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INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
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CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
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A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO NO ENSINO
DO
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EN
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APRENDIZAGEM
por
Elaine Miranda da Silva
Rio de Janeiro,
2010
2
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO NO ENSINO
APRENDIZAGEM
Apresentação
da
monografia
Universidade
Candido
Mendes
à
como
requisito parcial para obtenção do grau de
licenciado em Pedagogia.
Orientadora: Profª Ms. Andressa Maria
Freire da Rocha Arana
Rio de Janeiro
2010
3
DEDICATÓRIA
Tenho a agradecer a DEUS
pela força e oportunidade;
Aos meus filhos, pela
compreensão e apoio nos
momentos de desânimo;
E a minha irmã que me
incentivou para continuar
buscando o meu
crescimento.
4
RESUMO
O estudo tem como abordagem a formação da auto-estima do aluno,
um tema que vem sendo visto por alguns profissionais da educação, como o
caminho para obter bons resultados escolares e consequentemente, na vida adulta
deste alunos.
Dessa forma mostrar a oportunidades que o educador poderá ter, ao
estudar e analisar a educação, a fim de poder em sua realidade educacional ser
colaborador de suas realizaçoes através de suas ações. A priori são apontadas as
estratégias mais utilizadas pela escola, na figura do professor, como atitudes viáveis
para resolução de problemas de sala de aula. Em outro momento, tendo como base,
teóricos que tratam desse assunto, são apresentadas sugestões consideradas ideias
para que, a relação professor e aluno, atarvés do relacionamento afetivo pautado em
respeito, autonomia e compreensão entre ambos.
Esta pesquisa tem como objetivos, refletir sobre a afetividade como
fator importante no relacionamento professor e aluno, desenvolvendo análises sobre
a interligaçao entre a aprendizagem e a afetividade na formação da auto-estima;
analisar que ações pedagógicas favorecem a afetividade no trabalho do professor e
identificar as dificuldades na relação professor e aluno, que envolvem a questão da
afetividade com a aprendizagem além de discutir a postura do professor diante das
dificuldades no relacionamento com alunos.
5
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
06
PROCEDIMENTO METODOGÓLICO
08
1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DO VÍNCULO
1.1. Pichon Rivièra e sua teoria
09
1.2. Outras teorias do vínculo afetivo
10
2. O VÍNCULO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
2.1. Importância do Vínculo
11
2.2. Vínculo Família
15
2.3. Vínculo Escolar
18
3. OS VÍNCULOS E AS CONSEQUÊNCIAS
3.1. A importância do vínculo positivo no aprendente
22
3.2. resultado do vínculo negativo
23
4. A RELEVÂNCIA POR PAULO FREIRE NO PROCESSO AOS ASPECTOS DE
DOCÊNCIA E DISCÊNCIA
4.1. O papel do professor no processo ensino-aprendizagem
26
4.2. O desenvolvimento do aprendente diante a conscientização do docente no
processo
28
CONCLUSÃO
30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
32
6
INTRODUÇÃO
Esse trabalho buscou entrelaçar a construção de vínculos de qualidade no
desenvolvimento e no ato de aprender. Compreender a importância da afetividade
no processo ensino-aprendizagem relatando a possibilidade de envolver os
sentimentos para um aprender mais significante e interessante junto a real função da
escola e da família neste processo, relacionando o desenvolvimento cognitivo e
afetivo.
A Teoria do Vinculo de Pichon-Rivière aborda em sua totalidade integrada
dialeticamente pelas dimensões: mente, corpo e o mundo exterior. Mostra-se como
uma teoria relevante ao contexto educacional, permitindo se questionar como a interconhecimento e aluno-instituição; podendo levar ao fracasso escolar, denunciando
por dificuldades de aprendizagens diversas.
Sabe-se o quanto é fundamental uma família estruturada na vida do
aprendente, o vínculo durante a vida infantil, que deveria sempre ser de caráter
positivo, porque traz gratificações, produtividade, crescimento, aprendizagem e o
indivíduo se sente valorizado, algumas vezes torna-se um vínculo negativo trazendo
frustrações, dificuldades e desinteresses, na aprendizagem e no comportamento,
fazendo o sujeito se sentir mal amado.
A causa dessa dificuldade deixa de ser somente do aluno e do educador,
passando a ser vista como um processo maior com inúmeras variáveis que precisam
ser apreendidas com bastante cuidado pelo professor.
Para Paulo freire entre a docência e a discência deve haver diálogo a todo
instante, pois ávida é uma transformação e a sala de aula, faz parte da vida, então
isto também deve ser uma troca.
Ensinar não deve ser entendido como depósito bancário, o qual o professor
chega em sala e deposita o conteúdo.
A construção do conhecimento é um processo interativo é a relação
educando-educador. O encontro do professor com o aluno poderá representar uma
situação de troca bastante proveitosa para ambos, pois o conhecimento será
construído em conjunto.
7
A fim de se refletir sobre as questões acima, aprofundaram-se os
capítulos: os vínculos no processo de aprendizagem, a importância do vínculo positivo
no aprendente e conseqüências do negativo.
8
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este trabalho foi desenvolvido com um enfoque qualitativo e de cunho
bibliográfico em que, por meio desta metodologia, compreendi os acontecimentos
históricos educacionais e as relações sociais que indicaram a trajetória da relação
professor e aluno tendo como ponto fundamental a questão afetiva na formação do
aluno e sua vinculação com o processo educacional. Através da pesquisa, observei
que a afetividade e a educação é um desafio para a aprendizagem significativa e
consiste num processo de educação para a vida, numa parceria entre professor,
aluno, família e comunidade, grupos sociais tão importantes no sucesso da
aprendizagem do aluno.
