AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INTERDISCIPLINAR COM ÊNFASE EM
EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO
8,5
ALFABETIZAÇÃO DE ADUTOS: UMA ANÁLISE SOBRE A TURMA DO BRASIL
ALFABETIZADO DA ESCOLA TARSILA DO AMARAL, ANO DE 2012,
COLNIZA/MT
ANA MARIA NEGRISOLI DOS SANTOS
[email protected]
ORIENTADOR: Prof. ILSO FERNANDES DO CARMO
COLNIZA-MT/2013
AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INTERDISCIPLINAR COM ÊNFASE EM
EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO
ALFABETIZAÇÃO DE ADUTOS: UMA ANÁLISE SOBRE A TURMA DO BRASIL
ALFABETIZADO DA ESCOLA TARSILA DO AMARAL, ANO DE 2012,
COLNIZA/MT
ANA MARIA NEGRISOLI DOS SANTOS
ORIENTADOR: Prof. ILSO FERNANDES DO CARMO
“Trabalho apresentado como
parcial para obtenção de
Especialização
em
Interdisciplinar com Ênfase em
Infantil e Alfabetização.”
COLNIZA-MT/2013
exigência
titulo de
Educação
Educação
DEDICATÓRIA
Dedico este meu trabalho a uma pessoa muito especial que me fez ver a
vida de uma maneira mais feliz. Esta pessoa é o meu esposo Luciano Simão.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e a minha família; Telma, Rafael, Augusto e Cacilda, meus
grandes colaboradores.
RESUMO
Alfabetizar adultos é um desafio gigantesco e o Brasil já vem enfrentando
esse desafio desde 1947 com a primeira Campanha Nacional de Alfabetização sob a
direção do professor Lourenço Filho. No início dos anos 60 sob o comando de Paulo
Freire foi aprovado o Plano Nacional de Alfabetização. No Município de Colniza/MT
a EJA está em ascensão. A pesquisa segue uma abordagem quantitativa, com a
metodologia de revisão bibliográfica. Foram realizadas entrevistas com a
Coordenadora do Programa Brasil Alfabetizado de Colniza/MT, com a professora da
turma em análise e com os alunos. Os resultados apresentaram que o município de
Colniza/MT está em processo de desenvolvimento quanto à alfabetização de
adultos. Falta transporte escolar e não há espaços físicos destinado ao programa no
município além de não respeitar o termo de adesão aos municípios parceiros que da
direito ao educando a isenção ou descontos no IPTU da residência do alfabetizando
e desconto na tarifa de água.
Palavras Chaves: programa, alfabetização, jovens e adultos.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................06
1. REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................07
1.1 História da Educação de Jovem e Adulto no Brasil..............................................07
1.2 Leis que Asseguram a Educação de jovens e Adultos........................................11
1.3 Programa Brasil Alfabetizado...............................................................................12
1.4 Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos..........................14
1.5 Paulo Freire e a Educação de Jovens e Adultos.................................................15
1.6 Características dos Alunos da EJA......................................................................17
2. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ESCOLA TARSILA DO AMARAL........19
2.1 Coordenação: Programa Brasil Alfabetizado, Colniza/MT...................................19
2.2Entrevista com a Professora da Turma do Brasil Alfabetizado da Escola
Tarsila do Amaral.......................................................................................................20
2.3 Característica da Turma do Brasil Alfabetizado da Escola Tarsila do Amaral.....20
CONCLUSÃO............................................................................................................26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS..........................................................................27
ANEXOS....................................................................................................................29
INTRODUÇÃO
Em 1947 foi lançada campanha de educação de adultos, sob a direção do
professor Lourenço Filho. Num curto período de tempo, foram criadas várias escolas
supletivas,
mobilizando
esforços
das
diversas
esferas
administrativas,
de
profissionais e voluntários. Essa campanha alimentou a reflexão e o debate em torno
do analfabetismo no Brasil. Paulo Freire elaborou uma proposta de alfabetização de
adultos conscientizadora, cujo princípio básico pode ser traduzido numa frase sua
que ficou célebre: “A leitura do mundo precede a leitura da palavra”. Em 2003, o
Governo Federal, visando à inclusão educacional, lança o programa Brasil
Alfabetizado com a missão de abolir o analfabetismo no Brasil e aumentar a
escolarização de jovens e adultos, promovendo o aceso à educação como um direito
de todos em qualquer momento da vida.
O Município de Colniza/MT precisa incentivar a alfabetização de jovens e
adultos, um bom começo é cumprir com o termo de adesão que é assinado por
todos os municípios parceiros do programa.
O termo de adesão incentiva o
educando através de isenção ou desconto no IPTU da residência do alfabetizando,
oferta de transporte para os alfabetizando que necessitarem, desconto na tarifa de
água e consultas oftalmológicas e distribuição de óculos.
A pesquisa tem por desiderato fazer a análise da história da educação de
jovens e adultos no Brasil e elencar as leis que asseguram a alfabetização de
adultos. No primeiro capítulo falará sobre o Programa Brasil Alfabetizado, suas
diretrizes operacionais e as características dos alunos da EJA. O segundo capítulo
abordará sobre o Programa Brasil Alfabetizado no Município de Colniza, enfocará as
coletas de dados através de entrevista com a Coordenadora do programa do
município em análise, com a professora e com os alunos da Escola Tarsila do
Amaral.
.
1. REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL
Segundo a proposta curricular do 1° seguimento, a partir da década de 30,
segundo RIBEIRO et al. (2001), a educação de adultos começou a delimitar seu
lugar na história da educação no Brasil. Neste período, a sociedade brasileira
passava por grandes transformações, associadas ao processo de industrialização e
concentração populacional em centros urbanos. A oferta de ensino básico gratuito
estendia-se consideravelmente, acolhendo setores sociais cada vez mais diversos.
