PROPOSTA DE PROJETO DE PESQUISA Pesquisadores Responsáveis Coordenador: Nome : Alex Boiarski Cezar CPF : 021424319-25 Siape : 1862679 Endereço : Rua Camões, nº 2034, aptº44 – Hugo Lange – Curitiba Paraná – Brasil. CEP: 80040-180 Telefone : Res (41) 3027 2367 / Cel: (41) 9141-3235 Endereço eletrônico : [email protected] Regime de trabalho : Dedicação Exclusiva Titulação : Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Física da Universidade Federal do Paraná Colaboradora: Nome : Beatriz Bronislava Lipinski CPF : 860.197.409-00 Siape : 1347366 Endereço : Rua Antonio Skakui, 45 – Afonso Pena – São José dos Pinhais Paraná – Brasil. CEP: 83040-430 Telefone : Res: (41) 3081 0006 / Cel: (41) 9251 1775 Endereço eletrônico: [email protected] Regime de trabalho : Dedicação Exclusiva Titulação : Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciências dos Materiais da Universidade Federal do Paraná Campus: Paranaguá 1 Título do Projeto: Crescimento de nanoestruturas aplicadas à spintrônica e supercondutividade através da técnica de ablação laser Resumo: Este projeto de pesquisa tem como objetivo projetar e montar um sistema de evaporação de filmes finos utilizando um laser como fonte de energia de evaporação. Esta técnica é conhecida como: Deposição com Laser Pulsado (Pulsed Laser Deposition, PLD). Especificamente nesta proposta propomos realizar a preparação e estudo em filmes finos de óxidos magnéticos da classe das manganitas (La1-xSrxMnO3 – LSMO e La1-xCaxMnO3 - LCMO) além dos óxidos magnéticos semicondutores ZnO, TiO 2 e CeO2 dopados com Fe, Ni e Co. A caracterização dos filmes será realizada através de técnicas como difração de raios-X, microscopia eletrônica de varredura e transmissão, espectroscopia de raios-X, SQUID, espectroscopia de absorção (localizado no LNLS em Campinas-SP) entre outras. Além disso, este projeto tem como objetivo inserir-se no Termo de Cooperação celebrado entre o Instituto Federal do Paraná e a Universidade Federal do Paraná que está integrada ao Grupo de Supercondutividade da UNESP, ao grupo da UFSCar que estuda óxidos avançados, além de uma colaboração científica com a equipe francesa da Unité Mixte de Physique (Université Paris Sud – Thales). Desde modo, o IFPR estará colaborando com grandes grupos de pesquisa do Brasil e do exterior. Este projeto de pesquisa também amplia as possibilidades de inserção dos alunos do curso de Licenciatura em Física do IFPR- Campus Paranaguá- no mundo da pesquisa através da Iniciação Científica. Isto se deve ao fato destes alunos assistirem aulas com professores de Física que colaboram com grandes grupos de pesquisa, com professores que contribuem para a produção científica através de artigos e com professores que participam de congressos Nacionais e Internacionais, ou seja, professores atualizados e comprometidos com que há de mais atual no mundo científico. Além disso, futuros convênios IFPR com o CNPq serão possíveis trazendo investimento ao Campus. Uma vez que com o aumento da produção cientifica dos professores cadastrados há 2 possibilidades de adquirir bolsas de Pesquisa, Iniciação Cientifica e verbas para projetos. Introdução e Justificativa/ Relevância: Este projeto se insere notavelmente no Termo de Cooperação celebrado entre o Instituto Federal do Paraná e a Universidade Federal do Paraná, em 03 de novembro de 2010. O termo de cooperação torna institucional a cooperação mútua entre as duas instituições na realização de projetos de ensino, pesquisa e extensão de interesse mútuo, por intermédio da ampla mobilidade para os servidores das duas instituições. O presente projeto de pesquisa propõe a implantação na Universidade Federal do Paraná (UFPR) de uma técnica muito versátil e amplamente utilizada internacionalmente para a preparação de filmes e nanoestruturas. Trata-se da deposição por laser pulsado ou ablação laser. Será utilizado ao longo deste texto o acrônimo inglês empregado para designar a técnica Pulsed Laser Deposition (PLD). Muito embora seja amplamente utilizada em países do Primeiro Mundo que desenvolvem nanotecnologia em materiais, esta técnica é pouco utilizada no Brasil. Uma busca no Web of Science utilizando pulsed laser deposition em “topic” e Brazil em “address” fornece apenas 82 artigos. Substituindo o Brasil pela França, Alemanha, Japão e Estados Unidos encontra-se aproximadamente 1120, 1368, 2606 e 3604 artigos respectivamente. Tais países são reconhecidamente grandes investidores em nanociência e nanotecnologia. Dentre os 82 artigos, e isto inclui aqueles entre os quais o proponente é colaborador, a grande maioria utiliza instituições estrangeiras para o desenvolvimento de nanoestruturas para estudos básicos e aplicados em ciências dos materiais. A maior motivação desta proposta consiste em viabilizar o desenvolvimento no Brasil de tecnologias concorrentes no âmbito internacional, através do investimento em equipamentos compatíveis com a nanotecnologia, tal como é a técnica de ablação laser ou PLD. Nesta proposta são abordados três temas de pesquisa científica em parceria com três produtivos grupos de pesquisa com os quais o proponente 3 mantém colaboração para estudos de óxidos avançados nas áreas de spintrônica e supercondutividade. Salienta-se que ambas as áreas possuem grande apelo tecnológico e, portanto, financeiro. Além de grande concorrência internacional, estas áreas são merecedoras de fortes incentivos pelos países que desenvolvem estes ramos da nanotecnologia em materiais. Cabe finalmente lembrar que a área de nanociências e nanotecnologias é considerada estratégica dentro do plano de ações pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Como será detalhado adiante, solicitamos nesta proposta um mínimo de recursos financeiros necessários para a implementação da técnica PLD na UFPR. Desta forma, o apoio do CNPq será um investimento com excelente razão custo/benefício, abrindo a possibilidade de produção técnica e científica de alta qualidade com pequeno investimento financeiro. Neste cenário, a proposta é baseada em dois objetivos principais citados abaixo e detalhados posteriormente: Técnico: Implantação da técnica de PLD nas dependências da UFPR para o crescimento de nanoestruturas multifuncionais avançadas, promovendo um salto de qualidade na infra-estrutura de pesquisa de uma universidade pública. Científico&Tecnológico: Desenvolvimento de nanoestruturas híbridas metal/óxidos com funcionalidades baseadas em propriedades ora ferromagnéticas, ora ferroelétricas (multiferróicas) aplicadas à spintrônica e à supercondutividade. Gerar e aperfeiçoar conhecimento científico e tecnológico, bem como formação de recursos humanos de alta qualificação no âmbito de programas de cursos de graduação e de pós-graduação. Promover a produção científica de relevância e de impacto no meio científico nacional e internacional. A inserção do projeto na área de nanotecnologia é comprovada por si só, tendo em vista que os materiais propostos para estudos serão crescidos por PLD, que é uma técnica específica para a deposição de estruturas complexas com ao menos uma das dimensões sendo nanométrica. Normalmente materiais com estruturas complexas, como as perovskitas, requerem