i&UJiXi\DJ RURAL Órgão Oficial da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Sáo Paulo - Outubro de 1980. Qual é a saída? aCZC XSE201 01159 80 SJSR CO SJXE 162 BRASILIA/DF 162/159 21 1830 AREXP TELEGRAMA ^ JÚLIO JOSÉ MIRANDA RUA BOIADEIRA S/NR POPULINA/SP(15670) SE. JÚLIO VG 0 CUSTO DE VIDA ESTA REALMENTE ALTO PORQUE 0 BRASIL PASSOU OS ULTIMAS ANOS SEM GRANDES SAFEAÍ PT E 0_PREGO DOS ADOBOS ESTA ALTO POR CAUSA DA CRISE DO 'PETROLir PT COM Á AJUDA DE LAVRADORES COMO O SR E A PRIORIDADE DADA AO SÉTOE 2ÜSAL PELO PRESIDENTE FIGUEIREDO ESTOU CERTO DE''QUE O CUSTO DE VIDA JA NAO CRESCEkA TANTO DE 1980 EM DIANTE^ÍPT TENHA CONFIANÇA E NOS AJUDE PT NA QUESTÃO DA TERRA E PRECISO RESPEITAR SE O DONO QUER PLAKTAR OU CRIAS GADO PT 0 QUE 0 GOVERNO NAO ADMITE E DEIXAR A TERRA PARADA PT CASO O SR NAO ,3! ENCONTRE, TERRA PARA TRABALHAR AI EM POPULINA TALVES SE INTERESSE EM INTEGRAR PROJETOS DE COLONIZAÇÃO EM 6l.TRAS> REGOIAS PT NESSE CASO 0 SR PODERIA INFOEMAE-SE HA SECEETARIA DO INCRA EM SAO PAULO PT OBRIGADO E ESCREVA SEMPRE PT AMAURY STABILE MINISTRO DA AGRICULTURA COL (15670) Está difícil continuar lavoura. E falta terra. O Ministro do Agricultura sugere saído: Amazônia. HBMI .,.J^,, M^ A Wk A cena é sempire a mesma: tristeza, desolação, preocupação. A foto de cima é de uma reunião de parceiros, em Fernandópolis (pág: 3). E a resposta do Governo costuma ser sempre a mesma: deixar a situação da terra como está, mexer com crédito, fazer espalhafato, propaganda, e dizer que o Brasil tenvmuita terra nova. (onde, por Sinal, tem multa violência, grilagem, e latifúndios ocupados por avião). O telegrama de cima é do Ministro da Agricultura, em resposta a trabalhadores rurais de Populina. á ' . BM» BB' : ■■■ *^?^B í Mas 'o Sindicalismo não concorda com o Governo. Foi feita uma reunião em Santa Catarina, sobre pequena produção, envolvendo a sindicalismo do Centro-Sul, onde se mostrou que o sindicalismo já .está buscando novas saídas, com mobilizações, passeatas, protestos. Indo a Brasília em caravanas, cobrando do Governo melhores preços, melhores condições para produzir, e, especialmente, a Reforma Agrária engavetada há tanto tempo. Está cheio por aí de latifúndio que não pode continuar. (Veja nas páginas 4 e 5). 0 nosso síndíco/ísmo, reunido no Su/, mostra que nõo é preciso ir pura o Amozdnia. 11451 D SJ3X 11451 E SJSR 03/1145 A O P/N/AO DO LEITOR Mande sua carta para Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo (FETAESP) R. Brigadeiro Tobias. 118, Sd? andar, conjunto /Jornal REALIDADE RURAL CEP. 01032. ZCZC XSK052 00265 60 rio. E ainda mais o Ministro admite ter dúvidas quanto à expressão Reforma Agrária. Na minha opinião a bandeira do nosso sindicalismo é a Reforma Agrária, embora lutamos por uma previdência social efetiva, por melhores preços, e melhores condições de trabalho e de vida. POLÍTICA Este trabalhador de Palmital só acredita mesmo na Reforma Agrária Aos Companheiros, Estive lendo no jornal Gazeta Mercantil, edição de 27 de agosto de 1980, uma reportagem do Ministro do Trabalho, Murilo Macedo. Na qual ele procurava resolver o problema O atual sistema político que o povo brasileiro está atravessando não permite a Reforma Agrária e nenhuma reforma de caráter progressista, inicia-se uma abertura no Governo de João Batista Figueiredo mas ainda muito restrita. Considero que só conquistaremos a Reforma Agrária quando esse grupo político que detém o poder ceder o lutar para as forças democráticas e nacionalistas e através de um governo democrático nacionalista, e com a participação da crase operária e camponeses na vida brasileira, teremos um desenvolvimento de uma política de independência e soberania nacional. Antônio Fernandes - sócio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Palmital - S, Paulo. do bóia fria através da criação das cooperativas de bóias frias e treinamentos e capacitação nos mane/os com máquinas. Caro Companheiro Antônio: Mas dizia o Ministro que nem todos estava contente, alegando que a CONTAG axava péssima a idéia e apresentava como solução a Reforma Agrária. Minha posição é de preno apoio à CONTAG, porque a Sua curta e bonita carta mostra que o trabalhador rural também sabe pensar muito bem, e sabe o que quer. Certamente muitos companheiros e companheiras vão ler sua carta e ficarão contentes de ver que tem gente como você, com coragem de falar e de sustentar uma opinião. Sua carta vai Reforma Agrária resolve definitivamente o probrema do boia fria, porque ele deixa de ser boia fria e passa a ser proprietá- ser um estímulo para mais companheiros e companheiras escreverem. Escreva sempre, companheiro! Esse produtor de Apiaí já não agüenta mais 0 custo do adubo sempre vem só subindo e não dá condições de fazer adubação no caso do feijão milho e outros, etc. Quando chega o momento da venda não tira o custo desse plantio. Prezados companheiros. E o lavrador acaba não fazendo nada ficando nas piores. Por meio desta é que venho pedir solução sobre estes difícil problema que nós pequenos agricultores vem sofrendo com os altos preços de adubo e também inseticida. No caso do tomate temos enorme prejuízo sobre o alto preços do fertilizantes inclusive caixas que o ano anterior custavam no máximo 18 cruzeiros o corte neste ano subiu mais do dobro chegando para 42 cruzeiros o corte. E sendo que os produtos levado para mercado no caso do Ceasa em São Paulo muitas vezes não chega sendo vendido nem para tirar o custo do Produto com embalagem e mãode-obra. Então pecamos as nossas autoridades para uma solução porque o produto depois de pronto para vender não temos preços, temos que jogar fora. Sindicalista argentino conta o que viu no Brasil Mui estimado amigo e companheiro. Pela presente quero agradecer-lhe em forma muito especial por todas as atenções dispensadas por você e vossa organização durante a recente visita reaiizada ao Brasil pela delegação da CLAT composta dos companheiros Ruy Brito Pedroza, Carlos L Custer. Ramón Ermácora e o que subscreve a presente, Emílio Máspero. Realmente foi para mim e para a CLAT um descobrimento renovado o fato de haver podido entrar em contato direto e pessoal com a rica e complexa realidade do Brasil e particularmente do Movimento trabalhista brasileiro. Em todas as partes pude constatar uma consciência cada vez mais profunda e madura, orientada ao desenvolvimento e à consolidação de um movimento sindical efetivamente democrático, seriamente autônomo dos partidos políticos, do Estado, do Governo, dos patrões e das multinacionais e ao mesmo tempo criticamente não alinhado com as ideologias dos grandes blocos imperialistas que hoje disputam a hegemonia mundial e querem também instrumentalizar as organizações sindicais e populares ao serviço de seus propósitos imperialistas e colonialistas. Nesse sentido, temos constatado com profunda satisfação que hoje no Movimento trabalhista brasileiro há realmente um grande espírito e uma enorme vontade de renovação e reestruturação nestas mesmas perspectivas que coincidem finalmente com as mesmas perspectivas pelas quais vem lutando a CLAT em toda a América Latina há mais de 25 anos. Quero aproveitar para reafirmar e reiterar a você e à sua organização que você tão dignamente representa não apenas minha profunda e pessoal amizade como também sobretudo, a solidariedade de classe da CLAT e de suas organizações para que possamos juntos envidar os esforços solidários e necessários para que o Movimento Sindical Brasileiro alcan- Pag. 2 RFALIDADE RURAL — OUTUBRO DE 1980 Então pedimos estas providências ao sr. José Meira, presidente do Sindicato Rural de Apiaí, e a direção das autoridade competente: presidente da República e ao Ministro da Agricultura. E desde já muito agradecido deste seu estimado e seu amigo. E subscrevo. Felício Franco Belém - Bairro Pinhalzinho - Apiaí - SP. Prezado companheiro FeKcio: Em boca fechada nflo entra mosquito. Mas também não entra comida, não é verdade? t bom que aquele pessoal do Governo que fica falando em prioridade para a agricultura tome conhecimento dessa sua reclamação. Mas foi importante o senhor escrever e contar sua mágoa. Escreva sempre companheiroI ce sua mais profunda renovação e reestruturação tal que o querem e entendem os melhores homens e as melhores bases do atual Movimento trabalhista brasileiro. Espero, e assim o decidimos com toda a claridade e energia, que estes contatos não serão os últimos, senão, na prática, o começo de uma cooperação mais fecunda, mais sistemática e organizada entre vocês e nós, com o objetivo de poder trabalhar juntos para a mesma libertação pessoal e coletiva de todos os trabalhadores, de todas as formas de exploração, de injustiça, de desigualdade, de manipulação e de repressão. Na esperança de podermos voltar a encontrar para aprofundar nossas relações, nossos conhecimentos e nossa cooperação, saúdo a você e a todos os companheiros e companheiras de sua organização. Mui fraternalmente, Emílio Máspero - Secretário Geral da Central Latinoamericana de Trabalhadores (CLAT) - Caracas. Venezuela. v.