A ampliação da educação elementar foi impulsionada pelo governo federal, que
traçava diretrizes educacionais para todo o país, determinando as responsabilidades
dos estados e municípios. Tal movimento incluiu também esforços articulados
nacionalmente de extensão do ensino elementar aos adultos, especialmente nos
anos 40. E no processo de redemocratização do Estado brasileiro, após 1945, a
educação de adultos ganhou destaque dentro da preocupação geral com a
universalização da educação elementar.
Em 1947, segundo RIBEIRO et al. (2001), foi lançada campanha de
educação de adultos, sob a direção do professor Lourenço Filho, a campanha
conseguiu resultados significativos, articulando e ampliando os serviços já existentes
e estendendo-os às diversas regiões do país. Num curto período de tempo, foram
criadas várias escolas supletivas, mobilizando esforços das diversas esferas
administrativas, de profissionais e voluntários. Essa campanha alimentou a reflexão
e o debate em torno do analfabetismo no Brasil.
No final da década de 50, segundo RIBEIRO et al. (2001), as críticas à
Campanha de Educação de Adultos dirigiam-se tanto às suas deficiências
administrativas e financeiras quanto à sua orientação pedagógica. Na época a
principal referência para a educação de adultos, foi o educador pernambucano Paulo
Freire e sua pedagogia inspirou os principais programas de alfabetização e
educação popular do início dos anos 60. Sobre a orientação de Paulo Freire em
1964, foi aprovado o Plano Nacional de Alfabetização, que previa a disseminação
por todo Brasil de programas de alfabetização.
08
Paulo Freire, segundo RIBEIRO et al. (2001), elaborou uma proposta de
alfabetização de adultos conscientizadora, cujo princípio básico pode ser traduzido
numa frase sua que ficou célebre: “A leitura do mundo precede a leitura da palavra”.
Prescindindo da utilização de cartilhas, desenvolveu um conjunto de procedimentos
pedagógicos que ficou conhecido como método Paulo Freire.
Em 1967, segundo RIBEIRO et al. (2001), foi lançando o Mobral —
Movimento Brasileiro de Alfabetização. Era a resposta do regime militar à ainda
grave situação do analfabetismo no país. O Mobral constituiu-se como organização
autônoma em relação ao Ministério da Educação, contando com um volume
significativo de recursos. Em 1969, lançou-se numa campanha massiva de
alfabetização. Foram instaladas Comissões Municipais, que se responsabilizavam
pela execução das atividades, mas a orientação e supervisão pedagógica bem como
a produção de materiais didáticos eram centralizadas.
Durante a década de 70, segundo RIBEIRO et al. (2001), o Mobral expandiuse por todo o território nacional, diversificando sua atuação. Das iniciativas que
derivaram do Programa de Alfabetização, a mais importante foi o PEI — Programa
de Educação Integrada, que correspondia a uma condensação do antigo curso
primário. Este programa abria a possibilidade de continuidade de estudos para os
recém-alfabetizados, assim como para os chamados analfabetos funcionais,
pessoas que dominavam precariamente a leitura e a escrita. Em 1985 o Mobral foi
extinto e seu lugar foi ocupado pela Fundação Educar, que abriu mão de executar os
programas, construindo canais de troca de experiência, passando a apoiar financeira
e tecnicamente as iniciativas de governos, entidades civis e empresas a ela
conveniadas.
Segundo EDUCAÇÃO (2012), o Governo Federal, visando à inclusão
educacional, lança o programa Brasil Alfabetizado com a missão de abolir o
analfabetismo no Brasil e aumentar a escolarização de jovens e adultos,
promovendo o aceso à educação como um direito de todos em qualquer momento
da vida. O programa é coordenado pelo MEC e atua por meio de convênios com
instituições de alfabetização de jovens e adultos
Tabela 01
Programas federais voltados à Educação de Jovens e Adultos
09
PROGRAMA
Campanha Nacional de
Alfabetização
MEB (Movimento de
Educação de Base);
MCP (Movimento de
Cultura Popular);
CPC (Centro popular
de Cultura); Ceplar
(Campanha de educação
Popular); De pé no chão
se aprende a ler.
Mobral (Movimento
Brasileiro de
alfabetização)
Fundação Educar
PROGRAMA
DESCRIÇÃO
Lançada pelo governo brasileiro em 1947, é a
primeira campanha de âmbito nacional com
objetivo de alfabetizar a população. Sem
experiência e estudos dos modos de alfabetizar
adultos, seus argumentos didáticos e pedagógicos
acabaram fundamentando-se na educação de
crianças. Assentada sobre frágeis alicerces que
sustentassem um projeto nacional de alfabetização,
foi encerrada em 1963.
Movimentos de educação e cultura popular
surgidos nas décadas de 1950 e 1960, organizados
pela sociedade civil, com vistas a alterar o quadro
econômico e cultural da época, composto em
grande parte por camponeses analfabetos. Tendo
na alfabetização de adultos uma de suas práticas,
procuravam vincular a cultura e a educação com a
realidade e as transformações sociais. orientados
pela concepção de Paulo Freire de um processo de
alfabetização que partia da realidade do educando,
acabaram extintos após o golpe militar de 1964.
Projeto do governo brasileiro, criado pela lei nº
5.379, de 15 de dezembro de 1967, que propunha
a alfabetização funcional de jovens e adultos
visando “conduzir a pessoa humana a adquirir
técnicas de leitura, escrita e cálculo
como meio de integrá-la a sua comunidade,
permitindo melhores condições de vida”. Suas
ações se mostraram pouco eficazes devido à falta
de um projeto pedagógico que contemplasse as
grandes diferenças existentes entre a população
das diversas regiões do país, e envolvido em
denúncias de ingerência e manipulações, encerrou
suas atividades em 1985, tendo seus programas
incorporados à Fundação Educar.
