VOZ DA EXPERIÊNCIA
empreendedor | agosto 2013
A paixão e a
determinação para
trabalhar com TI
fizeram Claudio
Nasajon construir
nos últimos 30 anos
a Nasajon Sistemas,
uma das 200
maiores empresas
da área no País
42
Claudio Nasajon
Idade: 48 anos
Formação: Engenharia
Empresa: Nasajon Sistemas
Fundação: 1982
Área de atuação: softwares de gestão
para PME
Experiência
por Raquel Rezende
[email protected]
A inspiração para criar o próprio negócio chegou cedo na vida de Claudio Nasajon. Com apenas 17 anos, em uma visita a
uma feira de computação, ele descobriu o
que queria fazer na vida. A partir daí, Nasajon batalhou para conquistar um lugar no
mercado de TI que começava a se desenvolver no início dos anos 80. E com o pouco
dinheiro que tinha, Nasajon deixou a estabilidade do funcionalismo público e fundou a
Nasajon Sistemas, que fornece software de
gestão para pequenas e médias empresas.
Atualmente, a Nasajon Sistemas é uma das
200 maiores empresas de TI do País.
Nasajon conta que se apaixonou pelo
conceito de programar computadores e
poder ver o resultado do trabalho realizado
muito mais rapidamente do que nos projetos da faculdade de engenharia, curso que
ele fazia. O primeiro passo para ele entrar na
área foi dado quando conseguiu uma bolsa
para aprender programação. Logo depois,
Nasajon começou a atuar como estagiário. E
quando se sentiu mais experiente, ofereceu
seus serviços como programador freelancer
e, a partir disso, foi planejando a criação da
Nasajon Sistemas. Ele afirma que o empreendedorismo está no seu sangue e se tivesse cem oportunidades para repetir a sua
trajetória, faria tudo novamente. “Quando
penso que eu poderia ser um empregado
público, como fizeram muitos dos meus
colegas, simplesmente não me reconheço”,
afirma.
Na época que ele começou a empresa
tudo foi muito difícil. “Não existiam programas de capacitação empreendedora, aceleradoras de negócios ou capital de risco.
Investidor-anjo ou fundos de investimento
em startups não faziam parte nem da ficção
científica. Tive que pedir dinheiro no banco a juros não muito diferentes do que são
hoje. Vendi carro, fiz biscates e virei muitas
noites para atender aos clientes”, relata. Segundo ele, quando olha para trás e pensa
naqueles dias do início do negócio, sente-se
um sobrevivente. Nasajon lamenta que, ainda atualmente, as estatísticas de sobrevivência dos negócios não evoluíram muito. Mas,
na visão dele, pelo menos há muito mais
oportunidade e mais apoio para quem quer
empreender, aumentando as chances de ser
bem-sucedido.
Para Nasajon, comandar uma empresa é sempre difícil. “O mar nunca é calmo.
Sempre tem concorrentes, mudanças de
legislação, de ambiente, de cultura. Não dá
para você ficar parado, mesmo se quiser. O
mercado sempre cuida para você nunca ficar na zona de conforto. Mas eu diria que os
primeiros anos são sempre os mais difíceis.
É preciso passar da “arrebentação” para que
as ondas não te levem de volta à praia”, analisa. Nasajon explica que a empresa quando
atinge o equilíbrio operacional, as receitas
recorrentes superam as despesas fixas e
“O mar nunca é
calmo. Sempre
tem concorrentes,
mudanças de
legislação, de
ambiente, de cultura.
Não dá para você ficar
parado, mesmo se
quiser”, diz Nasajon
cada nova venda é para crescer, melhorar
produto, aumentar a empresa. “Mas até
chegar essa fase, cada dia tem que caçar um
elefante para poder sobreviver e aí é difícil
pensar em crescimento”, destaca. Ele avalia
que as empresas têm o mesmo problema
hoje, só que uma startup, por exemplo,
pode vender uma parte do capital para um
investidor e garantir a sobrevivência de uma
forma mais tranquila até atingir o equilíbrio.
Apesar dessa possibilidade que dá apoio
ao negócio no início, Nasajon observa que
a chance é oferecida para muitas empresas
também. “Assim, tem mais gente correndo
atrás do mesmo tesouro”, constata. Ele recorda que quando começou, há 31 anos,
não existia tanta facilidade. Mas quem conseguia sobreviver era visto com respeito e
referência no mercado. “Muita gente começava e fechava um ou dois anos depois.
Hoje, se você tiver um bom projeto na mão,
pode conseguir aporte de capital com certa
facilidade. Isso não quer dizer que vá fazer
sucesso, mas pelo menos consegue remar
tranquilo até passar as ondinhas”, compara.
Em seus anos de experiência, Nasajon conclui que sempre será difícil abrir e gerir um
negócio. “Se quiser moleza, arrume um emprego”, afirma.