^ -?. TELEGRAMA EVALDO DATISTA SAMCHES CóRREGO MAIEIRA SITIO SANTA KARIA POPULIUA/SP(1567 0) V SE EVALCO V3 0 TRABALHO NA TESSA E LEALMENTE TLFICIL MAS TA;:2E. E MUITO IMPORTANTE PT 0 PRESIDENTE FIGUEIREDO DECIBIU DAR PRIORIDADE AO DESEIIVGLVIIíEKTO DA AGRICULTURA PT TC:í;íA COSFIANCA QUE NOS PRóXIMOS ANOS A SITUAçãO DEVERA MELHORAR TANTO EM TERMOS DE CREDITO COTO FACILIDADES PARA 0 CAMPO DE INSUKOSJET-MELHORIA DA REMUNERAçãO DOS LAVRADORES PT CONTINUE TRABALHANDO A TERRA QUE O PAIS PRECISA DO SENHOR PT ODRIGADO ET ESCREVA SEMPRE PT AMAURY STA3ILE MINISTRO AGRICULTURA PT COL (15670) 11451 P SJSR 11451 E SJSIi Nossa homenagem a este companheiro de Populina, que escreveu ao Ministro No dia 12 de outubro de 1979 o homem da foto escreveu a seguinte carta ao Ministro da Agricultura: "Sr. Ministro da Agricultura, Cada vez que preçizamos conçultar com um médico o dinheiro é de 6 sacos de milho para pagar a conçulta, nós trabalha sempre sem resultado, ficamos sempre com falta de recursos. Sempre esperando que as coisa melhora mais muitas famílias já se obrigaram a ir para a cidade, está acabando os homens da roça. Populina, 12/10/79 - Evaldo Batista Sanches". E lá pelo dia 15 de abril deste ano, ele recebia a resposta do Ministro da Agricultura, Amaury Stabile, através de um telegrama chôcho demais para as esperanças da nossa gente: "Sr. Evaldo. O Trabalho na terra é realmente difícil mas também é muito importante. O presidente Figueiredo decidiu dar prioridade ao desenvolvimento da Agricultura. Tenho confiança de que nos próximos anos a situação deverá melhorar tanto em termos de créditop como facilidades para o campo de insumos e melhoria da remuneração dos lavradores. Continue trabalhando a terra que o País precisa do senhor. Obrigado e escreva sempre. Amaury Stabile, Ministro da Agricultura. Isso toda a vida a gente ouviu. Mas Evaldo, apesar disso, continuava na esperança de uma Reforma Agrária e de dias melhores. Casado, pai de 5 filhos, com 31 anos, ele re- ELEIÇÕES EM SINDICATOS Novas Diretorias: Durante o mês de setembro tomou posse, no dia 21, a nova Diretoria do Sindicato de Olímpia. Para o mês de outubro estão programadas eleições nos seguintes Sindicatos: 18 e 19 de outubro - S.T.R. de São Carlos 25 e 26 de outubro - S.T.R. de Sorocaba ooooc SJSS 00 SJXR 094 EEAGILIA/DF 94/87 09 1110 ASEXP 25 e 26 de outubro - S.T.R. de Porto Feliz Destacamos a noticia da filiação à FETAESP do S.T.R. de Itapetlninga, aprovado em reunião de nossa Diretoria a 16/09/80 que recebeu o n« de matricula 126. DEPARTAMENTO DE ORIENTAÇÃO SINDICAL DOS FETAESP sidia em Córrego Emerenciana, em Populina. Sindicalista de fibra, ele também esquentava as reuniões da Comissão de Pastoral da Terra (CPT). E, para tristeza do nosso Sindicato em Populina, onde era o sócio n' 82, ele faleceu repetinamente no dia 24 de setembro. Ele era uma grandepromessa para o nosso pessoal de lá.Mas, ao contrário, lá se foi ele para as terras do outro mundo, onde, felizmente, não tem latifundiário, multinacional, usineiro, malandragem de governo, essas injustiças todas. A ele, nossas homenagens. RURAL Diretoria Roberto Toshio Horiguti Presidente. Francisco Benedito Rocha Secretário Geral. Mário Vatanabe 1' Secretário Emílio Bertuzzo 2' Secretário Orlando Izaque Birrer Tesoureiro Geral José Bento de Santi l9 Tesoureiro Antônio David de Souza 2' Tesoureiro Editor Responsável José Carlos Salvagni (SJP 5177) Relações Públicas ■ João Ferreira Neto Rua Brigadeiro Tobias, 118, 36? andar - Conj. 3.607 CEP 01032 Telegráfico: FETAESP - Telefones: 228-983? 228-9353 - São Paulo - • End. Cga»oaa < «npnuo «■ 0>ici«u D, PARCBROS ANGUSTIADOS A OPINIÃO DA FETAESP ) O passo que falta Secretaria da Agricultura faz plano de trabalho. Parceiros de fernondopofís se reúnem buscando saídos Vale a pena ler este relatório. Ele conta como foi o bate-papo no Sindicato de Fernandópolis, no dia 14 de setembro, com parceiros, sobre as suas condições de vida e sobre o que os parceiros querem que mude e melhore. Ao encontro compareceu o companheiro José Antônio Pancotti. assessor jurídico da Fetaesp. Eis o relatório. AS QUEIXAS DOS PARCEIROS Iniciando a reunião o Presidente do Sindicato Mário Vatanabe, expôs rapidamente o porque da reunião e da necessidade de se fazer alguma coisa com vistas a frear a atual situação das parcerias, devido a qual cada ano os patrões vem reduzindo as parcelas cabíveis aos parceiros, contrariando inclusive o Estatuto da Terra. Feito isto os presentes em número de 43 parceiros foram repartidos em 5 grupos para discutirem os problemas mais sentidos nas parceiras. Principais Problemas das Parcerias Sentidos pelos Parceiros: 1) Toco café a 40% e ainda tenho que pagar o adubo. 2) Fiz contrato de Parceira de 1 ano - toco café a 35%, pago o adubo, e ainda cobrou juros. ^ 3) O patrão quiz me obrigar a vender o café para ele. 4) Combinamos de que o Patrão reformaria a casa tpdo ano. Dos 5 anos que moro lá, só reformou uma vez antes de mudar. 5) Toco café a 40% ele quer abaixar para 35% e ainda cobrar 3 sacos por cada 1.000 pés de café para pagar o adubo aplicado. 6) Toco café a 35% e pago 7% para secar o meu café. 7) Toco café a 40% e pago o adubo, o café todo vai para a tulha do patrão. No terreiro quando reparte a renda é maior do que a da venda e ainda ficam 2 sacos na tulha para segurança, se por acaso houver quebra. 8) O patrão dá um prazo de 30 dias para fazer toda colheita. 9) Lá na colônia onde moro a reforma da casa, banheiro, instalação de luz é tudo por minha conta. 10) Tinha 3/4 de roça e agora vão plantar café. 11) O patrão não dá roça. 12) No preço que tá o adubo se a roça vai bem, não tem problema, mas se não dá produção, não paga nem o adubo. 13) Tenho contrato com o Patrão, mas não cumpnu o contrato na questão de assinar o financiamento e até hoje não deu. 14) Se for só para tocar café, não dá para pagar as despesas. 15) Para "puxar" o café, tenho que pagar o frete meu e do patrão. 16) O Patrão faz financiamento no Banco mas não dá para os Parceiros, com esse dinheiro compra gado ou fazenda. 17) Esse ano não deu produção, só deu para pagar o adubo. 18) Não tem adubo, não faz financiamento, não arruma dinheiro. 19) Fiz corte e a desbrota por minha conta e foi combinado que não pagaria o adubo, agora o Patrão quer cobrar o adubo. 20) 35% de porcentagem é muito pouco, é o mesmo que morar na cidade. 21) O meu contrato termina no ano que vem. O proprietário disse que só vai querer alguns parceiros, eu e um outro companheiro, ele não vai querer porque no contrato passado era 50% depois ele queria abaixar a porcentagem para 35%. Foi demandado. Eu e meu companheiro ganhamos a demanda e por isso o proprietário ficou com raiva e disse que assim que terminar o contrato a gente via ser mandado embora. 22) O café não é bom e tem que ter bom trato, os parceiros não agüentam as despesas. OS DIREITOS DOS PARCEIROS Após este plenário, houve uma exposição sobre o que diz a lei em termos de direito do trabalhador na parceria o Que foi feito pela Dra. Lúcia. Aspectos abordados: a) Nenhuma parceria pode ser a menos de 50% , porque os patrões geralmente não dão o maquinário e outros equipamentos previstos em lei. b) Só se paga adubo se for combinado no contrato. c) Nenhum contrato pode ser inferior à 3 anos. d) A partilha do café tem que ser feita em lugar anteriormente combinado. e) Se o patrão dá roça no primeiro ano, não pode tirar nos outros anos. J) Tudo o que foi combinado no começo não pode ser mudado. Depois disto houve uma complementação do Presidente do Sindicato sobre alguns pontos que ficaram em dúvida. Finalizando houve a intervenção do Dr. Pancotti da Fetaesp para esclarecer melhor a questão da partilha dos frutos. Depois do almoço o Dr. Pancotti da Fetaesp fez uma exposição sobre política agrícola e problema agrário no Brasil. Alguns pontos enfocados: a) Boa safra - produtos não tem preço. má safra - produtos tem bom preço, b) Os grandes proprietários tem financiamento fácil. Os pequenos proprietários não tem financiamento. c) Assistência técnica dos agrônomos só chega aos fazendeiros d) Preços mínimos - Conter inflação - mas