Criada em 1985, passou a fazer parte do MEC,
diferentemente do Mobral. Exercia a supervisão e
o acompanhamento junto às instituições e
secretarias que recebiam os recursos transferidos
para a execução de seus programas
DESCRIÇÃO
PERÍODO
Entre
1947 e
1963
Décadas
1950 e
1960
–
1964
Entre
de
até
1967 e
1985
Entre
1985 e
1990
PERÍODO
10
Pronera (Programa
Nacional de Educação na
Reforma Agrária)
Recomeço – Supletivo de
Qualidade
(Fazendo
Escola)
Brasil Alfabetizado
Escola de Fábrica
PROGRAMA
ProJovem (Programa
Nacional de Inclusão de
Criado em 1998 pelo Ministério Extraordinário de
Política Fundiária e incorporado ao Incra em 2001,
para ampliar a escolarização formal dos
trabalhadores rurais assentados. visava alfabetizar
e escolarizar jovens e adultos nos dois segmentos
do ensino fundamental; capacitar pedagogicamente
e escolarizar educadores no ensino fundamental
para atuar como agentes multiplicadores nas áreas
de reforma agrária; formar e escolarizar os
coordenadores locais para atuarem como agentes
sociais multiplicadores e organizadores de
atividades educativas comunitárias.
Criado pelo MEC, em 2001, para apoiar os
municípios e estados com baixo IDH, em especial
do Norte e Nordeste do país, a prover ensino
fundamental de jovens e adultos. A partir de 2003,
recebeu a denominação de Fazendo Escola e foi
progressivamente estendido a todas as regiões do
país, com destinações conforme o déficit educativo
local.
Suspenso em 2007 por suas ações
passarem a ser financiadas pelo Fundeb.
Criado em 2003 para universalizar a alfabetização de brasileiros de 15 anos ou mais, e
reestruturado, em 2007, pelo Plano de
Desenvolvimento da Educação (PDE). é voltado
para todo o território nacional, com atuação
prioritária nos 1,1 mil municípios com taxas de
analfabetismo acima de 35%. Tem prioridade de
atendimento à região Nordeste, que concentra 90%
dos municípios com altos índices de analfabetismo,
e os jovens de 15 a 29 anos.
Criado em 2005, consiste no aporte de recursos
do governo federal para abertura de salas de aula
em empresas e se destina à capacitação
profissional de jovens de 16 a 24 anos que não
concluíram o ensino básico, provenientes de
famílias de escassos recursos.
DESCRÍÇÃO
Instituído em 2005, destina-se à elevação de
escolaridade de jovens entre 18 e 24 anos inclusive
aqueles com necessidades educativas especiais),
sem vínculo empregatício formal, que não
concluíram o ensino fundamental; qualificação
Desde 1998
Entre
2001 e
2007
Desde 2003
Desde 2005
PERÍODO
Desde 2005
11
Jovens)
Proeja (Programa de
Integração da Educação
Profissional ao ensino
médio na modalidade de
Educação de Jovens e
Adultos)
Programa Nacional do
livro Didático para a
Alfabetização de Jovens e
Adultos (PNlA)
ProJovem
Campo
–
Saberes
da
Terra
(Programa Nacional de
Inclusão de Jovens)
profissional; inclusão digital e ação comunitária.
Abrange
as
capitais
e
demais
regiões
metropolitanas com mais de 200 mil habitantes,
mediante convênios com as administrações
públicas dos entes federados.
Instituído pelo Decreto nº 5.840, de 2006, consiste
na reserva de um percentual mínimo de vagas para
jovens e adultos na rede federal de educação
profissional e tecnológica e na oferta para esse
público de ensino fundamental e médio articulados
à formação profissional básica ou técnica, com
metodologias e currículos apropriados.
Criada pela Resolução nº 18, de 24 de abril de
2007, a iniciativa consiste na distribuição de livros
didáticos para atender à demanda específica do
público jovem e adulto, além de apoiar os
alfabetizadores cadastrados pelas entidades
parceiras do programa Brasil Alfabetizado que
receberão, anualmente, livros didáticos adquiridos
pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE). o objetivo é oferecer
publicações com linguagem própria para adultos
para estimular o interesse pelo aprendizado da
leitura e da escrita.
O ProJovem Campo consiste em uma reformulação
e ampliação, realizada em 2008, do programa
Saberes da Terra. oferece formação equivalente ao
ensino fundamental, com qualificação profissional,
a jovens agricultores alfabetizados que estejam
fora da escola. Aos participantes são oferecidos
cursos de qualificação profissional nas áreas de
agricultura familiar e de sustentabilidade. Têm
prioridade municípios e regiões com baixo IDH,
integrantes do programa Territórios da Cidadania,
desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento
Agrário.
Desde 2006
Desde 2007
Desde 2008
Fonte: GONÇALVES (2009)
1.2 LEIS QUE ASSEGURAM A EDUCAÇÃO DE JOVENS E AUDLTOS
De acordo com o art. 4°. Inciso I e VII, da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Garante o ensino
fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso
na idade própria. E a oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com
12
características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades,
garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência
na escola.
Conforme seção V da Lei de Diretrizes e Base, A Educação de Jovens e
Adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos
no ensino fundamental e médio na idade própria.
Os sistemas de ensino
assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os
estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as
características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho,
mediante cursos e exames. O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a
permanência
do
trabalhador
complementares entre si.
na
escola,
mediante
ações
integradas
e
Os sistemas de ensino manterão cursos e exames
supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao
prosseguimento de estudos em caráter regular. Os exames a que se refere este
artigo realizar-se-ão: I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os
maiores de quinze anos; II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores
de dezoito anos. § 2º. Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos
por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.
