SUPERINTENDÊNCIA DE PORTOS Gerencia de Meio Ambiente - GMA Relatório de Vistoria nº 05/2010–GMA Brasília, 15 de dezembro de 2010. 1. DADOS DO DESLOCAMENTO Tipo de Ação: Levantamento da Gestão Ambiental e de Segurança Ocupacional no Porto de Itajaí. Localidade: Itajaí - SC Contato: Marcelo de Cicco – Gerente de Meio Ambiente Medelin – Analista – (47) 3341 8306 / 8065 Participantes Órgão de Origem Gustavo Eccard GMA / ANTAQ Roberto Benevolo GMA / ANTAQ Marcelo de Cicco PORTO DE ITAJAÍ Medelin PORTO DE ITAJAÍ 2. CONTEXTUALIZAÇÃO Com base no disposto no art. 51-A, da Lei nº 10.233, de 05 de junho de 2001, e, de acordo com o Decreto nº 4.391, de 26 de setembro de 2002, procedeu-se à vistoria de inspeção no Porto de Itajaí. 3. OBJETIVO Essa vistoria teve como objetivo realizar um levantamento das conformidades ambientais e de segurança ocupacional e de segurança portuária adotadas pela Administração do Porto, por meio do preenchimento do formulário do Sistema Integrado de Gestão Ambiental (SIGA) e vistoria ao cais público. 4. DESCRIÇÃO SUCINTA DAS ATIVIDADES A seguir é apresentada uma descrição diária sucinta das atividades realizadas: − 26/07/2010: Apresentação dos trabalhos ao Sr. Marcelo de Cicco, Gerente de Meio Ambiente e a Sra. Medelin, Analista do Porto de Itajaí. Aplicação do SIGA. − 27/07/2010: Aplicação do SIGA no Porto de Itajaí. − 28/07/2010: Aplicação do SIGA no Porto de Itajaí e visita ao cais público. 5. VERIFICAÇÕES Foi feito o preenchimento do formulário padrão SIGA apresentado em anexo. A seguir, são enumeradas algumas informações relevantes observadas em seu preenchimento e em vistoria realizada em campo: 1) O Porto de Itajaí (foto 1) possui um Núcleo Ambiental denominado Gerência de Meio Ambiente e Segurança do Trabalho, subordinada diretamente à Diretoria Técnica. Este Núcleo, sem dotação orçamentária própria, é composto por 2 engenheiros ambientais, 1 engenheiro de segurança do trabalho, 1 médico do trabalho e 1 enfermeiro do trabalho e estagiários. Diante disso, considera-se que a Gerência possui técnicos com qualificação adequada e em número suficiente para tratar dos assuntos ligados ao meio ambiente. 2) O Porto possui contratos e convênio de cooperação técnica com a UNIVALI (monitoramento e assessoria técnica ambiental), Secretaria Municipal de Saúde (Prevenção DST / HIV) e com empresas que análise de qualidade da água na área portuária. 3) Os funcionários da área ambiental participam permanentemente de cursos e de treinamento em meio ambiente. Recentemente, houve os seguintes cursos: curso de risco ambiental avançado, curso de saúde e segurança ocupacional e curso de direito ambiental portuário, realizados pela Marinha do Brasil. De acordo com a analista da área, a autoridade portuária se propõe a investir nesses treinamentos. 4) O Porto possui um PDZ já aprovado pelo CAP e em via de publicação DOU, contemplando aspectos ambientais. É feita uma abordagem sobre a relação porto/cidade, projeto borda d'água e do parque municipal natural do Atalaia, com área de 19 hectares, que serviu de medida compensatória referente à ampliação e operação do porto. A elaboração desse PDZ, na parte ambiental, contou com a presença do órgão estadual de meio ambiente, ANVISA, prefeitura, entre outros. 5) Existem instalações próprias e meios adequados para o correto gerenciamento dos resíduos sólidos das embarcações e gerados no próprio porto. 6) A retirada de resíduos de embarcações é realizada por empresas terceirizadas. Somente são retirados resíduos recicláveis e contaminados. Resíduo orgãnico não. Os oleosos são encaminhados para aterro industrial. Somente 2 empresas cadastradas atendem às resoluções internas do Porto com autorização de funcionamento da ANVISA, licenças ambientais, transporte e destinação adequadas, anotação de responsabilidade técnica (ART), entre outros. 