passando pelos intermediários até ao consumidor os preços estão altos. e) Grandes empresas produzem para exportar para pagar a dívida externa. Governo não se preocupa em produzir alimentos aos brasileiros. Problema Agrário: a) Os trabalhadores estão deixando a roça para morar na cidade. Errar é humano. Mas continuar no erro é burrice. O Governo, por exemplo, está disposto mesmo a levar adiante a sua intenção de "modernizar" o latifúndio, a grande fazenda ineficiente. Também está disposto a continuar exportando ao máximo possível, mesmo sabendo que está faltando comida aqui dentro do Brasil - e prova disso são as constantes e vergonhosas importações de produtos alimentícios, como leite em pó, feijão, arroz, alho, etc. Até parece a história do gigante com cérebro miúdo... O latifúndio é a praga que está acabando com o Brasil. É como o carrapato que suga o sangue do boi. Continuar sustentando o latifúndio é um crime, contra o trabalhador rural e contra o povo brasileiro. A FETAESP acompanhou a palestra do Secretário da Agricultura, Guilherme Afif Domingues, na Comissão de Agricultura da Assembléia Legislativa, no dia 1o de outubro. Nesta palestra, tomamos conhecimento de que a Secretaria pensa, finalmente, tornar-se útil também ao pequeno produtor. Pretende-se além disso, controlar a expansão da cana, para que ela não tome terras dos produtos tradicionais. Pretende-se implantar um plano para produzir borracha... Mas pretende-se também que o pequeno produtor tenha acesso às pesquisas que são feitas em órgãos públicos, pois até agora só foram úteis aos grandes. Seria uma boa noticia, pois a Secretaria da Agricultura não apenas tem sido b) As terras de arrendamento estão sendo substituídas por pastagens. i c) Concentração da terra. Depois desta palestra do Dr. Pancotti, os parceiros voltaram novamente aos seus grupos para discutirem sobre como proceder para combater esses problemas. Conclusões dos grupos:1) O que resolve é todo mundo se sindicalizar, e se unir para ter força de exigir novas leis. 2) Tem que começar a lutar para todas as parcerias ser de 50%. 3) Precisa ter uma terrinha para produzir as coisas que consome em casa. 4) Tem que continuar a fazer reuniões para estudar os problemas. 5)Temos que lutar para conseguir terra. Fazer Reforma Agrária. Opinião de caboclo Compadre Belarmino Queixa-se sempre de que Nhá Zéfa anda com minhoca na cabeça. Não a minhoca, aquela que os pescadores costumam banhar na ponta do anzol. A minhoca de Nhá Zéfa é diferente; é como bicho de goiaba que vai furando o miolo e nunca para. Maldita minhoca, chamado "bigato". Nhá Zéfa entende que compadre Belarmino vai pouco útil a nós até agora, como também os Secretários da Agricultura não costumam ficar muito tempo no cargo. No atual Governo, Afif Domingues é o terceiro a ocupar o cargo, em apenas um ano e meio. Mas o chato é que o plano é furado, e isso causou até uma discordância entre a FETAESP e o Secretário, na ocasião. O Secretário parece estar cheio de boas intenções, mas o plano é furado, porque não aumenta o número de extensionistas que vão fazer o trabalho ao lado do homem do campo, ensinando novas técnicas, ensinando novas opções econômicas para o uso da terra (se possível, sem empurrar adubo ou agro-tóxicos), mostrando como administrar melhor a pequena unidade de produção. De mais a mais, a situação dos parceiros é muito difícil e delicada, no atual momento. Exige maior atenção. O Secretário disse que a Secretaria da Agricultura divulgará um telecurso rural, informou que a Secretaria dará importância ao preparo de mão de obra assalariada, etc. Isso é importante. Mas tem coisa muito mais importante a ser feita. O atual plano é furado, não tanto por culpa da Secretaria da Agricultura, mas sim do Governo Federal. Sem uma Reforma Agrária que acabe com o latifúndio e aumente tremendamente a produção através do pequeno produtor (que é capaz disso), nenhuma solução será válida e definitiva para o Brasil. E' os problemas sociais continuarão aumentando como bola de neve. 6) Fazer abaixo assinado com todo mundo e mandar ao presidentie. 7) Saber a opinião dos companheiros de todos os lugares. 8) Acabar com os intermediários. 9) Unir também com a Igreja e chegar até o governo para exigir uma solução. 10) Transmitir as idéias aos outros. Depois desta colocação dos resultados dos grupos foi feita uma rápida avaliação dos resultados e viu-se cpe foram' levantados muitos pontos de importância vital. Foi dada a palavra aos parceiros para escolherem o assunto principal de todos os levantados para ser melhor discutido na próxima reunião. Foi escolhido o assunto que fala sobre "passar as parcerias a 50%" para discutir sobre ele e ver o que é possível fazer. Tendo chegado a um acordo sobre o assunto da próxima reunião foi encerrada esta. A minhoca ao Sindicato, todo dia, com segundas intenções... E pergunta ' 'o que é que as outras tem que eu não tenho?" — E besteira sua, Nhá Zéfa; lá não há nada; você duvida? Basta ir junto, participar também do Sindicato. A integração da família na vida sindical e muito importante, Nhá Zefa; é indispensável. Vá láprá ver, sua boba. J.F.N. REALIDADE RURAL — OUTUBRO DE 1980 Pás. 3 EM SANTA CATARINA EM PERNAMBUCO Quatro dias trocando idéias para salvar a lavoura dos nossos pequenos produtores 250 mil canovieiros fizeram greve, na lei e na paz O Secretário Geral da nossa CONTAG, Gelindo Zulmiro Ferri, disseque o Gover~ no não se importa com memoriais de documentos. E preciso o sindicalismo encontrar novas maneiras de agir. E a FETAÊSP sugeriu que, no próximo ano, o nosso sindicalismo forme caravanas de vários Estados para mostrar seu descontentamento em Brasília, e/ormar mais Núcleos Sindicais. O companheiro Aparecido de Souza Dias, assessor da FETAESP, esteve em Santa Catarina e conta o que viu e ouviu. Após alçum tempo, marcaçjo por situações pontilhadas por altos e baixos, o Movimento Sindical de Trabalhadores Rurais, encontra-se diante da necessidade de rever suas posições até então adotadas. Uma análise do sitema da "POLÍTICA AGRÍCOLA", atualmente responsabilizada pela alta taxa de inflação; dar um novo enfoque ao trabalho de campo; proceder uma avaliação global dos problemas básicos de cada setor da agricultura, abranPendo: Preços Mínimos e tecos dos Insumos; Comercialização; Política de Crédito; Produtos de Exportação e Produtos de subsistência; Proálcool; A Grande Propriedade e a Propriedade Familiar; levou dingentes sindicais a se reunirem na cidade de Florianópolis. O encontro preocupou-se também, com a troca de experiência dos participantes, como um dos fatores que levam ao desenvolvimento do sindicalismo dos trabalhadores rurais brasileiros. Pelo fato de que na região Centro-Sul concentra-se o maior contingente de pequenos produtores, escolheu-se o Estado de Santa Catarina para abrigar os participantes, nas acolhedoras dependências do Centro de Treinamento da FETAESC. O encontro, patrocinado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - Contag -, realizou-se nos dias 23 á 26 de setembro próximo passado. Do Estado de São Paulo, estiveram presentes os companheiros Roberto Toshio Horiguti, presidente da Federação, um assessor e os companheiros representantes dos Sindicatos de Adamantina, Rancharia, Penápolis, Santa Fé do Sul e Guapiara. ASSIM ACONTECEU O ENCONTRO Contando, ainda, com a participação dos Estados de Mato Grosso do Sul, a mais nova Federação de trabalhadores rurais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o encontro desenvolveuse no sistema de painéis, formados pelos participantes, trabalho de grupo e plenário. Na abertura, o companheiro Gelindo Ferri, Secretário Geral da Contag, observou em sua mensagem, "que todo o esforço dos Sindicatos no sentido de elaborar documentos baseados nas realida- ; des concretas dos trabalhadores rurais, principalmenteno çiue se refere a Política Agrícola e Econômica Governamental que vem marginalizando a classe dos pequenos produtores e o encaminhamento de Memoriais às autoridades, não tem produzido resultados satisfatórios, uma vez que os nossos reclamos não estão sendo ouvidos pelos dirigentes da Nação. É de fundamental importância que estejamos atentos às justas reivindicações da categoria, para que no futuro, não sejamos responsabilizados pela nossa consciência, por omissão no cumprimento da parte que nos cabe". Nos painéis, linguagem simples, mas de substancial conteúdo e baseada nas realidades do dia a dia de cada painelista. Não faltaram colocações chamando á realidade para o papel que os Sindicatos vem desempenhando, cada vez mais preocupados