627 July-August 2005 CROP PROTECTION Desenvolvimento de um Modelo Para Previsão de Ocorrência do Bicho-Furão-dos-Citros, Ecdytolopha aurantiana (Lima) (Lepidoptera: Tortricidae) RONALDO REIS JR., JOSÉ R.P. PARRA E JOSÉ M.S. BENTO Depto. Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, USP Av. Pádua Dias, 11, 13418-900, Piracicaba, SP Neotropical Entomology 34(4):627-638 (2005) Development of a Model to Predict the Occurrence of Citrus Fruit Borer, Ecdytolopha aurantiana (Lima) (Lepidoptera: Tortricidae) ABSTRACT - The goal of this work was to develop a model to predict the occurrence of Ecdytolopha aurantiana (Lima), based on monitoring data collected through sexual pheromone traps. Soil type, site temperature, citrus variety, age of plants and use of chemicals to control E. aurantiana influenced the population dynamics of the insect. The highest influence was exerted by the soil type, followed by site temperature, citrus variety, age of plants and the use of chemicals for E. aurantiana control. The occurrence of E. aurantiana according to temperature is different for each combination of soil type, citrus variety, age of plants and use of chemicals. The model developed can predict the occurrence potential of E. aurantiana according to temperature or months of the year, taking into account soil type, citrus variety, age of plants and chemicals spraying. The elaborated software (BF), designed in R language, includes equations that simulate the various situations of E. aurantiana occurrence. The predicting model of citrus fruit borer occurrence can be improved with more frequent and continuous data collecting. KEY WORDS: Predictive model, pest survey, citrus pest, pheromone RESUMO - O presente trabalho teve como objetivo desenvolver um modelo para previsão de ocorrência do bicho-furão-dos-citros, Ecdytolopha aurantiana (Lima). Para tanto, 553 áreas localizadas em 17 fazendas do estado de São Paulo foram monitoradas por meio de armadilhas com feromônio sexual de E. aurantiana durante um ano. O tipo de solo, temperatura mensal média do local, variedade de citros, idade das plantas e uso de agroquímicos para o controle de E. aurantiana, foram utilizados como variáveis para cada área mencionada. A maior influência sobre a flutuação populacional do bicho-furão-dos-citros foi exercida pelo tipo de solo, seguido pela temperatura mensal média do local, variedade de citros, idade das plantas e uso de agroquímicos. A ocorrência de E. aurantiana em função da temperatura foi diferente para cada combinação de tipo de solo, variedade de citros, idade das plantas e uso de agroquímicos. O modelo desenvolvido pode prever o potencial de ocorrência de E. aurantiana em função da temperatura ou dos meses do ano, levando-se em consideração o tipo de solo, variedade de citros, idade das plantas e aplicação de agroquímicos. O programa (BF) elaborado na linguagem R conta com equações para simular as diversas situações de ocorrência de E. aurantiana. O modelo de previsão de ocorrência de bicho-furão pode ser aperfeiçoado com a coleta de dados mais regulares e de forma contínua. PALAVRAS-CHAVE: Modelo de previsão, monitoramento de pragas, praga de citros, feromônio O bicho-furão-dos-citros, Ecdytolopha aurantiana (Lima), é uma das principais pragas na cultura do citros no Brasil. Seu ataque tornou-se importante, principalmente, a partir do final da década de 80, com perdas estimadas para algumas regiões do estado de São Paulo em 1 a 1,5 caixa por planta (Prates & Pinto 1991, Pinto 1994). No final da década de 90, os prejuízos foram calculados em mais de 50 milhões de dólares ao ano pelo Fundo de Defesa da Citricultura-Fundecitrus (Anônimo 2000). Recentemente, o feromônio sexual de E. aurantiana foi identificado por Leal 628 Desenvolvimento de um Modelo Para Previsão de Ocorrência do Bicho-Furão... et al. (2001), e embora já se disponha, de um método de monitoramento populacional para a praga (Bento et al. 2001a), isso não é realizado em muitas áreas citrícolas. Neste sentido, o uso de modelos matemáticos para prever picos populacionais de E. aurantiana seria de grande valia. Alguns modelos