1.3 PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO
O Programa de educação de Jovem e adulto Brasil Alfabetizado foi criado
pelo decreto n° 4.834, de 08 de setembro de 2003. O programa foi iniciativa do
Ministério da Educação com finalidade de erradicar o analfabetismo no Brasil. O
mesmo se da com a colaboração da União, Estados, Distrito Federal, Municípios e
organizações civil.
Art. 2º Fica instituída a Comissão Nacional de Alfabetização e educação de
Jovens e Adultos, órgão colegiado de caráter consultivo, com o objetivo de
assessorar o Ministério da Educação na formulação e implementação das
políticas nacionais e na execução das ações de alfabetização e de
educação de jovens e adultos. (Redação dada pelo Decreto nº 5.475, de
2005)
§ 1º A Comissão Nacional de Alfabetização e Educação de Jovens e
Adultos será composta por personalidades reconhecidas nacionalmente e
por pessoas indicadas por instituições e entidades representativas da área
educacional, de âmbito nacional, até o limite de dezesseis membros
13
titulares e respectivos suplentes, designados pelo Ministro de Estado da
Educação. (Redação dada pelo Decreto nº 5.475, de 2005)
§ 2º A participação nas atividades da Comissão Nacional de Alfabetização
e Educação de Jovens e Adultos será considerada função relevante, não
remunerada. (Redação dada pelo Decreto nº 5.475, de 2005)
Art. 3º A Comissão Nacional de Alfabetização e Educação de Jovens e
Adultos será presidida pelo Ministro de Estado da Educação e, na sua
ausência ou impedimento, pelo Secretário de Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação. (Redação dada
pelo Decreto nº 5.475, de 2005)
o
Art. 4 Fica instituída a Medalha Paulo Freire, a ser conferida a
personalidades e instituições que se destacarem nos esforços de
erradicação do analfabetismo no Brasil.
O Programa Brasil Alfabetizado conta com educadores que atuam
preferencialmente na rede pública. Os professores selecionados recebem uma bolsa
do Ministério da educação, que a partir de 2007, o sistema de bolsas pagas pelo
governo federal passou a ser feita diretamente ao bolsista através de sua conta
corrente.
As bolsas pagas aos educadores possuem valores diferentes e são
distribuídas seguindo alguns critérios:
I - aos educadores que trabalham com turma ativa de jovens, adultos e idosos é
pago o valor de R$ 250,00;
II - aos educadores que trabalham com turma ativa que inclua jovens, adultos, e
idosos com necessidades educacionais especiais, a população carcerária e aos
jovens em cumprimento de medidas socioeducativas é pago o valor de R$ 275,00;
III - há tradutor-intérprite de LIBRAS que auxilia o alfabetizador com turma ativa que
inclui jovens, adultos e idosos surdos é pago o valor de R$ 250,00;
IV - há coordenador de turmas de jovens, adultos e idosos é pago o valor de R$
500,00;
V – para alfabetizadores que ministram aulas em duas turmas é pago o valor de R$
500,00.
Para que seja aberta turma de alfabetizandos através do programa Brasil
alfabetizado é necessário que se tenha numero mínimo de 7 (sete) e no Maximo (25)
vinte e cinco alunos por turma na zona rural e na zona urbana no mínimo (14) e no
máximo (25) vinte e cinco.
14
1.4 DIRETRIZES OPERACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS.
O Programa de Educação de Jovens e Adultos conta com diretrizes que
estabelece algumas normas para os indivíduos participar do programa como.
De acordo com a Resolução n° 3, de 15 de Junho de 2010, que Institui
Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos nos aspectos relativos
à duração dos cursos e idade mínima para ingresso nos cursos de EJA, idade
mínima e certificação nos exames de EJA e Educação de Jovens e Adultos
desenvolvida por meio da Educação a Distância.
Segundo Resolução n° 3, de 15 de Junho de 2010 à carga horária o curso
presencial de EJA, institui para os anos iniciais do Ensino Fundamental, a duração
deve ficar a critério dos sistemas de ensino. Para os anos finais do Ensino
Fundamental, a duração mínima deve ser de 1.600 (mil e seiscentas) horas, para o
Ensino Médio, a duração mínima deve ser de 1.200 (mil e duzentas) horas. Para a
Educação Profissional Técnica de Nível Médio integrada com o Ensino Médio,
reafirma-se a duração de 1.200 (mil e duzentas) horas destinadas à educação geral,
cumulativamente com a carga horária mínima para a respectiva habilitação
profissional de Nível Médio.
Para realizar o exame de conclusão de EJA do Ensino Fundamental é
necessário que o educando tenha idade mínima de 15 ( quinze) anos completos, e
para o Ensino Médio 18 anos completos, seguindo a regra da propriedade para o
atendimento da escolarização obrigatória. Para atrair os jovens e adultos situado
nesta faixa etária de 15 anos ou mais que estão com defasagem em idade-série. As
instituições fazem chamada ampliada de estudantes para o Ensino Fundamental em
todas as modalidades. Incentiva e apóia as redes de sistemas de ensino a
estabelecerem, de forma colaborativa, política própria para o atendimento dos
estudantes adolescentes de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos, garantindo a
utilização de mecanismos específicos para esse tipo de alunado que considerem
suas potencialidades, necessidades, expectativas em relação à vida, às culturas
juvenis e ao mundo do trabalho. Incentiva a oferta de EJA nos períodos escolares
diurno e noturno, com avaliação em processo.
15
1.5 PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTO
Paulo Freire, segundo FREIRE (2013), é a figura mais notável se tratando de
alfabetização de jovens e adultos no Brasil, o magnífico educador ajudou milhares
de educandos brasileiros e de outros países a descobrir os signos da escrita e acima
de tudo serem mais felizes. Seus livros são editados nos principais países do mundo
ocidental, Estados Unidos, Canadá, Itália, Alemanha, Uruguai e Argentina.
