//64 Quaresma // Ano B II Domingo da Quaresma Cartaz da Semana Seman Igreja d a Ante e Vila C rior hã - Esp osende // Pegadas BENTO XVI EM ANGOLA O Papa anunciou (…) uma visita em Março [20 a 23 de Março] a Angola. O Núncio Apostólico em Angola, D. Angelo Becio, pediu que não seja feita uma leitura política da viagem que exprime como “apostólica” (…). (…) Mas mais que o “aproveitamento político” esta visita é “um prémio para a missão da Igreja e um estímulo para continuar este caminho”. (…) A Igreja africana é reconhecida por todos e “Angola tem muitos mártires, muitas pessoas que foram assassinadas durante a guerra e também por isso deu testemunho até ao fim”. A Igreja trabalhou muito pela pacificação, durante a guerra esteve do lado dos pobres e dos excluídos e das vítimas da guerra e está muito empenhada na reconstrução, explica o sacerdote [Pe. Tony Neves]. (…) Em Angola tanto jovens como crianças estão “muito inseridos dos dinamismos eclesiais e continuam a acreditar que a Igreja ajuda a construir a paz, rasga caminhos de futuro e a cimentar valores”. A deslocação de Bento XVI a Angola mostra “que estas igrejas são mais futuro do que as da América ou da Europa”. Agência Ecclesia A CAMINHO//64 2 www.acaminho.net II Domingo da Quaresma Primeira Leitura Gen 22, 1-18 Evangelho Mc 9, 2-10 Naqueles dias, Deus quis pôr à prova Abraão e chamou-o: «Abraão!». Ele respondeu: «Aqui estou». Deus disse: «Toma o teu filho, o teu único filho, a quem tanto amas, Isaac, e vai à terra de Moriá, onde o oferecerás em holocausto, num dos montes que Eu te indicar. Quando chegaram ao local designado por Deus, Abraão levantou um altar e colocou a lenha sobre ele. Depois, estendendo a mão, puxou do cutelo para degolar o filho. Mas o Anjo do Senhor gritou-lhe do alto do Céu: «Abraão, Abraão!». «Aqui estou, Senhor», respondeu ele. O Anjo prosseguiu: «Não levantes a mão contra o menino, não lhe faças mal algum. Agora sei que na verdade temes a Deus, uma vez que não Me recusaste o teu filho, o teu filho único». Abraão ergueu os olhos e viu atrás de si um carneiro, preso pelos chifres num silvado. Foi buscálo e ofereceu-o em holocausto, em vez do filho. O Anjo do Senhor chamou Abraão do Céu pela segunda vez e disse-lhe: «Por Mim próprio te juro – oráculo do Senhor – já que assim procedeste e não Me recusaste o teu filho, o teu filho único, abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu e como a areia das praias do mar, e a tua descendência conquistará as portas das cidades inimigas. Porque obedeceste à minha voz, na tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra». Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e subiu só com eles para um lugar retirado num alto monte e transfigurou-Se diante deles. As suas vestes tornaram-se resplandecentes, de tal brancura que nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia assim branquear. Apareceramlhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés, outra para Elias». Não sabia o que dizia, pois estavam atemorizados. Veio então uma nuvem que os cobriu com a sua sombra e da nuvem fez-se ouvir uma voz: «Este é o meu Filho muito amado: escutai-O». De repente, olhando em redor, não viram mais ninguém, a não ser Jesus, sozinho com eles. Ao descerem do monte, Jesus ordenou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, enquanto o Filho do homem não ressuscitasse dos mortos. Eles guardaram a recomendação, mas perguntavam entre si o que seria ressuscitar dos mortos. Segunda Leitura Rom 8, 31b-34 Irmãos: Se Deus está por nós, quem estará contra nós? Deus, que não poupou o seu próprio Filho, mas O entregou à morte por todos nós, como não havia de nos dar, com Ele, todas as coisas? Quem acusará os eleitos de Deus, se Deus os justifica? E quem os condenará, se Cristo morreu e, mais ainda, ressuscitou, está à direita de Deus e intercede por