matemáticos já são empregados com relativo sucesso em simulações ecológicas (Gutierrez et al. 1988a,b,c, 1991a,b, 1994; Acuña & Barchini de Giménez 1996; Gutierrez et al. 1999). O objetivo deste trabalho foi desenvolver um modelo para previsão de ocorrência de E. aurantiana, baseado em dados de monitoramento por meio de armadilhas de feromônio sexual, levando-se em conta as variáveis: temperatura mensal média do local, tipo de solo, variedade cultivada, idade do pomar e aplicação de agroquímicos para o controle de E. aurantiana. Material e Métodos Coleta de Dados. Os dados utilizados no presente trabalho foram coletados em 553 áreas localizadas em 17 localidades do estado de São Paulo, no período de 08/2000 a 08/2001 (Fig. 1A). O número de áreas para cada localidade foram: Altair (24), Barretos (41), Boa Esperança do Sul (7), Brotas (10), Casa Branca (18), Colômbia (80), Descalvado (21), Gavião Peixoto (51), Ibitinga (148), Matão (11), Mogi Guaçu (15), Nova Europa (19) e Nova Granada (108). Cada área correspondeu a 10 ha da cultura, onde foi instalada uma armadilha com feromônio sexual de E. aurantiana por área, totalizando 553 armadilhas (Fig. 1B). Os dados consistiram no número de machos capturados semanalmente nas armadilhas, de acordo com a metodologia de Bento et al. (2001b). Posteriormente, esses dados foram agrupados mensalmente, computando-se o total de machos de E. aurantiana capturados nas armadilhas por área por mês. Além do total de machos de E. aurantiana capturados por mês (variável resposta), foram avaliadas também as seguintes variáveis para cada área: (A) Variedade de citros cultivada (Baianinha, Cravo, Hamlin, Murcott, Natal, Pera Rio, Rubi, Tahiti, Valência, Valência Americana, Valência Americana Precoce, Valência Argentina e Westin); (B) Tipo de solo (AQ, GH, HI, HO, LE1, LE2, LE3, LE4, LE5, LEP1, LEP2, LR1, LR2, LV1, LV3, LV4, PE1, PEL2, PV3, PV4, TR1 e TR2. Detalhes sobre cada tipo de solo encontram-se na Tabela 1); (C) Aplicação de agroquímicos para controle de E. aurantiana (deltametrina, na concentração de 25 g/l e Bacillus thuringiensis, na concentração de 33,6 g/l); (D) Idade das plantas de citros (2 a 22 anos); (E) Latitude e longitude (coletados por meio de GPS); (F) Altitude (dados estimados utilizando-se os dados de topografia georeferenciada pela NASA e disponível no site http://edcdaac.usgs.gov/gtopo30/); (G) Distância do oceano [Distância dos pontos de coleta até o oceano, medido de forma perpendicular ao litoral, sendo estimados segundo método de Vasconcelos & Tarifa (1983)]; e (H) Temperatura mensal média de cada área [os dados foram estimados utilizando-se as equações propostas por Reis Jr. et al. Vasconcelos & Tarifa (1983) para cada mês do ano. Utilizaram-se quatro variáveis para sua estimativa: latitude, longitude, altitude e distância do oceano]. Para a análise dos dados, foram consideradas as seguintes variáveis explicativas: variedade de citros, tipo de solo, idade das plantas, aplicação de agroquímicos para controle de E. aurantiana e temperatura. As outras variáveis (latitude, longitude, altitude e distância do oceano) foram utilizadas como auxiliares somente para a estimativa da temperatura de cada área. Desenvolvimento dos Modelos. Para o desenvolvimento do modelo a ser empregado foi utilizado o sistema estatístico R (Ihaka & Gentleman 1996) (www.r- project.org/). A modelagem teve como base o módulo GLM (Generalized Linear Models) com distribuição de erros binomial negativa (função de ligação logarítmica) para correção de sobredispersão (Crawley 2002). Uma análise de resíduos foi realizada para verificar o a juste do modelo. O modelo completo foi assim construído: Coleta = Temperatur a + Variedade + Solo + Idade + Temperatur a 2 + Controle + Temperatur a : Variedade + Temperatur a : Solo + Variedade : Solo + Temperatur a : Idade + Variedade : Idade + Solo : Idade +Variedade : Temperatur a 2 + Solo : Temperatur a 2 + Idade : Temperatur a 2 + Temperatur a : Variedade : Solo + Temperatur a : Variedade : Idade + Temperatur a : Solo : Idade + Variedade : Solo : Idade +Variedade : Solo : Temperatur a 2 + Variedade : Idade : Temperatur a 2 + Solo : Idade : Temperatur a 2 + Temperatur a : Varied : Solo : Idade +Variedade : Solo : Idade : Temperatur a 2 onde, Coleta é o total de machos de E. aurantiana capturados pela armadilha de feromônio sexual por mês na área; Temperatura é a temperatura mensal média na área; Variedade é a variedade cultivada; Solo é o tipo de solo predominante; Idade é a idade das plantas; Temperatura2 é a temperatura na área e data de captura elevada ao quadrado; Agroquímico é se houve aplicação de agroquímicos para controle de E. aurantiana e as interações das variáveis. O quadrado da temperatura foi adicionado ao modelo porque os organismos normalmente respondem à temperatura desta forma, ou seja, existe um ponto de máximo em relação à temperatura. O ponto de máximo refere-se à temperatura ideal para o desenvolvimento do organismo, onde este pode atingir seu potencial máximo (Garcia 1998). A seguir foi feita a simplificação do modelo retirando-se interações e variáveis não significativas, obtendo-se o Modelo Mínimo Adequado (MMA) e, a seguir, testes de contraste foram realizados para agrupar estatisticamente as variáveis testadas, sendo estas denominadas amalgamadas, de acordo com Crawley (2002). Amalgamar os níveis de uma variável significa testar, por exemplo, se a variedade Pera Rio é estatisticamente diferente da variedade Valência; caso não difiram, elas se tornam um grupo (Crawley 2002). Essa técnica de contrastes difere de um simples teste de médias por levar em consideração ao mesmo tempo o intercepto e a inclinação da reta. Os contrastes foram feitos para as variáveis qualitativas (variedade de citros, tipo de solo e aplicação de agroquímicos). Com esse teste, chegou-se July-August 2005 Neotropical Entomology 34(4) 629 Figura 1. A - Mapa do estado de São Paulo indicando os municípios (vide legenda) onde as armadilhas contendo feromônio sexual para coleta de machos de E. aurantiana foram instaladas. B - Posicionamento das armadilhas de feromônio sexual no campo para coleta de machos de E. aurantiana (Bento et al. 2001a). ao final da simplificação do modelo, criando-se o Modelo Mínimo Adequado Amalgamado (MMAA). Terminada a simplificação do modelo, foram obtidas as estimativas dos parâmetros para a construção das equações. Para a utilização do modelo, foi necessária a criação de um programa para simular as diversas possibilidades de ocorrência de E. aurantiana. O programa foi desenvolvido utilizando-se a própria linguagem R (Ihaka & Gentleman 1996). Resultados e Discussão Modelo Desenvolvido. Após o desenvolvimento e simplificação do modelo (Modelo Mínimo Adequado - MMA), constatou-se que as variáveis que influenciaram a captura de machos de E. aurantiana, em armadilha de feromônio foram: temperatura, variedade de citros, agroquímico, tipo de solo e algumas interações (Tabela 2). A distribuição de erros utilizada nessa análise foi binomial negativa com função de ligação logarítmica, sendo considerada adequada pela análise de resíduos. Variedade de Citros. As diversas variedades de citros foram agrupadas conforme suas similaridades estatísticas de acordo com o tipo de influência (quantitativamente e qualitativamente) sobre a população de E. aurantiana. Foram definidos sete grupos de variedades, nos quais a ocorrência 630 Reis Jr. et al. Desenvolvimento de um Modelo Para Previsão de Ocorrência do Bicho-Furão... Tabela 1. Tipos de solos encontrados nas áreas de amostragem de E. aurantiana e suas principais características. Sigla Tipo Textura Drenagem de água Saturação por bases Cor Horizonte A AQ Areia quartzoza Média Altamente drenado Distrófico Vermelho escuro Moderado GH Glei húmico Média Drenado Distrófico Vermelho escuro Moderado LEP2 Latossolo Média Bem drenado Distrófico Ou Álico Vermelho escuro Moderado TR1 Terra roxa estruturada Muito argilosa Drenado Eutrófico Roxo Moderado HI Hidromórfico Média Pouco drenado Distrófico Vermelho escuro Moderado LR1 Latossolo Muito argilosa Drenado Eutrófico Roxo Moderado TR2 Terra roxa latossólica Muito argilosa Drenado Eutrófico Roxo Moderado HO Orgânico Média Drenado Distrófico Vermelho escuro Moderado LR2 Latossolo Muito