A obra de Paulo Freire, assim como a obra de todo bom herói, é um desses
fenômenos de forte apelo mítico. De tão bem que ele desencantou o
mundo, encantou-se, e nos fez encantarmo-nos com ele. Sua obra e sua
figura pessoal encontram-se, pois, intensamente cercadas de uma aura.
Isso não é surpreendente. Isso veio sendo construído ao longo de sua vida
profissional, e se acentuou à medida que envelhecia. O fundamento político
dessa construção foi sua condição de patriota vitimado, que arriscou sua
vida para realizar um projeto salvador: a libertação cultural e política de
seus irmãos miseráveis, analfabetos, oprimidos. O que custou-lhe um exílio.
Ao mesmo tempo, valeu-lhe o acesso ao mundo, e ao mundo, o acesso a
ele. (CASALI, 1998:98).
Segundo FREIRE (2013), Paulo Freire nasceu no Recife, na mais pobre
área dessa grande nação latino-americana. Embora criado em uma família de classe
média, interessou-se pela educação dos oprimidos de sua região. Formou-se em
Direito e desenvolveu um "sistema" de ensino para todos os níveis da educação. Foi
encarcerado duas vezes em seu país e tornou-se famoso no exterior. Hoje, Paulo
Freire é considerado o mais conhecido educador de nosso tempo.
Paulo Freire, segundo FREIRE (2013), dá início a trabalhos com iniciativas
populares, quando decide organizar, juntamente com paróquias católicas, projetos
que abrangem desde o jardim de infância até à educação de adultos, objetivando o
desenvolvimento do currículo e a formação de professores. O resultado desse
trabalho foi partilhado com outros grupos: técnicas como estudo em grupo, ação em
grupo, mesas redondas, debates e distribuição de fichas temáticas eram praticados
nesse tipo de trabalho.
Foi a partir do desenvolvimento desse projeto, segundo FREIRE (2013), que
se começou a falar de um sistema de técnicas educacionais, o "Sistema Paulo
Freire", que podia ser aplicado em todos os graus da educação formal e da nãoformal. Mais tarde, nas décadas de 70 e 80, no seu trabalho em alfabetização, um
elemento do sistema foi interpretado sob a denominação "Método Paulo Freire" e
"conscientização" como um passe-partout para a revolução. Por essa razão, Paulo
16
Freire parou de usar essas expressões, enfatizando o caráter político da educação e
sua necessária “reinvenção” em circunstâncias históricas diferentes.
Em 1960, segundo MEDEIROS (2005), Paulo Freire, trabalhando como
coordenador dos projetos de educação de adultos apóia a criação do Movimento de
Cultura Popular (MCP), mas, infelizmente, militantes católicos, protestantes e
comunistas interpretam suas tarefas educativas de modo diferente e criam uma
cartilha de alfabetização de adultos, escolhendo uma diretriz política de abordagem.
Paulo Freire foi contra essa prática, pois a mesma consistia no ensino de
mensagens prontas aos analfabetos, a fim de manipulá-los. Ele estava convencido
da capacidade inata das pessoas, pois já fizera experiências nos domínios visuais e
auditivos enquanto elas aprendiam a ler e a escrever. Contudo, ainda assim faltava
o estímulo com que Freire poderia evocar o interesse pelas palavras e sílabas em
pessoas analfabetas. Faltava a "consciência" dos termos individuais.
A experiência
mostrou para ele que não era suficiente começar com uma discussão intensa da
realidade. Analfabetos são fortemente influenciados por suas falhas na escola e em
outros ambientes de aprendizagem. A fim de reduzir esses obstáculos e provocar
um impulso motivador, Freire experimentou verificar a distinção entre as habilidades
de seres humanos e de animais em seus ambientes particulares.
Freire, Freire, segundo BARRETO (1986), começou a experimentar essa
nova concepção na alfabetização, no círculo cultural que ele mesmo coordenava
como monitor e cujos membros conhecia pessoalmente. Freire relata que na 21ª
hora de alfabetização, um participante era capaz de ler artigos simples de jornal e
escrever sentenças curtas. Os slides, particularmente, criavam grande interesse e
contribuíam para a motivação dos participantes. Depois de 30 horas (sendo uma
hora por dia, durante cinco dias da semana) a experiência foi concluída. Três
participantes tinham aprendido a ler e escrever. Podiam ler textos curtos e jornais e
escrever cartas. Dois participantes evadiram-se. Assim nasceu o "Método Paulo
Freire de Alfabetização".
A prática pedagógica proposta por Freire, segundo BARRETO (1986), se
realiza a partir de um grupo, considerando as condições locais e culturais, parte da
vontade do alfabetizando de querer aprender a ler o mundo, causando uma reflexão
sobre este mundo e gerando a esperança na transformação. A individualidade, a
17
unidade primeira vital e humana, relacionando-a com os outros indivíduos, ajudando
a construir significados locais e culturais, para atingir o valor universal.
Segundo Paulo Freire (2005), na pedagogia do oprimido, ninguém educa
ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, midiatizados
pelo mundo. Não há mais educador do educando, não há mais educando do
educador, mas educador-educando como educando-educador. O educador já não é
o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o
educando sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os “argumentos de
autoridade” já não valem.
