Área temática: Economia industrial, ciência, tecnologia e inovação AMBEV - ANÁLISE DA FUSÃO E OS EFEITOS SOBRE O MERCADO Keli Prezzotto UNIOESTE - [email protected] Vanderléia Loff Lavall UNIOESTE – [email protected] Resumo: Dentre as bebidas alcoólicas consumidas no Brasil a preferência predominante é pela cerveja, do tipo pilsen. A indústria cervejeira é em sua maioria caracterizada, no Brasil e no mundo, por grandes empresas dominando o mercado. Uma tendência recente global tem sido fusão entre empresas de um mesmo segmento e a formação de gigantes econômicos com grande volume de oferta. Tal ação tem como conseqüência elevação da concentração de mercado. No Brasil o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), utiliza as leis antitrustes para proteger os interesses dos consumidores quando se refere aos efeitos da concentração e poder de mercado. Mediante autorização do CADE, no ano 2000 foi efetivada, no Brasil, a fusão das cervejarias Brahma e Antarctica Paulista que deu origem a formação da gigante econômica AmBev. Considerando um mercado nacional já oligopolizado, o presente artigo busca analisar os impactos causados pela fusão das cervejarias Brahma e Antarctica Paulista sobre o referido mercado. No que se refere a preços avaliou-se especificamente o mercado de Francisco Beltrão - PR. Os efeitos e impactos avaliados para medir de que maneira a formação da nova empresa AmBev influenciou o equilíbrio de mercado foram: as variações ocorridas nos preços praticados junto ao consumidor final pelas marcas pertencentes à cervejaria AmBev em períodos anteriores e posteriores a fusão, bem como as variações na produção de cerveja no mercado nacional como um todo e também os reflexos sobre o consumo total. A fim de verificar os efeitos mencionados utilizou-se o Índice Hirschman-Herfindahl para averiguar a concentração do mercado produtor e o modelo econométrico com uma variável dummy para avaliar os efeitos de presença e ausência da Ambev no mercado. Palavras-chave: Concentração, Fusão, AmBev. 1. INTRODUÇÃO O mercado de bebidas movimenta anualmente milhões de reais no Brasil, em termos de faturamento e geração de empregos diretos e indiretos. Pode-se dividir esse mercado em alcoólicos e não alcoólicos, sendo os primeiros representados por aguardente, destilados, vinhos e cervejas, e os últimos por refrigerante, água mineral, leite, sucos, chá e café. Dentre as bebidas alcoólicas, a preferência pelo consumo de cerveja predomina no mercado. Dados do Datamark (2010) apontam para um consumo per capita no Brasil, no ano de 2005 de 49 litros, contra 6 litros de aguardente e 1 litro de vinho e destilados. Pesquisas apontam que a cerveja, com tipo, aroma, textura e sabores diferenciados, produzida artesanalmente ou nas cervejarias, tornou-se uma rentável fonte de negócios no mercado brasileiro, consolidando-se na preferência dos consumidores e, por conseqüência liderando o mercado. 2 Pode-se caracterizar o mercado cervejeiro brasileiro, assim como no restante do mundo, como um mercado em expansão, devido à fusão de duas grandes empresas do ramo. Em 1º de julho de 1999, foi anunciada a fusão da Companhia Antarctica Paulista e da Companhia Cervejaria Brahma, para criar a AmBev. No Brasil, nas últimas décadas do século XX registrou-se um aumento significativo no número de empresas que optaram pelas fusões, alterando desta forma, certos padrões de gestão, produção e emprego (BARROS, 2003). Apesar de haver uma forte tendência para o aumento das fusões entre as empresas, tanto no Brasil como no mundo todo, deve-se levar em consideração a formação de concentrações de mercado e desigualdades de concorrência. Para prevenir que os oligopólios tomem atitudes que reduzam a competição entre as firmas oligopolistas, o governo brasileiro criou o CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica, que está vinculado ao Ministério da Justiça para orientar e fiscalizar possíveis abusos de poder econômico. O CADE utiliza as leis antitrustes para proteger os interesses dos consumidores assegurando a concorrência justa no mercado. Tendo como foco de estudo o mercado cervejeiro no Brasil, este trabalho visa analisar que impactos a fusão das companhias Brahma e Antarctica Paulista ocasionaram no mercado, ou seja, busca-se averiguar se a fusão deixou a indústria cervejeira mais concentrada, e, se ocasionou aumento de preços para os consumidores. 2. MERCADO OLIGOPOLISTA Os mercados podem ser caracterizados como concentrados ou não concentrados. A estrutura de um dado mercado depende do número de empresas que o mesmo possui. Os tamanhos e especificidades dos mercados podem ser divididos em: monopólio, concorrência monopolística, concorrência perfeita e oligopólio (BESANCO e BRAEUTIGAM, 2004). No Brasil, a indústria cervejeira, analisada por Ferrari (p.31, 2008), “possui uma estrutura de oferta que é caracterizada por um oligopólio altamente concentrado”. As empresas pertencentes à indústria cervejeira nacional, analisada por Rosa, Cosenza, Leão (2006), podem ser caracterizadas por firmas de grande porte, o que faz com que o mercado cervejeiro possua padrões de oligopólio. Seguindo as idéias de Ferrari (2008), os modelos de oligopólios mais atualizados são os que utilizam a Teoria dos Jogos, pois se aproximam mais da realidade. Já os oligopólios onde os produtos são diferenciados as estratégias são formuladas levando em consideração o preço e a qualidade nos serviços prestados. 3 Em mercados oligopolistas, os produtos podem ou não ser diferenciados. Tornando-se necessário que apenas algumas empresas sejam responsáveis pela maior parte ou por toda a parcela de produção de determinado produto (PINDYCK, 2002). A quantidade de empresas que participam do oligopólio pode variar de duas (duopólio) para muitas. O oligopólio possui como característica fundamental a interdependência das decisões entre as firmas concorrentes (ALBUQUERQUE, 1986). Segundo LABINI (1984), existem os oligopólios concentrados (produtos homogêneos e rivalidade entre os vendedores, embora possam surgir acordo entre eles) e os diferenciados (produtos diferenciados e possibilidade de estratégia conjunta). O oligopólio concentrado é basicamente composto por setores industriais altamente concentrados. O diferenciado ou imperfeito, é composto pela preferência dos consumidores para produtos diferenciados de determinadas empresas. Existem ainda oligopólios mistos que são oligopólios concentrados diferenciados utilizando com exemplos as indústrias de automóvel e de bens de consumo duráveis. Indústrias como a siderúrgica, eletricidade e petróleo podem ser utilizadas para caracterizar um oligopólio concentrado (ibidem). Os oligopólios surgiram como forma de explicar o comportamento de um pequeno número de empresas que acumularam capitais e tornaram-se fortes no mercado, seja por incorporações e/ou fusões. Existem algumas situações que podem manter as empresas em posições de oligopólio onde se destacam as economias de escala, a lucratividade, as