argilosa Drenado Distrófico Roxo Moderado LE1 Latossolo Média Bem drenado Eutrófico Vermelho escuro Moderado LV1 Latossolo Média Bem drenado Eutrófico Vermelho amarelo Moderado LE2 Latossolo Média Bem drenado Distrófico Vermelho escuro Moderado LV3 Latossolo Média a arenosa Drenado Distrófico Vermelho amarelo Moderado a proeminente LE3 Latossolo Média a argilosa Bem drenado Distrófico Vermelho escuro Moderado LV4 Latossolo Argilosa Bem drenado Distrófico Vermelho amarelo Moderado LE4 Latossolo Média a arenosa Bem drenado Distrófico Vermelho escuro Moderado a proeminente PE1 Podzólico Média a argilosa Drenado Eutrófico Vermelho escuro Moderado LE5 Latossolo Média a arenosa Bem drenado Álico Vermelho escuro Moderado a proeminente PEL2 Podzólico Média Drenado Distrófico Vermelho escuro Moderado LEP1 Latossolo Média Bem drenado Distrófico ou álico Vermelho escuro Moderado PV3 Podzólico Média Drenado Distrófico Vermelho escuro Moderado PV4 Podzólico Média Drenado Distrófico Vermelho escuro Moderado July-August 2005 631 Neotropical Entomology 34(4) Tabela 2. Variáveis e interações significativas do modelo desenvolvido para E. aurantiana. Fonte de variação GL Deviance Modelo 182 945.626 Variedade P < 0.0000 6 104.7 < 0.0000 12 220.5 < 0.0000 Controle 1 56.2 < 0.0000 Temperatura 1 19.5 < 0.0000 Temperatura 1 79.2 < 0.0000 Variedade:temperatura 6 46.4 < 0.0000 12 63.1 < 0.0000 6 15.5 0.0169 Solo Solo:temperatura Variedade:temperatura Solo:temperatura 12 47.5 < 0.0000 Variedade:solo:temperatura 47 138.4 < 0.0000 Variedade:temperatura:idade 6 14.8 0.0216 Solo:temperatura:idade 12 91.6 < 0.0000 Variedade:solo:temperatura 47 167 < 0.0000 Solo:temperatura:idade 13 22.6 0.0472 2965 3562.4 3147 4649.5 Resíduo Total Para a relação da variáveis não significativas, consultar o modelo completo em Material e Métodos. de E. aurantiana foi semelhante (Tabela 3). Durante o trabalho, serão referidos esses grupos e não mais variedades de forma isolada. Tipos de Solo. Os diversos tipos de solos foram agrupados conforme com suas similaridades estatísticas de acordo com o tipo de influência sobre a população de E. aurantiana. Dos 22 tipos de solos, foram definidos 13 grupos com características semelhantes para a ocorrência de E. aurantiana (Tabela 4). No artigo, a partir dessa definição, serão referidos grupos e não mais solos de forma isolada. Aplicação de Agroquímicos. Após a análise de contraste para se definir como a ocorrência de E. aurantiana se comporta em relação à utilização ou não de agroquímicos para seu controle e se existe diferença entre os agroquímicos utilizados, chegou-se ao agrupamento final. Verificaram-se dois grupos quanto à utilização de agroquímicos para controle de E. aurantiana: um grupo formado pela ausência do uso de agroquímicos e outro grupo formado pelo uso dos agroquímicos à base de deltametrina (25g/l) e B. thuringiensis (33,6 g/l) (Tabela 5). Terminadas todas as análises de contraste, determinou- Tabela 3. Média ± EP, valor máximo e mínimo de captura de machos de E. aurantiana em armadilhas de feromônio sexual por grupo de variedades definidos pela análise de contraste. Grupo GV1 GV2 GV3 GV4 GV5 GV6 GV7 Variedades Cravo, Murcott, Baianinha, Westin, Tahiti e Valência Americana Rubi Hamlin Valência Pera Rio Valência Argentina Natal e Valência Am. Precoce n = número total de observações para cada grupo Média ± EP (n) 4,03 ± 0,52 (67) Máximo 22 Mínimo 0 7,08 ± 0,92 (102) 7,18 ± 0,65 (190) 10,65 ± 0,65 (367) 10,75 ± 0,45 (1077) 10,81 ± 0,46 (897) 12,90 ± 0,69 (431) 48 61 84 238 149 95 0 0 0 0 0 0 632 Reis Jr. et al. Desenvolvimento de um Modelo Para Previsão de Ocorrência do Bicho-Furão... Tabela 4. Média ± EP, valor máximo e mínimo de captura de machos de E. aurantiana em armadilhas de feromônio sexual por grupo de solos definidos pela análise de contraste. Grupo GS1 GS2 GS3 GS4 GS5 GS6 GS7 GS8 GS9 GS10 GS11 GS12 GS13 Variedades LV4, LE1 e TR1 LEP2 LV1 e GH PEL2, LE4 e HO PV4 e LR2 LEP1 LE2 PV3 LE5 LV3 LE3 AQ e HI PE1, LR1 e TR2 Média ± EP (n) 4,62 ± 0,53 (74) 6,46 ± 0,43 (247) 6,7 5± 0,51 (250) 7,72 ± 0,71 (191) 8,56 ± 0,69 (289) 9,93 ± 1,62 (176) 10,69 ± 1,84 (71) 11,55 ± 0,62 (531) 11,63 ± 0,66 (399) 12,38 ± 0,92 (214) 13,50 ± 1,14 (222) 13,55 ± 0,79 (316) 14,84 ± 1,32 (168) Máximo 29 48 77 89 74 238 87 109 149 84 88 85 110 Mínimo 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 n = número total de observações para cada grupo. Para referência ao tipo de solo, consultar a Tabela 1. se o modelo final, representado pelo máximo nível de simplificação (MMAA). Uma vez definido o modelo de previsão de ocorrência de E. aurantiana foi necessária a confecção de equações, a partir da fórmula: Coleta = e temperatura utilizadas no modelo. Todos os parâmetros contribuem na definição do ponto máximo da curva (pico de ocorrência). A influência das variáveis: variedade de citrus cultivada, â0+ â1×Temperatur a+ â2 ×Temperatur a 2+ â3×Temperatur a×Idade+ â4 ×Temperatur a 2 ×Idade onde β0,β1, β2, β3 e β4 são parâmetros estimados. Para cada combinação incluindo variedade de citros, tipo de solo e agroquímico utilizado obteve-se uma equação. β0 é o parâmetro que define o intercepto da curva, ou seja, o local onde a curva passa pelo eixo das ordenadas (Y). β1 é o parâmetro responsável pelo comportamento crescente ou decrescente da curva dependendo do sinal (positivo ou negativo), sendo também responsável pela sua posição no eixo X dependendo do valor. β2 é o parâmetro que multiplica o quadrado da temperatura; esse parâmetro é responsável pelo comportamento parabólico da curva; assim, valores positivos definem uma assintótica em Y e valores negativos definem a parábola; a grandeza desse valor também contribui para a definição da posição da curva no eixo das abscissas (X). β 3 e β 4 simplesmente modificam β 1 e β 2 , respectivamente, dependendo da idade das plantas e idade do pomar, aplicação de agroquímicos e temperatura, sobre a ocorrência de E. aurantiana, foi calculada somandose o desvio da variável isolada ao desvio de suas interações e dividindo-os pelo desvio total do modelo. A soma dos valores pode ultrapassar 100%, uma vez que existe sobreposição de desvios nas interações. Esse valor exprime a importância da variável dentro do total explicado pelo modelo, que é cerca de 20,3%. A variedade de citros cultivada teve influência na ocorrência de E. aurantiana, representando cerca de 51% do total explicado pelo modelo (Tabela 2 e Figs. 2A-F). A influência da variedade de citros na ocorrência de E. aurantiana pode estar relacionada à diferença de pH e espessura da casca, características que afetam diretamente a sobrevivência dos estágios imaturos da praga (Parra et al. 2001). As variações na temperatura na qual ocorre o pico Tabela 5. Média ± EP, valor máximo e mínimo de captura de machos de E. aurantiana em armadilhas de feromônio sexual por grupo definidos pela análise de contraste para o uso ou não de métodos de controle. Métodos de controle Média ± EP (n) Máximo Mínimo GC1 Nenhum controle 9,2 ± 0,26 (1888) 109 0 GC2 Aplicação de Decis25CE (25 g/l) e Dipel (33,6 g/l) 12,6 ± 0,46 (1260) 238 0 Grupos n = número total de observações para cada grupo July-August 2005 633 Neotropical Entomology 34(4) 15 20 25 A B C D 30 35 60 40 Número de machos capturados 20 60 40 20 E F 60 40 20 15 20 25 30 35 Temperatura (°C) p GV1 GV2 GV3 GV4 GV5 GV6 GV7 Figura 2. Estimativas de ocorrência de E. aurantiana em função da temperatura, tipos de solo, variedades de citros, aplicação de agroquímicos e idades das plantas. A, C e E - Tipo de solo GS6 (LEP1); B, D e F - Tipo de solo GS9 (LE5); A e B - Plantas com 10 anos de idade; C, D, E e F - Plantas com 15 anos de idade; A, B, C e D - Sem aplicação de agroquímicos para controle de E. aurantiana ; E e F - Com aplicação de agroquímicos para controle de E. aurantiana. 