Quanto mais se problematizam os educandos, como seres no mundo e com
o mundo, tanto mais se sentiram desafiados. Tão mais desafiados, quanto
mais se sentirão obrigados a responder ao desafio. Desafiados,
compreendem o desafio na própria ação de captá-lo. Mas, precisamente
porque captam o desafio como um problema em suas conexões com outros,
num plano de totalidade não como algo petrificado, a compreensão
resultante tende a tornar-se crescentemente crítica, por isto, cada vez mais
desalienada. (FREIRE, 2005, p; 78),
1.6 CARACTERISTICAS DOS ALUNOS DA EJA
Segundo Leandro Jesus Basegio e Renato da Luz Medeiros (2009), na
maioria dos casos, esses alunos que abandonaram os estudos durante o período
regular e/ou nem chegaram a ingressar na escola. Tomaram essa atitude em
conseqüência de sua condição socioeconômica. A necessidade, desde muito cedo,
de ter que contribuir para o sustento da família é um grave problema que milhares
de brasileiros enfrentam diariamente e é uma situação que o Brasil ainda não
eliminou da sociedade. Essa é uma lamentável chaga social. Não há como negar
sua presença na vida diuturna e, para se constatar esse fato, basta percorrer-se as
ruas das grandes cidades brasileiras.
De acordo com Leandro Jesus Basegio e Renato da Luz Medeiros (2009), o
educador que vai lecionar para os jovens e adultos deve ter em mente que esses
alunos se caracterizam por estarem sob uma condição diferenciada, em relação aos
alunos do diurno. Os alunos da EJA, quando retornam à escola, almejam o resgate
do conhecimento que foi perdido e/ou que jamais foi alcançado. Entretanto, esses
alunos, de um modo geral, voltam com muitas dificuldades, tanto materiais quanto
de aprendizagem.
18
Conforme Leandro Jesus Basegio e Renato da Luz Medeiros (2009), é de
vital importância que os educadores que lecionam na EJA sejam precavidos e
evitem reproduzir as mesmas metodologias empregadas no ensino regular do
diurno. Agindo de outra forma, o professor estará prestando um desserviço ao
processo educacional. Os alunos da EJA, ao longo de sua vida escolar, de um modo
ou de outro, já sofreram um processo de exclusão e se, ao retomarem seus estudos,
receberem um tratamento nos moldes tradicionais, certamente acabarão sendo
excluídos novamente da escola.
Segundo Leandro Jesus Basegio e Renato da Luz Medeiros (2009), é
fundamental que as escolas, e principalmente as escolas que comportam cursos
noturnos e da EJA, conheçam a realidade de seus alunos e que possam, com base
nesse conhecimento, trabalhar seus conteúdos de uma maneira significativa,
procurando despertar nesse aluno o desejo de desenvolver seu conhecimento sobre
os conteúdos escolares.
2. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ESCOLA TARSILA DO AMARAL
2.1 COORDENÇÃO: PROGAMA BRASIL ALFABETIZADO, COLNIZA/MT
No município de Colniza/MT há 164 alunos matriculados no Programa Brasil
Alfabetizado, na cidade há duas turmas, uma na Escola Estadual Tarsila do Amaral,
localizado na Avenida Mato Grosso, s/n, Centro e outra em um prédio cedido pela
secretaria de Assistência Social, localizado na Avenida do Contorno s/n, Bairro
Jardim Imperial e mais doze turmas distribuídas no interior do município.
Em Colniza/MT, há uma certa dificuldade em formar as turmas devido a
distância da escola as casas dos alunos, sendo que não tem transporte escolar e
existe uma dificuldade de encontrar espaço físico adequado. Se tratando da
merenda escolar a uma grande preocupação em diversificar a mesma, mas a verba
atende por número de aluno, então torna-se pouca para diversificar e controlar essa
verba para os oito meses. Apesar da bolsa oferecida para os profissionais que
atuam no programa ser de apenas R$ 250,00, alguns educadores se disponibilizam
para ajudar essas pessoas que tem vontade de aprender. Para atrair alunos para o
programa são feitos anúncios e visitas nas casas dos educandos.
Conforme Resolução CD/FNDE Nº 32 de 1º de julho de 2011.
6º CABE AO MUNICÍPIO PARCEIRO:
I.
Indicar um técnico da Secretaria Municipal para coordenar desde a
mobilização até a execução do Programa no Município;
II.
Viabilizar a participação dos recursos humanos da Prefeitura para dar
suporte aos técnicos da SEDUC nas atividades de cadastramentos dos
alfabetizadores e alfabetizandos do Programa Brasil Alfabetizado, no
Município;
III.
Fazer a mobilização no Município através da mídia, panfletos, enfim,
chamamento aos Jovens e Adultos e Idosos não alfabetizados;
IV.
Acompanhar e subsidiar
Alfabetizado em seu Município;
V.
Apoio ao transporte para Alfabetizadores da zona rural para virem na
Formação Inicial e nas reuniões pedagógicas mensais no Município;
VI.
VII.
as
atividades
do
Programa
Brasil
Reprodução e disponibilização de Teste Cognitivo;
Buscar alternativas de incentivo para o cadastramento e assegurar a
permanência dos alfabetizandos em sala de aula, durante os oito meses do
Programa. As ações de estímulo de que cita o Artigo, podem variar de
acordo com a realidade de cada Município nas seguintes formas:
1.
Isenção ou descontos do IPTU da residência do alfabetizando;
20
2.
Transporte para o alfabetizando quando for o caso;
3.
Desconto na tarifa de água;
4.
Consultas Oftalmológicas e distribuição de Óculos, quando houver
disponibilidade de adesão diretamente com o SES; assim como qualquer
outra forma que incentive e garanta o cadastramento e permanência no
curso.
VIII.
Disponibilizar e viabilizar Escolas Municipais ou demais prédios
públicos com espaços físicos para a realização das aulas do Programa
Brasil Alfabetizado no município, bem como auxiliar no sentido de melhoria
dos espaços encontrados, como: iluminações, quadro negro de giz,
carteiras ou consertos de carteiras sem utilidade nas escolas;
IX.
Ofertar vagas para atender os alunos egressos do Programa Brasil
Alfabetizado (Ensino Fundamental – 1º Segmento);
2.2
ENTREVISTA
COM
A
PROFESSORA
DA
TURMA
DO
BRASIL
ALFABETIZADO DA ESCOLA TARSILA DO AMARAL ANO DE 2012.