diferenciações dos produtos e os custos. Devido à importância das estratégias para decisões de preço, nível de produção, propaganda e investimentos, a administração do empreendimento oligopolista não é tão simples. O número reduzido de empresas faz com que, cada uma deva se preocupar com suas ações prevendo como estas afetarão suas concorrentes e suas possíveis reações (PINDYCK, 2002). De acordo com KON (1999), a determinação do preço no oligopólio ocorre devido à liderança de uma empresa dentro de um grupo, visto que na referida estrutura de mercado o número de empresas é reduzido, o que acarreta em uma maior concorrência dentro deste seguimento. Por ser formado por um pequeno número de vendedores que dominam a maior parte do mercado, suas decisões podem afetar os preços desse mercado. Essa estrutura dividese em três categorias: oligopólio conivente e organizado (formação de trustes e cartéis); oligopólio conivente e não organizado (acordos informais ou tácitos); oligopólio não conivente e não organizado (ação independente da firma). 4 Quando duas empresas fabricam produtos idênticos, as variáveis que interessaram serão os preços que cada uma cobrará e a quantidade que cada uma produzirá. Logo que uma empresa determina a quantidade que deve produzir ela já vai avaliar quais são as escolhas de sua rival. Assim que uma empresa determina primeiramente seu preço, fica conhecida como líder de preço, e a empresa concorrente como seguidora de preços (VARIAN, 2003). Para fixar o preço a líder deverá prever o comportamento da seguidora. No equilíbrio, a empresa concorrente sempre deverá estabelecer o preço idêntico ao da líder de preço, devido à homogeneidade de seus produtos. Tomando como foco a liderança de quantidade, uma empresa faz a escolha antes que a outra, o que pode ser chamado de modelo de Stackelberg, que é continuamente utilizado para representar indústrias onde uma empresa domine a quantidade produzida, considerada também como líder natural (ibidem). O modelo de Stackelberg faz parte do modelo clássico da teoria do oligopólio. O modelo possui como pressupostos básicos a existência de duas únicas firmas produtoras na indústria (duopólio); os produtos são homogêneos ou diferenciados; não existem custos de produção; existem dois tipos de firmas, as líderes e as seguidoras (GARÓFALO, 1995). O ponto característico do modelo de Stackelberg é o da diferenciação das firmas entre líderes e seguidoras ou satélites, onde as mesmas podem optar pela posição que querem seguir, optando pela posição que consigam maximizar seus lucros (ibidem). Considerando o modelo de Stackelberg, seguindo as idéias de ALBUQUERQUE (1986), no caso dos duopólios, as firmas tomam suas decisões já sabendo da sua interdependência com a concorrente, ou seja: A firma seguidora reage de acordo com sua curva de reação, dada a quantidade produzida pela firma líder. Já a firma líder não respeita a sua curva de reação; ela sabe que a outra empresa reagirá de acordo com a curva de reação dela e, portanto, maximiza o seu lucro incorporando, em sua função de lucro, a curva de reação da concorrente. (ALBUQUERQUE, p 250, 1986). Considerando que o número de vendedores é relativamente pequeno, cada firma deve agir estrategicamente, pois sabem que o seu lucro depende não apenas de quanto ela produz, mas de quanto todas as outras firmas produzem, ou seja, a variável de decisão das firmas é a quantidade, criando assim uma assimetria entre as empresas no mercado. Segundo ALBUQUERQUE (1986), os padrões do oligopólio prevêem a necessidade de evitar a concorrência via preços. Surgindo então a necessidade de utilizar outros métodos para potencializar a comercialização dos produtos, seja por diferenciação, serviços ou propaganda. A partir disso a empresa oligopolista busca estratégias para se sobressair sobre os concorrentes. De acordo com PINDYCK (2002), a empresa oligopolista analisa as estratégias 5 e procedimentos de sua concorrente para determinar o seu preço e produção. No mercado oligopolista cada empresa procura fazer o melhor possível para se sobressair sobre sua concorrente. Esse comportamento é conhecido como Equilíbrio de Nash. 1 Segundo VARIAN (2003), o equilíbrio de Nash é constituído por um par de estratégias, onde uma é dominante, ou seja, se a escolha de “x” for ótima, dada a escolha de “y” e a escolha de “y” for ótima dada a escolha de “x”. Ainda segundo as idéias do mesmo autor: (...) nenhuma pessoa sabe o que a outra fará quando for obrigada a escolher sua própria estratégia. Mas cada pessoa pode ter suas próprias expectativas a respeito de qual será a escolha da outra pessoa. O equilíbrio de Nash pode ser interpretado como um par de expectativas sobre as escolhas da outra pessoa, de modo que, quando a escolha de uma pessoa for revelada, nenhuma delas quererá mudar seu próprio comportamento. (VARIAN, p. 545, 2003). Em várias indústrias do mercado as fusões têm se tornado bastante interessante economicamente. Uma fusão ocorre quando duas ou mais empresas deixam de existir para formação de uma terceira que possuirá identidade própria. Onde, do ponto de vista teórico, nenhuma das empresas anteriores predominará nesta terceira (BARROS, 2003). No Brasil, nas últimas décadas do século XX registrou-se um aumento significativo no número de empresas que optaram pelas fusões, alterando desta forma, certos padrões de gestão, produção e emprego. Segundo GUARITA (2002), as fusões no Brasil começaram a aumentar após a implantação do plano real em 1994. Os impactos sobre as gestões de pessoas causadas pelas fusões irão depender do jogo de poder entre as empresas de origem e da estratégia de integração adotada, que, por sua vez, irão determinar o novo perfil da empresa (BARROS, 2003). Para KON (1999), a tendência da economia atual é o aumento das fusões em todo o mundo, principalmente em tempos de recessões econômicas, ou em situações de possíveis falências, obrigações tributárias elevadas, desvantagens em relação ao seu porte dentre outros aspectos que dificultam a administração da empresa. Fato que contribui para as mesmas procurarem se reorganizar dentro do mercado, o que acaba gerando o aumento da formação de oligopólios. As fusões ocorrem, geralmente, com empresas que possuem o mesmo tamanho. Proporcionando a troca de experiências entre as empresas que participam do processo de fusão. Seguindo as idéias de GUARITA (2002), o processo de fusão é irreversível, fazendo com que os empresários que optarem por este mecanismo capacitem seus funcionários e 1 John Forbes Nash Jr. Matemático que trabalhou na teoria dos Jogos e na Geometria Diferencial. Recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 1994. 