O EXERCÍCIO DA REPRESENTATIVIDADE NO CONSELHO MUNICIPAL DE ASSISTENCIA SOCIAL DO MUNICÍPIO DE LONDRINA/PR Carolini Ramos Neves (PIBIC/Fundação Aracauria -UEL), Márcia Pastor (Orientadora), e-mail: [email protected]. Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Serviço Social /Londrina, PR. Ciências Sociais Aplicadas – Serviço Social. Palavras-chave: controle social, Política de Assistência Social, Participação popular. Resumo: Estamos vivendo um momento no Brasil onde a sociedade civil é chamada a exercer o controle social, ou seja, a controlar a agenda do Estado e deliberar sobre os rumos das diferentes políticas sociais. A Política de Assistência Social possui um aparato legal que define uma estrutura descentralizada e participativa para esta política que se expressa privilegiadamente através dos conselhos e das conferências em todos os níveis de governo. O município de Londrina/PR destaca-se pelo seu compromisso com a implantação da política publica de assistência social, especialmente pela atuação do Conselho e pelo reforço às Conferências. Assim, entendendo que o conselho é um canal que viabiliza a participação através da representação, é que buscamos analisar como se dá a representatividade dos conselheiros do Conselho Municipal de Assistência Social de Londrina. Para alcançarmos este objetivo foi feita: revisão bibliográfica sobre os temas que envolvem o objeto de estudo; pesquisa documental e buscamos identificar quais são os desafios encontrados pelos conselheiros no exercício de sua representatividade. Introdução Na atual conjuntura estamos vivenciando a democracia representativa, que não é algo novo, mas que ainda está em processo de construção. Se discute como pode ser expressa esta representação de interesses coletivos em espaços públicos. No Brasil, além da representação que vemos expressa no poder Executivo, Legislativo e Judiciário, a sociedade civil conquistou espaços para estar controlando a agenda e as ações do poder público – Executivo e Legislativo. Estes espaços coletivos de participação da sociedade civil se expressam através dos mecanismos de controle social, especialmente pelos Conselhos de políticas públicas, que possuem representantes da sociedade para acompanhar e fiscalizar as ações do Estado, como no caso da política de assistência social. Desta forma, este trabalho visa analisar como se realiza a Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. representatividade dos conselheiros da atual gestão do Conselho Municipal de Assistência Social de Londrina. Materiais e métodos Para realizar esta pesquisa realizamos uma revisão bibliográfica sobre os temas que envolvem o objeto de estudo, tais como: representatividade, democracia, participação popular, cidadania; gestão na política de Assistência Social; Controle Social e seus principais mecanismos (os Conselhos e as Conferências) e publicização. A pesquisa documental se pautou no histórico e na atual composição do Conselho Municipal de Assistência Social de Londrina e foi realizada mediante a consulta do regimento interno do conselho municipal de assistência social; nas leis de criação do conselho; nos seus editais e resoluções. Por fim, buscamos identificar inicialmente quais são os desafios encontrados pelos representantes dos segmentos constitutivos do conselho municipal de assistência social de Londrina ao exercerem sua representatividade. Esta pesquisa continua a ser desenvolvida em nosso Trabalho de Conclusão de Curso. Resultados e Discussão A Política de Assistência Social possui um sistema descentralizado e participativo que é constituído por organizações governamentais e nãogovernamentais de assistência social. Estas devem articular meios, esforços e recursos através de um conjunto de instâncias deliberativas que devem ser compostas pelos diversos setores envolvidos. (BRASIL, 2007) O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) indica que os espaços privilegiados em que se efetivará a participação são os conselhos e as conferências, mas ressalta que estes não são os únicos: abre espaço para que esta participação seja efetivada também em fóruns e comissões tripartite e bipartite. (BRASIL, 2005) O município de Londrina foi o primeiro do Estado do Paraná a a implantar os preceitos da Lei Orgânica de Assistência Social, criando o Conselho Municipal de Assistência Social, o Fundo Municipal de Assistência Social e a Conferencia Municipal de Assistência Social, através da Lei nº. 6.007 de dezembro de 1994. Em 2002 o Conselho vivenciou outro avanço importante, que foi a aprovação da Lei Nº. 417/2002, que alterou a Lei Nº. 6.007/94. (ANDREAN, 2008) Visando ampliar os espaços de participação popular, a partir da V Conferência Municipal o município passou a realizar, além das préconferências por segmento, as pré-conferências regionais organizadas pelos nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) com a participação da população usuária. (ADREAN, 2008) A cada ano aumentou a participação nas prés-conferências e nas conferências municipais. No dia 27 de abril de 2007 foi sancionada a Lei Nº. 10.211 que realizou algumas alterações na Lei de 1994. Esta Lei vem para Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. adequar a Política Municipal de Assistência Social aos princípios e diretrizes trazidos pela PNAS e pelo SUAS. Com esta nova legislação se abriu uma nova página na história da democracia no município, já que pela primeira vez foi garantido o direito legal e legítimo da representação direta dos usuários da Assistência Social no CMAS. (LONDRINA, 2007) Conclusões A implantação dos mecanismos de controle social na esfera pública ressalta que está em andamento um modelo de participação da sociedade civil na gestão das políticas sociais. Através das conferências são escolhidas pessoas que podem representar os interesses da a sociedade civil nos conselhos. Assim vemos que a participação se dá através da representação, significando que o representante, no exercício de sua função, deve manter um diálogo constante com quem representa. Este é um exercício que é difícil de ser posto em prática, visto que nossa sociedade, capitalista, prega o individualismo, colocando os interesses privados à frente dos interesses coletivos. A informação é algo muito importante quando falamos em participação política. Sabemos que as informações em nossa sociedade são concentradas e burocratizadas para que os cidadãos não possuam acesso completo, mas de forma parcial, dificultando assim, uma ação mais coletiva na hora de conquistar e reivindicar direitos. Desta forma a experiência do município de Londrina, vem demonstrando que existe a ampliação dos espaços de participação popular. No entanto, percebe-se que esta participação necessita ser mais fortalecida, realizando, por exemplo, fóruns de discussão descentralizados, ou seja, nas diversas regiões do município. O CRAS é um dos espaços que devem ser utilizados para haja discussões sobre as diferentes políticas sociais. Os avanços obtidos pela Política de Assistência Social de Londrina se devem a um conjunto de esforços dos atores sociais do município. Assim: viabilizar a participação é compartilhar com todos os envolvidos – especialmente com os usuários – a decisão acerca dos rumos que esta política deve tomar para consolidar-se como política publica e para contribuir com a própria história de democratização da nossa sociedade. Agradecimentos À Deus por me iluminar e dar forças; à orientadora Márcia Pastor por me ensinar a importância da pesquisa; à minha mãe e amiga por me apoiar e à Rosely por me acompanhar. Referências ANDREAN, Rosangela Aparecida de Souza Costa. A participação dos usuários no Conselho Municipal de Assistência Social de Londrina-PR Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. no período 2007-2008. 2008. 98 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso de Serviço Social – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2008. AVRITZER, Leonardo. 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