A docente é Licenciada em Letras e Pós graduada em Educação
Interdisciplinar, a mesma além de ser formadora da turma mencionada, trabalha 40
horas como professora articuladora na Escola Municipal Coração de Jesus.
A variação de idade da turma é de 38 a 67 anos e a diferença entre educar
crianças e educar adultos, os alunos são muito comportados e dedicados, porém a
maioria dos educandos não questiona o professor. A EJA guarda grandes diferenças
do ensino regular pelo fato dos alunos estarem inseridos no mercado de trabalho
eles freqüentam as aulas no período noturno e as relações que esses estudantes
apresentam com o mundo do trabalho incidem diretamente no seu aproveitamento
escolar. A carga horária semanal é de 10 horas, sendo a mesma dividida em 4 dias
consecutivos, de segunda a quinta-feira, com 2:30 e trinta minutos por dia, no
período noturno, com início as 19:00 horas. Os níveis de conhecimento dos
educandos variam, existe alunos que possuem conhecimentos básicos do código
lingüístico e matemático, outros sabem ler e alguns que não possuem nem
coordenação motora. Os materiais oferecido para a EJA são ricos e condizente com
os diversos níveis de aprendizagem dos alunos, porém a questão financeira é
desmotivadora.
2.3 CARACTERISTICA DA TURMA DO BRASIL ALFABETIZADO DA ESCOLA
TARSILA DO AMARAL
21
Entrevistado I
Possui 54 anos de idade e trabalha oito horas por dia, o mesmo informa que
não foi alfabetizado quando criança pois morava no sítio, longe da cidade e na linha
em que morava não havia escola, na época a educação era difícil, não havia diálogo
na família, muitos pais não permitiam que os filhos estudasse, participou do Mobral
uns 15 dias e não pode continuar, pois sua casa ficava por volta de 10 km longe da
escola.
De acordo com o entrevistado I seus pais não achavam o estudo importante,
a maioria das crianças que moravam próximo dele na época não estudava e seus
pais não sabiam ler e escrever. O educando informa que o fato do mesmo não saber
ler e escrever fez falta, para ir ao mercado, para viajar e quando precisava escrever
tinha que pedir para alguém. O mesmo voltou a estudar pois tem muita vontade de
aprender, sendo que ele já foi convidado a estudar antes e o fato de não ser
alfabetizado o fez perder muitos empregos.
As imagens abaixo mostram parte do questionário aplicado ao entrevistado I.
Imagem 01: parte do questionário aplicado ao entrevistado I.
FONTE: Ana Maria Negrisoli dos Santos, 2012.
Imagem 02: parte do questionário aplicado ao entrevistado I.
FONTE: Ana Maria Negrisoli dos Santos, 2012.
Imagem 03: parte do questionário aplicado ao entrevistado I.
22
FONTE: Ana Maria Negrisoli dos Santos, 2012.
Entrevistado II
A entrevistada II possui 41 anos de idade, a mesma não foi alfabetizada na
idade correta, pois morava muito distante da escola e seus pais nunca fizeram
questão que ela estudasse. A educanda informa que a educação na época era rígida
sendo que foi uma vez na escola e não quis mais voltar. A aluna diz que já perdeu
oportunidade de emprego pela falta de leitura, na ocasião iria trabalhar em uma loja,
más deveria saber fazer contas.
As imagens abaixo mostram parte do questionário aplicado ao entrevistado
II.
Imagem 04: parte do questionário aplicado ao entrevistado II.
FONTE: Ana Maria Negrisoli dos Santos, 2012.
Imagem 05: parte do questionário aplicado ao entrevistado II.
FONTE: Ana Maria Negrisoli dos Santos, 2012.
Entrevistado III
O entrevistado III possui 67 anos de idade, o mesmo não se alfabetizou
quando criança, pois passou por dificuldades, faltava dinheiro para comprar material
e a escola era longe se sua residência. O mesmo informa que sua professora era
muito brava, ele tremia de medo, pois não podia nem conversar. O educando
estudou o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização), na ocasião o mesmo já
era casado e andava 40 km para trabalhar.]
De acordo com o entrevistado III, seus pais não sabiam nem assinar o
nome, sendo que a falta de leitura dificultou sua vida, pois se ele soubesse escrever
23
não teria que pedir para os outros. O educando motivou-se a estudar através de ver
seu filho estudando.
A imagem abaixo mostra parte do questionário aplicado ao entrevistado III.
Imagem 06: parte do questionário aplicado ao entrevistado III.
FONTE: Ana Maria Negrisoli dos Santos, 2012.
Entrevistado IV
A entrevistada IV tem 41 anos de idade, a mesma não se alfabetizou quando
criança devido à criação de seus pais e constantes mudanças. Ela informa que na
época a educação era muito rígida e nem todos podiam freqüentar a escola devido o
trabalho e as escolas ficarem distantes das residências. Seus pais achavam que se
soubesse assinar o nome já era suficiente sendo que os mesmo não possuíam tal
habilidade. A educanda reconhece que se usa a escrita para tudo desde o lazer ao
trabalho.
A imagem abaixo mostra parte do questionário aplicado ao entrevistado IV.
Imagem 07: parte do questionário aplicado ao entrevistado IV.
FONTE: Ana Maria Negrisoli dos Santos, 2012.
24
Imagem 08: parte do questionário aplicado ao entrevistado IV.
FONTE: Ana Maria Negrisoli dos Santos, 2012.
Imagem 09: parte do questionário aplicado ao entrevistado V.
FONTE: Ana Maria Negrisoli dos Santos, 2012.
Imagem 10: parte do questionário aplicado ao entrevistado VI.
FONTE: Ana Maria Negrisoli dos Santos, 2012.