6 organizem suas empresas de maneira consciente com o objetivo de preparar para o mercado futuro. Pode-se descrever três tipos distintos de fusões. Como consta nos informes do BNDES (1996) as fusões podem ser horizontais, verticais e conglomeradas. As horizontais caracterizam-se pela fusão de duas empresas que operam no mesmo mercado onde eram concorrentes uma da outra. As fusões verticais ocorrem quando firmas de especificidades diferentes de produção2 se unem com o objetivo de reduzir custos de produção. As conglomeradas podem ser subdivididas em puras e concêntricas. As puras são caracterizadas pela fusão de duas empresas de mercados distintos, por exemplo, uma indústria de alimentos com uma de material de limpeza. As concêntricas são realizadas por firmas que possuem certa relação entre si, aumentando a linha de produtos. 2.1. Medidas de concentração de mercado Seguindo as idéias de KON (1999), as empresas que estão melhores colocadas no mercado que se fundem com outras utilizam como estratégias a possibilidade de aumentar seu tamanho e dominar o mercado, a diminuição da concorrência, e o aumento das chances de um crescimento econômico mais veloz. No âmbito da teoria moderna, a concentração ou poder de mercado, das empresas pode ser analisado como concentração global ou concentração de mercado. A concentração de mercado pode ser utilizada para análises tanto de maneira exata, em um período de tempo determinado, ou comparativa entre períodos de tempos distintos por meio da mensuração de concentração (ibidem). As medidas de concentração pretendem verificar a maneira pela qual o comportamento dominante de determinado agente está inserido no mercado, considerando sua participação por meio de critérios diferenciados (KUPFER, 2002). A forma de concorrência atual está baseada no comportamento dos produtores individuais, ao escolherem a quantidade ofertada e o seu preço, devido às preferências dos consumidores aos produtos e ao acesso dos mesmos (ibidem). Seguindo as idéias RESENDE e BOFF, citado em KUPFER (2002), os indicadores de concentração mais utilizados são: a razão de concentração de ordem “k” CR(K), e o índice de Hirschman-Herfindahl (HHI). Onde, maior concentração implica em maior desigualdade. 2 Pode-se citar como exemplo uma empresa que fabrica automóvel e realiza o processo de fusão com uma empresa que fabrica autopeças para aumentar sua margem de lucro e/ou reduzir custos. 7 Para realização do presente artigo, buscou-se dados referentes aos coeficientes de concentração disponibilizados nos relatórios anuais específicos das cervejarias, da Companhia AmBev, livros, artigos, revistas e informes setoriais. Para a realização dos cálculos de avaliação sobre a concentração de mercado, utilizou-se o Índice Hirschman – Herfindahl (HHI) O índice HHI é representado pela fórmula: onde: n - número total de empresas; i - é a empresa em si; Si - parte correspondente do mercado da empresa i; ∑ - Somatório; Segundo Kon (1999), o tamanho relativo das firmas é visualizado pelo indicador Si, comprovando que as empresas menores contribuem menos para o valor do índice. As relações das variações do índice são: HH >1.800, indústria com alta concentração; HH < 1.000, Indústria pouco concentrada; 1.000 < HH < 1.800, Indústria com concentração moderada. Para complementar a análise dos efeitos da fusão, elaborou-se um comparativo de preços em períodos anteriores e posteriores à fusão. Os preços foram obtidos através de pesquisas nos arquivos de bares, restaurantes e escritórios de contabilidade no Município de Francisco Beltrão - Paraná. Os preços médios pesquisados foram deflacionados levando em consideração o IPCA3 de alimentação e bebidas, com o deflator do IBGE4/SNIPC5 disponibilizado pelo IPEADATA6. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) é utilizado para analisar a variação ocorrida, em determinado período, nos preços de itens de vestuários, alimentos, bebidas, transporte, habitação etc., para o consumidor. O IPC é medido e analisado mensalmente. O índice mede o poder de compra do consumidor (FGV, 2010). 3 IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. É o índice utilizado pelo governo para medir as metas inflacionarias no período. Fonte: http://www.portalbrasil.net/ipca.htm 4 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Fonte: http://www.ibge.gov.br 5 SNIPC - Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor. 6 IPEADATA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada é uma base de dados macroeconômicos, financeiros e regionais do Brasil mantidas pelo IPEA. 8 A fim de analisar os efeitos da fusão das cervejarias Brahma e Antarctica Paulista, elaborou-se a regressão dos dados referentes a consumo per capita, produção e os resultados calculados pelo HHI. Para análise do modelo, foi utilizada uma variável dummy (D) para indicar como a presença ou ausência da AmBev influenciou qualitativamente as variáveis dependentes. Atribuiu-se valor zero para a variável dummy em períodos de ausência da AmBev e valores iguais a 1 para anos de presença7. Modelo: Y = b0 + b1 D + e Onde: Y: variável dependente (concentração, consumo, e produção); D = 1 anos de presença da empresa. D = 0 anos de sem presença da empresa. e: erros aleatórios. 3. PRODUÇÃO E CONSUMO DE CERVEJA NO BRASIL No início da indústria cervejeira no Brasil, a bebida era produzida manualmente em pequenas fábricas. Na década de 1870, a produção anual havia atingido 66,7 milhões de litros, fato que reduzia as importações do produto, fazendo com que o cenário nacional mudasse, quando começaram a surgir fábricas maiores (SUZIGAN, 2000). A primeira cerveja nacional foi fabricada em 1853 no Estado do Rio de Janeiro, apenas em 1898 recebeu o nome, de Bohemia. Marca atualmente comercializada pela AmBev (AMBEV, 2010). Um dos fatores que instigou o aumento das fábricas a partir de 1890 foi à grande influência de empresários alemães. A cerveja alemã possuía textura mais leve, mais agradável ao paladar nacional, fator que levou a alteração da produção nacional para uma cerveja mais leve. Após a mudança de fabricação e devido ao aumento do número e da produção das fábricas nacionais, as cervejas estrangeiras, principalmente as alemãs, perderam espaço no mercado brasileiro, pois as mesmas possuíam praticamente a mesma qualidade e sabor, e o seu valor era mais acessível que as importadas (SUZIGAN, 2000). 