Conversas de Fim de Tarde Ciclo de 2015 1.ª Sessão subordinada ao tema Urgências Hospitalares – Constrangimentos e Oportunidades? 4 | Maio | 2015 Texto: Carlos Gamito [email protected] Fotografia: APDH Paginação e Grafismo: Marisa Cristino [email protected] A sede da Ordem dos Médicos - Lisboa, foi o local eleito para a realização da 1.ª sessão das "Conversas de Fim de Tarde", evento promovido pela APDH em parceria com a Ordem dos Médicos Urgências Hospitalares – Constrangimentos e Oportunidades? foi o tema a que se subordinou a 1.ª sessão do ciclo das denominadas Conversas de Fim de Tarde, este ano (2015) concentradas na temática que encerra a Organização dos Serviços de Saúde. A APDH – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar em parceria com a Ordem dos Médicos foram as entidades que promoveram e organizaram o evento que decorreu em Lisboa nas instalações da sede da Ordem dos Médicos, cujo teve lugar no pretérito dia 17 de Abril de 2015. As jornadas, amplamente participadas e enriquecidas pelas cinco comunicações que corporizaram os trabalhos, centraram-se em causas que, pela sua mediatização, estão a deixar a nu as muitas e preocupantes fragilidades observadas nos Serviços de Urgência dos Hospitais Portugueses. A persistente redução do número de camas a nível hospitalar aliada à extrema dificuldade na contratação de profissionais de saúde, têm-se mostrado factores determinantes para o inquietante panorama em que está mergulhado o Serviço Nacional de Saúde. MODERADORES, COMENTADORES E PALESTRANTES A moderação dos trabalhos esteve a cargo respectivamente da Prof.ª Doutora Ana Escoval, Presidente da APDH, e do Prof. Doutor João Correia da Cunha, em representação do Bastonário da Ordem dos Médicos, Prof. Doutor José Manuel Silva. O quadro de comentadores foi composto pela Dra. Marta Temido, Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares; Dra. Leonor Carvalho, Chefe de Serviço de Medicina Interna no Centro Hospitalar Lisboa Norte, e Enf.º Alexandre Tomás, Presidente da Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros. O painel de palestrantes foi integrado pela Dra. Conceição Barata – assistente graduada sénior de Medicina Interna –, Directora do Serviço de Urgência do Hospital do Espírito Santo de Évora; Dr. Ricardo Matos – especialista em Cirurgia Geral –, Responsável da Urgência Geral 2 Polivalente do Centro Hospitalar Lisboa Central; Dra. Ana Rita Cardoso – especialista em Medicina Interna –, Directora do Departamento de Urgência do Centro Hospitalar do Médio Tejo, Unidade de Tomar; Dr. Francisco Mota, economista e Director de Operações do Hospital Beatriz Ângelo, e Dr. Jorge Correia, jornalista actualmente a desempenhar funções de responsável pelas relações institucionais numa empresa farmacêutica. ABERTURA DA SESSÃO DE TRABALHOS A Presidente da APDH, Prof.ª Doutora Ana Escoval, ladeada pelo Bastonário da Ordem dos Médicos, Prof. Doutor José Manuel Silva, subiu ao púlpito a anunciar a abertura dos trabalhos. Na sua breve alocução, a Presidente da APDH, com palavras de circunstância fez uma sinopse do conteúdo da reunião e, visivelmente comprazida pelo trabalho levado a termo pela Comissão Organizadora, endereçou um sentido agradecimento a todos que se empenharam em participar activamente na construção de mais estas Conversas de Fim de Tarde. Por seu turno, o Bastonário da Ordem dos Médicos manifestou o seu agrado pelo recurso ao auditório da Ordem para a realização desta relevante reunião promovida pela APDH. O Professor José Manuel Silva, na sua curta intervenção sublinhou que as urgências hospitalares não foram criadas para dar resposta às situações que estão a ser vivenciadas nestes serviços e apontou o dedo à falência dos cuidados de saúde primários bem como dos cuidados de saúde continuados. Adiantou ainda este alto responsável que com investimentos mínimos reduzir-se-ia