alta qualidade cristalina associada a alto controle de estequiometria, para que sejam controláveis a ponto de poderem ser usadas em aplicações. Em geral, 4 isto não pode ser obtido por outras técnicas de crescimento de nanoestruturas. O presente projeto também se insere em um quadro de colaboração (ver adiante) bem estabelecido entre instituições nacionais de pesquisa com atividade de formação de recursos humanos de alta qualificação. Desta forma, tais vínculos científicos serão intensificados, contribuindo também para a melhoria de infraestrutura de pesquisa em área estratégica de nanotecnologia nas instituições envolvidas. Se a proposta for aprovada, a equipe proponente também se prontifica a iniciar novas colaborações com outras instituições que tenham interesse pela técnica de PLD. Objetivos específicos e impactos previstos: Científicos Desenvolvimento de novas tecnologias a curto e médio prazos. Ampliação de infraestrutura de pesquisa para cooperações nacionais e internacionais. Formação de recursos humanos de alta qualificação. Consolidação de equipe de especialistas em área de interesse estratégico. Disponibilização de novas técnicas para a comunidade científica. Aumento qualitativo e quantitativo da produção científica. Consolidação de grupos de pesquisa e de programas de pós-graduação. Fortalecimentos de linhas de pesquisa já existentes. Criação de novas linhas de pesquisa com consequente inovação. Melhoria significativa na qualidade de formação de estudantes e técnicos. Tecnológicos Melhoria da interação da universidade com o setor produtivo. Aumento da oferta de serviços especializados. Disponibilização de mão de obra em nanociência e nanotecnologia. Atendimento à demanda da indústria. Aumento da taxa de transferência de tecnologia para o setor produtivo. 5 Redução da dependência tecnológica do exterior. Econômicos Redução da dependência tecnológica do exterior. Avanços nos processos de produção de filmes, revestimentos, nanopartículas e dispositivos. Aumento do número de teses no país sem a utilização de infra-estrutura estrangeira. Fomentar a introdução de produtos nanotecnológicos em âmbito nacional. Sociais Redução da dependência externa. Formação de recursos humanos altamente qualificados no país. Revisão Bibliográfica: 1. Óxidos magnéticos avançados Após menos de 20 anos da descoberta do efeito magnetorresistivo em multicamadas magnéticas, a spintrônica1 evoluiu de uma curiosidade científica para uma multibilionária tecnologia do início do século XXI. Os produtos tecnológicos spintrônicos hoje no mercado (sensores magnéticos, cabeçotes de leitura magnetorresistivos e MRAMs, dominados pelas marcas IBM, Motorola, Siemens, NVC e Seagate, baseiam-se na manipulação de correntes polarizadas em spin em junções planares consistindo de dois eletrodos ferromagnéticos (FM) de metais de transição ferromagnéticos (Fe, Ni e Co) e suas ligas (FeCo e NiFe) separados por uma camada de espessura nanométrica separadora (S) de metal normal (como cobre) ou de isolante (como a alumina): FM1/S/FM2. Em dispositivos GMR (sigla em inglês para Giant Magnetoresistance) ou TMR (sigla em inglês para Tunneling Magnetoresistance) um eletrodo FM é usado para a detecção de correntes eletrônicas polarizadas de spin injetadas pelo outro eletrodo FM e transmitidas através da camada S por condução (banda de condução) ou por 6 tunelamento (gap de energia) com eficiência de preservação do estado de spin eletrônico entre 20% e 40% 2. Dentro das expectativas atuais da importância futura da spintrônica para indústria eletrônica é possível encontrar quatro direcionamentos de pesquisa e desenvolvimento: i. Investigação de materiais para aplicações na indústria de gravação magnética de ultra alta densidade para operação na faixa de frequência de THz (cabeçotes magnetorresistivos e MRAMs) usando heteroestruturas epitaxiais baseadas em perovskitas magnéticas ou manganitas. Por exemplo, La1-xSrxMnO3 (LSMO) espaçadas por uma camada barreira isolante como o SrTiO 3 (STO) em junções túnel planares LMSO/STO/LSMO3. Apesar da baixa eficiência na obtenção de correntes polarizadas em spin em temperatura ambiente, a classe das manganitas mantém-se intensamente investigada devido à manifestação de caráter semimetálico (half-metal). ii. Investigação da transferência de spin em junções FM/S/FM em geometria de pilares sub micrométricos para obtenção de reversão da magnetização induzida por correntes polarizadas em spin mediante a acumulação de spin sem a aplicação de campos magnéticos 4. iii. Investigação de uma nanoeletrônica baseada na manipulação de correntes polarizadas em spin em sistemas magnéticos granulares consistindo de nanopartículas magnéticas termicamente estabilizadas em (ou sobre) matrizes isolantes ou semicondutoras combinando o bloqueio de Coulomb e de spin5. iv. Investigação de uma spintrônica em semicondutores (SC) 6 baseadas em semicondutores magnéticos diluídos (DMS, na sigla em inglês para Dilute Magnetic Semiconductor) 7 e óxidos magnéticos diluídos (DMO, na sigla em inglês para Dilute Magnetic Oxide) 8. Particularmente, óxidos magnéticos semicondutores (óxidos semicondutores dopados com elementos químicos de metais de transição) são candidatos promissores para a obtenção de semicondutores ferromagnéticos com alta temperatura de Curie capazes de viabilizar a spintrônica com 7 semicondutores em temperatura ambiente. Eles permitem sua aplicação imediata em dispositivos já concebidos, como os transistores de efeito campo (spin FET), os filtros de spin (spin filters) e os diodos emissores de luz polarizada (spin LED), baseados em correntes polarizadas em spin . É ainda um passo importante em direção à viabilização de bits quânticos de spin (spin qubit)9 e unidades de processamento para computação quântica combinando a funcionalização memória lógica com as propriedades spin-carga do elétron10. O PLD é a técnica de deposição mais bem sucedida na fabricação de nanoestruturas DMO e DMS a base de óxidos magnéticos semicondutores (particularmente, o TiO2 dopado com Co e o ZnO dopado com Fe e Co), perovskitas e manganitas magnéticas, sendo ainda bastante apropriada para a fabricação de heteroestruturas DMO/FM, DMS/FM a base desses óxidos magnéticos de alto impacto científico-tecnológico. Desde 2005 óxidos avançados são tema de pesquisa das equipes de spintrônica da UFPR e UFSCar dentro de uma extensão da colaboração científica com a equipe francesa da Unité Mixte de Physique (Université Paris Sud – Thales) dirigida pelo Dr. Albert Fert, um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Física de 2007, e o grupo do Dr. Victor Etgens do Institut de NanoSciences de Paris da Université Pierre et Marie Curie. A atuação científica conjunta destas equipes vem tendo o apoio da CAPES através de projetos bilaterais CAPES-COFECUB (Proc. No. 356/01 quadriênio 2001-2004 e Proc. No. 560/07 quadriênio 2007-2010). Especificamente nesta proposta propomos realizar a preparação e estudo em filmes finos de óxidos magnéticos da classe das manganitas (La1-xSrxMnO3 – LSMO e La1-xCaxMnO3 - LCMO) além dos óxidos magnéticos semicondutores ZnO, TiO2 e CeO2 dopados com Fe, Ni e Co. A magnetização, os