Confirmando desta forma, que o funcionamento psíquico humano não é
composto
somente
da
dimensão
cognitiva, mas,
também pela
dimensão
fundamental de sua existência que é afetiva. Nesta perspectiva verifiquei que
afetividade, moral e educação estão intrinsecamente ligadas na aprendizagem. A
afetividade influencia de maneira significativa à forma pela quais os seres humanos
resolvem os conflitos de natureza moral. A organização do pensamento influencia o
sentimento, e o sentir também configura a forma de pensar. Neste sentido, a
afetividade perpassa o funcionamento psíquico, assumindo papel organizativo nas
ações e reações.
Estas transformações devem ocorrer em um ambiente de prazer e alegria
onde a criança deve ser respeitada no seu processo de desenvolvimento e onde o
professor conheça as particularidades deste processo. Devem acontecer dentro de
um ambiente afetivo, onde a relação professor aluno é base para o pleno
desenvolvimento. Este trabalho busca através de um estudo bibliográfico a
importância da afetividade professor-aluno no processo de ensino-aprendizagem.
9
1.
1.1.
FUNDAMENTOS DA TEORIA DO VÍNCULO
Pichon Rivièra e sua teoria
A Teoria do Vínculo foi desenvolvida por Enrique Pichon-Rivière, que baseado
na Psicologia Social, apóia-se na importância do social na natureza humana. O
homem é concebido como um sujeito social, visto que o fundamento de todo
conhecimento está na prática social. Considera-se como uma totalidade significativa
integrada por três dimensões: mente, corpo e o mundo exterior, que se
complementam dialeticamente. Por ser a situação triangular o modelo básico
relacional universal, existe os três objetos, que formam uma só dimensão, a
humana.
Quanto à visão de homem, Pichon-Rivière escreve:
“É necessário que não se comenta o erro de estabelecer
separações formais entre o corpo, a mente e o mundo exterior.
Quando ao mundo exterior, ele está representando internamente
como um microcosmo, enquanto que fora o está como
macrocosmo. Se pararmos existencialmente uma pessoa,
poderemos dizer que nesse momento há mente, corpo e mundo
exterior, mas quando essa pessoa se move, ela se transformará
em uma totalidade significativa”. (p. 116)
Através desta visão de totalidade integrada, pode-se dizer que ele antecipou a
idéia da globalização difundido atualmente.
A dialética pichoriana se refere à relação entre o homem e seu meio, é um
processo contínuo e dinâmico, destinada não apenas a transmitir conhecimento,
mas a desenvolver e modificar atitudes, orientada a uma práxis.
A Teoria do Vínculo torna-se importante para o estudo da aprendizagem uma
vez que através do estudo com doentes mentais pôde-se verificar que sua falta de
adaptação levava-o a não aprender a realidade, sendo então incapazes de
transformá-la.
Ao conceituar a aprendizagem Pichon-Rivière considera a diferença entre as
palavras aprender e apreender. Para ele, o importante é a apreensão, pois esta
permite a transformação do objeto do conhecimento, do meio e do sujeito, trazendo
um significado ao aprendido. Logo, os processos de aprendizagem fundamentam-se
10
em uma metodologia apropriada para o trabalho sobre os obstáculos que surgem na
relação do sujeito com o objetivo de conhecimento, conduzindo-o a conquista de um
vínculo progressivo, que ocorre pela transformação da realidade levando-o a
aprendizagem.
1.2.
Outras teorias do vínculo afetivo
Para Visca o processo de aprendizagem é continuo, evoluindo com a prática,
o dia-a-dia, de acordo com estruturação cognitiva, a influência do meio e a
afetividade disposta nesse processo.
A criança vive um processo de co-ação, co-experiência e co-existência, ao
desempenhar diversos papéis sociais em seus primeiros vínculos. Esse processo
tem
dinâmicas
vinculares
múltiplas
e
contraditórias
que
repercutem
na
aprendizagem emocional e dos papéis da criança.
Para Cunha (2010), o ponto de partida de qualquer trabalho pedagógico deve
ser a emoção. A emoção do aprendente apropria-se do que será apreendido e,
desta forma, o afeto atua no início do processo de aprendizagem para canalizar a
atenção e no final para ajudar a memória no resgate da informação.
Em sala de aula, é possível provar que as dificuldades de aprendizagem
possam ser amenizadas por meio do afeto e o que dará qualidade ou modificá-la do
aprendizado, será esse afeto. São as emoções que ajudam a interpretar os
processos químicos, biológicos e sociais e se vivenciam com a experiência que
aptos e aprender quando amarem, desejarem e quando se sentirem felizes.
Segundo Olívia Porto (2007), o afeto é um regulador da ação, influindo na
escolha de objetivos específicos e na valorização de determinados elementos ou
situações vivenciadas pelo indivíduo. Assim, as emoções básicas como o amor,
ódio, tristeza, alegria ou medo, direcionam o comportamento do sujeito para buscar
ou evitar contato com certas pessoas ou experiências. De acordo com o
desenvolvimento cognitivo e afetivo, a constituição do sujeito se faz pela resolução
de conflitos de aquisições, sendo a aprendizagem o produto da interação das
11
necessidades que vão se modificando e, assim, surgindo novos conflitos, que
influenciam de como serão experimentadas as novas etapas.