nós? Concretizando o Evangelho Presidente - Ajudo a assembleia a ouvir o “Filho muito amado” quando… Diáconos - O meu serviço é uma espécie de “ouvir” no sentido que… Ministros da Música - Ouvir a Deus ajuda-me a melhorar a música porque... Ministros do Altar - Para que o meu serviço ao altar seja verdadeiramente eficiente devo ouvir... Leitores - Preparar-me para proclamar a Palavra de Deus implica que eu ouça… M.E.C. - Ouço, de facto, o “amén” de cada comugante quando… A CAMINHO//64 3 www.acaminho.net 08 de Março de 2009 Reflectindo o Evangelho Há momentos na nossa vida que nos deixam totalmente desconcertados. Sem conseguirmos explicar por que acontecem, ou mesmo sem termos causado nada para que aconteçam, esses momentos causam em nós tão grande dor ou exigem de nós tão grandes sacrifícios que não fazemos mais do que nos voltarmos para Deus e rezarmos dizendo simplesmente «Porquê?». E, como se não bastasse já o drama em que nos vemos envolvidos, parece que Deus permanece mudo à nossa pergunta. E a nossa angústia parece que aumenta. Nestas circunstâncias, uns deixam-se abater pelo desânimo, outros encontram refúgios que não são mais que escravidões que atenuam a angústia, mas que não libertam dela. Os crentes em Jesus Cristo têm o auxílio da fé. Parece que a fé, firme e constante, os transfigura no meio do sofrimento, fazendo deles outras pessoas, com a força necessária para enfrentar todas as dificuldades da vida, mesmo aquelas que não compreendem e que procuraram a todo o custo evitar. Lembrar a transfiguração de Jesus neste tempo da Quaresma é recordar a necessidade da fé que move montanhas. Pela fé o frágil torna-se forte, o obscuro tornase translúcido e o crente obtém a resposta silenciosa de Deus que continua a dizer «Tu também és meu filho muito amado» (ver Evangelho). A fidelidade do justo prova-se pela fé, tal como foi provado pela fé Abraão, nosso pai na fé, ou primeiro dos nossos irmãos numa fé renovada, como há quem defenda. Apesar de ver que o sacrifício de Isaac, seu único filho (ver 1.ª leitura), era o fim do seu sonho de ter uma descendência numerosa, e sem compreender o porquê de Deus lhe pedir tão grande sacrifício, ele avança confiando no Senhor: «Confiei no Senhor, mesmo quando disse: “Sou um homem de todo infeliz”» (Salmo Responsorial). Vivendo o Evangelho De facto, se confiamos que «Deus está por nós, quem estará contra nós?» (2.ª leitura). Poderá ser Ele infiel ao amor que tem por cada um dos seus filhos? Esta certeza do seu amor por cada um de nós é a alavanca da nossa fé porque, mesmo que nem sempre lhe sejamos fiéis, Ele é sempre fiel. E, por isso, nada devemos temer: nos momentos mais duros da caminhada recorramos à fé e deixemos que ela nos transfigure à imagem do Senhor Jesus Cristo. Formação Simbologia dos quarenta dias O número 40 referia-se à vida de uma geração e ao período de preparação para um grande acontecimento. A linguagem bíblica usa várias vezes este número. O dilúvio durou 40 dias e 40 noites, preparando uma nova humanidade; o povo de Israel passou 40 anos no deserto, preparando-se para a entrada na Terra Prometida; os habitantes de Nínive fizeram penitência durante 40 dias, preparando-se para receber o perdão de Deus; Elias caminhou 40 dias e 40 noites, para chegar ao monte Horeb; Moisés prolongou o seu jejum por 40 dias e 40 noites no Sinai e Jesus, referência que se liga directamente à Páscoa, passou 40 dias e 40 noites no deserto em oração e jejum, preparando a sua vida pública e a caminhada pascal (Cf. Fernando Armellini, O Banquete da Palavra – Ano B, p. 119). Personagens da Quaresma Jesus Cristo, que é a referência do Mistério Pascal; Maria, que no silêncio se faz presente, acompanhando sempre o seu Filho; e depois várias figuras bíblicas que vivificam a História da Salvação e anunciam a chegada do Messias: Adão, que lembra a criação, o