efeitos magneto-óticos e as propriedades de magneto-transporte (tais como, o efeito Hall e a magnetorresistência) são algumas propriedades físicas a serem caracterizadas para avaliar a resposta ferromagnética desses materiais. Eventualmente, heteroestruturas e protótipos dispositivos poderão ser elaborados usando a competência e a excelente infraestrutura disponibilizada pela equipe proponente. Cabe mencionar que o sistema PLD a ser construído possibilitará ainda a fabricação de heterojunções nanoestruturadas, tais como: 8 DMS/SC, DMO/SC, DMS/FM e DMO/FM. O Grupo de Supercondutividade da UNESP pretende também utilizar os filmes finos de manganitas óxidas preparados por PLD e realizar de maneira sistemática os seguintes estudos: i. Para estudar o efeito da inserção de defeitos e respectivas flutuações na razão Mn+3/Mn+4. Partindo de filmes de La1-xMnO3, variar o valor de x e estudar alterações na temperatura da anomalia presente em baixas temperaturas e na temperatura de Curie. Realizar experimentos de χAC vs. temperatura em diferentes frequências para estabelecer o limite de validade da interpretação dos wall pinning effects apresentado pelos autores. Após isto, introduzir defeitos via dopantes e estabelecer as correspondentes variações na razão Mn+3/Mn+4. Por fim, estabelecer o efeito de tratamento térmico a diferentes atmosferas (O2, ar e argônio) na resposta magnética destes compostos. ii. A teoria de Kondo (para ligas magnéticas diluídas) explica a interação os spins localizados destas impurezas magnéticas com os elétrons de condução dos metais. Contudo, as propriedades magnéticas e de transporte das manganitas óxidas devem resultar de outros mecanismos. Em temperaturas mais baixas que a temperatura de Curie, TC, as manganitas óxidas (sejam as de estrutura perovskita ou espinélio) apresentam resposta ferromagnética e comportamento metálico. A técnica de susceptibilidade AC pode estudar as variações da temperatura de freezing, Tf, em função da frequência de excitação, executando um teste de validade para classificação spinglass-like behavior para as manganitas óxidas e, estabelecendo uma relação deste com a resposta das medidas de transporte elétrico dentro da concepção do Kondo-like transport behavior apresentado por Zhao e colaboradores11. iii. A resposta magnética em filmes finos é, em parte, dependente da espessura do filme, como colocado anteriormente. Assim pretendese também iniciar o estudo da resposta magnética em filmes com espessura de 200 nm e controladamente diminuir a espessura 9 observando o limite da existência da auto-organização (selfassembling) das partículas e relacionar com a microestrutura apresentada as variações na temperatura de pico (Tp) e de Curie (TC) das amostras. É interessante lembrar que o Grupo de Supercondutividade da UNESP pesquisa a preparação de sistemas óxidos por vias químicas, que permite obter uma grande gama de materiais óxidos na forma de pó. O grupo está interessado em adquirir em médio prazo e em paralelo a este projeto, um equipamento que permita a prensagem a quente do pó resultante da formação química dos materiais óxidos, o que permitirá o aprendizado da tecnologia de fabricação de alvos para a deposição de filmes por PLD. Óxidos transparentes e suas aplicações Óxidos transparentes têm sido utilizados mais freqüentemente como eletrodos transparentes para displays de cristal líquido ou dispositivos optoeletrônicos orgânicos, como é o caso do ITO (oxido de estanho dopado com índio), ZnO dopado com Al e SnO 2 dopado com Sb. Apenas recentemente com o desenvolvimento de novas técnicas de crescimento, como a epitaxia reativa de fase-sólida ou a epitaxia de fase-sólida simples com posterior tratamento térmico, foi possível a fabricação de filmes monocristalinos de novos óxidos transparentes para serem utilizados também em dispositivos optoeletrônicos como transistores transparentes de filmes finos, diodos emissores de luz na faixa do UV próximo e detectores de UV transparentes ao visível12. A fronteira dos estudos em óxidos transparentes está se expandindo na direção dos óxidos de gap largo contendo metais leves, através de vários novos óxidos tipo-p incluindo óxidos amorfos13. Novos materiais magnéticos e supercondutores têm atraído bastante interesse devido à perspectiva de seu uso em spintrônica. O interesse também se deu pelo aparecimento de novos fenômenos físicos, incluindo magnetorresistência colossal em manganitas dopadas, supercondutividade intermediada por spin, coexistência de ferroeletricidade e ferromagnetismo em 10 óxidos, dentre outros efeitos. Cálculos teóricos têm mostrado que o campo magnético gerado por um único vórtice no supercondutor é capaz de localizar cargas polarizadas em spin nos semicondutores magnéticos diluídos14. Nos últimos anos, uma série de dispositivos sofisticados de manipulação de vórtices foi desenvolvida 15. A grande variedade de estruturas cristalinas e mesmo os íons constituindo os óxidos, juntamente com sua ampla disponibilidade e compatibilidade com o meio ambiente, representam um enorme potencial para o desenvolvimento de novos materiais compostos para serem utilizados em spintrônica e eletrônica transparente. Este subprojeto de pesquisa tem como tema principal o estudo das propriedades ópticas de filmes e heteroestruturas de óxidos transparentes, condutores, semicondutores ou supercondutores. As técnicas experimentais a serem empregadas neste estudo serão basicamente a luminescência, no caso de óxidos semicondutores, ou o espalhamento Raman em todos os casos. Os resultados obtidos com a luminescência podem fornecer informações relevantes para o estudo destes óxidos, tais como formação ou não de éxcitons, energia de ligação dos mesmos, energia de ligação dos éxcitons a níveis de impureza e consequente identificação dos dopantes dos filmes semicondutores. A falta de filmes monocristalinos de óxidos transparentes é um fator limitante de performance para seu uso em dispositivos optoeletrônicos. Com o espalhamento Raman poderemos estudar o grau de cristalinidade dos filmes de óxidos transparentes a serem fabricados no sistema PLD ou mesmo a estrutura natural em forma de super-rede apresentada por uma série de famílias de óxidos, tais como InGaO 3(ZnO)m, In2O3(ZnO)m (m sendo um inteiro), ZnRh2O4, e LaCuOS. Nestes casos esperase a presença de modos vibracionais dobrados devido à presença da super periodicidade da estrutura. Alguns óxidos supercondutores de altas temperaturas, tais como o YBa2Cu3O7-δ e Bi2Sr2CaCu2O8+δ apresentam anomalias em seus espectros Raman quando parte dos seus íons de Cu 2+ são substituídos por outras impurezas. Em longo prazo, pretendemos estudar o espalhamento Raman eletrônico destes e outros óxidos supercondutores em temperaturas próximas as suas temperaturas críticas para observar a influência destas impurezas em 11 tais sistemas apresentando forte correlação eletrônica. Outros sistemas de elétrons fortemente correlacionados são representados pelas perovskitas de manganês, ou manganitas, tais como LaMnO 3. O espalhamento Raman destes sistemas é afetado pelo ordenamento orbital dos elétrons dos íons de Mn 3+. O estudo da espectroscopia Raman das manganitas