em analisar como vem sendo conduzido o sistema de Política Agrícola e Econômico, atualmente adotados. Observou-se que, no setor agrícola, está acontecendo igual a doença que "quanto mais se come mais emagresse", referindo-se aos incentivos fiscais, carreados para os produtos de exportação. Outro ponto comum defendido pelos painelistas: "não adianta nada martelar por uma política agrícola de desesperos e de tapa buracos, enquanto que a questão fundamental está na realização de uma Reforma Agrária ampla, e com a participação dos principais interessados, os trabalhadores rurais". Se a Reforma Agrária não acontecer, a nossa agricultura tende a morrer nos próximos anos, pois, somente as pessoas idosas é quem ainda teima em continuar labutando a terra, enquanto que os jovens fogem para os centros urbanos já saturados. • Não é com uma agricultura deficiente que sonhamos para o Brasil do futuro, mas com uma Nação auto suficiente, capaz de satisfazer todas as necessidades do povo brasileiro. Outro ponto de estrangulamento, é que a Política Econômica beneficia as indústrias de insumos, que dita as normas e os preços de Pág. 4 REALIDADE RURAL — OUTUBRO DE 1980 acordo com as suas necessidades, tanto na venda dos seus produtos, quanto nas compras das safras agrícolas, desprezando as possibilidades da nossa agricultura. E nesse sentido, os financiamentos para custeio, força o uso de insumos, quando o Banco faz exigências da apresentação de notas fiscais para liberar o dinheiro. O Proálcool, não deve ser apenas mais um meio para acabar com a nossa fauna e a nossa flora, como vem ocorrendo nas demais Usinas, servindo de fonte poluidora do meio ambiente. Portanto, sentimos a urgente necessidade que as autoridades governamentais proceda uma revisão na Política do Proálcool. MOBILIZAÇÕES Foi um acontecimento importante: haviam quase 80 participantes, dirigentes sindicais e assessores, dos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Troca de idéias, experiências e compromissos, para mudar essa situação lastimável. Antes desse Encontro, a CONTAG já havia promovido o Encontro Nacional dos Assalariados Rurais, em Pernambuco (14/19 agosto) e o Encontro Nacional dos Posseiros, em Brasília, no fim de agosto e início de setembro. Debates extensos, analisando situação de produtos e a situação da lavoura em geral. Modelo econômico não serve para nós. Do Estado do Paraná, relatos sobre a reivindicação dos pequenos proprietários, desafojados de suas terras ?iara a construção da Usina taiupu Binacional, e como se processou a mobilização dos interessados, a tomada de posição, e após o décimo quarto dia de acompanhamento diante dos escritórios da empresa, conseguiram reajustamento de 100% nos preços estabelecidos para o hectare de terra, quando da desapropriação para construção da Usina. Em Santa Catarina, os fornecedores de leite do Vale do Itajaí, após um período de seis meses sem ver dinheiro, resolveram paralisar a entrega do produto, ação que durou alguns dias, com resultados razoáveis. E ainda, verificando-se prejuízos para os cofres do Sindicato, na manutenção de convênios para assistência médica e odontológica, é denunciado o convênio, devolvendo-se os equipamentos ao Instituto de Previdência, em seguida a decisão dos trabalhadores reunidos em assembléia no Sindicato. Dentre as mobilizações ocorridas, vale resssaltar a do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ibirubá, no Rio Grande do Sul, em protesto pela retirada do convisco do soja. Várias reuniões com pequenos agricultores, assembléias no Sindicato, motivação pela imprensa falada e escrita, e o Sindicato consegue paralisar a cidade durante a sua manifestação. Um total de 1.200 tratores agrícolas desfilam pelas ruas portanto faixas e cartazes, numa marcha organizada e pacifica, conseguindo levar o seu recado e mostrando o aue é possível fazer a partir da união da categoria. O segundo painel realizado, mostrou que apesar da preocupação assistencialista, podemos' contar também, com ótimas realizações no campo da Política Sindical, e principalmente, uma organização bem definida do movimento dos trabalhadores rurais. As experiências de mobiliA TOMADA DE zações iniciaram-se pelo Estado de São Paulo. Na época \ POSIÇÃO da colhçita do amendoim, O encontro, mostrou que a organizou-se uma caravana Política Agrícola e Econômicomposta de cinco ônibus, ca ora mantida pelo governo, duzentos trabalhadores runão serve para o pequeno rais viajaram para Brasília, e produtor. E necessário porno auditório da Contag, com tanto, a urgente mudança do a presença do Sr. Ministro da sistema no setor da agricultuAgricultura, protestaram ra, para não sofrermos concontra o preço mínimo ofeseqüências desastrosas no furecido para o produto, turo. provando-se através de lePara alcançar essa meta. vantamento de custos de produção que os prejuízos aos pequenos agricultores era inevitável, se mantido os níveis de preços para comercialização. Na cidade de Presidente Prudente, defendendo a mesma causa, os pequenos produtores procederam uma concentração, e em seguida, uma passeata com a participação de um grande número de pessoas. Realizou-se também, em Andradina, uma concentração para reivindicar solução para a Fazenda Primavera, onde aproximadamente trezentas famílias, defendem os seus direitos pela posse da terra. A propriedade foi recentemente desapropriada para fins de Reforma Agrária, trazendo às famílias esA delegação de S. Paulo: além da FETAESP, Sindicatos de peranças na solução do Adamantina, Rancharia, Santa Fé do Sul, Guapiara e Penápolis. problema. os representantes do Estado de Sao Paulo, levando em consideração os objetivos que se deseja alcançar em benefício de todos, e principOalmente dos trabalhadores rurais, assumiu o compromisso de: - a) Lutar pela democracia com uma Assembléia Constituinte e com a Reforma Agrária, anseio de todos os trabalhadores rurais; b) Promover reuniões de grupos regionais, realizando-se assembléias estaduais para tomada de posição, sempre que necessário; c) Ampliar o número de delegados sindicais ou núcleos sindicais, buscando maior aproximação com os traba- lhadores rurais; d) Promover outro "FÓRUM" de debates sobre o Proálcool, juntamente com outrçs Estados interessados; e) Proceder manifestações de solidariedade às lutas dos trabalhadores de todo o País; f) Manifestações contra atos de violência e o terrorismo. Enfatizando que,, através de caravanas conduzindo os trabalhadores rurais até a CapitalFederal, tem-se a possibilidade em fazer com que o próprio homem do campo, na sua simplicidade, mantenha diálogo direto com as autoridades constituídas, definiu-se organizar, para o próximo ano, novas caravanas, a fim de manifestar sobre uma urgente mudança na Política Agrícola e Econômica, buscando-se valorizar mais o pequeno produtor, ao invés de dar ênfase ao produto de exportação e de injetar mais dinheiro com incentivos para os latifúndios aumentando a concentração de riquezas. Ao final, foi redigido um Manifesto de Solidariedade aos trabalhadores da Lavoura Canavieira do Estado de Pernambuco, em greve na ocasião, que levou as assionaturas de 40 participoantes do encontro. Quem aceífa a sugestão do Ministro de ir à Amazônia? TELEGRAMA JÚLIO JOSÉ I-5IRANDA RUA BOIADEIRA S/NR POPULINA/SP(15670) SR. JÚLIO VG 0 CUSTO DE VIDA ESTA REALMENC5 ALTO PORQUE 0 BRASIL PASSOU OS ULTIMAS ANOS SEM GRANDES SAFRAF PT E 0^PREGO DOS ADOBOS ESTA ALTO POR CAUSADA CRISE DO PETROLir PT ÇOH A AJUDA DS LAVRADORES COMO 0 SR S A PRIORIDADE DADA AO SETOR RURAL PELO PRESIDENTE FIGUEIREDO ESTOU CERTO DE7QUE 0 CUSTO DE VIDA JA MA0 CRESCERA TANTO DE 1980 EK DIANTE^T TENKA CONFIANÇA E NOS AJUDE PT NA QUESTÃO DA TERRA E PRECISO RESPEITAR SE 0 DONO QUER PLANTAR OU CRIAR GADO PT 0 QUE 0 GOVERNO NAO ADMITE E DEIXAR A TERRA PARADA PT CASO 0 SR NAO ENCONTRE TERRA PARA TRABALHAR AI EM P0PULINA TALVES SE INTERESSE EM INTEGRAR PROJETOS DE COLONIZAÇÃO EM 6tTRAS REGOIAS PT NESSE CASO 0 SR PODERIA INFORMAR-SE NA SECRETARIA DO INCRA EM SAO PAULO PT OBRIGADO E ESCREVA SEMPRE PT AMAURY STABILE MINISTRO DA AGRICULTURA Trabalhadores rurais da Alta Araraquarense resolveram no ano possado escrever cartas ao Presidente Figueiredo e a outros Ministros, mostrando a dificuldade de viver na roça hojee a falta de terras. Aos poucos, as respostas começaram a aparecer. Os telegramas do Ministério da Agricultura, por exemplo, refletem bem a mentalidade que sempre houve naquele Ministério: nada de mexer nos latifúndios. Quem quiser terra, que aceite mudar-se para outras áreas, ou se-_ ja, a Amazônia. Uma das respostas, a