634 Reis Jr. et al. Desenvolvimento de um Modelo Para Previsão de Ocorrência do Bicho-Furão... aurantiana foi o que menos influenciou a ocorrência do inseto (Tabela 2), sendo responsável por apenas 5% da mesma (Figs. 2C,E e D,F). Os locais onde houve a aplicação de produtos à base de B. thuringiensis (33,6 g/l) ou deltametrina (25 g/l) apresentaram a maior ocorrência do inseto, comparados com locais onde não houve aplicação. Isso sugere que a ocorrência da praga é mais freqüente em algumas áreas do que em outras, apesar do número maior de pulverizações nas áreas mais infestadas, com base no nível de controle de seis ou mais machos por armadilha por semana de acordo com a metodologia de Bento et al. (2001a,b). A presença da praga não indica, necessariamente, que os produtos utilizados foram ineficientes. Nas áreas com maior incidência e, que conseqüentemente, demandaram maior número de aplicações de agroquímicos diversos fatores poderiam estar influenciando, tais como presença de matas próximas, áreas de baixada e época de colheita, dentre outras. Além disso, a escolha do produto, modo e momento de aplicação (dias após a constatação do nível de controle) e dose, poderiam comprometer a eficiência do mesmo, ou ainda, a eliminação de inimigos naturais por aplicações sucessivas na área, resultaria em maior incidência da praga. A temperatura influenciou a captura de machos de E. aurantiana (Tabela 2), explicando cerca de 75% da variação no referido modelo. Esse resultado era esperado, pois é sabido que os insetos em geral respondem de forma acentuada a esse parâmetro climático, o mesmo ocorrendo para o bicho-furão (Garcia 1998). A partir dos resultados obtidos por esse autor, elaborou-se a Fig. 3, utilizando-se modelos lineares populacional podem estar relacionadas ao fato de as variedades frutificarem em épocas diferentes (Gallo et al. 1977), propiciando uma época de ocorrência de E. aurantiana para cada variedade; embora o bicho-furão ataque também frutos verdes quando em altas populações, sua preferência é por frutos maduros (Parra et al. 2001). O tipo de solo encontrado na área, onde foram coletados os machos de E. aurantiana influenciou a ocorrência do inseto (Tabela 2). Essa variável teve a maior influência na ocorrência de E. aurantiana, representando cerca de 79% dentre as variáveis (Figs. 2A,B; C,D e E,F). A maior influência pode ter ocorrido porque o tipo de solo afeta E. aurantiana diretamente e indiretamente. A influência direta pode estar relacionada ao comportamento do inseto, que se transforma em pupa no solo; assim, a sobrevivência da pupa estaria intimamente ligada às características físico-químicas do solo (Garcia 1998). A influência indireta pode estar ligada ao fato de o tipo de solo poder alterar as características dos frutos (Erickson 1973), incluindo o seu pH, afetando a sobrevivência dos estágios imaturos de E. aurantiana (Parra et al. 2001). A idade do pomar também teve uma pequena influência, na forma de interações, na presença de E. aurantiana (Tabela 2), com aproximadamente 14% (Figs. 2A,C e B,D). A influência da idade muito provavelmente está relacionada com a maior produção de frutos em plantas mais velhas (Tubelis & Salibe 1989, 1992; Tubelis et al. 1999); assim, as plantas mais velhas apresentariam maior população de E. aurantiana por possuírem mais recursos a serem explorados. A aplicação de agroquímicos para controle de E. 60 Viabilidade do ciclo (%) 50 40 30 20 10 2 2 ) (-12,16943+1,048675x-0,021642x ) e(−12.16943+1.048675x−0.021642x yy == e 2 ) 2) −12.16943+1.048675x−0.021642x 11 ++ ee((-12,16943+1,048675x-0,021642x 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Temperatura (°C) Figura 3. Viabilidade do ciclo de E. aurantiana em relação à temperatura. Estimativa feita a partir de resultados de laboratório (Garcia 1998) 635 July-August 2005 generalizados com distribuição binomial (Crawley 2002). Contatou-se a relação entre a temperatura e viabilidade do ciclo de E. aurantiana. Assim, no presente trabalho, o objetivo não foi testar apenas se o inseto respondeu à temperatura, mas como e quanto as outras variáveis influenciaram essa resposta, levando a variações da curva (Fig. 2). A interação da variedade de citros com a temperatura indicou, principalmente, que o pico de ocorrência de E. aurantiana e a temperatura em que ocorre não são os mesmos para todas as variedades. Assim, a variedade Natal pode ter um pico de ocorrência em torno de 25 o C, enquanto que para a variedade Pera Rio o pico foi em torno de 22oC (Fig. 2C). A interação do tipo de solo com a temperatura indica que a