é ainda mais valioso na elucidação dos mecanismos físicos envolvidos neste delicado balanço entre os vários graus de liberdade (spin, orbital, carga, Jahn-Teller) com respectivos parâmetros de ordem que competem ou cooperam entre si, dando origem a uma gama extensa de estados fundamentais distintos com energias muito próximas. Ambas as classes de óxidos poderão ser fabricadas pelo sistema PLD proposto viabilizando consequentemente os estudos acima mencionados. Dentre os materiais propostos para fazer papel principal na chamada spintrônica, os semicondutores magneticamente diluídos têm se mostrado como os mais promissores. Com uma alta concentração de material magnético diluído, estes podem se aglomerar formando nanoestruturas magnéticas dentro da matriz semicondutora. Com a junção entre materiais semicondutores com filmes supercondutores abre-se a possibilidade de manipulação de cargas nos materiais semicondutores através da manipulação de vórtices no material supercondutor. Dependendo dos íons e estrutura cristalina envolvida podemos fabricar óxidos apresentando comportamento semicondutor, como é o caso do ZnO, ou então supercondutor, como é o caso do YBa 2Cu3O7-δ (YBCO). A caracterização eletrônica através das propriedades ópticas destas novas heteroestruturas torna-se então essencial. A proposta aqui é o estudo destas novas heteroestruturas formadas entre os óxidos magneticamente diluídos e com caráter semicondutor com filmes de óxidos supercondutores. Tendo em vista a ampla variedade de possibilidades de estudo e o tempo limitado em dois anos para a execução desta proposta, na linha “Óxidos magnéticos avançados” teremos como foco os seguintes materiais nos estudos acima propostos: CeO2, LaMnO3, LSMO, LCMO e YBCO. Estes materiais serão estudados inicialmente de maneira isolada e possíveis combinações entre eles podem ser exploradas dependendo dos resultados obtidos. 2. Multiferróicos artificiais 12 É interessante salientar que materiais óxidos mais complexos podem apresentar características muito interessantes do ponto de vista spintrônico como o controle de magnetização via polarização elétrica e o de polarização elétrica via campos magnéticos. Materiais que possuem esta característica são conhecidos como multiferróicos16, considerados com um futuro promissor no ramo da eletrônica de spins. Esta linha de pesquisa surge naturalmente a partir da linha dos DMOs e, caminhar nesta direção, é do interesse dos grupos de pesquisa envolvidos neste. O interesse tecnológico dos multiferróicos é imediato, pois apresenta graus de liberdades adicionais para componentes multifuncionais. Os cenários mais promissores para aplicações estão no domínio de dispositivos de memórias electric-write magnetic-read que combinam o melhor das memórias de acesso aleatório ferroelétricas (FeRAMs) e magnéticas (MRAMs)17 e também no domínio de sensores de campos magnéticos18 que podem substituir a tecnologia atual SQUID, funcional apenas em baixas temperaturas. Um cristal ferroelétrico (FE) exibe uma polarização elétrica estável e direcionável, a qual é resultado do deslocamento atômico cooperativo no interior do material. Já um cristal ferromagnético (FM) exibe uma magnetização estável e direcionável, a qual surge do fenômeno quântico de exchange, resultado de interações coulombianas associadas ao princípio de Pauli nas regiões intra e inter-átomos no material. O acoplamento magneto-elétrico (AME) é o responsável pela conexão entre as propriedades elétricas e magnéticas nos multiferróicos. Entretanto, existem poucos materiais naturalmente multiferróicos, o que é compreendido em termos dos mecanismos convencionais auto-excludentes que levam à ferroeletricidade (deslocamentos catiônicos necessitam de orbitais d vazios) e ao ferromagnetismo (a formação dos momentos magnéticos resulta normalmente de orbitais d parcialmente preenchidos). Para que as propriedades de ferromagnetismo e ferroeletricidade coexistam em um mesmo material de fase única é necessário que os átomos que se deslocam para formar os momentos de dipolo elétrico não sejam os mesmos que os responsáveis pelo momento de dipolo magnético 19,20. Os 13 materiais que apresentam este comportamento são 21 YMnO3, TbMnO3, Tb2Mn2O5, BiFeO3, Cr2O3, BiMnO3, CoCr2O4 e CuO22. Boa parte destes materiais foram estudados em sua forma bulk na literatura, sendo que o estudo na forma de filmes finos e nanoestruturas possui forte demanda no desenvolvimento desta tecnologia. Entretanto, normalmente os compostos são anti ferromagnéticos, com baixas temperaturas críticas, dificultando aplicações, e o AME é intrínseco aos materiais o que torna este desenvolvimento bastante complexo. Uma estratégia alternativa para a engenharia de materiais com forte AME é a de introduzi-lo de forma indireta entre dois materiais, compondo uma estrutura que possua interfaces FE/FM. Nestes casos, o AME é uma propriedade de um produto tensorial que resulta de interações cruzadas entre os diferentes ordenamentos das fases FM e FE do composto 23. De uma maneira simplificada, em sistemas compostos os AMEs para os casos de controle por campo elétrico (E) e magnético (H) podem ser escrito na forma 24: AMEE= elétrico mecânico × mecânico magnético AMEH= magnético mecânico × mecânico elétrico Nem o FE nem o FM possuem AME, mas este último pode surgir entre os dois por interações elásticas. Desta forma, os materiais ideais para compor a estrutura devem ser os FE que apresentam piezoeletricidade e o FM que apresentem magnetostricção. Assim, se um campo elétrico for aplicado, o piezoelétrico responderá com uma deformação que por sua vez induzirá mudança de magnetização ao FM. Se um campo magnético for aplicado, o magnetostrictivo reagirá com deformação e poderá ocasionar mudança na polarização do FE. O AME em materiais compostos é, portanto, uma propriedade extrínseca dependendo da microestrutura dos compósitos e da interação de acoplamento na interface entre FE e FM, sobre as quais podemos ter maior controle experimental. A descrição acima é o que chamamos multiferróicos artificiais neste 14 projeto. Boa parte dos estudos apresentados na literatura para este ramo também é baseada em materiais bulk. A fabricação por PLD destes compostos na forma nanoestruturada, além do fator miniaturização, apresenta vantagens com relação à forma massiva pelo maior controle das propriedades extrínsecas. Em escalas nanométricas, surgem graus de liberdades adicionais tais como tensão de rede pela epitaxia e interação interfacial entre os diferentes filmes finos que compõe a estrutura e que são determinantes no controle das propriedades desejadas. Estes graus de liberdade adicionais podem ser controlados e tornados reprodutíveis pelas condições experimentais de crescimento dos materiais. São duas as principais maneiras de produzir um multiferróico artificial que estão ilustradas na Figura 5: a) mistura de grãos FE e FM e; 2) filmes finos FE e FM em bi ou multicamadas. Nas duas situações, cada material deve ser otimizado separadamente para operação em temperatura ambiente. O acoplamento elástico entre FE e FM depende fortemente da região de interface entre estes materiais. É interessante lembrar