E para quem não quer ficar na zona de
conforto de um emprego, Nasajon aconselha a começar logo a se movimentar. “Não
guarde segredo da ideia, todos têm ideias o
tempo todo, o que importa não é a ideia e
sim a execução”, alerta. Ele comenta que é
pouco provável que num planeta com quase 8 bilhões de seres pensantes, uma pessoa
só tenha uma fantástica ideia. E mesmo se tiver, se for o único ser humano vivo a pensar
nessa inovadora e fantástica ideia, se conseguir de fato manter o segredo a sete chaves
esperando o momento oportuno para reali-
empreendedor | agosto 2013
prazerosa
43
empreendedor | agosto 2013
VOZ DA EXPERIÊNCIA
44
zar o sonho, a pessoa terá que ter a certeza
de que no momento em que vender a primeira unidade do que for, todo mundo vai
saber e o seu segredo acabará. “Aí, em três
meses já haverá concorrentes que oferecerão algo semelhante, melhor e mais barato.
Ideia não vale nada! Se quiser empreender,
empreenda. Imperfeito mesmo. Fazendo na
mão, sem esperar o motor perfeito, sem ter
o design ideal, sem nada do que imagina.
Simplesmente faça”, incentiva. Nasajon enfatiza que o aspirante a empreendedor deve
estar sempre atento, buscando clientes potenciais, fornecedores e parceiros. “Sinta o
que eles pensam e vá modificando a oferta
para atendê-los. Em algum momento, você
terá sentido o mercado e estará pronto para
mostrar a ideia para um investidor conseguir capital e aí fazer um protótipo para
vender de verdade. Não espere, faça. A vida
recompensa a ação”, destaca.
A ação para consolidar a marca foi intensa para a Nasajon Sistemas ao longo dos últimos 30 anos. Com foco em atender micro
e pequenas empresas, que são a maioria no
País, Nasajon releva que não é fácil atender
esse nicho empresarial. “Quem trabalha
com MPEs está sempre entre a cruz e a espada”, diz. Segundo ele, as MPEs são mais
acessíveis, é possível falar com o dono da
empresa ou alguém muito perto dele. O
ciclo de venda é mais curto, mais ágil. Por
outro lado, analisa Nasajon, por definição,
MPE é micro e pequena, que é outra forma
de dizer que não tem muitos recursos. “Então, briga por centavos. Cada real precisa
ser justificado, discutido, negociado. Isso
desgasta os dois lados. Você precisa sempre
brigar pelo preço, o que não é uma estratégia de marketing muito interessante sob
qualquer aspecto que se estude”, pondera.
Nasajon acrescenta também que é necessário estar constantemente de olho nos custos, o que não é fácil quando se estabelece
padrões altos de atendimento e qualidade
do produto.
E para atender essa dupla demanda, a
Nasajon Sistemas planeja atuar no cloud
computing (computação nas nuvens). “Vamos todos para a nuvem. Aí, nesse espaço
tão peculiar onde todos se misturam, a
ideia é permitir que as MPEs e as grandes
empresas possam usufruir de algo básico,
mas que é difícil de conseguir: a confiança
e a excelência no atendimento”, afirma. A
ideia, explica Nasajon, é investir no lançamento de sistemas na nuvem e criar canais
localizados nos diversos municípios para
ajudar a instalar e dar suporte técnico com
a excelência e o atendimento que fizeram
a Nasajon se consolidar ao longo dos anos.
Na visão do empresário, quem começa uma
nova empresa, uma startup, por definição,
tem recursos limitados, então não consegue
abraçar o mundo, fazer de tudo, e precisa
selecionar bons parceiros. “A Nasajon tem
“Não guarde segredo da
ideia, todos têm ideias
o tempo todo, o que
importa não é a ideia e
sim a execução”
investido em relacionamentos de confiança desde a sua fundação e hoje somos reconhecidos com prêmios como Melhores
Empresas para se Trabalhar, mantendo bom
relacionamento interno e Melhor Solução
de Negócios da Associação das Empresas
Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro)”, justifica.
A Nasajon Sistemas também faz parte
da TI Angels, uma organização que investe
e apoia startups de tecnologia (www.tiangels.com.br), oferecendo vários programas
de capacitação profissional, sobretudo, no
setor contábil. Além disso, o programa fornece software gratuito para universidades e
capacitação de professores com o intuito de
favorecer o empreendedorismo e o desenvolvimento de quem quer criar e desenvolver uma empresa. Nasajon conta que, recentemente, a organização trouxe para o Rio de
Janeiro o programa do Founder Institute
(www.fi.co), maior programa de aceleração
de empresas “idea stage” (estágio de ideia)
do mundo. O FI já formou mais de 800 empresas de 40 cidades de cinco continentes.
“Estou participando de esforços para estabelecer no Rio de Janeiro o primeiro capítulo do FI no Brasil e a Nasajon participará
ativamente com oferta de software para os
formados”, conta Claudio.
O empresário de TI também tem um
blog (www.claudionasajon.com.br) em que
divulga uma ‘Lista de Ferramentas para Empreendedores’ com o propósito de facilitar a
vida de quem lança um novo negócio. “Veja
na aba Empreendedores e Ferramentas.
Mas acompanhe com frequência, porque a
lista é viva, cresce um pouco a cada dia.”
Download

Voz da Experiência