2.
OS VÍNCULOS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
2.1. A Importância do Vínculo
Segundo Pichon Rivièra:
“O vínculo é sempre um vínculo social, mesmo sendo com uma
só pessoa; através da relação com esta pessoa repete-se uma
história de vínculos determinados em um tempo e em espaços
determinados. Por essa razão, o vínculo se relaciona
posteriormente com a noção de papel, status e de
comunicação. (Pichon Rivièra, 1991, p.49)
Caracteriza o grupo como um conjunto restrito de pessoas, que ligadas por
constante de tempo e espaço e articulados pela recíproca representação interna,
propõe de forma clara ou não, tarefa que constitui sua finalidade. Dentro deste
processo, o indivíduo é visto como resultante de uma relação dialética estabelecida
entre ele, os objetos internos e externos e a interação, ou seja, o vínculo, através de
uma estrutura dinâmica.
O autor citado mostra o quanto o vínculo é fundamental. Constituído durante o
desenvolvimento infantil, deveria ser sempre de caráter positivo, porque traz
gratificações, produtividade, desenvolvimento e aprendizagem fazendo com que o
aprendente se sinta amado e valorizado. Quando não ocorre desta maneira, toma
outro caminho: o negativo, com grandes frustrações, dificuldades e desinteresses,
sentindo-se mal amado.
Ainda o mesmo autor diz que a afetividade, tanto positiva quanto a
negativa, pode permear as relações e produzir um efeito sobre o sujeito. Partindo da
idéia de que a organização grupal envolve as atividades realizadas e também as
produções afetivo-emocionais, que dirigem formal e informalmente o clima das
relações entre os membros e a atividade, não é possível desconsiderar a
importância do afeto nos relacionamentos grupais, seja no sentido de ampliar a
união como para ameaçar a sua existência.
12
“- O que é aprender?
- Aprender é [...] como quando papai me ensinou a andar de
bicicleta. Eu queria muito andar de bicicleta. Então [...] papai
me deu uma bici [...]. menor do que a dele. Me ajudou a subir.
A bici sozinha cai, tem que segurar andando [...].
- Dá um pouco de medo, mas papai segura a bici. Ele não
subiu na sua bicicleta grande e disse ´assim se anda de bici´[...]
não, ele ficou correndo ao meu lado sempre segurando a bici
[...], muitos dias e, de repente, sem que meu me desse conta
disso, soltou a bici e seguiu correndo ao meu lado. Então eu
disse: Ah! Aprendi! [...]
- Ah! Aprender é quase tão lindo quanto brincar. (FERNÁNDEZ,
2001, p. 35)
A autora ao relatar este texto mostrou como é significativo a relação entre
a afetividade e o desenvolvimento cognitivo, confirmando que o pensar e o sentir
estão intimamente ligados quando a vinculação está presente, tornando diferente o
vínculo do sujeito com o aprender, propiciando a oportunidade de ser visto
competentemente e olhar com possibilidades e respeito.
Fernández (1991) esclareceu como o problema de aprendizagem
constituinte de um sintoma afeta a dinâmica de articulações entre os níveis de
inteligência, interferindo no desejo de aprender, resultando no aprisionamento
dessa capacidade. Por sua vez, essa deficiência no aprendizado reativo não chega
a aprisionar a inteligência, pois não interfere no desejo do aprendizado; pelo
contrário, ele surge do choque entre o aprendente e a instituição edcuativa. Pain
([1985] apud FERNÁNDEZ, 1991, p.82) confirma dizendo:
“A função da educação pode ser alienante ou libertadora,
dependendo de como for usada, quer dizer, a educação como
tal não é culpada de uma coisa ou de outra, mas a forma como
se instrumente esta educação pode ter um efeito alienante ou
libertador.
As qualidade vinculares estabelecidas no primeiro ano de vida da criança,
refletem nas interações futuras com outras pessoas ou nas novas descobertas.
Chamat (1997) mostra que as dificuldades de aprendizagem estão
interligadas ao afeto, o qual apresenta várias dimensões, incluindo os sentimentos
subjetivos como: amor, raiva, depressão e aspectos expressivos como: sorriso,
grito, lágrimas. A afetividade se desenvolve no mesmo sentido que a cognição ou
inteligência; é responsável pela ativação da atividade intelectual, pois é nas
13
primeiras relações mãe-filho que este sentimento se manifesta e vai se
cristalizando durante o desenvolvimento do bebê. O vínculo afetivo é o princípio
norteador da auto-estima e determina seu envolvimento com situações novas ou
impede o crescimento para o conhecimento, causando frustrações no saber e no
aprendizado.
“Para aprender é preciso poder transformar e deixar se transformar [...]”.
Fernández (1991, p. 221). É importante, para a autora citada, que o bebê mantenha
um relacionamento forte e saudável com a figura materna, em situações de cuidados
maternos, olhares mãe-filho e estímulos das pessoas que o cercam; ele aprende
gradativamente a se comunicar durante o seu desenvolvimento e terá uma boa
formação das defesas do ego, despertando, o desejo pelo aprender. Caso não haja
uma boa qualidade da relação mãe-filho, isso traz ao sujeito uma angústia, uma
busca constante de amor, culpa e depressão, impedindo-o de estabelecer vínculo
saudável ou afetivo entre o ser que ensina e o ser que aprende, seja na família ou
na escola, comprometendo a sua personalidade. A causa do bloqueio é uma
deficiência no desenvolvimento do pensamento, pois coloca o sujeito em situações
novas e desconhecidas, causando um desequilíbrio e insegurança.