7) O resíduo de embarcação é diretamente colocado nos caminhões. O operacional/cais/administrativo é colocado em área operacional de armazenagem temporária para acumulação e triagem. Tal área foi aprovada pelo órgão ambiental. 8) A área de triagem possui impermeabilização, canaletas, caçambas, cobertura e acesso restrito. O lixo hospitalar do porto é encaminhado para autoclavagem. 9) Há programa de coleta seletiva e reciclagem de óleo de cozinha, pilhas e baterias com a participação da comunidade portuária e do município de Itajaí. 10) O Porto de Itajaí atualmente vem enviando os dados para a ANTAQ referente ao Sistema GISIS da Organização Marítima Internacional (IMO) sobre recebimento de resíduos de embarcações. As empresas cadastradas no portal do Sistema GISIS como receptoras de resíduos oleosos são: Lageano, Lubripacher, Rode, Sermare e Souza Vidal. Para a recepção de lixo comum da embarcação existem as seguintes: Gervard & Roedel e Transcargo. 11) O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS – foi aprovado pela ANVISA em 2004 e já está implantado. O porto possui um Depósito Temporário de Resíduos (DRT), onde fica depositado o resíduo proveniente do porto devidamente separado, entre reciclável, orgânico, entulho e resíduo contaminado com óleo (Fotos 2 e 3). 12) O Porto de Itajaí não foi contemplado no primeiro grupo de 10 portos brasileiros que promoveriam ações e receberiam recursos para o combate à pandemia de influenza. Entretanto, há um plano de ação ampla, formulado em conjunto com a ANVISA, para implantação do Regulamento Sanitário Internacional. O Porto está na lista dos portos que participarão da segunda fase para enfrentamento da Influenza. 13) Em relação aos gases do efeito estufa (GEE), o porto possui monitoramento periódico (quinzenal) realizado pela UNIVALI, previsto no Plano de Controle Ambiental da Licença de Operação do Porto. As principais fontes de poluição do ar na área portuária são: caminhões, veículos e embarcações. 14) Somente é permitida a entrada de caminhões regularizados e que atendem normas internas que regulamentam O porto realiza nos caminhões medição no cano de descarga, com a utilização de opacímetro e da escala de Ringelmann, obedecendo resolução interna inclusive com a proibição de entrada na área portuária. Além disso, é fornecida energia elétrica aos navios para o desligamento de seus motores. 15) O Porto não possui problemas com material particulado em suspensão no ar, pois não movimentação de graneis sólidos. Só há movimentação de mercadoria em contêiner. 16) De acordo com a última auditoria ambiental independente realizada e conforme informações dos técnicos de porto, não há a existência de passivos ambientais na área portuária. 17) O porto possui Programas de Gestão de Riscos e Manual de Procedimentos Internos publicados por meio de normas internas de mapeamento e protocolo de atividades. O EIA/RIMA do porto também contempla o gerenciamento de riscos ambientais. 18) A Autoridade Portuária possui diversas normas internas que disciplinam diversas atividades tais como: pintura, manutenção, limpeza e abastecimentos de navios; inspeção sanitária de instalações; uso de equipamento de proteção individual (EPI); arquivamento de documentos; armazenagem de cargas perigosas; tratamento de efluentes; limpeza de cais; trânsito interno de veículos e acesso de caminhões. 19) O porto possui Plano de Emergência Individual (PEI) aprovado pela FATMA e implantado. Nele há previsão de 2 simulados e treinamento por ano. 20) A empresa ECOSORB (foto 4) presta serviço para a implantação do PEI com a utilização de equipe especializada e com a disponibilização de alguns equipamentos (foto 5) com barreira de contenção, manta absorvente, separação de água/óleo, skinner, recolhedor, bote inflável, embarcação, viaturas, EPI, entre outros. Há uma local que concentra essas pessoas e equipamentos. Há recursos próprios para área de incêndio e explosão. São utilizadas barreiras de contenção no momento de abastecimento de navios. 