que no caso da mistura de grãos, o material magnético deve ser isolante para evitar curtos-circuitos. Este problema também pode ocorrer na estrutura de multicamadas dependendo da geometria de excitação por campos elétricos. Entretanto, nesta configuração, pode-se utilizar FMs metálicos, desde que sejam evitados pinholes entre as camadas FMs separadas pelas Fes. Figura 5: Ilustração mostrando as duas principais maneiras de obtenção de multiferróicos artificiais: a) mistura de grãos FE e FM e; b) filmes finos FE e FM numa estrutura de bi ou multicamadas . Dentro desta proposta trataremos o caso de filmes epitaxiais, pois estes permitem realizar estudos mais acurados sobre o AME pelo fato de que a orientação cristalográfica, espessura, rugosidade e química interfacial dos filmes contínuos serem mais facilmente controladas. Resultados interessante e 15 relativamente recentes[25-27] envolvendo AME encontrados na literatura nos motivaram na escolha dos materiais para esta parte do projeto. Utilizaremos substratos de STO e LaAlO3, sobre os quais otimizaremos a qualidade cristalina de filmes de manganitas ferromagnéticas (LCMO e LSMO) e de filmes de piezoelétricos de Pb(Zr,Ti)O3 (PZT). Na etapa seguinte, buscaremos a otimização do crescimento de nanoestruturas LSMO(ou LCMO) / PZT / STO(001), PZT / LSMO(ou LCMO) / STO (001), LSMO(ou LCMO) / PZT / LaAlO3(001) e PZT / LSMO(ou LCMO) / LaAlO3 (001). 3. Filmes finos supercondutores Há muitos anos, pesquisas em materiais têm sido fortemente direcionadas ao desenvolvimento de filmes. O aprimoramento de técnicas típicas da ciência dos materiais para o desenvolvimento e a caracterização filmes finos tem aberto novas fronteiras para a física, que passa a ocupar-se de forma crescente de amostras com alta razão área/volume, de modo que a existência de superfícies não pode ser ignorada. Os efeitos daí decorrentes são tema de alta relevância para a física atual. Para materiais supercondutores (SC) na forma de filmes finos, muitos efeitos manifestam-se através de respostas magnéticas não-convencionais. Simulações realistas quanto à geometria da amostra e à sua interação com os vórtices (fluxo quantizado penetrado no supercondutor), favorecem a compreensão de fenômenos tipicamente associados ao caráter quasebidimensional do problema. A riqueza de opções para novos estudos, entretanto, requer amostras de boa qualidade que, no caso de supercondutores de altas temperaturas críticas (HTS), só podem ser obtidas a partir da técnica de PLD. Dentre as várias possibilidades que se pode concretizar a partir da disponibilidade de boas amostras, podemos citar: i. A resposta magnética de filmes finos SCs é muito semelhante às de amostras mesoscópicas, que despertam grande interesse quando se considera o rápido avanço da ciência e da tecnologia para os domínios nanométricos. Uma importante diferença, porém, é que 16 filmes podem ser estudados com magnetômetros convencionais, o que não é possível no caso de amostras mesoscópicas, que requerem o emprego de técnicas de detecção local, tais como microsensores Hall ou microscópios SQUID; ii. Filmes relativamente extensos (dimensões laterais da ordem de centenas de mícrons) podem abrigar arranjos ordenados de defeitos colunares, produzidos artificialmente, com vistas ao estudo de sua interação com vórtices penetrados. A produção de filmes de boa qualidade, no qual são depois indentados milhares de defeitos na forma de redes ordenadas, propicia o estudo das condições ótimas para o ancoramento dos vórtices pelas colunas, uma condição vital para viabilizar o transporte de altas correntes supercondutoras pela amostra. Assim, outro estudo previsto é penetração de fluxo de campo magnético a movimentação de vórtices em supercondutores, que é um processo dissipativo. Em condições adversas, o aquecimento local associado a esse movimento pode desencadear a supressão da supercondutividade e, portanto, a compreensão deste fenômeno em estruturas com dimensões reduzidas é de importância tecnológica. Em amostras reais, as não homogeneidades associadas com defeitos e desordem agem como centros de aprisionamento (pinning centers, PCs) e afetam a ordem da rede de vórtices. Uma estratégia clássica para evitar transições catastróficas ao estado normal é dotar a amostra de Pcs28. Isto, entretanto, torna mais rica a dinâmica de vórtices e, conseqüentemente, mais complexa sua compreensão plena. Neste projeto, o interesse é estudar a influência de Pcs naturais e também o caso no qual os PCs formam um arranjo regular de defeitos colunares. Estes últimos serão feitos por técnicas distintas, tais como nanoindentação, desbaste por feixe iônico e litografia. Uma das técnicas a ser utilizada neste estudo é a tradicional suscetibilidade AC em função de campo magnético DC, campo oscilante de prova (intensidade e freqüência) e temperatura. 17 Esta proposta ainda prevê a utilização de uma técnica de caracterização de materiais bastante versátil e hoje a mais poderosa para o estudo de domínios magnéticos baseada na produção de imagens empregando técnicas magneto-óticas (magneto-optical imaging, MOI). A idéia é, literalmente, poder ver o que se passa. Atualmente, cerca de trinta grupos no mundo têm acesso a essa técnica, sendo o grupo de Oslo, liderado pelo Prof. Tom Johansen, um dos mais destacados, único capaz de fazer, cotidiana e sistematicamente, imagens com resolução suficiente para observar vórtices individuais 29. A base experimental para a produção de imagens pela técnica MOI é o efeito Faraday[30-35], i.e., a rotação da direção de polarização da luz induzida pelo campo magnético. Dentre os materiais que têm sido usados como indicadores em MOI, os de uso mais frequente são filmes ferrimagnéticos de Bi:YIG (Ytrium iron garnet com Bi substitucional), que têm magnetização espontânea no plano. A aplicação de um campo perpendicular ao filme cria uma componente perpendicular na magnetização que causa a rotação de Faraday. O filme indicador é colocado no caminho do feixe de luz, entre um polarizador e um analisador (a 90°). Um campo magnético perpendicular ao filme faz com que a magnetização se incline. O aparecimento de uma componente fora do plano causa uma rotação da direção da polarização, tanto maior quanto maior for o campo magnético. Após atravessar o analisador, a luz terá uma distribuição espacial cuja intensidade reflete a distribuição espacial do campo magnético no plano do filme indicador que corresponde aproximadamente ao que existe na superfície da amostra. Cabe ressaltar que para a implantação de estação experimental para o estudo de espécimes magnéticos através da técnica MOI teremos o apoio valioso do Prof. Johansen, reconhecido mundialmente como uma das maiores autoridades em MOI. Nesta proposta, Nb e YBCO são os materiais que adotaremos para iniciar os estudos de crescimento de filmes finos supercondutores por PLD, bem como, das propriedades supercondutoras de materiais com dimensões reduzidas a serem realizados no prazo de 2 anos do projeto. 