capital Poupança bruta 389 328 8 012 465 21 448 416 898 Formação bruta de capital fixo Variação de estoque Transferências de capital enviadas e recebidas do resto do mundo 2 356 Capacidade (+) ou Necessidade (-) líquida de financiamento Tabela 3 - Economia Nacional - Conta das transações do resto do mundo com a economia nacional - 2006 Usos (1 000 000 R$) Recursos (1 000 000 R$) Operações e saldos 2006 Conta 1 - Conta de bens e serviços do resto do mundo com a economia nacional 340 457 300 061 40 396 44 – Macroeconomia Exportação de bens e serviços Exportação de bens Exportação de serviços Rede de Ensino LFG Importação de bens e serviços 271 679 Importação de bens 209 936 Importação de serviços (-) 68 777 61 743 Saldo externo de bens e serviços Conta 2 - Conta de distribuição primária da renda e transferências correntes do resto do mundo com a economia nacional Saldo externo de bens e serviços 864 (-) 68 777 Remuneração dos empregados 14 470 475 Rendas de propriedade 12 381 2 089 73 445 Juros 35 755 Dividendos 37 690 Outras transferências correntes enviadas e recebidas do resto do mundo 10 541 187 10 354 (-) 19 557 1 175 Cooperação Internacional 264 Transferências correntes diversas 911 Saldo externo corrente Conta 3 - Conta de acumulação do resto do mundo com a economia nacional 3.1 - Conta de capital Saldo externo corrente 2 356 Variações do patrimônio líquido resultantes de poupança e de transferências de capital (-) 21 448 (-) 19 557 Transferências de capital enviadas e recebidas do resto do mundo 465 (-) 21 448 Capacidade (+) ou Necessidade (-) líquida de financiamento Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Contas Nacionais. ANEXO CONTAS NACIONAIS 2008 – DADOS PRELIMINARES Tabela 3 - Contas Econômicas Anuais e das Transações do Resto do Mundo com a Economia Nacional – 2008 Recursos e Usos - Dados preliminares - 4º Trimestre de 2008 Operações e saldos Usos (1 000 000 R$) Recursos (1 000 000 R$) Conta 1 - Conta de produção 2 889 719 PIB Conta 2 - Conta da renda PIB 342 96 354 2 817 945 Remuneração dos empregados não residentes recebida e enviada ao resto do mundo Rendas de propriedade recebidas e enviadas ao resto do mundo Renda nacional bruta Prof. Edmo Menini – Preparatório para Carreira de Diplomata 2 889 719 1 383 23 539 2 817 945 Macroeconomia – 45 2 091 2 825 796 2 337 823 487 973 Transferências correntes recebidas e enviadas ao resto do mundo 9 943 Renda disponível bruta 2 825 796 Despesas de consumo final Poupança bruta Conta 3 - Conta de acumulação Poupança bruta 547 066 726 (-) 57 061 487 973 Formação bruta de capital Transferências de capital recebidas e enviadas ao resto do mundo* 2 758 Capacidade ou necessidade líquida de financiamento Conta das Transações do Resto do Mundo com a Economia Nacional – 2007 Recusrsos e Usos - Dados preliminares - 4º Trimestre de 2008 Usos (1.000.000 R$) Operações e saldos Recursos (1.000.000 R$) Conta 1 - Conta de bens e serviços do resto do mundo com a economia nacional 414 257 Exportação de bens e serviços Importação de bens e serviços (-) 4 830 409 427 Saldo externo de bens e serviços Conta 2 - Conta de distribuição primária da renda e transferências correntes do resto do mundo com a economia nacional Saldo externo de bens e serviços 1 383 23 539 9 943 59 093 (-) 4 830 Remuneração dos empregados recebida e enviada ao resto do mundo 342 Rendas de propriedade 96 354 Transferências correntes recebidas enviadas ao resto do mundo 2 091 Saldo externo corrente Conta 3 - Conta acumulação do resto do mundo com a economia nacional Saldo externo corrente 2 758 Transferências de capital recebidas e enviadas ao resto do mundo* Variações do patrimônio líquido resultantes de poupança e de transferências de capital 57 061 59 093 726 57 061 Capacidade ou necessidade líquida de financiamento * Inclui transferências unilaterais de capital e bens não financeiros não produzidos - cessão de marcas e patentes Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Contas Nacionais. 46 – Macroeconomia Rede de Ensino LFG EXERCÍCIOS 1) (UnB/CESPE/2009/CACD 1ª Fase). A demanda agregada total (doméstica e externa) de uma economia aberta equivale ao seu produto interno bruto (PIB), sendo os seguintes os seus principais componentes: consumo, investimento, compras do governo e exportação líquida de bens e serviços. Supondo que essa economia gere um PIB anual de R$1 trilhão, mantenha uma taxa de investimento igual a 20% do PIB e que, nessa economia, o consumo e os gastos do governo sejam respectivamente 3,1 e 0,7 vezes superiores ao investimento, é correto concluir que o saldo exportador dessa economia será de: A) R$38 bilhões B) R$40 bilhões C) R$76 bilhões D) R$80 bilhões E) R$102 bilhões 2) (ESAF/ENAP/2006). Considere os seguintes dados extraídos da conta be bens e serviços de um sistema de contas nacionais que segue a metodologia adotada no Brasil. Produção = 6.000 Importação de bens e serviços = 250 Impostos sobre produto = 550 Consumo intermediário = 2.850 Formação bruta de capital fixo = 430 Variação de estoques = 25 Exportação de bens e serviços = 235 Com base nestes dados, o consumo final foi de: a) 2.890 b) 3.010 c) 3.285 d) 3.005 e) 3.260 3) (ESAF/Gestor/2003) Considere os seguintes dados extraídos da Conta de Bens e Serviços do Sistema de Contas Econômicas Integradas: Produção: 1.323.410.847 Importação de bens e serviços: 69.310.584 Impostos sobre produtos: 83.920.429 Consumo Intermediário: 628.444.549 Consumo Final: 630.813.704 Variação de estoques: 12.903.180 Exportação de bens e serviços: 54.430.127 Prof. Edmo Menini – Preparatório para Carreira de Diplomata Macroeconomia – 47 Com base nessas informações, é correto afirmar que a formação bruta de capital fixo é igual a a) 150.050.300 b) 66.129.871 c) 233.970.729 d) 100.540.580 e) 200.000.000 4) (ESAF/Gestor/2003) Considere os seguintes dados extraídos da Conta de Produção do Sistema de Contas Econômicas Integradas: Produção: 1.323.410.847 Produto Interno Bruto: 778.886.727 Imposto de Importação: 4.183.987 Demais impostos sobre produtos: 79.736.442 Com base nessas informações, é correto afirmar que o consumo intermediário é de: a) 628.444.549 b) 632.628.536 c) 600.000.000 d) 595.484.200 e) 550.000.003 48 – Macroeconomia Rede de Ensino LFG Gabarito 1) Alternativa “B” 2) Alternativa “E” 3) Alternativa “A” 4) Alternativa “A” Prof. Edmo Menini – Preparatório para Carreira de Diplomata Macroeconomia – 49