Nome Nº Série Ensino Código / Tipo Trimestre / Ano 3ª Disciplina História Professor Natureza Thiago Scheidecker F. de Castro Tema Turma Médio ABC Data 1o / 2012 03/2012 Valor: Texto Complementar: II Revolução Industrial e Neocolonialismo **** II REVOLUÇÃO INDUSTRIAL A II Revolução Industrial pode ser entendida como uma corrida mundial em direção da industrialização, ou seja, o sistema capitalista passava por uma nova metamorfose e assumia o papel de capitalismo monopolista. Esse processo permitiu a pluralização industrial e isso representa que a realidade industrial monopolista inglesa estava ameaçada por belgas, russos, franceses, alemães, italianos, estadunidenses, japoneses e outras nações que estavam consolidando ou já tinham consolidado um parque industrial. Ao resgatar a I Revolução Industrial vemos que ela é fruto da ação inglesa e foi simbolizada pelo ferro, pelo carvão e pelo emprego da energia a vapor. Por outro lado, no século XIX, a II Revolução Industrial é fruto da mundialização do processo industrial e seus símbolos são o aço, a eletricidade e o petróleo. Uma das marcas da nova industrialização foi criar e estabelecer um novo modelo de produção, que fosse mais dinâmico e que permitisse lucrar mais e em menos tempo. A teoria foi de Frederick Taylor e a prática ficou por conta de Henry Ford, ou seja, o conceito de linha de produção surge e o taylorismo e o fordismo, juntos, deram o tom para que as produções fossem cada vez mais eficientes e lucrativas. Diante desse contexto foram integrados conhecimentos, competências, habilidades e interesses para atender às demandas industriais. Traduzindo surgem novas técnicas e novas tecnologias, como por exemplo, o aço, a eletricidade, o petróleo, o motor a combustão e etc. que fizeram da II Revolução Industrial um fenômeno de produção capital. Com toda essa circunstância capital acontecendo, a ordem concorrencial acirra-se e traz como conseqüência as concentrações e centralizações capitais, ou seja, surgem as empresas de grande porte com poder suficiente para monopolizar segmentos, setores do mercado. Portanto, o capitalismo concorrencial do XIX, vai sendo, paulatinamente, substituído pelo modelo monopolista, onde um grupo restrito de grandes empresas dominam, quase que sozinhas, o mercado. Mundialização: Alemanha: Em ritmo acelerado a partir de 1870, a industrialização alemã se beneficiou da unificação nacional, da decidida proteção estatal, da atuação do capital bancário e do crescimento demográfico. A peculiaridade aqui está no casamento entre indústria e bancos, bem como no uso de técnicas que permitiram alto grau de racionalização. A Alemanha já era grande produtora de carvão desde 1848. A siderurgia avançou, estimulada pelo desenvolvimento ferroviário. Na década de 1880, a indústria têxtil ameaçava superar a inglesa, devido à adoção de fibras sintéticas e novos corantes ; destaque-se aqui a expansão da indústria química, ligada à pesquisa científica. No fim do século, graças a Werner Siemens, a indústria elétrica tomou grande impulso. Em 1914, a Alemanha iria produzir 35 % da energia elétrica mundial, seguida por Estados Unidos (29%) e Inglaterra (16 %). Itália: A unificação política e aduaneira impulsionou a industrialização, que arrancou no decênio de 18801890. O Estado reservou a produção de ferro e aço para a indústria nacional, favorecendo a criação da siderurgia moderna. A falta de carvão, ao elevar os custos, reduzia a competitividade no exterior. Protegida pelo Estado, a siderurgia se concentrava no norte e sua produção não era suficiente para o mercado interno, o que exigia importações. A indústria mecânica cresceu mais depressa, especialmente as de construção naval e ferroviária, máquinas têxteis e ligadas à eletrificação (motores, turbinas). A partir de 1905, a indústria automobilística de Turim conseguiu excelentes resultados. Também protegida, a indústria têxtil era a única com capacidade de conquistar mercados externos. A falta de carvão estimulou a produção de energia elétrica. O problema mais grave estava na total concentração do processo de crescimento no norte, enquanto o sul permanecia agrário e atrasado. EUA: Primeiro país a industrializar-se fora da Europa, a partir de 1843, em resultado da conquista do oeste e dos enormes recursos daí advindos; alguns autores preferem como marco a Guerra de Secessão (1860 /65), momento em que a classe capitalista do norte aumentou sua fortuna financiando o governo federal, fornecendo provisões aos exércitos e desenvolvendo a indústria ligada às necessidades do conflito. O resultado foi a consolidação do capitalismo industrial, representado politicamente pelos republicanos. Não foi por acaso que, enquanto a abolição da escravatura destruía a economia sulista, o protecionismo alfandegário, a legislação bancária, a construção de estradas de ferro e a legislação trabalhista garantiam a supremacia do norte e de sua economia industrial. O pós guerra, o país tinha território unificado, rede de transportes em expansão, população crescente, poucas diferenças