21) Existe Plano de Área para compartilhamento dos recursos humanos e materiais previstos nos PEIs do Porto e dos terminais arrendados. Esse Plano de Área encontra-se em fase de revisão devido à atualização dos PEIs de alguns terminais. 22) O fornecimento de água para os navios, por mangotes, é realizado pela empresa pública de saneamento licenciada pela FATMA e atende às exigências da ANVISA. 23) Raramento ocorrem serviços de pintura e manutenção de cascos de navios na área portuária. Há normas internas que disciplinam esse tipo de serviço. 24) O porto possui oficina para manutenção de veículos e equipamentos. A área é adequada, com piso impermeável, cobertura e canaletas. 25) O porto realizou auditoria ambiental independente conforme a resolução CONAMA 306/2002. Ainda este ano deverá ser realizada nova auditoria. Foi realizada uma Auditoria da ISO 14.000 para o levantamento de informações a respeito da atual situação do porto em relação à aquisição dessa certificação. 26) O porto possui Licença de Operação – LO – emitida pela FATMA válida até 22/06/2011. A validade dessa LO coincide com a LI de diversas obras , tais como: a reconstrução do cais destruído pela enchente e construção de novos berços (foto 6). Para a construção dessas novas área foi elaborado um EIA/RIMA. O arrendatário TECONVI possui também possui licença de operação. 27) Dragagem de manutenção vem sendo realizada pelo porto. A LI, emitida pela FATMA tem validade de 24 meses, foi emitida em 27/08/2009, e permite um volume 2,5 milhões m3 por ano. A dragagem é quinzenal e não há despejo do material dragado, pois é realizada por sopro. 28) Dragagem de aprofundamento também vem sendo realizada pelo porto. As profundidades pretendidas para os berços, canais e bacia de evolução é de 14 metros. Foi elaborado um EIA/RIMA para a obtenção da licença junto à FATMA. Existem limitações para a área de bota fora. A área de disposição final está localizada na Praia Brava. 29) As principais fontes de poluição sonora identificadas na área portuária são: caminhões, embarcações, máquinas e equipamentos de operação portuária e obras de reconstrução e ampliação do cais. O porto realiza monitoramento de ruídos quinzenal, por meio do convênio com a UNIVALI, no porto e em 22 ruas adjacentes e implantou um Plano de Gerenciamento de Ruídos. 30) O porto armazena cargas perigosas de forma adequada, com sinalização e segregação e possui áreas para a colocação de contêineres dom vazamento (foto 7). Há a realização de capacitação e treinamento para a operação com cargas perigosas. A área de armazenagem segue rigorosamente o previsto no IMDG Code. Nos casos de classes 1, 7 e 6.2, há descarregamento direto nos caminhões. 31) A Autoridade Portuária possui Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) composto por engenheiro de segurança, médico do trabalho e enfermeiro de acordo com o previsto pelo Ministério do Trabalho. 32) O OGMO possui Serviço Especializado em Segurança e Saúde do Trabalhador Portuário. (SESSTP), que é composto por um engenheiro de segurança do trabalho, cinco técnicos de segurança do trabalho, um médico do trabalho e dois auxiliares de enfermeiros do trabalho. 33) Há uma boa integração entre os serviços especializados do porto, do OGMO e dos operadores, com a realização de reuniões períódicas para uniformização de procedimentos. 34) O Plano de Controle de Emergência (PCE), preconizado está vinculado ao Plano de Emergência Individual (PEI). Ele contempla apenas procedimentos para incêndio e explosão e para poluição e acidentes ambientais. 35) Há um Plano de Ajuda Mútua (PAM), também previsto na NR 29, para compartilhamento de recursos humanos e materiais em caso emergências. 36) O porto possui hidrantes de parede e sobre carretas para combate à incêndio. Existe um termo de cooperação com o Corpo de Bombeiros para a troca e revisão da rede de alta pressão situada no porto. 