substancialmente as despesas advindas do recurso aos hospitais, bastando para tanto que as pessoas encontrassem alternativas aos serviços de urgência. COMUNICAÇÕES O Professor João Correia da Cunha, na sua qualidade de moderador saudou todos os presentes, e não poupou palavras de exaltação pelos temas que materializaram as comunicações destas Conversas de Fim de Tarde. A Dra. Conceição Barata realizou a primeira comunicação que se centrou na apresentação do Hospital do Espírito Santo de Évora. Foi uma intervenção ampla, diversificada e documentativa sobre o Hospital do Espírito Santo de Évora. VER DIAPOSITIVOS A segunda apresentação coube ao Dr. Ricardo Matos, que centrou a sua palestra na abrangência do Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Lisboa Central – Hospital de S. José. O Dr. Ricardo Matos esquematizou a sua intervenção sustentada em slides demonstrativos da planificação do Serviço de Urgência Geral Polivalente do Hospital de S. José. VER DIAPOSITIVOS Dada a palavra ao Dr. Francisco Mota, assistimos à apresentação da organização, extremamente cuidada, do Hospital Beatriz Ângelo. O orador traçou uma pormenorizada descrição do modelo em que assenta a estrutura orgânica do Beatriz Ângelo. 3 A Dra. Ana Rita Cardoso, à semelhança das apresentações precedentes, sustentou a sua comunicação apoiada em ilustrativos slides que, só por si, descrevem o dinamismo do Departamento de Urgência do Centro Hospitalar do Médio Tejo, Unidade de Tomar. VER DIAPOSITIVOS O Dr. Jorge Correia, ex-jornalista da área da saúde, debruçou-se sobre a pressão a que os media estão sujeitos no exercício das suas funções e, com um excelente acervo de slides muito simples mas assertivos, fez uma exposição que prendeu a atenção de todos os congressistas. VER DIAPOSITIVOS CONCLUÍDOS OS TRABALHOS, FALTAVA-NOS COLHER A OPINIÃO DO PROFESSOR JOÃO CORREIA DA CUNHA Na opinião do Prof. Dr. João Correia da Cunha, a crise que está a devastar o País, apesar de altamente preocupante, não será contudo motivo para se pensar na desestruturação do Serviço Nacional de Saúde O Professor João Correia da Cunha, que apresenta no seu currículo uma vasta experiência enquanto médico de carreira hospitalar, quando confrontado com a nossa pergunta sobre se o quadro que se está a viver nos serviços de urgência pode indiciar o prenúncio do princípio do fim do Serviço Nacional de Saúde, respondeu-nos de forma peremptória: «Não, nem pensar. E respondo-lhe com esta convicção porque ao longo da minha já larga experiência profissional, são mais de quarenta e seis anos de trabalho, não me lembro de um único momento em que não se tivesse vivido sem períodos de crise. Concordo que a crise que está a assolar o País é uma crise diferente e extremamente pesada, no entanto, estou seguro que a população jamais prescindiria de um bem tão inestimável como o Serviço Nacional de Saúde». 4 Mas voltámos a insistir se este não será o caminho para a desestruturação completa do sistema de assistência na saúde, e o Professor retorquiu: «Possivelmente assistiremos a transformações, todavia ainda impossíveis de prever, mas serão sempre alterações feitas de modo a não macerar a estrutura que está criada». E adiantou: «Uma das muitas soluções que têm sido propaladas passa pela construção de um serviço de saúde a dois tempos, ou seja, um serviço de saúde para os mais carenciados e um serviço de saúde para quem possa aceder a cuidados diferenciados, mas um projecto com essas características é de todo impensável. Provavelmente serão concebidos novos modelos de enquadramento, nomeadamente a nível de gestão, mas repito que quaisquer que sejam as alterações a introduzir, nunca serão destrutivas de um dos bens maiores da população portuguesa e no qual eu tive o privilégio de participar não só na criação como no desenvolvimento, e estou a reportar-me ao Serviço Nacional de Saúde». 5