Família e escola constroem no indivíduo o universo de sua autoestima,
confiança, emoções, sentimentos e atributos que personificam suas estruturas
pessoais e seus vínculos afetivos. E escola e a família não podem estar dissociadas
uma da outra, pois estão ligada pelos veios afetivos do aprendente.
Para Pichon-Rivière (1991), no momento que o indivíduo tem resistência à
mudança, voltaria regressivamente ao comportamento próprio da fase libidinal
anterior onde está predominantemente fixada, repetindo atitudes mal aprendidas que
dificultam sua passagem a uma etapa posterior. A repetição seria provocada por
dificuldades na aprendizagem e na comunicação, não permitindo a elaboração de
uma estratégia adequada em seu devido momento.
Na visão piagetiana, todo conhecimento tem uma história vinculada ao
esquematismo de ação e, desta forma, ao organismo. Este pensamento converge
com as palavras de Fernández, o qual o conhecimento só é adquirido e
desenvolvido, após a internalização do saber.
14
Portanto, vai de encontro com a definição pichoniana sobre a
aprendizagem, onde se demonstra que apreender é mais do que aprender, visto que
é capaz de transformar a realidade e modificar o sujeito.
A noção da modalidade de aprendizagem como uma maneira pessoal,
construída desde o nascimento, de se aproximar do conhecimento, remete à idéia de
uma matriz vincular ou um esquema de operar que o sujeito utiliza nas diferentes
situações de aprendizagem.
A teoria piegatiana postula que o esquema assimila o objeto, sendo que a
necessidade, o impulso, o interesse, ou seja, os fatores de ordem afetiva é que
levam o esquema à assimilação.
Conclui-se então que a aprendizagem está estreitamente ligada à
afetividade, uma vez que só se aprende quando são estabelecidos vínculos entre o
sujeito e o objeto, conforme a teoria defendida por Pichon-Rivière.
Segundo Fernández, a modalidade de aprendizagem faz-se através de
observação de alguns fatores:
“A imagem de si mesmo como aprendente, como agem
fantasticamente as figuras ensinantes pai e mãe; o vínculo com
o objeto do conhecimento; a história das aprendizagens,
principalmente algumas cenas paradigmáticas que fazem a
novela pessoal do aprendente que cada um constrói; a maneira
de jogar; e a modalidade de aprendizagem familiar”. (1991, p.
108)
O processo de aprendizagem ocorre normalmente quando se produz o
equilíbrio entre os movimentos assimilativos e os acomodativos. Estes movimentos,
que fazem parte do processo de adaptação, permitem ao organismo sua interação
com o meio. Na assimilação, integra-se o objeto à estrutura do organismo se adéqua
às características do objeto, ou seja, modifica seus esquemas de estruturação prévia
para assimilar o novo.
Após esta integração, o vínculo afetivo, o aprendizado, a motivação e a
disciplina como meio para conseguir o auto-controle da criança e seu bem-estar são
conquistas significativas.
15
Porto (2007, p. 46) diz: “O afeto influencia a velocidade com que se constrói
o conhecimento, pois, quando as pessoas se sentem seguras, aprendem com mais
facilidade”.
2.2. Vínculo Familiar
Maturano (1999) coloca ser necessário ter cautela ao avaliar a influência
que o ambiente familiar tem no aprendizado escolar. Precisa-se ter cuidado para não
adotar posições extremas, seja isentando a família de qualquer influência, seja
atribuindo a ela toda a carga de responsabilidade pelo desempenho escolar do
aluno.
Wang, Haertel e Walberg (1999) apud Marturano, (1999) identificaram
variáveis escolares, da criança e do meio social mais amplo que têm impacto sobre
a aprendizagem. Sabe-se que as metacognitivas do aprendente são as mais
importantes, mesmo sabendo-se que a escola e o ambiente familiar têm um papel
importantíssimo no desenvolvimento destas habilidades, que favorecem o sucesso
escolar. Logo, a análise dos autores mostra a importância do contexto da família,
através de influências sobre características do aprendente.
Marturano (1999) afirma que tais condições presentes no espaço familiar
têm influenciado no ato de aprender. O envolvimento das figuras parentais, uma
postura mais centrada, uma atenção aos assuntos escolares do aprendiz traz um
desenvolvimento e encorajamento de seus esforços de autonomia e um melhor
aprendizado. O compartilhamento de atividades lúdicas e as conversações mantidas
entre pais e filhos, sendo facilitadores do processo lingüístico e cognitivo, contribuem
indiretamente para o aprendizado.
As crianças obtêm melhor desempenho quando os adultos em casa são
mais unidos, cooperativos e cordiais. Parece que ambientes familiares onde há
expectativas, regras claras e consistentemente aplicadas facilitam a discriminação,
por parte do indivíduo que aprende, dos processos de controle dentro da instituição.
Sabe-se que as expectativas e atribuições dos responsáveis a respeito do
sucesso e da capacidade do educando na instituição forem desfavoráveis, podem
diminuir a sua motivação para aprender, o que terá um efeito negativo sobre o seu
16
rendimento. Os resultados sugerem que a associação entre o envolvimento dos
responsáveis e o desempenho escolar do discente sejam consideráveis, pelo
menos em parte, devido ao fato de que essa proporção é estável, essa experiência
com pais encorajadores ou seu oposto, tem impacto cumulativo ao longo do tempo.