que REALIDADE RURAL teve acesso, é para Durval Libarino, um companheiro volante da Populina. Diz o telegrama do Ministro (cópia na foto acima): "O homem da lavoura é realmente a mola do mundo. O Sr. Tem razão e o Governo também acha isso. Dai porque o Presidente Figueiredo decidiu dar todo o apoio à agricultura e esse apoio também vai representar melhoria de vida para os lavradores como o sr. e tenha certeza de que o problema dos boias-frias também está sendo estudado. Se aí na região não tem mais terra, quem sabe o sr. se interessa em integrar-se em projetos de colonização e assentamento de lavradores em outras partes do Pais. Se o Sr. quizer informações sobre o assunto, entre em contato com o escritório do Incra em São Paulo. Escreva sempre, muito obrigado. Amaury Stabile - Ministro da Agricultura". Quem aceita ir para a Amazônia e deixar os latifundiários tornar conta das terras aqui? Os usineirós de Pernambuco não acreditavam que os 250 mil canavieiros da Zona da Mata vinculados a 42 Sindicatos de Trabalhadores Rurais, fossem capazes de se unir para exigir maiores salários e melhores condições de trabalho. Os usineirós pensavam que o trabalhador so presta pra trabalhar e baixar a cabeça. Pensavam que ele não sabe buscar o seu direito. Mas os usineirós se enganaram. Os trabalhadores rurais, unindo os 42 Sindicatos de Trabalhadores Rurais da Zona da Mata, Fizeram una greve legal no fim de setembro, e deram a todo o País uma bonita lição de bom senso, de calma, de controle, de equilíbrio, e, especialmente, de muita firmeza. £ tem mais: foi uma greve que o povo viu com muita sim- patia. Todos entendiam que, de fato, o trabalhador rural não pode ficar só lamentando, lamentando. E foi tanta a simpatia do povo da cidade para com a greve dos canavieiros, (fie, além da Igreja, um grande número dê Sindicatos da cidade, e outras organizações, de professores, de pesquisadores, de estudantes, arrecadou dinheiro para o fundo de greve dos canavieiros. Em São Paulo, a FETAESP e o nosso sindicalismo se mobilizaram para obter dinheiro para os canavieiros, inclusive vendendo o Realidade Rural. Além disso, organizações diversas prontificaram-se a levantar fundos. E o próprio Presidente da FETAESP, Roberto Toshio Horiguti, esteve em Pernambuco, acompanhando as negociações. Outros dois dirigentes urbanos Desenho — Boletim da CPT paulistas também foram lá levar a solidariedade do sindicalismo urbano. A GREVE ERA LEGAL. MAS A POLÍCIA NÃO SABIA DIREITO. A violtacia por parte dos patrões foi muito grande contra os trabalhadores. A verdade é que a greve pegou os usineirós de surpresa. A cana por cortar, os usineirós desesperados serviam-se de capangas com armas á vista para intimidar os trabalhadores e forçá-los a trabalhar. E em muitos lugares a própria polida ajudou os patrões, ela que devia garantir o direito aos trabalhadores de parar, já que a greve era legal, e a escravidão acabou ha muito tempo. A própria FETAESP enviou telegrama ao Ministro da Justiça, Abi Ackel, pedindo garantias para o exercício pleno do direito de greve. E em Pernambuco uma comissão de dirigentes sindicais conversou com o Secretário da Segurança pedindo mais energia da polícia contra a violência dos patrões e as armas à vista. A resposta do Secretário não foi muito animadora, no entanto, dizendo ele que se os capangas tinham porte de arma, a policia não tinha o que fazer... No dia 30 de setembro a greve acabou, com o julgamento do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) concedendo o reajuste doINPEC,mais 4% de produtividade. As negociações entre os nossos Sindicatos e os patrões foram extensas e levaram apenas a um acordo parcial. O começo da greve foi em São Lourenço da Mata e Paudalho (25 de setembro), que contam com um excelente quadro de delegados Sindicais. Alguns dias depois a greve abrangeu os outros 40 Sindicatos da Zona da Mata. Sem dúvida, uma vitória do nosso Movimento Sindical em Pernambuco. Em Minas 5.000 pararam também Em Passos, Minas Gerais, a 60 quilômetros da fronteira com SãoPaulo, na região de Ribeirão Preto, no dia 2 de outubro ocorria um fato importante para o nosso Movimento Sindical em Minas: 5.000 canavieiros, que trabalham nas usinas Rio Grande e Açucareira, decidiram parar por conta os trabalhos a fim de exigir um aumento no ganho e melhores condições de trabalho e de transporte. Foi uma surpresa. Em Minas Gerais nenhum Sindicato, como conta a nossa Federação nesse Estado, faz ainda campanhas salariais. E conforme o presidente da Federação mineira (FETAEMG), André Montalvão da Silva, a paralização "foi um movimento que superou tudo o que se possa imaginar em termos de organização por parte dos próprios trabalhadores". A Federação mineira e o Sindicato em Passos logo foram prestar assistência aos trabalhadores, que tinham o aumento e as outras reivindicações. Começou no dia 2, quintafeira. A noite desse mesmo dia a Câmara Municipal de Passos ouviu os trabalhadores e prestou total apoio à paralização. No dia seguinte, sexta, às 4 horas da tarde, os trabalhadores e os patrões se sentaram na mesa para negociar. As duas usinas são propriedade de uma mesma empresa (a que fabrica o fermento Itaiquara). As negociações nesse dia não deram certo. Recomeçaram então no dia 4, sábado, às 4 da tarde. A FETAEMG e o Sindi- cato de Passos prestando assistência aos nossos canavieiros. As negociações foram até as duas da madrugada, mas das 12 reivindicações dos trabalhadores, 10 foram acatadas pelos patrões. nhos atuais; transporte exclusivo de ônibus e não mais caminhões; e, finalmente, estabilidade para os 21 canavieiros que fizeram parte da Comissão de Negoaição. Ou seja, os 21 não podem ser As três principais são: 40% ' desperdidos. de aumento em cima dos gaEm conseqüência, o traba- lhador passou a ganhar Cr$ 75,60 por tonelada de cana, quando ganhava só 54,00. E a tarefa subiu para 112,00. Segundo a nossa Federação em Minas, a paralização dos trabalhadores contou com total apoio em Passos. As duas usinas têm juntas 14.000 hectares. Pouca Vergonha! No dia da audiência de conciliação, em 12 de setembro, na nova sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), a Federação dos patrões (FAESP), mandou apenas seus advogados conversar conosco, enquanto que os dirigentes da FAESP, segundo os advogados, foram participar da festa de inauguração de uma usina de álcool em Junqueirópolis. Com todo o respeito aos advogados da FAESP, será que não merecíamos um pouco mais de respeito por parte da Federação dos patrões? A data do julgamento do nosso dissídio, pela TRT, ainda não foi marcada. REALIDADE RURAL — OUTUBRO DE 1980 Pág. 5 MURAL RAIO MATA JOVEM EM ITAPETININGA Jorge Rodrigues Sampaio, tinha apenas 19 Surgiu um temporal, com fortes trovoadas e anos. No dia 10 de setembro ele foi capinar muita chuva. Jorge abrigou-se rapidamente numa lavoura da Fazenda Santo Antônio, no embaixo de um coqueiro, levando junto a enxaBáirro do Pinhal, onde ele era empregado. da. Então um raio o atingiu, matando-o, conforme conta o nosso Sindicato em Itapetininga. CONTAG DENUNCIA JUÍZA PARCIAL E COMPROMETIDA A nossa CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e às 21 Federações estaduais de Trabalhadores rurais reuniram-se recentemente em Brasília. Entre outras deliberações, elas resolveram expressar seu total apoio e solidariedade as 200 famílias de posseiros que ocupam o imóvel ("Santana dos Frades em Pacatuba (Sergipe) há quase um século, e que são hoje vítimas de violência e arbitrariedades da empresa Serigy Agro-industrial Ltda, que quer ficar com suas terras. Ao mesmo tempo, a CONTAG e as Federações também expressaram sua solidariedade ao nosso Sindicato em Pacatuba, cujo presidente, Geraldo Pedro dos Santos, e vários trabalhadores foram presos depois de uma manifestação pública pacífica e de um ato religioso, em Própria, em favor do pessoal do "Santana dos Frades". A solidariedade também é para o Bispo de Própria, D. José Brandão de Castro, que celebrou o ato religioso e que tem sido caluniado vergonhosamente só porque defendeu o direito dos trabalhadores e suas famílias de serem respeitados. Segundo o documento da CONTAG e das Federações, a prisão foi absurda e ilegal, sem amparo na legislação e "demonstra o comprometimento e a parcialidade da juiza Gisela Araújo Torres, que negou providências para garantir a posse dos lavradores, ocupantes do imóvel há quase um século, decretando em seguida a prisão dos trabalhadores e do companheiro sindicalista, impedindo assim o exercício pleno da atividade sindical"'. GRUPO REGIONAL 5 NÃO ACEITA