18 Material e Métodos: A deposição de filmes finos sobre substratos sólidos tem suas origens históricas há mais de 50 anos. De maneira geral, as tecnologias de deposição de filmes mais utilizadas atualmente podem ser separadas em três grandes grupos: PVD (physical vapor deposition), CVD (chemical vapor deposition) e eletrodeposição. Existem também outros métodos, como os filmes LB (Langmuir-Blodgett), mas sem dúvida os filmes sintetizados por CVD ou PVD possuem algumas características de qualidade insuperáveis. As várias décadas de experimentação e caracterização transformaram as técnicas de PVD e CVD em sofisticados instrumentos de preparação controlada de amostras. Várias tecnologias modernas dependem fortemente de alguma técnica PVD ou CVD. Dentro das técnicas de PVD e CVD encontramse agrupados: evaporação térmica simples, a epitaxia por feixe molecular (MBE), o sputtering ou desbaste iônico, a deposição assistida por feixe iônico (IBAD), o CVD de baixa pressão (LPCVD), o CVD de metalorgânicos (MOCVD) e o CVD auxiliado por plasma (PECVD), que estão entre as técnicas mais conhecidas. Há pouco mais de uma década surgiu uma nova técnica muito simples e precisa, na qual os filmes são depositados a partir da ablação ou do desbaste de um alvo por um laser pulsado de alta potência. Na literatura esta técnica é conhecida por PLD (pulsed laser deposition) ou alternativamente LA (laser ablation)36. Uma ilustração do crescimento por PLD está apresentada na Figura 1. A técnica do PLD requer uma câmara de crescimento, um laser de alta potência e um alvo sólido. Mais especificamente, a câmara deve ter capacidade de atingir ultra alto-vácuo para propiciar a síntese de filmes livres de contaminantes. Vários tipos de laser pulsado podem ser utilizados e, dependendo do alvo sólido a ser desbastado, lasers de diferentes comprimentos de onda, potência e frequência de pulsos são empregados. Cada pulso de laser ao iluminar o alvo produz um violento desbaste com a ionização parcial do material vaporizado gerando um plasma. Temperaturas instantâneas de mais de 10.000 K são atingidos nesta região de plasma. Este plasma se expande pela repulsão dos íons e o material que expande é coletado 19 sobre substratos. Cada pulso de laser gera um pulso de deposição que pode ter uma taxa instantânea de 105 Å/s, taxa inatingível com qualquer outra técnica PVD ou CVD. Sob condições específicas a cada material, é possível obter a nucleação camada-por-camada para a produção de filmes ultrafinos com alta qualidade cristalina mesmo para compostos quimicamente complexos. Este método gera filmes com microestrutura diferenciada das outras técnicas e, característica muito importante no quesito reprodutibilidade e controle, quase sempre sintetiza filmes com a mesma composição do alvo sólido desbastado36,37. Figura 1: Ilustração da deposição por PLD A técnica do PLD possui vários atrativos desejáveis: a) Os filmes depositados têm a composição original do alvo desbastado. Algumas outras técnicas por PVD e CVD enfrentam dificuldades técnicas no controle adequado da estequiometria dos materiais preparados; b) A técnica é mais simples que as concorrentes por PVD e CVD, envolvendo basicamente uma boa câmara de vácuo, uma fonte de laser pulsado adequada e alvos de qualidade; c) A taxa instantânea de deposição pode ser extremamente alta, 20 embora seja relativamente simples controlar a taxa de deposição em valores que permitam uma epitaxia de camadas bem controlada, similar ao que é obtido pelas outras técnicas PVD e CVD; d) A flexibilidade na mudança de um tipo de filme para outro é extrema e normalmente apresenta dificuldades tecnológicas mínimas; e) Há alguns tipos de filmes que só podem ser depositados pela técnica do PLD, entre eles, filmes de supercondutores cerâmicos e filmes de óxidos complexos, que são hoje os tecnologicamente mais interessantes e não podem ser crescidos com a qualidade necessária pelos métodos usualmente empregados para epitaxia de metais e materiais semicondutores; e) Há alguns tipos de filmes que só podem ser depositados pela técnica do PLD, entre eles, filmes de supercondutores cerâmicos e filmes de óxidos complexos, que são hoje os tecnologicamente mais interessantes e não podem ser crescidos com a qualidade necessária pelos métodos usualmente empregados para epitaxia de metais e materiais semicondutores; f) A adição de gases (ou condições de crescimento - temperatura e pressão) específicos ao sistema PLD pode levar à produção de nanopartículas e não a filmes, já que neste caso o material desbastado pelo pulso do laser condensa em nanoaglomerados antes de chegar ao substrato (ou na superfície do substrato) de coleta. A PLD é, portanto, uma técnica muito versátil e que permite a fabricação de filmes finos e nanoestruturas de uma vasta gama de materiais com características completamente distintas. Por exemplo, além de crescer filmes de óxidos complexos e filmes cerâmicos supercondutores, é também possível 21 obter filmes poliméricos, filmes cristalinos de óxidos magnéticos semicondutores, óxidos transparentes, filmes metálicos e semicondutores tradicionais, como também, óxidos binários e ternários amorfos. Outra vantagem da técnica é a possibilidade de fazer o crescimento de camadas alternadas desses materiais, digamos isolante/supercondutor/semicondutor ou misturas similares, e de uma maneira simples. Nenhuma outra técnica PVD e CVD atual apresenta tamanha flexibilidade. Sem dúvida alguma, o desenvolvimento e/ou fortalecimento de know-how contido nas variadas possibilidades de aplicação da técnica de PLD em nanotecnologia será de grande valia para o avanço científico-tecnológico no Brasil. A Universidade Federal do Paraná está em posição vantajosa com relação à implementação da técnica PLD. O Laboratório de Nanoestruturas e Sensores (LANSEN) do Departamento de Física da UFPR, o qual abrigará o sistema em questão, fornecerá em contrapartida a maior parte dos equipamentos necessários para a montagem PLD, a saber: Um laser Quantronix modelo 4117 de 80 W no contínuo em 1064 nm. Possui Q-switch, Mode-locker e Gerador de Segundo Harmônico para 532 nm para deposição de metais. Está em aquisição para este laser o Gerador de Terceiro Harmônico para pulsar em ultravioleta para deposição de óxidos e isolantes. Além disto, está sendo adquirido um Pulse-picker para pulsos de femtosegundos para a realização de experimentos de óptica nãolinear. Um laser Quantronix modelo 117 de 35 W no contínuo em 1064 nm. Só dispõe da opção não pulsada e poderá ser utilizado no aquecimento de amostras em PLD via radiação infravermelha. Além disto, o LANSEN dispõe de todos os acessórios ópticos necessários tais como espelhos, lentes e passadores para vácuo, bem como, um posicionador piezoelétrico para realizar a varredura do feixe de laser sobre 22 o alvo de ablação, garantindo a estequiometria do depósito e sua durabilidade. Dois passadores rotativos para ultra-alto vácuo que serão utilizados para troca de alvos e amostras na câmara futura de PLD também estão à disposição do projeto. Estes equipamentos e acessórios foram adquiridos no s últimos anos através de projetos individuais e/ou doações tendo por meta a construção de um PLD. De fato, a estrutura local já permite a fabricação de nanoestruturas, tais como nanopartículas de metais em solução líquida. A Figura 2 mostra imagens do