7 Baseado no modelo utilizado pelos autores Barbosa & Torres, no trabalho intitulado Empresa Motriz e Desenvolvimento Regional: Analise dos Impactos da empresa IVECO na cidade de Sete Lagoas - MG 9 Nas estatísticas de 1907, as maiores cervejarias nacionais localizavam-se nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pará e Minas Gerais. As quinze maiores fábricas eram responsáveis por 85,5% do capital, 90,4 % da potência instalada e empregavam 60,6% do total de mão de obra utilizada. A Companhia Antarctica Paulista, a Cervejaria Brahma e a fábrica de Cerveja Paraense, dominavam mais de 50% do mercado, 61,9% do capital, 68% da capacidade instalada, e 47,3% da mão-de-obra em 1907. Durante a década de 1980, a Cervejaria Brahma e a Companhia Antarctica Paulista, dominavam o mercado nacional juntamente com poucas cervejarias de médio porte (ibidem). A distribuição e a produção de cerveja no Brasil são realizadas de maneira irregular, algumas regiões consomem mais que as outras, variando inclusive, as marcas de preferência regionais. Conforme aumenta a população o consumo de cerveja aumenta, oscilando de acordo o poder aquisitivo da população. Segundo informações do BANDES8 (2004), a indústria cervejeira no Brasil está se ajustando a um novo tipo de mercado, de uma economia desregulamentada, sem a interferência do governo nos preços e taxas de lucros, por uma política de governo que prioriza a concorrência. Com o processo de globalização iniciado na década de 1990 e com a abertura econômica (a economia brasileira passou de uma economia fechada para uma economia aberta) foi proporcionado aos produtores um maior acesso a matéria-prima, a máquinas mais modernas tornando mais fácil e rápida a produção. Aos consumidores a abertura econômica disponibilizou o acesso a uma maior variedade de produtos, tendo mais liberdade de escolha, aumentando seu bem estar (MARKWALD, 2001). A abertura comercial propiciou mudanças no cenário econômico. As empresas começaram a diagnosticar a necessidade de investir mais em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para se manter no mercado (ibidem). Segundo FERREIRA e HASENCLEVER (2002), citado em KUPFER (2002), as empresas precisam investir em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para perpetuar o processo de mudança tecnológica, diversificando as suas atividades por meio da inovação, invenção ou imitação de produtos. Os gastos com P&D estão ligados a pesquisa básica, aplicada e ao desenvolvimento experimental. Como salienta KON (1999), as empresas buscam a diversificação de seus produtos ou a criação de um novo produto para manter-se no mercado, para diminuir os riscos e incertezas 8 BANDES: Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo. 10 ou ainda para amenizar a sazonalidade a qual o produto está suscetível no mercado em que a indústria está inserida. Devido às incertezas do mercado, surgiram diversas alianças entre grandes empresas nacionais e internacionais. Em relação à indústria cervejeira nacional, nesse novo cenário, destacamos a fusão das empresas Brahma e Antarctica (BANDES, 2004). Segundo FABRETTI (2005), o processo de fusão pode ser subdividido em fusão direta e fusão indireta. No processo de fusão direta duas empresas se unem para formar uma nova, extinguindo totalmente as empresas originais, iniciando uma nova atividade econômica. No processo de fusão indireta, as empresas se unem formando uma nova, denominada sociedade holding9 controladora. Ou seja, as empresas fusionadas continuam mantendo suas atividades econômicas individuais, porém a nova sociedade holding controla as suas ações, propondo uma linha de gestão uniforme dos negócios das empresas. É o caso da AmBev e da maioria das fusões atuais (ibidem). O processo produtivo da indústria cervejeira envolve a fabricação, engarrafamento e distribuição. Podendo utilizar-se de argumentos como a sua localização e suas redes de distribuição como barreiras a entradas de novas firmas. Fazendo com que as firmas menores optem pelas fusões e aquisições (ROSA, COSENZA, LEÃO, 2006). As cervejarias investem pesado em Marketing para manter seus consumidores fiéis a determinadas marcas, e para conquistar novos consumidores no mercado. Segundo Ferrari (2008), o objetivo principal das cervejarias é tornar sua marca líder, sendo lembrada por todos os consumidores. O papel principal do marketing no setor cervejeiro é de impedir que os consumidores caracterizem as diferentes marcas do produto como sendo substitutos perfeitos. Já as embalagens, sofrem bastante influência dos canais de distribuição em sua fabricação. Cada canal comercializa mais uma determinada embalagem, por exemplo, nos bares a preferência é por garrafas, já nos supermercados a preferência é pelas latas (BANDES, 2004). Atualmente a preocupação com o meio ambiente e os problemas de estocagem, estão fazendo com que as embalagens tradicionais sejam substituídas pelas descartáveis (ibidem). 3.1. Análise do mercado de cervejas no Brasil a partir de 1990 3.1.1 Mercado Consumidor 9 Empresa que possui como atividade principal, participação acionária em uma ou mais empresas. 11 De acordo com dados do Sindicerv (2010), no Brasil a cerveja mais consumida é do tipo Pilsen, que possui coloração mais clara, baixa fermentação e teor alcoólico. O mercado nacional de consumo de cerveja pode ser caracterizado como um mercado de público jovem, devido à média de idade dos consumidores, que possuem baixo poder de compra. Setenta por cento do consumo total de cerveja é realizado pelas classes “C”,“D”, e “E”10. De acordo com Rosa, Cosenza e Leão (2006), mesmo com as propagandas mais direcionadas ao público masculino, o consumo de cerveja está crescendo entre as mulheres. Tabela 01: Consumo per capita de cerveja – litros/habitante 2002/2003 País Consumo per capita Rep. Checa 158 Alemanha 117,7 Reino Unido 101,5 Austrália 92 Estados Unidos 84 Espanha 78,3 Japão 56 México 50 Brasil 47 França 35,5 Argentina 34 China 18 Fonte: Brewers apud SINDICERV (2010). A cerveja pode ser caracterizada como um produto de consumo sazonal, que possui variações de demanda devido a alterações climáticas, alteração na renda e poder de compra dos consumidores. Ou seja, possuem uma alta elasticidade preço e elasticidade de renda. A elasticidade preço é a variação percentual da quantidade demandada pela variação percentual no preço. A elasticidade da renda é a variação percentual da quantidade demandada pela variação percentual da renda (VARIAN, 2003). Conforme dados do SINDICERV (2010), o consumo médio per capita de cerveja nacional é de 47 litros/ano no período de 2002/2003, conforme apresentado na tabela 01, número considerado baixo, quando comparado com outras nações, onde a cultura de consumo da bebida fermentada é mais relevante. A variação de consumo nos últimos anos sofreu algumas alterações devido a mudanças econômicas. No ano de 1999, a desvalorização do câmbio para a transformação de um sistema 10 Segundo IBGE (2009), as classes sociais são divididas em: “A” recebem mais de 15 salários mínimos; “B” recebem de 5 a 15 salários mínimos; “C” recebem de 3 a 5 salários mínimos; “D” recebem de 1 a 3 salários mínimos e Classe “E” recebe até 1 salário mínimo. 12 com livre mobilidade cambial, fez com que o poder de compra da população diminuísse, refletindo na queda do consumo de cerveja confirmando a elasticidade renda alta. Conforme tabela 05, verifica-se um aumento no preço da cerveja de R$ 1,32 em 1998, para R$ 1,43 em 1999, fator que também pode ter contribuído, para a queda do consumo. Nos anos de 2000 e 2001 o consumo per capita aumentou, tendo uma leve queda em 2002, possivelmente devido à crise financeira internacional, conforme dados constantes na Figura 01. Figura 01: Consumo per capita de cerveja em litros/ano no Brasil. Fonte: SINDICERV, (2010). A cerveja é comercializada em diversos locais com diferentes caracterizações. Os bares, lanchonetes, restaurantes, casas noturnas, são caracterizados como pontos de vendas de consumo local. As padarias e os demais locais onde os consumidores necessitem do auxílio de um vendedor são caracterizadas como locais de comercialização tradicionais, e, os locais denominados como auto-serviços são caracterizados pelos supermercados (BANDES, 2004). 