DIVISIONISMO Os nossos Sindicatos em Araraquara, Jaú, Barra Bonita, Matâo, Novo Horizonte, Unipês, Barretes, São Carlos e Jaboticabal, integrantes do Grupo Regional 5, resolveram tomar uma posição em comum de desprezo a. uma estranha idéia que anda circulando por aí, de autoria de um grupo catarinense com idéias patronais. £ isso ai: quem quiser trair a categoria que se mude de uma vez para os Sindicatos patronais... GRUPO REGIONAL 9 EXIGE O FIM DA VIOLÊNCIA Os nossos Sindicatos em Batatais, Ribeirão Preto, Cravinhos, Pontal, Ituverava e Sales de Oliveira, integrantes do Grupo Regional 9, decidiram endossar dois documentos da nossa CONTAG e das 21 Federações estaduais de trabalhadores. Um dos documentos é de apoio aos posseiros de imóvel"Santana dos Frandes", ameaçados de expulsão (matéria acima). O outro, documento é contra a onda de violências que atingiu o País nos últimos tempos, tanto causando assassinatos de dirigentes sindicais do campo e de trabalhadores rurais, como também atos de terrorismo nas cidades, contra personalidades ou instituições. Segundo o documento da CONTAG, apoiado pelo Grupo Regional 9, os atos de violência, que, entre outras coisas, nos cus- taram a morte de três líderes sindicais do campo (um do Pará, outro do Acre e outro de Pernambuco), "são fatos ocorridos nos últimos três meses e demonstram que a ganância, a insensatez e a-certeza da impunidade condicionam e estimulam a violência dos poderosos, que não vêem limites nem no respeito ávida humana, para alcançarem mais e maiores lucros à custa dos trabalhadores e principalmente dos trabalhadores rurais". O documento finaliza com reivindicação de providências por parte do Governo para que os culpados pela violência sejam punidos, e de uma nova ordem econômica, com Reforma Agrária. É isso aí: somos cidadãos brasileiros do mesmo jeito que os ricos e temos todo direito do pleno respeito! GRUPO REGIONAL 10 QUER NÚMERO MAIOR DE REALIDADE RURAL Incrível! Isso ainda acontece em São Paulo! É dificio acreditar aue tamanha barbaridade ainda aconteça em São Paulo, um Estado considerado "moderno". É muita vergonha, mat é verdade. Foi em São Miguel Arcanjo, município que faz parte da base do nosso Sindicato em Capão Bonito. Prudência Saltes de Almeida nasceu há 62 anos no Bairro do Taquaral, na propriedade que seu pai, Francisco Salles de Almeida, comprou de Porfírio Fernandes Ribeiro e de Anna Bardoina da Conceição no dia 5 de janeiro de 1916, conforme cópia autenticada da escritura, enviada pelo Sindicato de Capão Bonito à Fetaesp. Seu Prudência viveu com os pais nesta propriedade até os 23 anos, quando casou e mudou-se para a casa do sogro. Mas seus pais continuaram vivendo lá. A área estava cercada com arame, estava cuidada normalmente. Lá existem duas casas pequenas, barreadas e cobertas de sapé, como eram as casas antigas. E há pouco mais de um ano o filho de Prudência, Joaquim, mudou-se para a área e continuou a cuidar da roça, dos arvoredos, das jabuticabas, das laranjeiras, pinheiros, etc. Numa casa residia Joaquim. Na outra, seu amigo Benedito Gomes. Joaquim, como também seu Prudência, nunca foi tratado na vida como se fosse cachorro. Sempre foi respeitado. Mas no dia 9 de setembro ele experimentou na própria carne o que significa ser tratado como animal. Eram 9 horas da manhã. Joaquim estava dentro da casa. VOCÊ DEVER ■DESAPARECER DESTA TERfiCRA/ CPT ? quando, de repente, ouviu que víada ao "Realidade Rural" era chamado. Foi ver. Era o pelo presidente do Sindicato, oficial de Justiça, João Lucas, José Alves de Lima, o oficial acompanhado de dois solda- de justiça leu o mandado do juiz dos, mais afilho de um fazen- mas não deu uma cópia, a Joadeiro vizinho (um tal de "dr." quim, como era de sua obrigaMilton Palumo), o administra- ção, a fim de que Joaquim e dor da fazenda e mais um em- seu pai pudessem tomar conhepregado. cimento e defenderem-se. Joaquim foi chamado para Segundo José Alves de Lifora, foi agarrado e algemado. ma, os companheiros são pesEm seguida o pressoal entrou soas muito humildes, não sadentro da sua casa, jogou para bem nem sequer comunicar-se fora seus pertences. Então o bem e nunca contestou uma nooficial de Justiça mandou afi- tificação do juiz, razão pela lho do fazendeiro incendiar a qual foi facílimo para a advocasa. Em seguida, invadiram a gada do tal "Dr" Milton Palucasa em que residia Benedito mo ganhar a causa. Gones, que na hora não estava. Até quando um trabalhador Tiraram para fora os pertences rural vai continuar sofrendo e também incendiaram. Depois tanta humilhação, tratado soltaram Joaquim, mandando como bicho? Será que ele não é aue se retirasse e levasse em também um CIDADÃO BRAhora os pertences. SILEIRO como esse tal de Até parece que não existe "dr" Milton Palumo, como justiça para pobre. Pois, como esse oficial de justiça desalmamostra uma declaração assina- do? Como é que um homem do por Joaquim e seu pai, en- pode ser tratado desse jeito?. Lugar de criança é na escola e não na enxada A diferença Os nossos Sindicatos em Palmital, Cândido Mota, Rancharia, Regente Feijó, Presidente Prudente e Teodoro Sampaio, integrantes do Grupo Regional 10 (alta Sorocabana), reuniuse no dia 10 de setembro em Cândido Mota e debateu sobre o Encontro Nacional de Assalariados Rurais, que houve em agosto em Carpina (Pernambuco). Depois foi feito um relato de casa Sindicato sobre o andamento da organização dos Núcleos Sindicais, o que cada Sindicato fez até agora e como pretende trabalhar daqui por diante. rina, por parte do representante do Grupo Regional. Conversou-se ainda sobre a possibilidade de fazer mais um debate regional sobre assistência médica, com o INAMPS, a exemplo daquele que foi feito em agosto, em Presidente Prudente, com vários Sindicatos, trabalhadores, hospitais e o INAMPS, para acertar os ponteiros. Por fim, os dirigentes sindicais conversaram sobre a utilidade do jornal "realidade rurall" como instrumento de esclarecimento dos delegados sindicais. E como o número de exemplares do jornal em cada edição é muito pequeno, Debateu-se, mais adiante, a forma de dividir surgiu a idéia de se propor um convênio entre as despesas de viagem para o Encontro Na- os Sindicatos e a FETAESP para aumentar a cional de Pequena Produção, em Santa Cata- tiragem. QUEM MATOU WILSON? FOI O VENTO... Em julho, latinfundiários da borracha, ao que tudo indica, cumprindo ameaças feitas até pelo rádio, mataram o companheiro Wilson Pinheiro de Souza, presidente do STR de Brasília (Acre). Uma semana depois houve um ato público na cidade em homenagem a ele, e em protesto contra sua morte. Wilson, um ativo dirigente, era também membro do Partido dos Trabalhadores (PT), presidido pelo Lula. O nosso sindicalismo, no entanto, é equidistante de partidos, não apoia nenhum em particular. E jbi a condição de que seria uma manifestação sindical e não partidária que a CONTAG impôs para participar do ato público, ao qual estiveram presentes Lula e Jacó Bittar (dos petroleiros de Campinas, também do PT). Na ocasião ambos estavam no Acre. Houve o ato público, a CONTAG falou. Lula também falou, como sindicalista. Algum tempo depois um latifundiário foi morto, trabalhadores admitiram a responsabilidade, foram torturados até. É por recomendação da Federação dos latifundiários do Acre, Lula e Jacó Bittar, entre outros, levaram processo na Lei de Segurança Nacional por incitamento. O engraçado é que, a exemplo do que ocorre com os assassinos de outros companheiros dirigentes sindicais a gente não sabe ainda quem matou Wilson. E a Lei de Segurança Nacional não foi aplicada aos seringueiros que disseram no radio que Wilson e o companheiro João Maia, delegado da CONTAG no Acre, deveriam ser assassinados. Dizem que a lei é igual para todos só que do nosso lado anda pesando barbaridade... Pág. 6 REALIDADE RURAL — OUTUBRO DE 1980 Frustração.A Organização Internacional do Trabalho (OIT), organismo das Nações Unidas (ONU), está tentando convencer a todos os Governos do mundo para que procurem impedir que os menores comecem a trabalhar antes dos 15 anos. Não é apenas pelo motivo de que as crianças não são "adultos em miniatura", mas prin-' cipalmente pelo fato de que, até os 15 anos, pelo menos, a criança tem o direito de receber educação, de praticar esportes, de se preparar para enfrentar a dura vida que vem depois. Além do mais, num mundo que cada vez mais enfrenta o problema do desemprego, já está na hora de deixar a criança estudando em vez de ser tão explorada e dar seu lugar a tantos trabalhadores desempregados e mal empregados. Esperança plantada na cabeça