laser 4117 em funcionamento, atingindo o alvo de Ni para a fabricação de nanopartículas em meio líquido. Obviamente, para o desenvolvimento de tecnologia em filmes nanoestruturados é necessário um ambiente limpo em ultra-alto vácuo. Em vista da infra-estrutura local, as demandas mínimas deste projeto para operacionalizar a deposição de nanoestruturas por PLD são: 1. Uma câmara para ultra-alto vácuo (~ 14 L) 2. Anéis de cobre para vedação da câmara 3. Uma estação de bombeamento para ultra-alto-vácuo (~1x10-9 torr) com sensores 4. Material para confecção de porta alvos e porta amostras 5. Alvos dos diferentes materiais 6. Substratos 7. Válvula agulha para inserção de gás na câmara As Figuras 3 e 4 mostram esquemas ilustrativos da proposta de câmara para a deposição por PLD. A câmara será cilíndrica (Fig. 3) e terá aproximadamente 14 litros de volume interno. Ao longo de seu perímetro em meia altura, contará com entradas para laser (LA), gás (G), porta amostras (PAM), porta alvos (PA), pirômetro (PY – posicionado acima da meia altura) para medida de temperatura do substrato e uma entrada adicional para inserções futuras (P). Nas extremidades da câmara cilíndrica (Fig. 4) serão colocadas entradas para a estação de bombeamento (VAC - parte de baixo) e janela de observação (JAN) + futura entrada para um sistema de carregamento de amostras (parte de cima). 23 Figura 3: Esquema ilustrativo da câmara PLD vista de cima. Figura 4: Esquema ilustrativo da câmara PLD vista lateralmente. 24 Cronograma: Atividades Ago/11 Set/11 Out/11 Nov/11 Dez/11 Fev/12 Mar/12 Abr/12 Mai/12 Jun/12 Implementação da técnica Confecção de amostras x x x x x Caracterização das amostras x Análise das medidas de caracterização x x Produção de material de divulgação científica x x x x Recursos (Físicos, Materiais e Financeiros): Todos os equipamentos, insumos, suprimentos e material de consumo para a realização do projeto já estão disponibilizados na Universidade Federal do Paraná, através dos laboratórios e grupos de pesquisa: 1. Universidade Federal do Paraná: I. Grupo de Filmes e Nanoestruturas Magnéticas O Grupo de Filmes e Nanoestruturas Magnéticas do Departamento de Física da UFPR possui dois laboratórios: o Laboratório de Superfícies e Interfaces (LSI) e o Laboratório de Nanoestruturas para Sensores (LANSEN). O LSI ocupa uma área de 40 m2 e dispõe de um sistema VG ESCA3000 para análise microquímica por espectroscopias de fotoelétrons (AES e XPS) em UHV podendo realizar análises no intervalo de temperatura entre -175 °C e 800 °C. 25 O LANSEN ocupa uma área de 100 m2 e dispõe de dois sistemas para eletrodeposição e análise eletroquímica (potenciostato/galvanostato EG&G 273A e Ohmnimetra 5000), uma evaporadora por feixe de elétrons (Balzers BAS570), um magnetômetro de força gradiente alternante (operação à temperatura ambiente e campos de até 7 kOe), um sistema de recozimento de amostras por RTA (Rapid Thermal Annealing) controlado por PID até 800 °C acoplado a um sistema de medida de resistência elétrica in situ, sistema de medidas de resistividade e magnetorresistência usando método de quatro pontas com corrente alternada e detecção síncrona (amplificador lock in EG&G 5210). O LANSEN dispõe ainda de 2 lasers Nd:YAG da Quantronix, modelos 4117 de 80 W e 417 de 35 W. Além da fabricação de nanoestruturas magnéticas e superfícies hidrofílico-hidrofóbicas as atividades de pesquisa do grupo são focalizadas na caracterização desses materiais usando técnicas de microscopia (TEM, SEM, AFM e MFM), análise estrutural (XRD, SAED) e análise química (XPS, AES e EDS). A caracterização magnética de materiais sustenta-se em colaborações com outros centros no país, em especial, o GSM da UFSCar. O grupo também tem acesso direto a laboratórios multi-usuários institucionais dentro da UFPR que dispõem dos seguintes equipamentos instalados: um difratômetro de raiosx (Shimadzu 5000) com estágio para controle de temperatura entre -175 °C e 400 °C, um difratômetro quatro círculos com monocromador de quatro cristais de Ge(111), um microscópio de força atômica e magnética (Shimadzu SPM9500J3) com acessórios para processo eletroquímicos in situ, microscópios eletrônicos de transmissão e varredura do Centro de Microscopia Eletrônica da UFPR (JEOL JEM1200EX-II e JEOL JSM6360-LV) tendo como acessórios EDS com imageamento digital e catodoluminescência. II. Grupo de Propriedades Ópticas, Eletrônicas e Fotônicas O grupo de Propriedades Ópticas, Eletrônicas e Fotônica do Departamento de Física da UFPR foi criado há cerca de quatro anos. No entanto, seus membros já possuem experiência de mais de quinze anos no estudo das propriedades ópticas de semicondutores. 26 Os membros do grupo apresentam históricos de colaboração com outros grupos de pesquisa da mesma instituição, com instituições participantes deste projeto, e com pesquisadores de outras instituições nacionais e internacionais. A infraestrutura experimental disponível atualmente inclui um laboratório com capacidade para realizar medidas de fotoluminescência usando dois espectrômetros: dual Jarrel-Ash (infravermelho próximo) e Andor com CCD (UV-visível). Um detector de InGaAs refrigerado estende a capacidade de detecção para o IV próximo. A excitação pode ser feita com lasers de estado sólido (532 nm, 300 mW; 473 nm, 50 mW) ou de gás (He-Ne, 632.8 nm, 20 mW). O mesmo arranjo experimental permite medidas de espalhamento inelástico de luz (Raman) utilizando filtro notch ou sharp edge apropriados para 532 nm ou 632.8 nm.. Um criostato de circuito fechado de He (Janis) permite que ambas as técnicas possam ser utilizadas a temperaturas entre 10 e 800 K. O Grupo dispõe também de um espectrofotômetro (Perkin-Elmer) com duas fontes de iluminação (deutério e tungstênio) para levantar espectros de transmissão na faixa de 200 nm a 900 nm em amostras sólidas ou em solução e um arranjo experimental para técnicas de espectroscopia de modulação (transmissão e refletividade moduladas). Os feixes de prova monocromáticos são providenciados por um espectrofotômetro (Beckman) para a faixa do UV visível e por um espectro radiômetro (OPTRON) para a faixa do vermelho e infravermelho próximo (até 2 µm), enquanto que a modulação da função resposta das amostras é realizada por um laser de He-Ne interrompido a uma frequência determinada por um chopper (Stanford). Dependendo das necessidades de cada sistema estudado, modificações nos arranjos experimentais básicos descritos acima (polarização, energia e potência de excitação, dentre outras) podem ser realizadas utilizando a infraestrutura de componentes ópticos disponíveis no grupo. 