BOSSA NOVA
CONCERTO E WORKSHOP
ACADEMIA DE MÚSICA DE ESPINHO
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Cursos financiados por:
QUINTA-FEIRA, 13 DE JUNHO DE 2013
18H00 · SALA MÁRIO NEVES
PROGRAMA DE SALA
Bossa Nova – Movimento estético da música popular brasileira iniciado em 1958
por Antonio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto.
Antônio Carlos Jobim, maestro, músico e compositor, que utiliza nas suas
composições elementos da música erudita, e que inicia uma nova linguagem
harmónica de ambiente jazzistico a ser utilizada na Bossa Nova e música popular
Brasileira.
“A gente tocava uma nona, uma quarta aumentada e diziam que era be-bop. …quando esse
pessoal dizia que a harmonia da Bossa Nova era americana, eu achava engraçado, porque essa mesma
harmonia já estava em Debussy. Não era americana coisa nenhuma. Chamar o acorde de nona de
invenção americana é um absurdo. O norte-americano pegou a Bossa Nova porque achou interessante. Se
fosse uma cópia do Jazz, não interessaria. Cópia do jazz, eles estão cansados de conhecer. Tem jazz
sueco, jazz francês, jazz alemão…depois passou-se a chamar de jazz tudo o que balança. Ora, o que
balança está nos Estados Unidos, em Cuba e no Brasil. Isso é que balança. O resto vai de valsa, com os
devidos respeitos aos austríacos.” – Tom Jobim
“Como se seguisse fielmente o programa do governo Juscelino (1955-1960), Tom Jobim
arquitetou um edifício musical de traços arrojados e urbanos como a Brasília saída da prancheta
modernista de Oscar Niemeyer. Não por acaso, a dupla esteve reunida já em 1956, assinando músicas
(Tom) e cenários (Niemeyer) no musical "Orfeu da Conceição", de Vinícius de Moraes, poeta e diplomata
do Itamaraty na época.” – Tarik de Sousa
João Gilberto, músico que desenvolveu uma técnica na guitarra que viria a ser
apelidada de guitarra ‘gaga’, caracterizada pelo uso constante de acordes alterados,
tocados em bloco e ritmados de forma sincopada, criando uma polirritmia com a
linha melódica, já de si sincopada, e cromática...de resto nos arranjos harmónicos de
Jobim, a sensação de tonalidade era já em si algo obscurecida, reforçada pela nova
forma de cantar intimista desenvolvida por João Gilberto, deixando o ouvinte com
uma sensação estranha, não conseguindo definir com clareza quer a tonalidade, quer
a sensação de tempo. Influenciou várias gerações de músicos e guitarristas.
"Tive dificuldade de pegar a batida só na primeira semana. Grudei no João uns dez dias,
jantei, almocei e tomei café com ele até pegar a batida. Carlinhos Lyra fez a mesma coisa. Para nós, foi
um pouco difícil porque era uma coisa inteiramente nova, mas sabíamos que íamos assimilar logo. Eu
peguei de um jeito, Carlinhos já pegou um pouquinho diferente, mas tudo na base do João. E você vê que
cada um que pegava, contribuía com alguma coisinha..." Roberto Menescal
" No jazz existe uma espontaneidade rítmica do pianista em função da harmonia. A batida da BossaNova tem justamente um pouco disso porque no caso de um cantor que se apresenta só com o violão, ele
se utiliza do instrumento como um cerco para a sua voz, como o pianista e o solista de Jazz. E assim a
marcação em contratempo resulta num balanço diferente. Esse balanço não havia na música tradicional
que era muito pesada. O sincopado da BN deu uma espécie de identidade ao movimento” - Johnny Alf
Vinicius de Moraes, o poeta, o dramaturgo, o crítico de cinema, o diplomata, o compositor numa só pessoa. O seu percurso e erudição literária, a sua ligação aos simbolistas franceses, à poesia concreta e ao modernismo brasileiro, estão presentes na sua poesia, letras, textos e crónicas. Vulto sagrado da cultura brasileira, rompe com o preconceito do intelectual erudito, assumindo assim a postura de um compositor popular. Como letrista, intuía a intenção da melodia. As palavras entravam nesta com a quantidade de sílabas, tónicas e sons exactos. A canção aparece como uma extensão de si próprio, como..."... um desdobramento natural da sua experiência, que vem do metafísico ao quotidiano, do erudito ao popular…um processo de desmistificação da poesia, como temática e como forma." Ferreira Gullar, poeta, acerca da canção em Vinicius. "Tom repetiu umas 10 vezes. Era uma graça total, com um tecido melancólico e plangente, e
bastante ‘chorinho lento’ em seu espírito. Fiquei de saída com a melodia no ouvido e vivia a cantarolá-la
dentro de casa, à espera de uma deixa para a poesia. Aquilo, sim, me parecia uma música realmente
nova, original, inteiramente diversa de tudo que viera antes dela, mas tão brasileiro quanto qualquer
choro de Pixinguinha ou samba de Cartola. Um samba todo em voltas, onde cada compasso era uma
queixa de amor, cada nota uma saudade de alguém longe. Uma manhã, depois da praia, subitamente a
resolução chegou. Cantei e recantei o samba, prestando atenção a cada detalhe, a cor das palavras em
correspondência à música, à acentuação das tônicas, aos problemas de respiração dentro dos versos, a
tudo. Queria, depois dos sambas de Orfeu, apresentar a meu parceiro uma letra digna de sua nova
música, pois eu a sentia nova, caminhando numa direção a que não saberia dar nome, mas cujo nome
estava implícito na criação. Era realmente a bossa nova que nascia, a pedir apenas, na sua interpretação,
a divisão que João Gilberto descobriria logo depois." – Vinicius de Moraes, acerca do tema Chega de
Saudade.
Programa de Concerto
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Chega de Saudade – Antonio Carlos Jobim/Vinicius de Moraes Insensatez – Antonio Carlos Jobim/Vinicius de Moraes Corcovado -­‐ Antonio Carlos Jobim Águas de Março -­‐ Antonio Carlos Jobim Água de Beber -­‐ Antonio Carlos Jobim Minha Namorada -­‐ Vinicius de Moraes/Carlos Lyra Samba em Prelúdio -­‐ Vinicius de Moraes Tarde em Itapoã -­‐ Vinicius de Moraes/Toquinho Regra Três -­‐ Vinicius de Moraes/Toquinho Mais um Adeus/Veja Você -­‐ Vinicius de Moraes/Toquinho Bom Conselho – Chico Buarque Roda Viva -­‐ Chico Buarque Gota d’Água -­‐ Chico Buarque O Meu Guri -­‐ Chico Buarque Berimbau/Consolação -­‐ Vinicius de Moraes/Baden Powell Canto de Ossanha -­‐ Vinicius de Moraes/Baden Powell
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Bossa Nova por Vera Cruz - Academia de Música de Espinho