“A escola e a família como fatores externos podem ser consideradas fontes de
recursos ou de limites para a criança no seu processo de aprendizagem e
desenvolvimento”. (MARTURANO, 1997, p. 105)
A autora reafirma, há influencias recíprocas entre características do
aprendente, do espaço familiar e da família na determinação de desenvolvimento.
Foi pesquisado e confirmado que há riscos em famílias pobres, a maioria sem pai no
lar, de problemas de comportamento na Educação Infantil e dificuldades de
adaptação no 2º e 3º ano, controladas os efeitos de expectativas do professor. Essa
associação
ocorreu
tanto
para
os
problemas
externalizados
quanto
as
internalizados, porém os aprendizes com tendências ao isolamento eram mais
prejudicados na aprendizagem e mudanças que aquelas com tendências à atuação.
Rodrigues e Barbosa (2003) ressaltam que o grupo familiar é importante
no dia-a-dia do indivíduo. É fundamental que os membros sejam estruturados; se
nesta relação existirem muito conflitos, isso influenciará no desenvolvimento do
sujeito em vários aspectos do seu ciclo vital, desde a dificuldade de aprender até a
psicose, mas não foi o seu conflito individual que ocasionou esse problema e sim,
entre os membros.
De acordo com as referências das autoras, os fatores que pode acarretar
dificuldades e desequilíbrio no grupo nuclear são as mudanças que ocorrem na
vida a todo momento e exigem que a família se adapte, mesmo sofrendo pressão
política do trabalho e cultural, se cada integrante por todos os lados, interna, dos
seus próprios membros cobrando crescimento, e pressão externa, social, passa por
transformações e permite também aos outros o mesmo, isso tornaa aprendizagem
mais real e menos complicada.
Rodrigues e Barbosa (2003, p. 48) esclarecem: “para que haja uma
acomodação e adaptação com essas mudanças e transformações são necessárias
novas regras”. Nesse período de adaptação pode haver problemas de transição, por
17
parte de alguns membros, mais isso vai gerar novos conhecimentos e interesse de
aprender.
As autoras complementam que cada etapa nova traz conflitos,
transformações, adaptações e gera maior ou menor ansiedade, por isso deve-se
compreender essas etapas para tentar aceitá-las e se deixar transformar, para que
haja aceitação do sistema, favorecendo a aprendizagem, a criatividade e o
crescimento de todos.
“Pode-se colocar em dúvida, portanto, se este ou aquele
método produz efetivamente mudanças comportamentais
relativamente permanentes, mas jamais se poderá questionar a
educabilidade do afeto humano. É nesse contexto que se
descobre que a pedagogia da afetividade ainda está por se
construir de forma coerente e pertinente, mas não a sua
possibilidade e sua indiscutível necessidade. (ANTUNES, 2006,
p. 10)
O processo de aprender acontece em duas fases importantes no ciclo vital:
família com filhos pequenos e outras com adolescentes. O casal com filho pequeno
precisa ter cuidado para que a criança conheça o limite entre o conjugal e o parental,
sem deixar de atender suas necessidades físicas e emocionais, contribuindo com o
desenvolvimento saudável dos vínculos afetivos e de aprendizagem. É o momento
de diferenciar sem perder o apoio mútuo (RODRIGUES; BARBOSA, 2003)
Conforme as autoras, dependendo da relação da mãe com seu bebê e da
maneira que o seio é oferecido, a amamentação, o toque e o tom de voz podem ser
considerados excelente momentos para formação de um forte vínculo afetivo. Essa
experiência oferece a ele a coragem para aceitar os desafios da rotina do cotidiano
com confiança e determinação, proporcionando a base para o desenvolvimento
emocional, intelectual e social no decorrer da vida.
Para Visca (1987), esta relação com o agente maternante é influenciada
pelo meio, constituído pelo pai, irmãos, avós, como também pelas experiências
vivenciais que o aprendiz contactúa.
Rodrigues e Barbosa (2003) acreditam que o aprendente sem afeto cresça
desprotegido e sem recursos para defender-se, chora com facilidade, tentando
expressar seus protestos, mágoas ou medos. Haverá intensos agravos psíquicos,
desencadeados pela ausência desse sentimento. É a partir do grupo nuclear que
18
este ser vai dar continuidade ás suas relações com o saber; é neste ambiente que o
aprendiz será incentivado ou desmotivado a aprender. Na fase escolar irá observar e
repetir o modelo de aprendizagem de sua família, que determinará a maneira de
cada um se relacionar com o conhecimento.
Para as citadas autoras, na família com adolescentes inevitavelmente
surgirão muitos conflitos que devem ser resolvidos por acordo de transição e devese aumentar a flexibilidade das barreiras familiares, a fim de ampliar ou incluir a
independência dos filhos para que possam agir tanto fora, quanto dentro do
sistema, negociando e reforçando limites, permitindo que se crie espaços de
autoria, a família promoverá e alimentará o desejo pela descoberta e a construção
do saber. Eles não podem ser considerados somente como inteligência humana
porque possuem emoções, desejos, sonhos, medos e angústias. A partir do
momento em que há desejo, pelo aprender, o sujeito está se inter-relacionando e a
vontade de aprender gera prazer pelo conhecer, criar e produzir.