Segundo o presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), o Eng» Agr* Carlos Lorena, calcula-se que 4 milhões de menores em todo ò Brasil são tirados na escola para puxar a enxada, enquanto que há tantos milhões de volantes tão mal pagos e com tantos dias parados.... A criança tem o direito de se preparar a vida e de ser respeitada como criança. E o trabalhador tem o direito ao trabalho e ao respeito como trabalhador. É como se diz por aí: "É de pequenino que se torce o pepino...". (Informações do DIEESE - Departamento Inter-sindical de Estatísticas e Estudos SóciosEconômicos). DOIS DIAS DE TROCA DE GRUPO REGIONAL 6 RECLAMA IDÉIAS EM AGUDOS Reunião com INAMPS para ANIMARAM DIRIGENTES melhor assistência Nos dias 2 e 3 de setembro houve rum importante encontro do nosso sindicalismo no Instituto Técnico e Educacional para Trabalhadores Rurais no Estado de São Paulo (ITETRESPj, em Agudos, com presença de toda a Diretoria da Fetaesp. No primeiro dia houve uma animada troca de idéias entre a Comissão de Dirigentes Sindicais que foi ao Encontro Nacional de Assalariados Rurais, em Pernambuco, em agosto, e os sindicalistas presentes. O que mais impressionou os nossos dirigentes sindicais que foram a Pernambuco foi a tremenda organização das delegacias sindicais nos Sindicatos de São Lourenço e Paudalho e a grande conscientização dos trabalhadores. Quem monta a chapa da Diretoria do Sindicato lá são os próprios delegados sindicais. E o delegado sindical tem uma comissão de apoio no bairro de modo que ele não fica sozinho. Se ele sair, já tem outro ponto para ficar no lugar dele. Na parte da tarde, os dirigentes sindicais no ITETRESP trocaram idéias sobre a melhor forma de organizar as nossas bases, concluindo pela urgência de implantarmos os Núcleos Sindicais nos bairros. Sem eles, o Sindicato não avançará. No dia seguinte, 3 de setembro, houve uma esclarecedora palestra, feita pelo sindicalista Rui Brito, lider bancário, ex-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Crédito CCONTEC) e exdeputado federal. Rui mostrou porque a economia brasileira esta como passo de bêbado: E revelou os segredos e as manobras dos donos da política nesse confuso País. Na parte da tarde, então, os dirigentes sindicais trocaram idéias entre si, em Grupos, sobre a palestra e fazendo ligação com a Reforma Agrária. Mais uma vez a conclusão foi que. para chegar à Reforma Agrária só se começa depois que forem implantados os O depoimento do pessoal que foi a Pernambuco despertou muita curiosidade c Interesse em Agudos. Vivido no sindicalismo, Rui Brito soube mostrar o que está acontecendo nesse complicado País e que nos prejudica. O sindicalismo busca saídas. E os dirigentes saíram com idéias e disposição para agir. Núcleos Sindicais e os delegados sindicais nos bairros começarem a levar o Sindicato para o nosso povo. O negócio é este: arregaçar as mangas, organizar os Núcleos Sindicais, que depois a coisa esquenta... QUEREM DAR 70 MILHÕES DE HECTARES A ESTRANGEIROS A Comissão de Pastoral da Terra (CPT) confirma a existência de um louco projeto de entrega de 70 milhões de hectares do Brasil Central, na área dos cerrados, a um grupo japonês, através de uma empresa mista chamada Campo. O projeto chama-se JICA, foi denunciado pelo deputado Hélio Duque (PMDB-PRj, segundo o jornal "Paraná Rural", da nossa Federação no Paraná. O estudo apresentado e aprovado pelo governo brasileiro prevê a produção, em 1985 de 14 milhões de toneladas de soja, milho e sorgo, exclusivamente para exportação, a maior parte para o Japão. Teria até um porto exclusivo para estas exportações, além de estradas, etc. Enquanto isso, um deputado paulista sugeriu que o famoso latifúndio Jari, de qua- Depois do Grupo Regional 10 (área de Presidente Prudente), foi a vez do Grupo Regional 6 (área de Piracicaba) de fazer uma reunião conjunta com funcionários do INAMPS, trabalhadores rurais, hospitais e Sindicatos, a fim de tirar a limpo as dores de cabeça que o nosso pessoal está tendo em matéria de atendimento médico-hospitalar, porque, afinal, o sindicalismo tem muito mais o que fazer, além de ficar bronqueando com hospital. A reunião foi realizada em Pirassununga, com a presença do chefe da equipe de assistência médica aos trabalhadores rurais do INAMPS, Jorge Narciso, do presidente da FETAESP, Roberto Toshio Horiguti, de dirigentes dos nossos Sindicatos em São Pedro, Araras, Descalvado, Pinhal, Piracicaba e, natuE preciso acabar com a romaria do trabalhador rural para ser ralmente, Pirassununga. atendido no hospital. Há muitos preconceitos e armadilhas conCompareceram também tra ele, conforme as denúncias apresentadas durante a reunião. vários trabalhadores que se que Nelson tinha muito re o Santa Casa local. E o prequeixaram de mau atendiceio), Nelson levou a esposidente da FETAESP reformento por parte de hospisa a um hospital onde havia çou sua reclamação: "O tais da região e também por convênio com o INAMPS, caso de Pirassununga - disserem explorados por mécom guia fornecida pelo se Roberto - é muito sério, dicos que se aproveitam da nosso Sindicato. E escolheu onde os trabalhadores têm sua desinformação ou da um médico que já acompaconstantemente negado o sua dor. Estiveram presennhava sua esposa e por isso que eles têm direito. E no tes ainda o médico revisor lhe despertava confiança. momento em que eles mais do INAMPS (Jorge A. PaSó que não era a escala de precisam, alguém aproveita laveri), a chefe do serviço plantão do médico e ele o seu desespero para tirar de Medicina Social do teve que pagar. "Não vou do seu bolso até os últimos INAMPS (Renê M. Evariscolocar a minha família em 10 centavos". to Carlos), o representante qualauer lugar" - disse Nellocal do INAMPS/FUNOutros Sindicatos fizeson. Mas ele não conseguiu RURAL (Júlio Labianca ram queixas semelhantes. entender esse negócio de Jr.) e o agente local do IAAssistência médicoescala de plantão. E Jorge PAS (Edmur Geraldo da hospitalar no Brasil realNarciso, do INAMPS, disse Silva). mente está ruim e gera atrique o trabalhador pode estos constantes entre os UM MUNDO DE colher o hospital, mas escanossos Sindicatos e os hosla de plantão é escala de COMPLICAÇÃO pitais. plantão. PARA TER A ASSISDe fato, conforme os traTÊNCIA DE DIREITO balhadores mostraram na ATRITOS ENTRE Além do problema dos reunião, não está fácil o hospitais regionais, alguns HOSPITAIS, SINDInosso companheiro e a sua sobrecarregados, outros CATOS, ETC. família conseguirem a assisfolgados, um ponto provoHá de chegar um dia em tência médico-hospitalar a cou muito debate na reuque comida e saúde deixem que têm direito. Às vezes é nião: é o comportamento de ser tratados a peso de o hospital e o médico que dos médicos e dos hospitais ouro e passem a ser tratacobram serviços que não em relação aos trabalhadodos com bom senso, com devem ser cobrados; outras res rurais. Até parece que juizo. O nosso Sindicato vezes, é o sofrimento do os trabalhadores rurais não hoje está perdendo muito nosso companheiro ou de são tão cidadãos brasileiros tempo quebrando a cabeça sua família para serem subquanto as outras pessoas em resolver pequenos metidos a uma operação, desse Brasil. problemas com hospitais uma verdadeira romaria, e 11 depois disso aparece uma grossa conta por pagar. Os companheiros pequenos produtores reclamaram muito na reunião: eles contribuem com 2,5% de Funrural mas parece que nem têm direito aos benefícios da previdência social. Os meieiros apanham de todos os lados. Os pequenos produtores, com freqüência, Na mesa, entre outros, Jorge Narciso, do INAMPS (escre- são tomados por patrões e vendo) e o presidente da Fetaesp, Roberto Toshio Horiguti, que lhes é sugado o suado dicriticou a comercialização da saúde hoje pelas Santas Casas, nheiroconstruídas com o dinheiro público. hçS- 4.