mesma variedade de citros, plantada em diferentes tipos de solo, pode levar a distintos padrões de ocorrência de E. aurantiana. Isso pode ser notado tanto no pico de ocorrência, quanto na temperatura relacionada ao pico. Assim, a variedade Rubi plantada em solo tipo LEP1 (GS6) teve o pico de ocorrência em torno de 18 insetos para temperatura em torno de 24oC (Fig. 2C). A mesma variedade, plantada em solo tipo LE5 (GS9), teve um pico de ocorrência maior, em torno de 70 insetos para temperatura em torno de 20oC (Fig. 2D). A interação da variedade com o tipo de solo e com a temperatura aumentam as diferenças já definidas pelas interações anteriores. A interação da variedade com a idade e com a temperatura e a interação do tipo de solo com a idade e com a temperatura modificam a magnitude e a temperatura do pico de ocorrência, para cada variedade em cada tipo de solo, dependendo da idade das plantas. Assim, de modo geral, com o aumento da idade das plantas, observa-se um aumento no pico de ocorrência (maior ocorrência de E. aurantiana) e na temperatura onde o pico populacional ocorre (Figs. 2A,C e B,D). Assim, as variáveis: variedade de citros, tipo de solo, idade da planta e temperatura influenciam a ocorrência de E. aurantiana no campo, não apenas isoladamente, mas também interagindo entre si. Apesar de essas variáveis explicarem parte (20,3%) da ocorrência de E. aurantiana no campo, o modelo ainda necessita ser aprimorado, especialmente através da formação de um banco de dados contendo informações sobre a ocorrência de E. aurantiana por períodos mais longos, visando a maior eficiência na previsão da praga. Além do levantamento populacional de E. aurantiana, necessita-se ainda da coleta de dados do local, incluindo temperatura, umidade relativa do ar, tipo de solo, variedade, aplicação de agroquímicos, etc. Quanto maior for o número de variáveis, mais prático será confeccionar modelos que expliquem a ocorrência de E. aurantiana. Pesquisas complementares de laboratório também são importantes para a otimização do modelo, incluindo a susceptibilidade de variedades ao ataque da praga, efeito do tipo de solo na emergência de adultos, e outros aspectos da biologia, comportamento e ecologia do inseto. O modelo é ainda muito restrito e não é adequado para o uso imediato no campo. Pode ser utilizado para a elaboração de novas hipóteses que após testadas poderão retornar ao modelo de forma a aumentar sua eficiência. Como exemplo prático da sua potencial utilização, pode-se usar o caso de um agricultor que esteja interessado em conhecer o potencial de ocorrência de E. aurantiana em sua propriedade. Esta localizase na latitude sul (22°4’50"), longitude oeste (48°39’33.84"), altitude de 650 m e a 400 km de distância do oceano. Os três primeiros parâmetros (latitude, longitude e altitude) são conseguidos com o uso de um aparelho de GPS. O último parâmetro pode ser calculado com programas contendo mapas e coordenadas geográficas ou mesmo medindo-se em um mapa que se tenha escala. Para utilizar os dados de latitude e longitude, é necessário também transformá-los do formato GMS (graus, minutos e segundos) para minutos. Assim: latitude minutos longitude minutos 50 1324,83 60 33,84 48 60 39 2919,56 60 22 60 4 Além desses parâmetros geográficos são necessárias informações sobre o tipo de solo da área, variedade de citros cultivada, idade do pomar. Considere-se que o referido agricultor possua em sua propriedade uma variedade Pera Rio (GV5), solo LE2 (GS7), (Tabela 1), pomar com 15 anos e ele não usa nenhum agroquímico para controle de E. aurantiana. Para simular o potencial de ocorrência de E. aurantiana no local ele necessitará de um computador que tenha o programa R (www.r- project.org) instalado. A seguir ele deverá copiar o conteúdo do programa BF, para um arquivo com um editor de texto, e gravar o arquivo, no formato texto puro (ASCII, TXT), com o nome que ele achar mais conveniente (ex. BF.R). O programa R é aberto a seguir, lendo-se o arquivo que foi gravado [ex. source(“BF.R”)]; assim, o programa que simula o potencial de ocorrência de E. aurantiana terá sido carregado na memória. Para