O palhaço Malaquias Era uma vez, um menino chamado João, que tinha seis anos e o maior sonho dele era ser um palhaço. João queria animar as pessoas, principalmente as crianças e queria ser um palhaço de que todos gostassem. Um dia, na sua escola, a professora Ana perguntou aos seus alunos: _ O que é que querem ser quando forem grandes? Uns diziam que queriam ser médicos, outros veterinários, outros bombeiros… só o João é que disse que queria ser palhaço. Mal ele o disse começaram-se a rir e a gozá-lo. Pensavam que o João se ia deixar para trás? Não, o João defendeu-se, e disse: _ Eu disse alguma coisa engraçada para se estarem a rir? E os outros feitos espertos disseram em harmonia: _ Siiiiiiim! Eh!…eh!…eh!…eh!… E ele perguntou-lhes: _ O quê?! Qual é o problema de querer ser palhaço? De repente tocou. Foram-se todos embora, incluindo o João. Por causa da sua escolha, o João foi gozado durante toda a sua vida de estudante. Passaram vinte anos, João já era crescido. Certo dia, um circo foi lá à aldeia, e o João foi pela “milionésima” vez assistir ao espetáculo. Nesse dia, o palhaço do circo ficou gravemente doente e o diretor começava a ficar impaciente, afinal o palhaço era uma das maiores atrações do circo. Ao saber disto, João falou com o diretor e ofereceu-se para o trabalho. O diretor como não tinha outra escolha, aceitou. _ A partir de agora passas a chamar-te Malaquias! - disse o diretor. O público adorou o espetáculo, Malaquias teve tanto sucesso que o diretor contratou-o. Depois de vários meses passados no circo a fazer o que realmente gostava, Malaquias era um homem feliz. Gostava de fazer rir o público, sobretudo as crianças. Ele sabia que enquanto o seu espetáculo durava as pessoas esqueciam- se dos seus problemas. O seu sonho tornara-se, finalmente realidade. Malaquias viajava muito, andava sempre de aldeia em aldeia. Mas, um dia o circo chegou à cidade… 1 O palhaço andava muito nervoso, porque nunca tinha atuado numa cidade grande e o diretor pedira- lhe para fazer um espetáculo especial. Além disso, a sua mulher adoeceu de repente e os médicos não sabiam o que ela tinha. Ele estava triste e faltava-lhe inspiração. Como se isso não bastasse, as pessoas andavam tristes, não tinham vontade rir. Os impostos estavam sempre a aumentar, a luz, o gaz e os alimentos estavam mais caros, o desemprego cresceu muito, e por isso, muitas pessoas viam-se obrigadas a sair do país, à procura de uma vida melhor. Os tempos eram difíceis. Eram tempos de crise. A hora do espetáculo chegou, atuaram trapezistas, malabaristas, um domador de leões, o mágico, e finalmente, o palhaço Malaquias. Mas o público não se ria, nem tão pouco batia palmas. Malaquias só pensava na sua mulher e em fugir dali. A estreia na cidade correu-lhe muito mal e para piorar a situação o diretor do circo ameaçou-o, dizendo: _ Malaquias, ou te esforças um bocadinho, ou mando-te embora! Estás a dar- me cabo do negócio! Ao saber que podia ser despedido, o palhaço mais triste e desiludido ficou. Malaquias não andava bem e estava muito desapontado consigo próprio. Os dias passaram e não havia maneira de Malaquias andar feliz e de fazer aquilo que um bom palhaço deve fazer, que é pôr o seu público a rir. Chegou o dia em que Malaquias foi despedido. Desempregado, com a mulher muito doente, Malaquias ficou deprimido e ainda mais triste. Os tempos difíceis ainda foram longos, mas não duraram para sempre. Finalmente, os médicos descobriram a doença da mulher, e ela estava a melhorar de dia para dia. Ao ver a sua mulher a recuperar tão bem, João sentia-se diferente, mais feliz e com vontade de fazer palhaçadas. Como estava desempregado, João transformou-se em Malaquias e foi para as ruas fazer o que realmente gostava, foi tentar pôr toda a gente a rir. E conseguiu-o. No momento em que fazia as palhaçadas, apareceu um grupo de crianças duma escola lá de perto, elas começaram a rir tanto que juntaram uma grande multidão. Nesse instante, Malaquias percebeu que ainda não tinha perdido o jeito, e teve uma ideia: formar o seu próprio circo. Mas não seria um circo como os outros. Malaquias queria que o seu circo fosse diferente, um circo que fosse ao encontro do público nas escolas, nos orfanatos, nos lares de idosos, nos hospitais… e levar alegria e boa disposição a todas as pessoas, sem exceção! Violeta 2