2.3. Vínculo Escolar
Fernández (1991) adverte que no caso de problemas reativos, ou seja,
aqueles que se produzem unicamente na escola, a intervenção psicopedagógica
deve ser direcionada à instituição ou ao professor no âmbito metodológicos,
ideológico, de linguagem e de vínculo. Como uma prevenção de fracasso escolar,
haverá necessidade de realização de um trabalho para que o docente consiga
concetrar-se com a própria autoria e que o aluno possa aprender com prazer.
Weiss (2004, p. 18) afirma: “É preciso que o professor competente e
valorizado encontre o prazer de ensinar para que possibilite o nascimento do prazer
de aprender. [...] A má qualidade do ensino provoca um desestímulo na busca do
conhecimento”.
“O problema da aprendizagem que constitui um „sintoma‟ ou uma „inibição‟
toma forma em um indivíduo, afetando a dinâmica de articulação entre os níveis de
inteligência, o desejo, o organismo e o corpo, redundando em um aprisionamento da
inteligência [...]”, diz Fernández (1991, p. 82). Para entender a significação do
19
problema é necessário conhecer o funcionamento dentro da família e buscar a
história do sujeito.
Pain (1985) explica que toda a aprendizagem se processa numa interação
entre as condições internas do aluno, enquanto aprendiz, as condições externas do
meio físico e social em que ele está e os objetos do conhecimento, representados,
na instituição, por: leitura; escrita; Matemática; Educação Física;informações da
Biologia, História, Geografia e de todas as disciplinas; e por conteúdos, valores e
atitudes presentes na instituição. O meio social externo, no caso da escola,
envolverá tudo o que diz respeito ao ensino formalizado, através das condições
escolares de: metodologia de ensino; livros; material didático; laboratórios; colegas;
professores; administração; formas de avaliação; normas escolares; relações do
professor/aluno; regimento escolar; valores e ética de cada instituição. Sintetizando,
aprendizagem no ambiente.
Logo, diz a autora, o processo de aprendizagem é integrado. Algo externo se
torna interno e volta para o externo no mecanismo de assimilação e acomodação
piagetiano, envolvendo sempre o organismo, o corpo e as estruturas intelectual
cognitiva e afetivo-social. No processo de subjetivação e objetivação estão
presentes relações, imagens, conceitos, afetos, valores e tudo o que envolve o
objeto do conhecimento, qualquer que seja a sua natureza, seja ele escolar ou do
mundo físico e social à volta do aprendiz.
Segundo Fernández (1991, p. 47) “Para aprender, necessitam-se dois
personagens (ensinante e aprendente) e um vínculo que se estabelece entre ambos”
e continua “Não aprendemos de qualquer um, prendemos daquele a quem
outorgamos confiança e direito de ensinar”. (Fernández, 1991, p. 52)
É fundamental que o professor perceba-se como facilitador do processo de
aprendizagem, pois, quando a relação que estabelece com seu aluno é pautada no
vínculo e no afeto, propicia a ele a oportunidade de; mostrar, guardar, criar, entregar,
o conhecimento e permite que o outro possa investigar, incorporar e apropriar-se do
conhecimento. Desta forma há uma relação que ultrapassa o nível acadêmico e
permite que ocorra um olhar diferenciado em direção ao desconhecido.
Quando este olhar permeado de afetos, em que os diferentes vínculos
circulam acontece, há espaço para que o aluno seja ativo e autor do próprio
20
conhecimento. Ai sim, há um despertar, uma vontade de apropriar-se do
conhecimento. Há então um real aprendizado e o encontro afetivo de quem ensina
com quem aprende. Este envolvimento dá a oportunidade para que haja um
movimento na direção do desabrochar de cada um.
Para Cunha (2010), a escola cumpre o papel de resgatar alguns valores da
formação de seus alunos, mas ressalva que lares desestruturados não costumam
ser bons ambientes para seus filhos. Esses quando chegam as escolas demonstram
carência afetiva, alguns problemas emocionais, podem não ter noção do trabalho em
grupo e nem os termos dos direitos e deveres. Apresentam dificuldades de
concentração, sentem-se rejeitados e com problemas emocionais.
Pain (1985) descreve que numa visão construtivista e internacionista, o aluno,
o aprendiz ou o sujeito da aprendizagem tem a sua relação com o objeto do
conhecimento escolar mediada pelo docente. Nesse conjunto de relações: professorobjeto do conhecimento, professor-aluno, aluno-objeto do conhecimento, alunoprofessor constroem-se vínculos positivos, que impulsionam a aprendizagem; ou
negativos, que proporcionam um afastamento da situação de aprendizagem.
As mudanças no desempenho e no ajustamento escolar do indivíduo,
ressalta Marturano (1999), podem correr no período entre a pré-escola e a escola
elementar, e essas mutações derivam de características do comportamento da
criança conforme o nível de estresse ambiental, clima emocional e estrutura no lar,
materiais lúdicos favoráveis ao desenvolvimento.
Antunes (2006, p. 32) argumenta: “é exatamente no contexto da diversidade
de raízes biológicas ou não que a afetividade na família necessita ser sentida e,
sobretudo, construída”.