sociais. Isso permitia a produção para o consumo de massa, o que facilitava a racionalização da economia. O país dependia de seu próprio mercado, pois exportava apenas 10% do que produzia a Inglaterra, por exemplo,que exportava 52%. Daí o caráter fortemente protecionista da industrialização americana. O dinamismo do país atraiu capitais europeus, que se voltaram para setores estratégicos, como ferrovias. A descoberta de ouro na Califórnia acelerou ainda mais a economia. Em 1890, algodão, trigo, carne e petróleo contribuíam com 75 % da exportação. O beneficiamento de produtos agrícolas foi a primeira grande indústria; as siderúrgicas e indústrias mecânicas superaram o setor agrícola apenas no início do século XX. Sua característica era a formação de enormes empresas, que produziam ferro, carvão, produtos siderúrgicos e ferroviários. Em 1913, os americanos assumiriam a liderança na produção de ferro, carvão, aço, cobre, chumbo, zinco e alumínio. A indústria mecânica avançou, sobretudo a automobilística, com métodos racionais desenvolvidos pela Ford. A indústria têxtil deslocou-se para o sul. A elétrica, estimulada pelas investigações científicas que resultaram na fundação da Edison Electric Company, criou filiais em vários países, como Itália e Alemanha. Japão: Na Ásia, foi o país que mais depressa implantou sua Revolução Industrial. Até meados do século XIX, o Japão vivia fechado, com sua sociedade dominada por uma aristocracia feudal que explorava a massa de camponeses. Desde 1912, o imperador tinha poder simbólico; quem o exercia era o Shogum, supremo comandante militar. A economia monetária vinha se acentuando desde o século XVIII e a pressão dos Estados Unidos forçou em 1852 a abertura dos portos aos estrangeiros, atendendo a interesses de expansão da indústria americana. O ponto de partida para as grandes transformações foi o ano de 1868, com a Revolução Meiji. Com apoio estrangeiro, o imperador tomou o poder do Shogum e passou a incorporar a tecnologia ocidental, para modernizar o Japão. A Revolução Meiji aboliu o feudalismo, com finalidade nem tanto de melhorar a vida servil dos camponeses mas de torná-los mais produtivos. A fortuna dos grandes comerciantes e proprietários aumentou, em prejuízo dos aposentados e pequenos lavradores. A criação de um exército de trabalhadores, devido ao crescimento populacional, permitiu uma política de preços baixos, o dumping, favorável à competição no mercado externo. Um aspecto importante foi a acumulação de capital nacional, decorrente da forte atuação do Estado, que concedeu patentes e exclusividades e integrou os investimentos. Depois de desenvolver as indústrias, o Estado as transferia a particulares em condições vantajosas de pagamento. Formaram-se assim grandes concentrações industriais, zaibatsu, pois 40% de todos os depósitos bancários, 60% da indústria têxtil, 60% da indústria militar, a maior parte da energia elétrica, a indústria de papel e a de construção naval eram controlados por apenas quatro famílias: Sumitomo, Mitsubishi, Yasuda e Mitsui. A indústria pesada avançou devagar pela falta de carvão e ferro. Os recursos hidrelétricos foram explorados a partir de 1891. No início do século XX, a siderurgia deu um salto, criando a base para a expansão da indústria naval. O Estado, assentado na burguesia mercantil e na classe dos proprietários, tinha apoio dos militares, que pretendiam construir o Grande Japão. O pequeno mercado interno impôs a busca de mercados externos e uma política agressiva, iniciada com a guerra contra a China (1894-1895), que proporcionou enorme indenização ao Japão. O mesmo aconteceu após a guerra contra a Rússia (1904-1905). A I Guerra Mundial (1914-1918) abriu espaços no mercado asiático, imediatamente ocupados pelo Japão. Quando o monopólio inglês do processo industrial é quebrado pelo processo de mundialização da indústria, ocorre um crescimento vertiginoso da ordem produtora que não é acompanhado por um aumento simétrico da ordem consumidora, logo o sistema industrial mundial entra em profunda crise. A origem dessa crise pode ser explicada pela estrutura, ou seja, os trabalhadores organizam-se e dessa organização surgem sindicatos nacionais, o que resultou em aumento real de salários entre 1860 e 1874. Por isso, os empresários preferiram investir em tecnologia. Portanto, a lucratividade foi mantida sacrificando o capital circulante, ou seja, os salários pagos eram menores e isso gera uma drástica diminuição da atividade consumidora. A crise eliminou as empresas mais fracas. As fortes tiveram de racionalizar a produção: o capitalismo entrou em nova fase, a fase monopolista. Sua característica é o imperialismo, cujo desdobramento mais visível foi a expansão do mercado consumidor com as ações neocolonialistas. Contextualizando e conceituando o Capitalismo Monopolista e Financeiro: Em razão das transformações ocorridas na economia capitalista, nos fins do XIX, abrir uma fábrica e competir no mercado exigia um grande volume de capitais, e isso estava fora do alcance dos pequenos e médios