2. Universidade Federal de São Carlos I. Grupo de Supercondutividade e Magnetismo O Grupo de Supercondutividade e Magnetismo (GSM) do Departamento 27 de Física da UFSCar desenvolve pesquisas nas seguintes linhas de pesquisa : supercondutividade em materiais cerâmicos, magnetismo e magneto-transporte em sistemas nanoestruturados magnéticos e estudos do cromo e suas ligas anti ferromagnéticas. O laboratório do grupo possui de infraestrutura para operar com hélio líquido usando linha de recuperação de gás e reservatórios. Os equipamentos disponíveis para caracterização de materiais magnéticos e supercondutores são : MPMS-5S – magnetômetro com sensor SQUID: O magnetômetro SQUID MPMS- 5S que foi adquirido em 1996 com recursos da FAPESP e está em plena operação, sendo um equipamento que funciona praticamente de maneira ininterrupta 24 horas por dia, 7 dias por semana. Consiste em um magnetômetro com sensor SQUID que opera de 1.8 K até 800 K e campos de até 50 kOe. Esta estação conta também com um suscetômetro AC (com sensor SQUID) posicionador de amostras, forno para altas temperaturas (até 800K) e acessório de alta resolução (10-9 emu). PPMS – 6000 – O sistema consiste em uma plataforma que permite a montagem de diversos tipos de experimentos e inclusão de acessórios. O nosso sistema pode operar na faixa de 1.8 K até 400 K com campos magnéticos de até 90 kOe. No momento estão disponíveis magnetização acessórios convencional que permitem (resolução de medidas 10 -5 de emu), suscetômetro AC (até 10 kHz), resistividade elétrica e medidas de corrente versus tensão para tensões de até 100 mV. Como mencionamos acima está em fase final de implantação a célula capacitiva para medidas de expansão térmica com a aplicação de campos magnéticos. VSM – EG&G – Magnetômetro de amostra vibrante: O magnetômetro de amostra vibrante está instalado em um eletroímã que permite campos magnéticos de até 10 kOe com sensibilidade de 10-5 emu. Este sistema está instalado em um criostato de fluxo Janis, que permite operar de 1.4 até 330 K. 28 Suscetômetro AC: Sistema desenvolvido em nosso laboratório que opera na faixa de 77 K a 350 K com campos AC de até 100 Oe. Criostato de fluxo de He: Este sistema encontra-se no momento sem controlador de temperatura e nele será montada a técnica de medidas de expansão térmica. Microscópio de força atômica (AFM) e tunelamento (STM) – Microimaging – Este sistema permite realizar crescimento de amostras por via eletroquímica. Forno a arco voltaico: Forno desenvolvido em nosso laboratório que permite a fusão de metais de transição e obter ligas com alto grau de pureza. Fornos para tratamento térmico: Atualmente dispomos de 4 fornos (um com atmosfera controlada) que permite realizar tratamentos térmicos nas amostras produzidos pelo nosso grupo. Sistema de imagem magneto-ótica (MOI): em aquisição. Instalação prevista durante o ano de 2009. 3. Universidade Estadual Paulista I. Grupo de Supercondutividade O Grupo de Supercondutividade da UNESP-Bauru dispõe do Laboratório de Materiais Supercondutores (LMSC). Os equipamentos disponibilizados para a realizar atividades desta proposta são: dois sistemas de preparação de filmes finos. Spin coating CHEMAT 4A-KV e dip-coater nacional, 1 sistema sputtering, 2 muflas EDG, 1 forno tubular com atmosfera controlada marca JUNG, 1 bomba de vácuo KV8 Edwads, 1 capela de síntese química, 1 forno de crescimento de cristais tipo Bridgman. 29 Colaboradores Externos: 1. Prof. Dr. Wido Herwig Schreiner / Departamento de Física / Grupo de Filmes e Nanoestruturas Magnéticas / CNPq 1B - UFPR 2. Prof. Dr. Dante Homero Mosca Jr / Departamento de Física / Grupo de Filmes e Nanoestruturas Magnéticas / CNPq 1D - UFPR 3. Prof. Dr. Edilson Sérgio Silveira / Departamento de Física / Grupo de Propriedades Ópticas, Eletrônicas e Fotônica - UFPR 4. Prof. Dr. Evaldo Ribeiro / Departamento de Física / Grupo de Propriedades Ópticas, Eletrônicas e Fotônica / CNPq 2 - UFPR 5. Prof. Dr. Cyro Ketzer Saul / Departamento de Física / Grupo de Propriedades Ópticas, Eletrônicas e Fotônica - UFPR 6. Prof. Dr. Wilson Ortiz / Departamento de Física / Grupo de Supercondutividade e Magnetismo / CNPq 1C - UFSCAR 7. Prof. Dr. Paulo Noronha Lisboa Filho / Departamento de Física / Grupo de Supercondutividade / CNPq 2 - UNESP-Bauru Considerações finais A instituição executora possui uma equipe proponente com a qualificação técnica e científica necessária para implantação da técnica PLD respaldada por uma extensa produção científica em áreas pertinentes a proposta: domínio da tecnologia UHV, uso intensivo e de uma ampla gama de técnicas de caracterização de materiais e diversas técnicas de deposição de filmes e nanoestruturas. O conjunto de equipes colaboradoras possui experiência em propriedades magnéticas de materiais magnéticos e supercondutores, propriedades óticas de materiais semicondutores. As três linhas de pesquisa a serem desenvolvidas dentro dessa proposta inserem-se em áreas estratégicas de desenvolvimento do país. Os temas científicos abordados nos projetos de pesquisa a serem desenvolvidos possuem inegável impacto e relevância científica com repercussões imediatas para a área de pesquisa e desenvolvimento, lembrando ainda que a execução da proposta necessita recursos financeiros de valor irrisório frente ao valor do equipamento a ser construído e seus benefícios técnicos e científicos. 30 Referências: 1 S. A. Wolf et al, Science 294, 1488 (2001) Barthélémy et al., Handbook of magnetic materials, vol. 12, p.1. Editor: K. H. J. Bushow © 1999, Elsevier. 3 de Teresa et al. Science 286, 509 (1999) 4 J. A. Katine et al, phys. Rev. Lett. 84, 3149 (2000) 5 E. M. Chunovsky, J. R. Friedman, Phys. Rev. Lett. 85, 5206 (2000) 6 D. Awschalom et al, Nature 397, 139 (1999) 7 Dietl et al, Science 287, 1019 (2000) 8 T. Fukumura et al, Appl. Surf. Sci. 223, 62 (2004) 9 J. C. Egues, Science 309, 565 (2005) 10 V. Cerletti et al, Nanotechnology 16, R27 (2005) 11 Y. G. Zhao et al., Appl. Phys A 81, 607 (2005) 12 H. Ohta et al.. Adv. Funct. Mater. 13, 139 (2003) 13 S. Narushima et al., Adv. Mater. 15, 1409 (2003) 14 M. Berciu et al., Nature 435, 71 (2005) 15 C. S. Lee et al., Nature 400, 337 (1999) 16 Gajek et al, Nature Materials 6, 296 (2007) 17 M. Bibes and A. Barthélémy, Nature Materials 7, 425 (2008) 18 S. Dong, J.-F. Li and D. Viehland, Appl. Phys. Lett. 83, 2265 (2003) 19 N. A. Hill, J. Phys. Chem. B 104, 6694 (2000) 20 R. Ramesh and N. A. Spaldin, Nature Materials 6, 21 (2007) 21 H. Béa, M. Gajek, M. Bibes and A. Barthélémy, J. Phys.: Condens. Matter 20, 434221 (2008) 22 T. Kimura, T. Sekio, H. Nakamura, T. Siegrist e A. P. Ramirez, Nature Materials 7, 291 (2008) 23 W. Eerestein, N. D. Mathur and J. F. Scott, Nature 442, 759 (2006) 24 C.-W. Nan, M. I. Bichurin, S. Dong, D. Viehland, G. Srinivasan, J. Appl. Phys. 103, 031101 (2008) 25 W. Eerestein, M. Wiora, J. L. Prieto, J. F. Scott and N. Mathur, Nature Materials 6, 348 (2007) 26 Y. G. Ma, W. N. Cheng, M. Ning, C. K. Ong, Appl. Phys. Lett. 90, 152911 (2007) 27 M. P. Singh, W. Prellier, L. Mechin, Ch. Simon, B. Raveau, Thin Solid Films 515, 6526 (2007) 28 M. Haruta et al, Physica C 412, 511 (2004); 29 L. Shlyk et al, Appl. Phys. Lett. 86, 092503 (2005); 30 L. Civale, Physica C 412, 976 (2004); 31 J. Y. Coulter et al, Physica C 412, 1079 (2004); 32 S. Khatua et al, Journ. Appl. Phys 96, 7403 (2004); 33 T. Kyoso et al, Physica C 412, 506 (2004) 34 ver site: http://www.fys.uio.no/super/ 35 ver site: http://www.mmresearch.com/articles/article3/ 36 P. R. Willmott, Progress Surf. Sci. 76, 163 (2004) 37 H. M. Christen and G. Eres, J. Phys.: Condens. Matter 20, 264005 (2008) 2 31 ______________________________________________ Prof. Dr. Alex Boiarski Cezar Paranaguá, 3 de julho de 2011 32