Na perspectiva de Marturano (1999), é necessário o envolvimento dos pais
no processo de ajuda, buscando medidas no sentido de identificar, ativar e
potencializar recursos presente ou esquecidos no ambiente familiar, que facilitem a
aprendizagem escolar e o desenvolvimento global do aprendente. Presquisam-se
recursos na comunidade com atividades esportivas, recreativas ou culturais. A
contribuição dos responsáveis a este processo se concretiza através da provisão de
oportunidades e encorajamento no dia-a-dia do indivíduo para que lhe permita
adquiri conceitos e autonomia.
21
A autora mostra que o sucesso ou fracasso do aluno, na escola, depende
em parte de sua auto-estima, da confiança que tem em si mesmo, mas originam-se
da estima e da confiança que os outros depositam nele, principalmente o professor.
A necessidade de realização expressa a tendência a transformar em realidade o que
se é potencialmente, a concretizar os planos e sonhos, a alcançar os objetivos. A
busca da realização é uma das motivações básicas do ser humano; pode atuar
fortemente em sala de aula, em beneficio da aprendizagem.
O aluno está sempre pronto a desenvolver o aprendizado, depende do
vínculo entre o educador e o educando, ambos em consonância de objetivos, metas
e compromisso, podem reverter um cenário do ensino-aprendizagem, onde o aluno é
um sujeito passivo.
Pensar em experiências de aprendizagem como um dos caminhos essenciais
a formação do aluno, é reconhecer que estamos em contínuo processo de mudança,
que a noção de didática deve ser significativa, que o ensino deve ultrapassar o
limite, achando que o aluno é sempre capaz de ir além do saber, que o professor
recupere sua auto-estima e se reconheça como um profissional importante na escola
e para a escola, que a formação do professor vá além de sua natureza técnica e
ultrapasse as fronteiras ligando-se aos saberes globais. Que o processo de
formação, hoje, deve ser um permanente, investigativo, pesquisador, confrontando
os saberes formais do conhecimento com os saberes informais das experiências dos
professores no seu cotidiano.
Para FERNÁNDEZ (1991), o professor tem que ter a capacidade de se
reconhecer como uma pessoa com possibilidade de renovação e capacidade de
relacionar-se com o outro (competência interpessoal), ser capaz de refletir sobre o
seu saber, fazer, na perspectiva de propiciar aulas alegres, sérias, exigentes,
utilizando diferentes métodos e técnicas, jogos e dinâmicas, saberes e linguagens, e
códigos, ter condições de fazer a leitura contextualizada e propiciar ao aluno a
interdisciplinariedade do conhecimento, partilhar de uma visão ampla das questões
sociais e suas relações com as situações cotidianas; leituras, debates, dúvidas (pois
a dúvida ensina, tanto ao aluno quanto ao professor).
22
3.
OS VÍNCULOS E AS CONSEQUÊNCIAS
3.1. A Importância do Vínculo positivo no aprendente
Antunes (2006) aponta que o indivíduo não é ser visto isoladamente,
mas inserido num grupo, numa família e na sociedade. O aprendente não pode ser
visto de uma só dimensão, ele e resultado de situações estabelecidas entre o
sujeito e os objetos internos e externos, o qual se expressa através de certas
condutas, conduta esta, que está sempre ligada a um objeto, uma relação
interpessoal ou intergrupal para que a formação vincular possa ser positiva,
estruturada e alcance a aprendizagem com satisfação.
O vínculo pode ser re-significado, refeito e reestruturado. Ele pode ser
encontrado de maneiras positivas e negativas, assim como de dependência e o
simbiótico que em nível de escolaridade não apresenta uma afetividade com quem
ensina, conseqüentemente dificultando o aprender.
Weiss (2004) sinaliza que afetividade se faz necessidade entre os
participantes da educação escolar. Esta relação requer competência, vontade de
estudar, diálogo, amor e troca, o que cria um clima de igualdade e respeito, permite
uma interação professor-aluno, extrapola os limites da construção do conhecimento
e edifica uma relação afetiva com o grupo.
A autora complementa que, a qualidade desta interação poderá ser
percebida nas aulas, já que serão mais freqüentadas. É na afetividade com o grupo
que a criança desenvolve diferentes relações pessoais, sociais e ambientais,
desenvolvendo assim, o respeito, a escuta, a solidariedade e a parceria.
Pichon-Riviére (1991) concluiu que a aprendizagem está estreitamente ligada
à afetividade, uma vez que só se aprende quando são estabelecidos vínculos entre
o sujeito e o objeto. Esse vínculo com o meio e com o educador, é muito importante
para que haja desenvolvimento e aprendizagem.
Para Cunha (2010) quando as emoções do aprendente são positivas e a
escola não acolhe e não preenche essas expectativas, ele perde totalmente o
23
interesse, tudo torna-se um tédio e uma perda de tempo, entregando-se a uma
prostração e insatisfação.
Para uma criança ter um desenvolvimento saudável, depende da
proporção que recebe o afeto de seus cuidadores, se maior ou menor, se é maior,
mais chance de a criança tem de tornar-se um adulto moral e socialmente
independente. Caso contrário, a criança ficará exposta aos riscos provenientes da
pouca vinculação e poderá desenvolver comportamentos anti-sociais quando
adolescentes e na fase adulta.
Para Freire (1996) o professor deve irradiar estusiasmo por seus alunos,
pelo ensino, pela vida; o ponto de partida de qualquer trabalho pedagógico deve ser
a emoção, seguros, respeitados e instigados a aprender, a participar do mundo que
vive. Ele deve ser durante sua intervenção em sala de aula e por meio de sua
interação com a classe, ajudar ao aluno transformar sua curiosidade em esforço
cognitivo e a passar em conhecimento confuso, sincrético, fragmentado, a um saber
organizado e preciso.