empresários e mais ainda da realidade proletária. A fim de fortalecer sua posição no mercado, empresas de grande porte que já tinham certo controle do mercado uniam-se para excluir os demais concorrentes. Essa prática recebe o nome de cartel ou truste. Os cartéis eram associações de duas ou mais empresas feitas com a finalidade de dominar determinado segmento do mercado. Acertavam entre si preços, formas e maneiras de obter matérias primas, pressionavam fornecedores para inibir ações dos concorrentes e etc. Os trustes partem da fusão de duas empresas que controlam uma parte significativa do mercado. Ambas buscam estabelecer uma política de preços para que a lucratividade esteja sempre elevada. Os bancos seguiram o mesmo caminho das indústrias. Um pequeno número de banqueiros passou a influenciar mais o mercado. A principal função dos bancos é emprestar dinheiro para as empresas, mas tendo aumentado o volume de empréstimos, os banqueiros abandonaram a postura tradicional e se envolveram diretamente com os negócios das empresas o que resultou na união entre o capital financeiro e o capital industrial. Dessa união surgiram gigantes conglomerados empresariais que possuem como agente mantenedor um grupo financeiro misto, ou seja, bancos e indústrias. Imperialismo e Neocolonialismo: Com a crise de superprodução dos anos 70 do XIX, havia a necessidade de baratear a produção e, também, pensar a produtividade da crescente indústria, portanto, era preciso percorrer o fornecimento de matérias primas, estabelecer e ampliar os mercados consumidores e, ao mesmo tempo, buscar mercados receptores de investimento. Essas necessidades eram comuns a praticamente todas as nações industriais; cada uma tratou logo de se estabelecer e fechar os seus mercados para possíveis concorrentes, restando apenas o mundo periférico, ou seja, América Latina, Ásia e África. A ação (política, econômica, social, militar, cultural e religiosa) das nações industrializadas pode ser denominada imperialismo. Os conquistados, dominados ou dependentes dessas nações podem ser qualificados como neocolônias, diferentemente dos tempos mercantilistas, uma vez que não seriam governados de fato pelo país colonizador. Com o intuito de proteger os tunisianos das ameaças e agressões externas, a França lança-se ao Neocolonialismo quando estabelece o protetorado franco sobre os tunisianos, a chamada África Ocidental Francesa. Em seguida seguiram para o continente negro os ingleses na região de Suez, Egito, em 1882 e depois rumaram para Costa do Ouro e Nigéria. Os belgas, também nos anos 80, chegaram em Camarões e na África Oriental. Os italianos tentaram sem sucesso dominar a Etiópia. Em terras asiáticas o processo foi semelhante: franceses na Indochina e do Laos; em represália, a Birmânia foi ocupada e interada ao domínio colonial inglês. No Extremo Oriente, os olhos ocidentais cresciam sobre a China, da frágil e decadente dinastia Manchu; os japoneses ainda encontravam-se envolvidos pela ordem feudal e ambos mantiveram forte resistência aos encantos ocidentais. Os chineses suportaram até 1842 e os japoneses até 1854, porém suas reações foram bem distintas. No caso japonês houve um interesse na modernização do Estado e da economia com novas e modernas leis, reforma agrária, estatização e direcionamento da indústria (zaibatsu e recentemente os keiretsu). Enquanto isso os chineses entregaram-se à dominação ocidental depois de guerrear contra os ingleses na Guerra do Ópio. Os ingleses tomaram Hong-Kong; franceses e estadunidenses arrancaram vantajosas concessões comerciais; os japoneses (em pleno processo da Era Meiji) conquistaram a ilha de Formosa e, em seguida, acompanharam a retalhação do território entre as forças ocidentais (ingleses, franceses, estadunidenses, russos e alemães). O que se percebe com a nova idealização industrial é que entre os povos foi sendo estabelecido não apenas o ideal da individualidade, mas, ao mesmo tempo e de maneira contraditória ao individualismo, o consumo se fez e faz presente até os dias de hoje. A ambição do produto foi substituída pela ganância do mercado. A cegueira do consumo e do lucro transformou os povos em cegos e essa cegueira fez com que os espaços fossem minguando. Sem espaços não há espaços para o diálogo, as armas vinham sendo produzidas, as ameaças vinham surgindo, os ânimos se exaltavam, os atritos iam muito além das trocas de calor e energia. A guerra se aproxima. Referências Bibliográficas: www.unicamp.br/cemarx/anais_v_coloquio_arquivos/arquivos/comunicacoes/gt4/sessao1/Sergio_ Prieb.pdf www.ime.usp.br/~is/ddt/mac333/projetos/fim-dos-empregos/analise.htm www.culturabrasil.org/revolucaoindustrial.htm www.culturabrasil.org/neocolonialismo.htm Grandes fatos do século XX.Rio de Janeiro: Rio Gráfica, 1984 FREITAS, G. 900 textos e documentos de história. Lisboa: Plátano, 1977 HOBSBAWN, E. A Era das Revoluções (1789 – 1848). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977 ___________. A Era do Capital (1848 – 1875). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977