Os alunos da Turma do Brasil Alfabetizado da Escola Tarsila do Amaral não
foram alfabetizados no período regular por motivos diversos.
Segundo Leandro Jesus Basegio e Renato da Luz Medeiros (2009), a
questão do ensino destinado aos jovens e adultos não é um problema novo no
contexto social brasileiro. Há muito se tem discutido a situação que distancia
aqueles que obtiveram conhecimento e instrução no formato tradicional e os demais
que tiveram de abandonar os estudos, por falta de oportunidade e/ou por ter que
optar pelo trabalho. Na maioria dos casos, os alunos que abandonaram os estudos
durante o período regular e/ou nem chegaram a ingressar na escola. Tomaram essa
25
atitude em conseqüência de sua condição socioeconômica.
Os alunos, quando
decidem retomar os estudos, em sua maioria acabam ingressando nos cursos de
escolas públicas, oferecidos no período da noite, ou seja, nos cursos noturnos. É
evidente que não é apenas a questão financeira que afastava os alunos da escola.
Existe uma série de fatores que contribui para esse processo de exclusão escolar.
Entre eles, destacam-se os altos índices de reprovação.
CONCLUSÃO
Em Colniza/MT, falta incentivo para os alfabetizandos do Programa Brasil
Alfabetizado, Falta transporte escolar e não há espaços físicos destinado ao
programa no município alem de não respeitar o termo de adesão aos municípios
parceiros que da direito ao educando a isenção ou descontos no IPTU da residência
do alfabetizando e desconto na tarifa de água.
A variação de idade da turma é de 38 a 67 anos e a diferença entre educar
crianças e educar adultos. Os níveis de conhecimento dos educandos variam, existe
alunos que possuem conhecimentos básicos do código lingüístico e matemático,
outros sabem ler e alguns que não possuem nem coordenação motora.
Os alunos do Programa Brasil Alfabetizado da Escola Tarsila do Amaral não
se alfabetizaram no período regular devido sua condição econômica, a exclusão
escolar através dos altos índices de reprovação e a falta de oportunidade gerada
através da longa distância de suas residências a escola mais próxima.
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28
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Brasil Alfabetizado, Institui a Comissão Nacional de Alfabetização e a Medalha Paulo
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05 jul. 2012..
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critérios e procedimentos relativos à transferência automática a estados, municípios
e ao Distrito Federal dos recursos financeiros do Programa Brasil Alfabetizado no
exercício de 2011, bem como ao pagamento de bolsas aos voluntários que atuam no
Programa.
RIBEIRO. et al. Educação para jovens e adultos. Ensino Fundamental Proposta
curricular - 1º segmento. São Paulo/Brasília, 2001. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/eja/propostacurricular/primeirosegmento
/propostacurricular.pdf>. Acesso em 27 maio. 2013.
ANEXOS
Pesquisadora: Ana Maria Negrisoli dos Santos
Colniza ____/___/____
QUESTIONÁRIO SOBRE A TURMA DO BRASIL ALFABETIZADO DA ESCOLA
TARCILA DO AMARAL, COLNIZA/MT, ANO DE 2012
Localização da Escola: _________________________________________________
Entrevista com a coordenadora do Programa.
Nome da coordenadora: ________________________________________________
Quantos alunos estão matriculados no Programa Brasil Alfabetizado no Município?
Quantas turmas há na cidade e em quais escolas?
Quantas turmas a na zona rural?
De acordo com o Programa as turmas na cidade devem ter um numero mínimo de
14 alunos por turma, isso dificulta a formação de turmas?
Os alunos tem direito a merenda escolar, é respeitado esse direito?
Há transporte escolar para os alunos que moram longe da escola?
É oferecido capacitação para os professores?
O fato de ser oferecido apenas uma bolsa no valor de R$ 250,00 dificulta encontrar
profissionais qualificados para trabalhar?
Qual é a responsabilidade do município com o Programa Brasil Alfabetizado?
É feito campanha para atrair os alunos para o programa?
É oferecido condições para visitar todas as escolas do programa?
Entrevista com a Professora da Turma do Brasil Alfabetizado da escoa Tarsila do
Amaral, ano de 2012.
Qual a sua formação?
A Sra. Tem outra ocupação profissional. Qual?
Há diferença entre alfabetizar criança e alfabetizar adulto?
Há método diferenciado para alfabetizar adulto?
Como os alunos se comportam em sala de aula?
Eles questionam o educador ou gostam mais de ouvir?
Qual a variação de idade da turma?
Qual a carga horária de aula semanal e como é dividida?
Os educandos apresentam níveis diferentes de conhecimento. Como é trabalhada
essa diferença?
Os educandos da EJA têm muita vontade de aprender. É oferecido livros de leitura
adequados ao educando?
Você ganha apenas uma bolsa, isso desmotiva o trabalho?
Entrevista com os alunos da turma do Brasil Alfabetizado da Escola Tarsila do
Amaral._____________________________________________________________
Nome do educando: ___________________________________________________
Qual a idade do educando?
Qual o motivo de não ter se alfabetizado na idade correta?
Como era a educação na época?
O Sr. (a) se lembra como acontecia a educação na sua época?
O Sr. (a) se lembra do MOBRAL?
Qual era a distancia da residência a escola mais próxima?
Seus pais achavam o estudo importante?
As crianças que moravam próximo a você estudavam?
Seus pais sabem ler e escrever?
Saber ler e escrever fez falta para você?
Quais motivos levaram-no a estudar?
Você já foi convidado a estudar antes?
Já perdeu oportunidade de emprego por não saber ler e escrever?
O Sr.(a) acha que adulto não precisa estudar?
As condições oferecidas para sua permanência a escola é adequada?
Quantas horas você trabalha por dia?
Que horário termina seu expediente?
O Sr.(a) gosta de ler?
O Sr. (a) acha o método antigo mais eficaz do que o de hoje?
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