pecado e a graça; Abraão, que é tido como nosso pai na fé, por causa do modo como respondeu à sua vocação e como aceitou a promessa de ser fonte de bênçãos; Moisés, ligado à Aliança e à Lei; David, que era para muitos o rei esperado; Ezequiel, que representa a esperança dos profetas e Isaías, que apresenta a imagem do servo sofredor, que mais tarde vai ser identificado com Cristo. Programa Espiritual para a Quaresma - Viver realmente como baptizados, ou seja, como filhos de Deus. - Olhar para as cinzas, que sobre nós são colocadas para lembrar a nossa origem e o nosso fim, procurando a humildade e a simplicidade. - Passar da grandeza à pobreza, pela esmola, dando o que nos é necessário; pela oração, vivendo mais intensamente a relação com Deus; pelo jejum sacrificial, interno e externo. A CAMINHO//64 4 www.acaminho.net II Domingo da Quaresma Oração Universal - Para que os membros da Igreja se unam ao longo da Quaresma e dêem testemunho de uma vida com mais oração e mais partilha dos bens com os pobres. Oremos irmãos. - Para que as autoridades de todas as nações enfrentem a crise mundial que estamos a viver, com todos os meios possíveis, e ajudem sobretudo os mais pobres, os desempregados e doentes. Oremos irmãos. Rito Penitencial Presidente: Irmãos caríssimos: Neste Domingo, em que a primeira leitura nos relata um dos mais claros exemplos de fé de todos os tempos, peçamos perdão ao Senhor pelas vezes em que a nossa conduta não se assemelhou à de Abraão: - Porque muitas vezes desistimos quando a nossa fé é posta à prova: Senhor, tende piedade de nós. - Porque muitas vezes não agimos como filhos amados de Deus: Cristo, tende piedade de nós. - Porque nem sempre cumprimos o mandamento de escutar o vosso Filho muito amado: Senhor, tende piedade de nós. Signes d’aujourd’hui Zeladoras II Domingo da Quaresma Entrada: Perdoa o teu povo [NRMS 105] Cânticos Ofertório: Jesus tomou consigo [Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica, p. 89] Comunhão: Ouviu-se uma voz vinda do céu [CEC I, p. 87] Final: Vós me Salvastes, Senhor [NRMS 16] Admonições Introdução ao Espírito da Celebração Podemos perguntar que valor e que sentido tem para nós, cristãos, privar-nos de algo que seria em si bom e útil para o nosso sustento. As Sagradas Escrituras e toda a tradição cristã ensinam que o jejum é de grande ajuda para evitar o pecado e tudo o que a ele induz. Por isto, na história da salvação é frequente o convite a jejuar (…). Dado que todos estamos entorpecidos pelo pecado e pelas suas consequências, o jejum é-nos oferecido como um meio para restabelecer a amizade com o Senhor. Da Mensagem do Santo Padre Bento XVI para a Quaresma de 2009, sob o tema “Jesus, após ter jejuado durante 40 dias e 40 noites, por fim, teve fome” (Mt 4,2) Leituras Neste segundo Domingo da Quaresma, a liturgia proporciona-nos uma interiorização da Aliança definitiva de Deus com os Homens, nova e eterna aliança prefigurada no sacrifício de Isaac. Consiste na oferta do Seu Filho e exige do destinatário, salvaguardada a desproporção, a oferta da vida em favor dos irmãos. Com Abraão, Jesus e os apóstolos, procuremos sair da rotina para podermos encontrar o Senhor. Acção de Graças Vede lá, vede lá quanto no eirado o trigo sofrerá! Pelo malho batido num terreiro, um dia inteiro! E um dia inteiro, sem piedade, coitadinho!, rodado pela grade! Depois a tulha celular, a escuridão sem ar! Depois, depois, ó negra sorte!, entre rochedos triturado até à morte! Ó pedras dos moinhos, mal sabeis o que fazeis! Quantos milhões de crimes por minuto, pedras de coração ferrenho e bruto! E as águas da levada vão cantando, enquanto as pedras duras vão matando! E a moleirinha alegre também canta, e ri a água, e ri o sol, e ri a planta!... Enfarinhada, branca moleirinha, é pó de cemitério essa farinha!... Guerra Junqueiro, “Oração ao Pão” - 2