>"i «» (Desenho do informativo TERRA se 4 milhões de hectares no Pará, seja transformado num território, para que b Brasil não perca esta área para os americanos. É. Uma vez precisava de guerra para tomar a terra da nossa Federação em Minas dos outros. Hoje e guerra já era. Já vão entregando logo, enquanto que milhões de famílias estão sendo transformadas em volantes e na cidade a comida sobe doidamente por causa disso... nheiro sem dó. Foi isso que denunciou, por exemplo, o companheiro Nelson Fioramonte, na reunião de Pirassununga. Ele é um bom exemplo das reclamações dos companheiros trabalhadores presentes à reunião. Ele, aliás, mostrou que entrar em hospital quando se perde uma filha ou se tem o pai doente, como ocorreu com ele, não é nada fácil. È como se diz: gato escaldado tem medo de água fria... Por isso, quando sua esposa teve parto (um parto • ai para assistência ao nosso trababalhador e está tendo poucas condições, em conseqüência, de cuidar de resolver outros problemas do trabalhador, como problemas salariais, preços de produção, de comercialização, organização de núcleos sindicais, etc. Um dos dirigentes que mais reclamou do emperramento do atendimento médico-hospitalar foi o presidente do STR de Pirassununga (Algemiro Verona), que volta e meia dá com os burros n'água, com \erona. de Pirussuminga: aflito com Santa (asa. REALIDADE RURAL — OUTUBRO DE 19&) Páfe. 7 SINDICALISMO, DE FORA. Governo do Estado começa acertar títulos no Ribeira. A celebração do convênio SUDELPA/PPI (Procuradoria do Patrimônio Imobiliário do Estado) no dia l* de outubro, em Registro, com a finalidade de titular as terras devolutas. é um acontecimento importantíssimo que, a quem interessar possa, ENVOLVE PROFUNDAMENTE E DE MANEIRA PREFERENCIAL O NOSSO SINDICALISMO. O Governo insiste em nos desconhecer, em desconhecer o papel do sindicalismo dos trabalhadores rurais. Ele não nos informou dos planos de trabalho. Sequer nos convidou para a cerimônia do convênio, como se nem existíssemos. Do mesmo modo, o Governo se esqueceu que o povo tem outras instituições de representação comunitária, que não podem ser ignoradas e desprezadas. Conforme ampla matéria do jornal "A TRIBUNA DO RIBEIRA", compareceram à cerimônia do dia l* dois secretários Estaduais: Rubens Vaz da Costa, Secretário do Planejamento, que defendeu a instalação das usinas nucleares em Iguape (que prejudicarão a quase 200 famílias dejosseiros); e o Secretário da Justiça, José Carlos Ferreira de Oliveira. Segundo o Secretário da Justiça, o Governo do Estado determinou que aPPIea SUDELPA "desenvolvam um programa que solucione o mais rápido possível a legitimação das terras em favor dos que a cultivam e habitam com o direito de se tornarem donos das mesmas" Garantiu o Secretário da Justiça que tanto o pequeno posseiro como o grande proprietário terão suas terras tituladas. Pois bem. O grande problema não é afigura do posseiro. Ele ê um ser humano e um CIDADÃO BRASILEIRO, ignorado, desprezado. A enorme dúvida mesmo é o "grande proprietário", de que falou o Secretário. Como é que esse "grande ' conseguiu se tornar "proprietário"? Será que não foi à custa de humilhações em cima dos humildes posseiros, como è costume por lá? O nosso posseiro auer trabalhar, quer cumprir as obrigações que lhe competem como CIDADÃO BRASILEIRO. Mas quer também respeito aos seus ãreitos como CIDADÃO BRASILEIRO. Costuma-se cobrar dele apenas as obrigações e na hora dos direitos ele sempre fica defo- Vale a pena, aliás, citar trechos da esclarecida entrevista que o Bispo D. Aparecido José Dias, de Registro, deu ao jornal "A TRIBUNA DO RIBEIRA " sobre o assunto, confirmando os nossos temores. Falando sobre os problemas da região, o Bispo mostrou certo descrédito pela firma como o Governo do Estado pretende fazer o trabalho de titulagem: - Acredito - disse o Bispo - que o Governo poderá resolver a questão em parte. As terras devolutas competem ao Estado, mas eu não sei o que será feito em relação às terras que foram tomadas. Tratando-se do Brasil, o Bispo tem razão. É por essa razão que o sindicalismo não pode ficar de fora do processo de titulagem. Aliás, outro trecho da entrevista do Bispo mostra que inferno cada vez pior está virando o Vale do Ribeira.\ •Os grupos capitalistas - comentou o Bispo estão empunhados numa invasão que ninguém segura mais. Dentro de alguns anos o Vale não terá problemas com posseiros, porque essa categoria está extinta. Virão, então', os bóias-frias, e as preocupações serão oufras. O lavrador é tremendamente desprotegido e não tem condições mínimas de resistir a esse avanço. Solução? Só se houver uma reviravolta total. Mas eu não acredito nesta hipótese hoje. Tudo o que vejo é o dinheiro fazendo violência. Porque o capitalismo não visa o bem da pessoa, visa o lucro, e o homem só interessa para ele quando pode produzir lucro. Por isso insistimos: legalizar títulos de terras tomadas com fraudes ou pressões prepontentes é ferir profundamente a CIDADANIA do trabalhador rural e um dia poderão vir as conseqüências. Portanto, teria sido de bom proceder o Estado ter solicitado a contribuição e a opinião dos órgãos representantes da domunidade do Vale do Ribeira. Os nossos Sindicatos de Trabalhadores Rurais e a própria FETAESP reivindicam o direito de participar desse processo de titulagem, para que não se cometam injustiças e os nossos humildes posseiros sejam obrigados a deixar terras que herdaram de seus avós, até dos bisavós. A própria Igreja no Vale também teria, certamente, muito o que dizer e ponderar. FETAESP S/fidicofos e Igrejas se movimentam Os nossos Sindicatos no Ribeira estão organizando Núcíeos Sindicais nos bairros para acompa. nhar melhor os problemas. (Na foto, líderes de bairros depois de uma reunião no Sindicato de Registro). A Igreja, por seu lado, também está muito aflita com os problemas dos posseiros e com suas poucas saidas, frente à ganância e poder organizado contra eles^ Ela vem fazendo um importante trabalho de organização e apoio do pessoal. (Na foto, aspecto de uma reunião de posseiros no Salão Paroquial de Registro). Tiroteio na Primavera; Incra age mais rápido e situação já melhora. Quando tudo parecia acabado, calmo, na Fazenda Primavera, .em Andradina, com a desapropriação da fazenda pelo Governo, foi então que aconteceu o imprevisto: dois companheiros posseiros, José Aparecido dos Santos e João Gomes da Silva, foram atacados por três jagunços, que ocupavam a camioneta do administrador da Fazenda, Geraldo Paidilha (o "Volta Seca"), foram, baleados e também perderam o trator com o qual preparavam a terra. O trator foi destruito e incendiado. estavam perdendo a paciência com a boiada dos Abdalla, que continua ai invadir suas roças e impedir que as lavouras se desenvolvam normalmente. Os Abdalla continuam a morar na fazenda, apçsar da fazenda ter sido desapropriada e declarada "área de Reforma Agrária" pelo presidente Figueiredo em julho. Parecia que nem tinha sido desapropriada. A denúncia da agressão aos dois posseiros foi levada à Fetaesp pelo nosso Sindicato em Adradina. Segundo baleado. Ele conseguiu fugir, apesar de perseguido, conseguiu socorro com os vizinhos, que levaram os feridos para o hospital, enquanto outros tratavam de perseguir os jagunços em fuga. Não conseguiram pegá-los, porque famílias da Primavera começam a ter tranqüilidade eles haviam avariado uma ponte. Mas o "Volta Seca" no mesmo dia foi preso em bosa. Outro do próprio Moacir, perguntando sobre o flagrante. caso e explicando que a deEm Andradina os possei- missão se deu a seu pedido. ros vieram à cidade para . No mesmo dia, chegavam acompanhar o caso e tomar dois aviões em Andradina, providências junto com o com técnicos do Incra para Sindicato e a Comissão Justi- fazer um levantamento da siIsso aconteceu no dia 12 a denúncia, outro posseiro ça e Paz. Em São Paulo a Fe- tuação e acelerar as provide setembro. Os posseiros já por pouco também não foi taesp mantinha contatos com dências para que o drama o Incra para cobrar um dos posseiros tenha um fim, acompanhamento para o ca- de uma vez por todas. Em so^No dia seguinte, o Presi- Andradina até comentavam dente da Fetaesp, Robeito que "nunca a cidade tinha Toshio Horiguti, esteve em recebido antes dois aviões Andradina, onde se reuniu num dia só". Um veio de com os posseiros no SindicaBrasília, outro de São Paulo. to, fazendo um balanço da siE no mesmo dia veio outra tuação. Durante a reunião, o informação: os Abdalla têm f>residente recebeu vários te- um mês para saírem da FaQuando há problemas, a Comissão dos líderes dos posseiros se efonemás do Incra, em São zenda. Paulo. Alguns do Presidente No entanto, 18 dias depois reúne, troca idéias, toma decisões. E as 300 famílias apoiam. do Incra, Paulo Yokota, dan- desse incidente, o presidente do ciência de providências e da Fetaesp teve de telefonar com o Sindicato, os posseiros continuava passeando em su Para chatear os posseiros, Abdalla soltava gado nas roças aca- informando da demissão do ao presidente do Incra, Pau- continuavam impedidos de asroças.Eo Incra,gatoescabando com as lavouras. Agora Abdalla tem que sair da fazenda. coordenador regional do In- lo Yokota, em Brasília, para desenvolver suas lavouras lado, prometia providências Acabou a festa. cra, Moacir Rodrigues Bar- informá-lo de que, de acordo porque o gado do Abdalla imediatas.