3.1.2. Mercado Produtor Na indústria cervejeira no Brasil, além da AmBev, existem as cervejarias Kaiser e Schincariol (que possuem significativa parcela de mercado), e algumas fábricas menores que possuem parcela menos significativa. As principais cervejarias nacionais são: A Companhia Antarctica Paulista criada em 1885 atuava na fabricação e comercialização de bebidas, tendo como principal parceira a empresa Budweiser Brasil Ltda (CADE, 2000); a marca Brahma, registrada em 1888 na Junta Comercial do Rio de Janeiro pelo suíço Joseph Villiger (BRAHMA, 2010); Cervejaria Bavária foi fundada em 1890 por Henrique Stupakoff & Co, em 1900 possuía uma capacidade de produção de 13.000 litros diários (SUZIGAN, 2010); a cervejaria Kaiser surgiu em 1982, foi criada por Luiz Otávio Pôssas Gonçalves, distribuidor da Coca-Cola em Minas Gerais. 13 Em 2002, a cervejaria Canadense Molson, comprou a Kaiser. A Molson já havia comprado a marca Bavária e as cinco fábricas da AmBev no ano de 2000 conforme exigência do CADE (BANDES, 2004). No ano de 1964, surgiu, na Europa, uma nova marca no mercado mundial, a Skol, que chegou ao Brasil em 1967. Em 1971 a Skol lançou a primeira cerveja em lata do país, também foi à pioneira na criação da lata de alumínio. Atualmente a marca Skol é fabricada no Brasil pela AmBev (AMBEV, 2010). O grupo Schincariol surgiu em 1939 no Estado de São Paulo. Em 1989 lançaram a primeira marca de cerveja Pilsen do grupo que levou o mesmo nome da cervejaria, a Schincariol (BANDES, 2004). 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 Mercado de Cervejas 4.1.1. Market Share do Mercado Cervejeiro Brasileiro Segundo REBOUÇAS (2010), o market share11 nos mostra a participação de um bem ou produto em um mercado específico. Com base em dados do SINDICERV (2010), FERRARI (2008), ROSA e LEÃO (2010), BNDES (1996) e OLIVEIRA (1996), foi elaborada a tabela 02, onde se apresenta os índices de participação do mercado das principais empresas produtoras no período de 1989 a 2005. Tabela 02: Participação por marcas de cerveja de 1989 a 2005 e cálculo do HHI. Marca 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 20,4 Brahma 37,8 38,1 38 37,4 35,2 33,3 31,4 29 26 24 22 23 22 21,8 20,9 19,8 Antartica 40,8 37,8 35 34 31,5 30,2 31,9 26 24 18 18 16 14 14,3 11,6 13 13,6 Skol 12,5 12,7 13 14,1 15 16,8 15,2 19 22 24 27 30 32 32,3 32,8 31,6 32,6 BoHemia - - - - - - - - - - - - - - 1,9 1,8 1,7 AmBev - - - - - - - - - - - 69 68 68,4 67,2 66,2 68,3 Kaiser 7,9 9,8 11 11,5 13,6 13,9 14,6 16 17 23 21 18 17 15,4 13,3 10,9 8,9 Schincariol* 0,2 0,8 2 2,1 3,8 4,7 5,4 5 6 8 8 9 10 9,6 11,1 13,1 12,6 10,2 Outros 0,8 0,8 1 0,9 0,9 1,1 1,5 5 5 3 4 4 5 6,7 8,5 9,8 Petropolis - - - - - - - - - - - - - - - 3,6 5,2 Cintra Outras marcas - - - - - - - - - - - - - 1,6 1,7 1,6 1,4 - - - - - - - - - - - - - 5,1 6,8 4,6 3,6 HHI 3313 3139 2964 2891 2657 2520 2479 2184 2086 2078 2058 5182 5038 5053 4888 4769 5007 Fonte: Elaboração Própria *Inclui todas as marcas da cervejaria Schincariol. 11 Participação de mercado. 14 A partir dos dados da fatia de mercado de cada empresa do setor, foi calculado o HHI para avaliar a concentração que cada cervejaria possuía no período anterior e posterior a fusão. O índice atribui peso maior para as empresas maiores, mostrando assim a importância que as mesmas possuem no mercado em qual atuam e auxiliando-nos a avaliar os efeitos dessa concentração para os consumidores. O índice HHI foi utilizado pelo CADE para a aprovação da fusão das cervejarias que criaram a AmBev, devido a sua aplicabilidade e simplicidade. O índice permite analisar o quanto à indústria é concentrada, e quais são as variações possíveis que mantenham um nível de concorrência entre as empresas, para evitar que o mercado torne-se um monopólio. A análise do índice apontou para uma forte concentração dentro desta atividade. O mercado já era concentrado, mas ficou muito mais após a criação da AmBev. A indústria cervejeira já se encontrava, desde 1989, com um HHI maior que 1.800, sinalizando preocupação em caso de fusão. No ano de 1999, a indústria cervejeira apresentava um HHI de 2.058. Nesse mesmo ano, foi iniciado o processo de fusão, concretizado no ano de 2000. Em 2000, o valor do índice de concentração de mercado, conforme apresentado na tabela 02, saltou para 5182. Verifica-se, portanto, que o aumento da concentração foi bastante superior a 100 pontos, fato que evidencia claramente a elevada concentração do mercado. Conforme se pode analisar no período anterior a criação da AmBev, a maior concentração de mercado estava dividida entre as marcas Brahma e Antarctica, com base nos dados referentes aos anos de 1989 a 1997. A partir de 1998 a marca Antarctica foi perdendo mercado para a cerveja Skol, pertencente à Cervejaria Brahma. A marca de cerveja Skol, prosseguiu aumentando suas vendas ultrapassando a principal marca de sua cervejaria, a Brahma. A cerveja Kaiser mantinha um mesmo patamar significativo de crescimento, seguido da marca Schincariol. Em 1995 a marca Brahma perdeu a posição de primeiro lugar para a Antarctica, conforme tabela 02. Segundo Oliveira (1996), foi devido ao crescimento da demanda e pela falta de capacidade produtiva, fator que levou a cervejaria Brahma a implantar uma nova fábrica em Campo Grande no Rio de Janeiro. A partir dos dados pode-se visualizar uma movimentação mais significativa de aumento do poder de mercado das cervejarias menores12 durante os anos de 1995 a 1999. Logo após a 12 Caracterizadas como “Outras” nas tabelas e gráficos. 15 fusão, as cervejarias pequenas (outras na tabela 02) expandiram ainda mais sua produção, elevando sua participação no mercado. Em função da pequena complexidade do processo de fabricação e da possibilidade de comercializar em pequenas redes, é possível às pequenas empresas atuarem regionalmente, conquistando as parcelas de mercado próximas de sua localização, especialmente em bares de periferias (Rosa, Cosenza e Leão, p. 105, 2006). Mesmo com o crescimento constante da participação das cervejarias Schincariol e Kaiser a partir de 1997, o mercado continuou concentrado pelas marcas Skol, Brahma e Antarctica, com respectivamente 22%, 26% e 24% da participação do mercado. Em 1999, se somadas às participações das cervejas Brahma, Antarctica e Skol, as mesmas totalizam 67% do mercado nacional, contra 33% das demais cervejarias. No ano de 2004 ocorreu uma mudança na ordem participação de mercado das empresas, quando a Kaiser passou do 2º para o 3º lugar perdendo sua colocação para a cerveja Schincariol. Segundo JIMENES e GONÇALVES (2004), essa inversão na colocação de mercado, foi originada pelo lançamento da Nova Schin, nova marca de cerveja do grupo Schincariol. O grupo intensificou as estratégias de marketing sobre o novo produto e alterou a sua formulação. Ainda em 2004, a Schin já havia ultrapassado as marcas Antarctica e Kaiser, momento que passou a competir diretamente com as marcas Brahma e Skol. O crescimento de sua aceitação no mercado deveu-se em partes pelo slogan de sua campanha de marketing (experimenta!) que utilizou uma linguagem mais conhecida pelos consumidores, instigando o seu consumo (JIMENES E GONÇALVES, 2004). No comparativo entre os dados de 1999 e 2005 percebe-se que após a fusão das maiores cervejarias, o mercado cervejeiro nacional firmava sua característica de oligopólio, onde uma empresa, a AmBev, possui mais de 65% do poder de mercado do setor. 