MINISTÈRE DES AFFAIRES ÉTRANGÈRES
N° 36 – outubro de 2012
Serge Haroche, o novo Prêmio Nobel de Física francês
Depois de seu compatriota Albert Fert, em 2007,
foi a vez de Serge Haroche ser designado para o Nobel
de física deste ano. A Academia dos Nobel recompensa,
assim, seus trabalhos sobre física quântica.
Depois de ter sido premiado com a medalha de ouro
do Centro Nacional de Pesquisa Científica francês (CNRS),
em 2009, Serge Haroche conquista, junto com o americano
David Wineland, o prêmio supremo, almejado por qualquer
cientista. Seus trabalhos tratavam da física quântica e, mais
especificamente, das interações entre luz e matéria. Esta
ciência do século 20 se interessa pela física de partículas de
tamanho inferior ao átomo, as quais são muito difíceis de
isolar.
Os dois cientistas demonstraram que é possível
observar partículas individuais sem destruí-las. Abrem,
desta forma, uma nova era dentro da pesquisa experimental
em mecânica quântica.
Serge Haroche, prêmio Nobel de física de 2012
© CNRS Photothèque - Lebedinsky Christophe
Observando o quântico
De fato, os fenômenos quânticos tornam a tarefa dos
cientistas difícil, pois desaparecem tão logo se tenta medi-los ou observá-los. A teoria prevê que uma
partícula quântica pode se encontrar simultaneamente em vários estados de energia sobrepostos. Mas
este fenômenos deixa de existir assim que a partícula entra em contato com algum instrumento.
Para combater esse problema, Serge Haroche trabalhou na realização de uma armadilha para
partículas de luz (fótons), composta por espelhos ultra-reflexivos resfriados a -273° C. Isto permite
conservar um número preciso de fótons, além de poder estudá-los. Paralelamente, seu colega
americano desenvolveu armadilhas para átomos que possuem carga elétrica.
Juntos com suas equipes do laboratório Kastler Brossel, do NIST (National Institute of
Standards and Technology) e da Universidade do Colorado, fizeram com que o quântico possa ser
observado. Para a Assembleia dos Nobel, esses estudos fornecem elementos-chave, para que venha a
ser projetado, um dia, um potente computador baseado nas leis da física quântica. “É um trabalho
DIRECTION DE LA COMMUNICATION ET DU PORTE-PAROLAT
SOUS-DIRECTION DE LA PRESSE
MINISTÈRE DES AFFAIRES ÉTRANGÈRES
pioneiro, conduzido a longo prazo, que alia compreensão fundamental e performance experimental”,
comenta Alain Fuchs, presidente do CNRS.
Do CNRS ao Collège de France
O resultado desses estudos se encontra perfeitamente ancorado na carreira do cientista francês,
formado na Escola Nacional Superior (ENS). Criada em 1794, a ENS recebe tanto estudantes
científicos quanto literários, caracterizando-se como uma instituição de elite. Graças aos seus 35
laboratórios de pesquisa, a ENS é um dos principais centros de pesquisa da França. A escola tem 8
prêmios Nobel entre seus ex-alunos (7 de física – dentre os quais Albert Fert – e 1 de química), além
de 10 medalhas Fields (a mais alta distinção no campo da matemática), sendo Cédric Villani e Ngo
Bao Chau (2010) os mais recentes.
Serge Haroche se concentrou, em especial, em métodos experimentais inovadores, que
permitem isolar, medir e manipular partículas quânticas únicas, durante períodos bastante longos.
O cientista francês começou seus trabalhos no CNRS, interessando-se pela eletrodinâmica
quântica em cavidades. Este campo permite realizar, por meio de experimentos, protótipos baseados
em um tratamento quântico da informação. Desde 2001, este que é também tio do famoso cantor
Raphaël leciona como professor no Collège de France, tornando-se administrador do mesmo em 1 de
setembro de 2012. Também é membro da Academia de Ciências.
“Serge Haroche soube conciliar uma reflexão teórica poderosa e experiências notáveis em
todas instituições francesas e estrangeiras onde trabalhou, no CNRS, na Universidade Pierre e Marie
Curie, na Escola Normal Superior, na Escola Politécnica e no Collège de France, do qual se tornou
administrador há alguns meses”, afirmou o Presidente da República François Hollande ao parabenizar
o cientista.
55 franceses recompensados
Aos 68 anos, Serge Haroche juntou-se assim aos 12 grandes físicos que foram condecorados
com o Prêmio Nobel na França. Foram Pierre e Marie Curie que começaram a festa dos condecorados,
em 1903, com seus trabalhos sobre radioatividade. Marie Curie também recebeu um segundo prêmio,
de química desta vez, por suas pesquisas sobre o rádio.
Desde 1991, cinco franceses receberam o prêmio Nobel de física: Pierre-Gilles de Gennes, em
1991; Georges Charpak, em 1992; Claude Cohen-Tannoudji (seu orientador de tese), em 1997; e
Albert Fert, em 2007. Foram precedidos por Pierre e Marie Curie e Antoine Henri Becquerel, em
1903.
Nas áreas científicas, os franceses brilharam amplamente, com 34 laureados. Na medicina, a
Academia Nobel cumprimentou os trabalhos de 13 franceses, entre os quais o professor Jean Dausset
(1980), Françoise Barré-Sinoussi e Luc Montagnier – homenageados em 2008, por seus trabalhos
sobre o vírus da Aids – e Jules Hoffmann, em 2011 (pesquisas sobre imunidade inata). Jean Marie
Lehn (1987) e Yves Chauvin (2005) foram, por fim, os últimos agraciados com o prêmio de química.
Serge Haroche e David Wineland receberão seus prêmios na cerimônia prevista para 10 de
dezembro, aniversário da morte de Alfred Nobel, que era químico.
DIRECTION DE LA COMMUNICATION ET DU PORTE-PAROLAT
SOUS-DIRECTION DE LA PRESSE
MINISTÈRE DES AFFAIRES ÉTRANGÈRES
Barbara Leblanc
DIRECTION DE LA COMMUNICATION ET DU PORTE-PAROLAT
SOUS-DIRECTION DE LA PRESSE
Download

Serge Haroche prix Nobel de physique_PT