VI Encontro Nacional da Anppas 18 a 21 de setembro de 2012 Belém – PA – Brasil Captação e manejo de água de chuva, experiências e impactos socioambientais no Sertão do Pajeú-PE Alyne Carneiro de Mesquita(FCAP/UPE) Bióloga, Pós-graduanda em MBA de Planejamento e Gestão Ambiental - FCAP/UPE [email protected] Edneida Rabêlo Cavalcanti(FCAP/UPE) Geógrafa. Mestrado em Geografia-UFPE. Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Núcleo de Gestão Ambiental0 FCAP/UPE. Doutoranda em Engenharia Civil- UFPE. Concentração em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos [email protected] INTRODUÇÃO O Estado de Pernambuco é composto por 12 Regiões de Desenvolvimento, entre elas está a Região do Pajeú formada por 17 municípios que tem a predominância do clima semiárido. A escassez de oferta de recursos naturais nesta região é uma das responsáveis pelo registro de grande carência das condições de vida da população residente. Embora a região seja banhada pelo Rio Pajeú, a não preservação do meio ambiente tem contribuído para o agravamento de problemas socioambientais. A presente proposta tem como objetivo geral abordar o uso de tecnologias hídricas na região semiárida de Pernambuco, através da identificação dos impactos e principais mudanças nas condições de vida da população beneficiada com experiências de captação e manejo de água de chuva nos últimos dois anos, especificamente na comunidade Carnaubinha, com cerca de 50 famílias, e Santo Antônio II, com cerca de 80 famílias, ambas na zona rural de Afogados da Ingazeira e atendidas pela Diaconia. O trabalho VI Encontro Nacional da Anppas 18 a 21 de setembro de 2012 Belém – PA – Brasil e Santo Antônio II, entre 2008 e 2010; b) Identificar os principais impactos socioambientais trazidos com a implementação dessas tecnologias para as famílias e a região e, c) Mostrar os principais fatores de melhoria da qualidade de vida da população através do uso e disseminação das tecnologias hídricas. A hipótese considerada é de que a sustentabilidade e a segurança hídrica no semiárido pressupõem o uso de tecnologias de captação e armazenamento de água de chuva, possibilitando a melhoria na qualidade de vida das famílias. METODOLOGIA Para atingir o objetivo desse trabalho de pesquisa a metodologia aplicada baseou-se em i) revisão bibliográfica, ii) entrevista com as famílias beneficiadas com tecnologias para captação de água de chuva e assessoradas pela Diaconia, iii) análise do questionário aplicado de cunho qualitativo, e comparação dos resultados com aquele previamente aplicado pela Instituição como ferramenta para o seu Planejamento Estratégico em 2010 às famílias beneficiadas com as tecnologias, iv) processamento e organização das informações. O levantamento bibliográfico permitiu identificar as tecnologias de captação de água de chuva em diferentes contextos temporais e espaciais, assim como identificar aquelas apontadas como exitosas (apropriadas, sustentáveis, de fácil manutenção e baixo custo), tanto em termos gerais, como pelas comunidades estudadas. Com as entrevistas e aplicação dos questionários, foi possível coletar informações diretamente das famílias beneficiadas com as tecnologias. Atrelado a isso, pesquisadores parceiros, envolvidos com estudos relacionados à área do semiárido deram fundamental contribuição na indicação dos principais impactos encontrados. Na organização das informações, atenção especial foi dada às técnicas que, comprovadamente apresentam baixo custo e elevada eficácia, passíveis de serem apropriadas pelas prefeituras locais, comunidades pobres do interior, e pequenos produtores rurais de outras regiões. RESULTADOS Identificou-se os principais impactos ambientais trazidos com a implementação dessas tecnologias para as famílias e a região; Comprovou-se a redução do problema da escassez de água, com a garantia de água armazenada para a produção de alimentos (frutas, hortaliças e pequenos animais) ao longo do ano; Houve economia de recursos financeiros das famílias agricultoras; Detectou-se a minimização da degradação do Bioma Caatinga, através da utilização de tecnologias de captação e armazenamento de água no entorno das propriedades; Destacou-se a melhoria na qualidade de vida, geração de renda e respeito ao meio ambiente da população beneficiada. CONCLUSÕES, REFLEXÕES SOBRE OS RESULTADOS, PROPOSTAS AO DEBATE VI Encontro Nacional da Anppas 18 a 21 de setembro de 2012 Belém – PA – Brasil As tecnologias simples e adaptadas às realidades locais ganharam espaço nas discussões sobre o desenvolvimento local sustentável, mostrando formas opcionais de um manejo mais adequado dos recursos escassos, dando prioridade para a água. Conclui-se que, hoje o problema do Nordeste não é a falta de chuva, mas de políticas de armazenamento, distribuição e gestão, além de tecnologias adequadas para a captação de chuva. Bombas d’água populares ou cisternas não trazem os benefícios econômicos e a visibilidade dos megaprojetos de abastecimento de água, que beneficiam na maioria das vezes a agroindústria, como é o caso da polêmica transposição do Rio São Francisco. Em contra partida as tecnologias para captação de água de chuva podem aumentar o abastecimento de água a um custo relativamente baixo. Além disso, passam para a comunidade a responsabilidade de gerenciar seu próprio abastecimento, contribuindo para a sua organização e gestão social. O valor do projeto se insere no contexto da convivência com o semiárido. Conhecer a realidade deste ambiente, otimizar as condições ambientais, hídricas e sociais e atuar sobre elas de modo a desenvolver processos sustentáveis e compatíveis com esta realidade. Com o princípio de combater os processsos de desertificação e buscar uma convivência harmoniosa com este ambiente, recuperando-o, preservando-o e conservando-o é que se tem trabalhado para acumular água nesta região. Esta, tem sido uma condição primordial para avançar noutros aspectos, como por exemplo, o da produção de alimentos. PRINCIPAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas . Aproveitamento de água de chuva em áreas urbanas para fins não potáveis – Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2000. ASA – Articulação do Semiárido. Caminhos para a convivência com o semiárido. Recife: ASA, 2008. BRITO, L. T. de L.; CAVALCANTI, N. de B.; GNADLINGER, J.; PEREIRA, L. A. Cisterna: alternativa hídrica para melhorar a dieta alimentar das famílias do semi-árido brasileiro. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE CAPTAÇÃO E MANEJO DE ÁGUA DE CHUVA - Captação e manejo de água de chuva: avanços e desafios em um ambiente de mudanças. Caruaru: ABCMAC: Embrapa Semi-Árido: AMAS-NE, 2009. (CD-ROM) FRANCA, Dalvino Troccoli; CARDOSO NETO, Antônio. Água e sociedade. In: Revista Plenarium. Brasília, Câmara dos Deputados, ano 3, n. 3, p. 20-30, set. 2006. NAÉRCIO FILHO, Aquino Menezes; ELAINE, Toldo Pazello. Avaliação econômica do projeto 1 Milhão de Cisternas – P1MC (relatório final). São Paulo: Ibmec São Paulo e Universidade de São Paulo, 2011.