4.2. Influência da AmBev sobre a concentração do mercado, produção e consumo de cerveja 4.2.1 Influência Sobre o HHI Após análise do índice Hirschiman – Herfindahl (HHI) e verificação da elevada concentração do mercado, elaborou-se uma regressão a fim de averiguar o quanto a presença da AmBev influenciou os resultados obtidos na tabela 02. 16 Para tanto, utilizou-se um modelo econométrico simples, com uma variável dummy (D), para indicar como a presença ou ausência da AmBev, no mercado, influenciou a variável dependente: market share das cervejarias. Atribuiu-se valor zero para a variável dummy em períodos de ausência da AmBev (1989-1999) e valores igual a 1 para anos de presença (2000-2005). Conforme os resultados obtidos pelo modelo (Modelo: Y = b0 + b1 D + e), observou-se que 91,39% do aumento de concentração do mercado foi devido à fusão ocorrida no ano 2000. Desse modo, reafirma-se que a indústria está mais concentrada em virtude da presença da AmBev. De acordo com Ferrari (2008), as cervejarias investem em propaganda para fixarem suas marcas. Tal pode ser percebido na cervejaria AmBev, que para marcar forte presença no mercado, investe em inovações, propaganda, e diferenciações na linha de produtos. 4.2.2 Influência Sobre a Produção e Consumo Os estudos de Oliveira (1996) mostram que a produção das cervejarias nacionais são dirigidas basicamente ao consumo interno. Na interpretação de ROSA, COSENZA e LEÃO (2006), 70% a 75% da produção de cerveja nacional são comercializadas pelos canais de consumo local e tradicional. Dessa perspectiva FERRARI (2008), afirma que cerca de 30% da produção de cerveja é distribuída diretamente pelas empresas produtoras. Nesse sentido é ressaltada a utilização, pelas cervejarias, de diferentes maneiras de fidelização de seus distribuidores, através dos contratos de distribuição exclusiva. Com base na tabela 0313 são apresentados os valores indicando a produção (em milhões hectolitros14) e consumo per capita (em litros) de cerveja nos anos de 1985 a 2008. Tabela 03: Dados sobre consumo e produção de cerveja entre 1985 e 2008 13 Ano Milhões de hl 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 30,20 43,80 47,50 48,00 52,80 54,50 58,00 Consumo per capita lt/habitante 22,30 31,60 33,60 32,40 35,70 36,10 39,50 Tabela elaborada com dados do Sindicerv (2010), Ferrari (2008), Reinoldi (2010), Monteiro (2006), Rosa, Cosenza e Leão (2006). 14 Unidade de volume equivalente a cem litros, representado pelo símbolo hl. 17 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 47,70 51,00 65,00 80,00 80,00 81,00 84,00 78,00 82,00 84,50 84,10 82,20 85,00 90,20 97,00 101,40 106,30 32,00 33,60 41,80 50,00 49,30 50,90 50,20 48,00 49,80 50,30 48,00 46,80 47,60 49,00 51,90 56,00 57,00 Fonte: Elaboração própria (2010). O consumo de cerveja varia conforme as influências econômicas e o clima suas vendas são elevadas entre os meses de temperatura mais elevada (dezembro a março). Visualiza-se também, que o aumento de preços oriundos de crises econômicas e financeiras provoca redução de seu consumo, devido ao fato da cerveja ser mais consumida pelas classes que possuem menor poder aquisitivo. Conforme dados sobre consumo constantes na tabela 03, verifica-se pouca variação entre os anos de 1986 a 1993. No ano seguinte, o consumo per capita aumentou 24,40%. De acordo com SAORIN (2010), a evolução do consumo deveu-se, possivelmente, pelos efeitos da implantação do plano real, que contribuiu para o crescimento de poder de compra da população, que passou a consumir mais cerveja. De 1995 a 2006 o consumo manteve-se constante, aumentando consideravelmente a partir de 2007 e 2008 (9,82% em 2008 em relação a 2006). Em relação a produção de cerveja, verifica-se crescimento lento entre os anos de 1985 a 1994, dando um salto significativo a partir de 1995 com a produção de 80 milhões de hectolitros contra 65 milhões em 1994. Este crescimento continua até 2008, conforme visualizado na tabela 03. Observa-se, com base na utilização do modelo econométrico (tabela 04), que a presença da AmBev no mercado cervejeiro foi mais significativo para a produção do que para o consumo per capita , pois 52,76% das variações na produção e apenas 38,75% das variações no consumo de cerveja no Brasil, no período analisado, foram explicados pela fusão das empresas Antártica e Brahma. A média do consumo per capita ate 2000 era de 39,13 litros. Essa média aumentou para 50,71 litros após a fusão e surgimento da AmBev, ou seja, ocorreu um incremento médio de 18 11,58 litros por habitante. Essa elevação de consumo pode ser resultado dos investimentos em propaganda pela nova empresa no mercado. Tabela 04: Modelo Econométrico relacionando o consumo e a produção de cerveja de 1985 a 2008 em função da presença da AmBev (Dummy) Estatística de regressão Produção Consumo R-Quadrado 52,76% 38,75% R-quadrado ajustado 50,61% 35,96% Média até 1999 60,1 39,13 Média incremental após AmBev 30,2 Fonte: Elaboração própria, com base nos dados da tabela 03. 11,58 O aumento da produção deve-se em partes pelo aumento de fábricas cervejeiras nacionais, e também devido ao processo de fusão no ano de 2000, onde a AmBev aumentou significativamente sua produção. 4.3. Análise dos preços da indústria cervejeira A partir de conceitos universais sobre a formulação dos preços, dizemos que eles são obtidos a partir de análises de custo e da lucratividade esperada de certo produto. O preço atribuído ao bem não pode ser maior de seu beneficio para o consumidor e nem ser menor que o custo de produção e distribuição (PALDA, 1976). A fixação inicial dos preços é mais complexa e arriscada do que sua alteração posterior (ibidem). Como descrito no trabalho de COSTA (2010): Preço é informação que deve ser considerada em função dos objetivos a serem atendidos. Preço de custo, de venda, preço de produção, preço de serviço e preço de mercado. Preço quando a capacidade está saturada e quando a capacidade está ociosa. Preço para penetrar em mercados e preços de produtos diferenciados; preços públicos, preços de importação, etc.; são muitos os sentidos e isto vale também de forma crítica, pois o preço pode ser entendido como epifenômeno que encobre relações de produção, desigualdades sociais, e também imperfeições do sistema de concorrência. (Costa, 2010, p. 01) Existem inúmeros métodos e fórmulas para a fixação de preços, porém é necessário sempre levar em consideração os custos, a capacidade e todos os fatores de produção da empresa (COSTA, 2010). Seguindo as idéias de FERRARI (2008), os consumidores analisam as cervejas Brahma, Skol, Antarctica e Bohemia como produtos de primeira linha e que possuem características e preços semelhantes. Já as cervejas Kaiser e Schincariol, consideradas como segunda linha tendem a praticar preços menores. 