utilizar o programa e simular a ocorrência de E. aurantiana para o agricultor, digita-se o seguinte: BF(agroquimico=”sem”,solo=”GS7”,variedade=GV5”, idade=15) Portanto, foram utilizados GS7 e GV5 para designar o tipo de solo e a variedade respectivamente, ao invés de LE2 e Pera Rio. Para saber a qual grupo a variedade e o solo pertencem, basta consultar as Tabelas 3 e 4, respectivamente. Assim, ele terá uma curva de ocorrência de E. aurantiana em função da temperatura (Fig. 4A). O referido agricultor poderá, a seguir, desejar saber a dinâmica populacional de E. aurantiana ao longo do ano. Para tal, deverá fornecer as características geográficas da sua região, da seguinte forma: BF(agroquimico=”sem”,solo=”GS7”,variedade=GV5”, idade=15,latitude=1324.83,longitude=2919.56, altitude=650,doceano=400,mensal=TRUE) Será então gerado um gráfico com o nível populacional de E. aurantiana ao longo do ano, evidenciando quais as épocas em que o inseto irá causar maior dano (Fig. 4B). 636 July-August 2005 Agradecimentos Número de machos capturados A O primeiro autor agradece ao CNPq pela bolsa e a Amanda Fialho e Lucas C. C. Reis pelo apoio ao trabalho. Os autores agradecem a Evaldo F. Vilela pela leitura crítica do artigo, à Fisher e ao Fundecitrus pelo suporte e à comunidade de software livre pelos programas utilizados (R, LaTeX2e, XEmacs, Debian GNU/Linux, Grass, GPSman). 30 25 20 Literatura Citada 15 Acuña, S.T. & G. Barchini de Giménez. 1996. Simulation model for integrated pest management of agricultural ecosystems. Bol. San. Veg. Plagas 22: 761-772. 10 Anônimo. 2000. Tecnologia contra o bicho-furão. Rev. Fundecitrus 96: 8-10. 5 0 10 15 20 25 30 35 40 Temperatura (ºC) Captura semanal de machos do bicho-furão B Bento, J.M.S., J.R.P. Parra, E.F. Vilela, J.M. Walder & W.S. Leal. 2001b. Sexual behavior and diel activity of citrus fruit borer Ecdytolopha aurantiana. J. Chem. Ecol. 27: 2053-2065. Nível de dano econômico Nível de controle Nível de equilíbrio 8 Bento, J.M.S., E.F. Vilela, J.R.P. Parra & W.S. Leal. 2001a. Monitoramento do bicho-furão-dos-citros com feromônio sexual: Bases comportamentais para utilização dessa nova estratégia. Laranja 22: 351-366. Crawley, M. 2002. Statistical computing: An introduction to data analysis using S-Plus. John Wiley & Sons Inc., Baffins Lane, 761p. 6 Erickson, L.C. 1973. The general physiology of citrus, p.86126. In W. Reuther (ed.), The citrus industry: Anatomy, physiology, genetics, and reproduction. Berkeley, University of California, 732p. 4 2 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Meses do ano Figura 4. A - Estimativas de ocorrência de E. aurantiana (número de machos por armadilha por mês) em função da temperatura. B Estimativas de ocorrência de E. aurantiana durante o ano (número de machos por armadilha por semana). A seta indica que o agricultor deve estar alerta, instalando armadilhas de feromônio na área, a partir desta data. Estimativa feita para a variedade Pera Rio (GV5), solo tipo LE2 (GS7) e idade do pomar de 15 anos. Desta forma, o agricultor poderá intensificar sua amostragem com armadilhas de feromônio sexual nas épocas críticas. É importante ressaltar que, apesar do exemplo prático de utilização, o modelo ainda é experimental e necessita de mais dados, tanto espacialmente quanto temporalmente, para seu aperfeiçoamento e uso prático. Gallo, J.R., O. Rodriguez, A.P. Camargo & T. Igue. 1977. Variações anuais na produção de frutas e concentração de macronutrientes em folhas de citros, relacionadas ao balanço hídrico meteorológico e adubação, no período de 1957 a 1975. Bragantia 36: 271-289. Garcia, M.S. 1998. Bioecologia e potencial de controle biológico de Ecdytolopha aurantiana (Lima, 1927) (Lepidoptera: Tortricidae), o bicho furão dos citros, através de Trichogramma pretiosum Riley, 1879. Tese de doutorado, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, USP, Piracicaba, 118p. Gutierrez, A.P., B. Wermelinger, F. Schulthess, J.U. Baumgaertner, H.R. Herren, C.K. Ellis & J.S. Yaninek. 1988a. Analysis of biological control of cassava pests in Africa. I. 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