JORNAL DE SANTA CATARINA
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MARCOS PORTO
OPINIÃO
Isaque de Borba Corrêa, historiador
e morador de Balneário Camboriú
Que tempo
é melhor?
Balneário Camboriú assumiu características urbanas e hoje os terrenos vagos que ainda restam também receberão edifícios
Por que a cidade cresce para o alto
Casas próximas à praia tornaram-se raras e os poucos terrenos
vagos que há na orla receberão prédios. A comodidade de poder deixar
o apartamento fechado, no caso dos
veranistas, sem a necessidade constante de manutenção faz, com que a
procura pelos apartamentos cresça
a cada ano. A segurança também é o
diferencial. Quase todos os edifícios
têm porteiros em tempo integral.
Presidente do Sindicato das Empresas de Compra,Venda e Locação
de Imóveis de Balneário Camboriú,
Sérgio Santos conta que o município
oferece imóveis para todos os públicos, mas o mais interessante, segundo ele, é que os negócios mudaram.
A procura já é maior pela compra do
que pela locação, há anos estagnada.
– Entre os fatores que influenciam estão a qualidade do serviço
das construtoras, a facilidade da
compra e a condição das rodovias.
A duplicação da BR-101 facilitou a
chegada de quem mora fora.
Segundo Santos, catarinenses são
os maiores compradores, seguidos
de gaúchos, paranaenses e paulistas:
– Muita gente compra para investimento. Percebemos que o poder aquisitivo do pequeno e médio
empresário cresceu. A maior von-
tade deles é morar em Balneário
após a aposentadoria.
Prova disso está no Censo. De
2000 para 2010, a população passou
de 70 mil para quase 110 mil. Presidente do Sindicato das Indústrias
da Construção Civil de Balneário,
Carlos Julio Haacke Junior diz que
a procura é maior por imóveis entre R$ 500 mil e R$ 800 mil. Mas há
apartamentos de R$ 10 milhões.
Muito trânsito e nada de sol à beira-mar
Para quem mora em Balneário
Camboriú, verão é sinônimo de dor
de cabeça, principalmente no trânsito. Congestionamentos que literalmente param a Avenida Brasil e falta de estacionamento são os problemas mais frequentes entre dezembro e março, quando a população
passa de 110 mil para um milhão. A
circulação limitada de veículos acaba com a chegada do outono. Mas
especialistas afirmam que, se medi-
das não forem tomadas, o balneário
virará uma São Paulo e as pessoas
levarão horas para chegar ao trabalho, a poucos quilômetros de casa.
– Na década de 60, os prédios
ofereciam uma garagem, às vezes, nenhuma. Hoje, há edifício
com até quatro vagas. Isso acarreta um problema muito sério
– diz o geólogo Marcos Polette,
professor da Univali.
O especialista lembra que, no ano
passado, a prefeitura interrompeu
por seis meses a aprovação de novos
projetos na construção civil e passou a exigir que as construtoras oferecessem vagas de estacionamento
como medida compensatória.
– Estamos cientes desse crescimento e estamos investindo em
saneamento, drenagem pluvial e no
abastecimento de água – garante
o secretário Municipal de Planejamento, Auri Pavoni.
Os próprios moradores sentem
o impacto das novas construções.
Ana Cláudia Pedro, 32 anos, mora a
menos de 10 minutos da praia. Mas
a praticidade de deixar o carro em
casa é muitas vezes é ignorada.
– Trabalho a semana toda. Sábado e domingo gosto de dormir um
pouco mais e aproveitar a praia à
tarde. Mas a sombra ocupa a areia.
Daí pego o carro e vou à Praia Brava – conta a advogada.
Acompanho o crescimento
da cidade faz 50 anos, mas
como historiador posso ir
mais além. Sou tetraneto do
primeiro morador, Baltazhar
Pinto Corrêa, que recebeu
uma sesmaria do Imperador
para o Canto da Praia em
1826. Meu avô Manoel
Germano Corrêa foi o
primeiro pescador artesanal a
montar um rancho de canoa
na Praia Central. Iniciou com
um pequeno, de palha, em
1901 e, em 1908, construiu
outro, de tábuas e telhas, entre
onde é hoje o Marambaia e
a lagoa. Em uma entrevista
em 1950, ele contou que por
volta de 1910 só existiam
cinco casas na orla: a de
Manoel Pinto, seu tio-avô,
a de Manoel Agostinho
Cardoso, ambas no Canto da
Praia, a de Galdino Hilário e
Francisco Garcia, na Ponta,
e a de Carlos Fernandes, no
Centro.
Em 1922, foi construída
a primeira casa de veraneio.
A madeira veio pelo mar,
de Blumenau. Já em 1952,
o município passou de 49
casas para 620. A maioria
construída pelos teutosbrasileiros do Vale. Em 1928,
Jacob Alexandre Schmitt, que
seria prefeito de Blumenau
em 1933, construiu o primeiro
hotel, o Strand Hotel.
O primeiro edifício foi o
Eliane, de pé na esquina da
Brasil com a Rua 951, erguido
nos anos 1960. Na mesma
década, o Edifício Kennedy
foi por muito tempo o mais
alto do Estado, depois veio
o Imperador, o Imperatriz e
hoje perdemos a conta.
Que tempo é melhor?
Os dois têm vantagens e
desvantagens. Antigamente
tinha poucas casas e
nenhuma infraestrutura, mas
a praia era limpa e sossegada.
Hoje a cidade é cosmopolita,
com os mesmos problemas de
uma cidade grande e não se
conhece mais ninguém.
140m
146,6m
170m
196m
● Até 2014, mais
250 prédios
5 mil
serão entregues em Balneário.
● Isso representa quase
Em estudo em Balneário Camboriú
62
andares
Mirante do Vale - SP
50
andares
Grande Pirâmide Egito
Alameda Jardins - Bal. Camboriú
45
andares
*Será entregue em
2015, na Barra Norte
apartamentos a mais
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