19 Esta característica de líderes (cervejas de primeira linha) e seguidoras (cervejas de segunda linha) na formulação de preços, nos remete ao modelo de Stackelberg, na teoria do oligopólio (ibidem). A fim de averiguar os efeitos sobre os preços repassados ao consumidor final, causados pela fusão no mercado cervejeiro nacional, foi elaborada pesquisa de preços médios das cervejas Bhrama, Antarctica e Skol no período de 1995 a 2009. A base dos valores referentes aos preços foram os canais de distribuição – bares e restaurantes de Francisco Beltrão – PR. De acordo com os valores de venda obtidos, aplicou-se uma média aritmética simples para cada ano, utilizando-se, portanto, da média dos valores das cervejas Brahma, Antarctica e Skol, embalagens de 600 ml, para a realização da análise. Os preços médios pesquisados foram deflacionados utilizando-se o IPCA de alimentação e bebidas disponibilizado pelo IPEADATA, para averiguar as variações nos preços reais, retirando a inflação do período. A partir dos dados obtidos formulou-se a tabela 05, para análise dos impactos da fusão para os consumidores, levando em consideração o preço médio da cerveja no período. Tabela 05: Análise da variação dos preços médios de venda das cervejas Antarctica, Brahma e Skol no período de 1995 a 2009. Ano Preço Médio* Deflator** Preço Deflacionado*** Índice de Base Móvel Variação do Preço da Cerveja em relação a 1995 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 R$ 1,05 R$ 1,06 R$ 1,16 R$ 1,35 R$ 1,54 R$ 1,73 R$ 1,87 R$ 1,93 R$ 2,00 R$ 2,06 R$ 2,40 R$ 2,64 R$ 2,74 R$ 2,92 R$ 3,26 100 101,73 101,22 101,97 107,92 103,20 109,24 118,11 107,27 103,81 101,99 101,24 110,29 110,62 103,13 R$ 1,05 R$ 1,04 R$ 1,15 R$ 1,32 R$ 1,43 R$ 1,68 R$ 1,71 R$ 1,63 R$ 1,86 R$ 1,98 R$ 2,35 R$ 2,61 R$ 2,48 R$ 2,64 R$ 3,16 R$ 100 R$ 99,24 R$ 109,99 R$ 115,52 R$ 107,78 R$ 117,48 R$ 102,12 R$ 95,46 R$ 114,10 R$ 106,43 R$ 118,58 R$ 110,81 R$ 95,27 R$ 106,25 R$ 119,75 100 99,235605 109,144626 126,087505 135,903138 159,653008 163,031159 155,625708 177,567065 188,989959 224,111608 248,349043 236,605659 251,396889 301,053225 Fonte: Elaboração própria (2010). * Valores médios obtidos das cervejas pertencentes à AmBev (Brahma, Skol e Antarctica), garrafa de 600 ml. ** Deflator do IBGE/SNIPC, disponibilizado pelo IPEADATA. *** Preço Real considerado. Tomando como base a tabela 05, observada a base no ano de 1995, verifica-se um aumento, até 1999, de 7,92% no nível geral de preços, entretanto o preço da cerveja obteve um salto muito maior, elevando-se 35,90% no mesmo período. Considerando a elasticidade 20 preço da demanda, verifica-se que este aumento nos preços poder estar diretamente relacionado à variação da produção, que passou de 84 milhões para 78 milhões hectolitros em 1999, considerando o consumo per capita crescente. No ano de 1999, quando foi anunciada a fusão das cervejarias, o preço médio real de venda da cerveja era R$ 1,43. No ano seguinte (2000), com a aprovação da fusão o preço saltou para R$ 1,68, aumentando 17,48% em relação ao ano anterior, e, 59,65% em relação a 1995. Demonstrando assim, os impactos iniciais da presença da AmBev no mercado. Em 2002, ocorreu a redução do consumo per capita e dos preços, conforme visualizado nas tabelas 03 e 05. Possivelmente devido aos efeitos das diversas crises econômicas e financeiras ocorridas no período que faz com que as pessoas reduzam seu consumo. Com a diminuição do consumo, as cervejarias (como as demais indústrias) acabam aumentando seus preços para não terem prejuízos maiores. Verifica-se, portanto que para o consumidor final, a fusão das cervejarias não foi benéfica, pois os aumentos ocorridos nos preços reais da cerveja foram em níveis muito maiores que a inflação do período. Analisa-se também que a maior quantidade de bebida ofertada no mercado, possivelmente seja resposta a elevação do consumo per capita. Este por sua vez pode ter sido ocasionado pelo aumento da renda dos consumidores, ou por períodos de verão mais prolongados, carnaval mais cedo, mudança de preferência dos consumidores, etc. Já a elevação dos preços pode ser considerada uma resposta positiva ao crescimento da demanda e também ao poder de mercado da empresa dominante. 5. CONCLUSÃO Através de estudos realizados para a elaboração deste trabalho, verifica-se o aumento do número de fusões e aquisições em todos os mercados a nível mundial, considerando-se alternativas diferentes das empresas se manterem num ambiente cada dia mais competitivo. Com o crescimento das fusões e aquisições, nota-se o aumento da concentração de mercado, transformando alguns setores numa estrutura oligopolizada. Como tal exemplo, cita-se a indústria cervejeira, que devido aos elevados investimentos em marketing, inovações constantes em seus produtos e embalagens, número reduzido de firmas que atuam no setor, alta concentração de mercado que as mesmas possuem e a dominação de mercado exercida pela AmBev, apresenta-se como uma estrutura com características de oligopólio. 21 Dentre os oligopólios nacionais, analisou-se a indústria cervejeira, em especial, a fusão ocorrida entre as Cervejarias Brahma e Antarctica Paulista anunciada em meados de 1999. No ano de 2000, o CADE aprovou a fusão das cervejarias, porém, para concretizar o processo de fusão das empresas, o CADE fez algumas restrições a serem cumpridas pela AmBev, dentre elas: a venda da marca Bavária no prazo de oito meses após a fusão, onde o comprador não poderia ter mais de 5% de participação na indústria cervejeira nacional; venda de cinco fábricas da Antarctica, localizadas em Getúlio Vargas (RS), Ribeirão Preto (SP), Cuiabá (MT), Salvador (BA), Manaus (AM); compartilhamento da rede de distribuição da AmBev com cinco pequenas empresas, por quatro anos; pelo mesmo período de quatro anos a cervejaria ficaria proibida de desativar fábricas. As restrições impostas pelo CADE foram cumpridas. A Marca Bavária e as cinco fábricas foram vendidas para a cervejaria Molson; a AmBev não desativou nenhuma fábrica no período estipulado. Levando em consideração que este trabalho teve por objetivo analisar a variação da concentração do mercado cervejeiro antes e após a fusão das Cervejarias Brahma e Antarctica Paulista, e também verificar as variações do consumo e as alterações ocorridas no preço da cerveja neste período, conclui-se que em relação à concentração de mercado, com base nas análises realizadas através do cálculo do índice Hirschman – Herfindahl (HHI), a indústria cervejeira nacional que já era dominada pelas marcas Brahma, Antarctica e Skol. Após a fusão, os índices de concentração elevaram-se significativamente, já que a AmBev passou a dominar mais de 65% da produção do setor. O consumo per capita manteve-se na média de 48 litros/ano/habitante no período de 1994 a 2004, sendo influenciado por alterações econômicas e climáticas. Cabe ressaltar que o clima tropical brasileiro, pode ser um dos fatores que causou elevação no consumo de cerveja. Para averiguar a alteração ocasionada em relação à concentração, produção e consumo, devido à presença ou ausência da AmBev no mercado, utilizou-se um modelo econométrico simples, com uma variável dummy (D). Pela análise do modelo, e com base nas variações ocorridas na oferta e demanda da bebida, observou-se, que a presença da AmBev no mercado cervejeiro foi mais significativa para a produção do que para o consumo, pois 52,76% das variações na produção e apenas 38,75% das variações no consumo de cerveja no Brasil foram relacionadas à presença da AmBev no mercado. Em relação à concentração de mercado, observou-se que 91,39% do aumento foi devido à fusão ocorrida no ano 2000. 22 O consumo de cerveja é bastante sensível às variações na renda dos consumidores, portanto pode-se considerar que o fator importante que influência o consumo por cerveja, são os preços. No período analisado, verificou-se que a AmBev influenciou fortemente a elevação dos mesmos. Pode-se concluir que o consumo não tenha se reduzido, pelo resultado da forte campanha publicitária da indústria, que acaba induzindo os consumidores a consumir o produto, quando poderia beber outras qualidades de bebida. No período posterior a fusão percebe-se uma elevação de 59,65% em comparação com 1995. No Ano de 2000 o preço médio real da cerveja em Francisco Beltrão era de R$ 1,68 e passou para R$ 3,16 em 2009, demonstrando, portanto, a forte influência exercida pela AmBev no mercado cervejeiro nacional. Constatou-se certa dificuldade para a realização deste trabalho, no que se refere ao levantamento de preços das cervejas, os quais não foram conseguidos através de pesquisas em notas fiscais fornecidas por proprietários de bares e restaurantes, e por contadores do município. Com base nos dados obtidos no trabalho, torna-se possível dar seqüência as pesquisas mais recentes sobre o consumo, produção, concentração e preços, e também, avaliar o investimento que a AmBev realiza com capacitação de seus colaboradores, e o aprofundamento das estratégias de marketing da cervejaria. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALBUQUERQUE, Marcos Cintra Cavalcanti de, 1945. Microeconomia. São Paulo: McGraw-Hill, 1986. AMBEV – Companhia de Bebidas das Américas. Disponível <http://www.ambev.com.br/pt-br/sociedade-da-cerveja/a-historia-da-cerveja/no-brasil> Acesso em 24/09/2010. em BANCO DE DESENVOLVIMENTO DO ESPÍRITO SANTO S/A. Indústria Cervejeira no Brasil: padrão de competição e evolução / Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo. – Vitória: BANDES, 2004. BARROS, Betania Tanure de. Fusões e Aquisições no Brasil: Entendendo as razões dos sucessos e fracassos. 1 ed. São Paulo: Atlas, 2003. BESANKO, David; BRAEUTIGAM, Ronald R. Microeconomia: Uma Abordagem completa.Editora LTC, 2004. BNDES. Informe Setorial: Cerveja. 1996. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhe cimento/setorial/gs2_10.pdf> Acesso em 15/09/2010. 23 BRAHMA, Cervejaria. Disponível em: < http://www.brahma.com.br/teaser/> Acesso em 10/08/2010. CADE, Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Disponível em: < http://www.cade.gov.br/Default.aspx?aa8a9d6aa87e9063bd6fba90a0> Acesso em 10/09/2010. COSTA, Reinaldo Pacheco da. A Formação dos Preços e a Administração da Produção. Disponível em: <http://www.prd.usp.br/disciplinas/docs/pro2208-2006Reinaldo/precos%20e%20producao.pdf > Acesso em 15/10/2010. DATAMARK, Disponível EM: <http://www.datamark.com.br/Apresentacao /PressCenter/33EmbalagemCiaPerfilDeUmMercadoEmPotencial.pdf> acesso em 28/05/2010. FABRETTI, Láudio Camargo. Fusões, aquisições, participações e outros instrumentos de gestão de negócios: tratamento jurídico, tributário e contábil. São Paulo, SP: Atlas, 2005. FERRARI, Vanessa. O Mercado de Cervejas no Brasil. Porto Alegre. 2008. FGV, Fundação Getulio Vargas. Disponível em: < http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumChannelId=402880811D8E34B9011D92B7350710C7> Acesso em 25/10/2010. GAROFÁLO, Gilson de Lima, 1943. Teoria Microeconômica/Gilson de Lima Garofálo, Luiz Carlos Pereira de Carvalho. 3ª Ed. São Paulo: Atlas, 1995. GUARITA, Sérgio Antonio D. Fusões e Aquisições no Brasil: evolução do processo. Revista FAE BUSINESS. 2002. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: < www.ibge.gov.br> Acesso em 08/10/2010. JIMENES, Roberto; GONÇALVES, Elizabeth M. Disponível <http://www2.metodista.br/unesco/GCSB/artigo_etica.pdf > Acesso em 15/10/2010. em: KON, Anita. Economia Industrial. São Paulo: Nobel, 1999. KUPFER, David. Economia Industrial: Fundamentos teóricos e práticos no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2002. LABINI, Paulo Sylos. Oligopólio e Progresso Técnico. São Paulo: Abril Cultural, 1984. MARKWALD, Ricardo A. Disponível em <http://www.funcex.com.br/material/rbce/68Integra%C3%A7ao-RM.pdf> Acesso em 27/09/2010. MONTEIRO, Viviane. BEBIDAS: Cresce o consumo de cerveja per capita no Brasil. 2006. Disponível em: <http://indexet.investimentosenoticias.com.br/arquivo/2006/01/10/6/BEBIDAS-Cresce-oconsumo-de-cerveja-per-capita-no-Brasil.html> Acesso em 19/10/2010 . OLIVEIRA, Maria Helena de. Cerveja: um mercado em expansão. BNDES, 1996. Disponível em: < http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Publicacoes/Consulta_Ex pressa/Setor/Bebidas/199609_14.html > Acesso em 25/08/2010. PALDA, Kristian S. Determinação de Preços e Política Metodológica. 1ª Ed. Editora Atlas, 1976. 24 PINDYCK, Robert S., Rubinfeld, Daniel L. Microeconomia. 5ª ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. REBOUÇAS, Fernando. Disponível em: < http://www.infoescola.com/empresas/marketshare-e-client-share/ > Acesso em 17/10/2010. REINOLD, Matthias Rembert. O mercado Brasileiro de Cerveja. Disponível em: <http://www.cervesia.com.br/dados-estatisticos/225-o-mercado-brasileiro-de-cerveja.html> Acesso em 19/10/2010. ROSA, S. E. S.; COSENZA, J. P.; LEÃO, L. T. S. Panorama do setor de bebidas no Brasil. Rio de Janeiro: BNDES Setorial, n. 23, p. 101-150, 2006. SAORIN, Cirlene. Mercado Brasileiro de Cerveja. Disponível em: http://www.beerlife.com.br/portal/default.asp?id_texto=28> Acesso em 19/10/2010. < SINDICERV. Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja. Disponível em < http://www.sindicerv.com.br/mercado.php> Acesso em 22/09/2010. SUZIGAN, Wilson. Indústria brasileira: origem e desenvolvimento. São Paulo: Hucitec, Ed. Da Unicamp, 2000. VARIAN, Hal R. Microeconomia. 6º ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003.