37) O Plano de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) foi elaborado pelo próprio porto para o biênio 2010/2011. Ele contempla a administração, prédios, guarda portuária. A DRT aprovou o PPRA e fiscaliza periodicamente o porto na sua implantação. 38) O porto possui Unidade de Segurança para a implantação do ISPS Code denominada Gerência de Segurança Portuária. Essa gerência contribui com o núcleo ambiental no controle ambiental do porto. 39) O porto elaborou o Plano de Segurança Pública Portuária (PSPP) e obteve a certificação por meio da Declaração de Cumprimento (DC). O PSPP encontra-se em fase de revisão. Existem 174 câmeras no Plano, incluindo o TECONVI. Para a entrada nos gates do porto há identificação biométrica e de placas. 40) O porto ainda não elaborou uma agenda ambiental para um planejamento das ações ligadas ao meio ambiente. No final de 2010, a autoridade portuária atualizou a Política Ambiental do porto. 41) O Porto adquiriu uma área de 19,53 ha, onde foi criado o Parque Natural Municipal Atalaia, no município de Itajaí. O local é usado para preservação de animais e plantas, estudos científicos e educação ambiental. O Decreto nº 8107 de 25 de janeiro de 2007 criou esta unidade de conservação. 6. COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS OBTIDOS EM 2007 E 2010 A seguir é apresentado um quadro comparativo com as principais conformidades ambientais, de segurança ocupacional e de segurança portuária entre a vistoria realizada em 2007 e a realizada em 2010. Porto de Itajaí- SC 2007 Porto de Itajaí- SC 2010 Atende Atende Parcialmente Não Atende CERTIFICAÇÃO ISPS NÚCLEO DE SEGURANÇA (ISPS) CARGAS PERIGOSAS PCE PPRA SESSTP MANUAL DE PROCEDIMENTOS P/ GERENC.DE RISCOS AUDITORIA AMBIENTAL PGRS PEI LICENCIAMENTO QUALIFICAÇÃO DO NÚCLEO AMBIENTAL PORTO NÚCLEO AMBIENTAL QUADRO COM A ATUAL SITUAÇÃO DE ATENDIMENTOS ÀS PRINCIPAIS CONFORMIDADES AMBIENTAIS, DE SEGURANÇA OCUPACIONAL E PORTUÁRIA 6. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES Concluímos que, o porto de Itajaí atende a grande maioria das conformidades ambientais, de segurança ocupacional e de segurança portuária de acordo com a legislação em vigor. Apenas de caráter recomendatório, sugere-se que: − − − − A Gerência de Meio Ambiente, que abrange o núcleo ambiental e o de segurança do trabalhador portuário, possua mais funcionários para, assim, conseguir atender a demanda. O núcleo ambiental deve atentar para a qualificação dos funcionários que o compõe, visando à multidisciplinariedade do setor ambiental. O ideal seria ter profissionais formados em diversas áreas, tais como: biologia, oceanografia, química, direito, engenharia e geografia, para um melhor resultado da gestão ambiental. realização de auditoria ambiental até o final de 2010 para atender a resolução CONAMA 306/2002, pois encontra-se vencida. Segundo informações da equipe de meio ambiente, a auditoria será iniciada no dia 27/12; o Plano de Controle de Emergência deverá contemplar uma maior quantidade de procedimentos preconizados pela NR-29 do Ministério do Trabalho e Emprego, tais como: vazamento de produtos perigosos, quedo do homem ao mar, condições adversas de tempo que afetem a segurança, publicação de uma agenda ambiental portuária que auxilie as ações no sentido de implantação de uma eficiente gestão ambiental portuária por parte da administração do porto; Gustavo Henrique de Araújo Eccard Especialista em Regulação Roberto Padilha de Benevolo. Especialista em Regulação 7. RELATÓRIO FOTOGRÁFICO Foto 1: Vista geral do porto. Foto 2: Coleta seletiva prevista no Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Foto 3: Área de concentração de resíduos sólidos Foto 4: Base de atendimento à emergência da Ecosorb Foto 5: Barreiras de contenção armazenadas para eventual uso em derramamento de hidrocarboneto. Foto 6: Vista geral da obra de reconstrução e ampliação do cais e dos berços de atracação. Foto 7: Vista da área de armazenagem e segregação de contêineres contendo cargas perigosas.