3.2. Resultado do vínculo negativo
As dificuldades de aprendizagem estão interligadas à afetividade, a qual
apresenta os sentimentos e os aspectos expressivos. O afeto é responsável pela
motivação da atividade intelectual, ele determina o desenvolvimento em situações
novas ou impede o despertar pelo conhecimento.
A ansiedade bem dosada é positiva em qualquer situação. É necessário
dar muita atenção a esse aspecto, pois se por um lado a ansiedade pode
ser „um agente motor de relação interpessoal‟, num sentido construtivo,
por outro, a partir de certa intensidade pode perturbar a relação,
desorganizado em excesso a conduta da terapeuta, do paciente ou dos
pais. (WEISS, 2004, P.50)
O vínculo é fundamental, quando constituído durante o desenvolvimento
infantil, deveria ser sempre de caráter positivo, porque traz gratificações,
produtividade, desenvolvimento e aprendizagem fazendo com que o aprendente se
sinta amado e valorizado. Quando não ocorre desta maneira, toma outro caminho:
o negativo, com grande frustrações, dificuldades e desinteresses, sentindo-se mal
amado.
24
O vínculo de amizade entre os membros de um grupo seja familiar ou
outros, pode facilitar algumas relações e decisões coletivas. Em geral isso ocorre
como, por exemplo, dando maior atenção ao que esta pessoa diz, ou defendendo
suas propostas entre outras. Por outro lado, essa relação de poder, pode ser
exercida pelo sentimento negativo que um membro gera sobre outro(s). Uma relação
baseada no medo pode causar a submissão de um e o domínio do outro. Exemplo
disso é quando o professor, ou mesmo os pais, que se consideram os depositários
do saber, desqualificam as dúvidas de seus alunos ou filho, criando um clima de
mal-estar, desmotivando-os a se manifestarem.
Crianças abrigadas por longos períodos têm a auto-estima e o auto-conceito
afetados, geralmente têm uma visão negativa de si mesmo, que conforme podendo
se tornar um prenúncio de fracasso na vida destas crianças, visto que se sentem
abandonadas, não amadas e muitas se julgam incapazes.
Desta forma pode-se dizer que a criança privada do afeto, do contato e sem
suas necessidades emocionais atendidas, coloca seu desenvolvimento em risco.
Para a criança, a ausência de confiança e apoio em um adulto cuidador é
devastadora, visto que é estreita a relação entre vínculo e desenvolvimento
emocional.
Antunes (2006) afirma que a família terá que perceber claramente seu papel e
responsabilidade em socializar seus filhos, definindo os valores que priorizam e
deixando bem claras as metas que buscam. Quando esses valores e essas metas
não são assumidos como um programa, surgem o desencanto e a violência. O que
efetivamente representa a diferença é a capacidade familiar em estabelecer vínculos
sólidos, verdadeiramente afetivos. Havendo confrontação com a realidade, ele terá
uma imagem distorcida dos membros da família ou da instituição e terá dificuldade
de relacionamento, causando-lhe frustrações.
O autor relata que a tarefa corretora consiste em detectar e ajustar esta
imagem vista do sujeito para o grupo familiar, e caso o ajuste não seja perfeito, o
indivíduo se tornará o doente, sendo assim, em determinados casos familiares,
excluído, causando fracassos escolares e ansiedades. Quando o aprendente
25
diferencia o mundo externo do mundo interno, sem haver confrontação ele adquire
sua identidade e autonomia, possibilitando a sua aprendizagem.
Referindo-se aos processos representativos, Pain amplia os conceitos
piagetianos considerando diferentes modalidades, que em casos extremos são
descritos
como:
hipoassimilação
/
hiperacomodação
e
hiperassimilação
/hipoacomodação. O primeiro deles ocorre freqüentemente no sistema educativo e
muitos alunos estão incluídos nele, são os chamados repetentes exitosos.
Para Pain, a hipoassimilação caracteriza-se por um contato pobre com o
objeto que resulta em “esquemas de objetos empobrecidos, déficit lúdico e na
disfunção do papel antecipatório da imaginação criadora”. A hiperassimilação pelo
contato pouco produtivo com a subjetividade, falta de iniciativa e obediência às
normas com submissão.
Segundo a autora a hipoacomodação, se distingue por um contato pobre com
o objeto e a dificuldade e internalizar imagens devido a falta de estimulação (não há
respeito pela necessidade de repetir muita vezes a mesma experiência) ou
abandono sofrido pelo sujeito; e, a hiperacomodação, pelo predomínio da
subjetivação, desrealização do pensamento e dificuldade para resignar-se, e
também pela superestimulação da imitação.
Ao analisar uma modalidade da aprendizagem é importante que se focalize a
articulação e a elaboração entre sujeito e objeto. Observam-se as diferenças entre a
normal e sintomática, levando em consideração o ensinante, o aprendente e suas
atitudes quanto à aquisição e a conservação do conhecimento.
Quanto à aquisição do conhecimento: na modalidade de aprendizagem
normal o aprendente, ante ao oculto, tem a liberdade para olhar ou não, o que lhe
possibilita transmitir-se com o conhecimento, a investigação e à curiosidade. Por sua
vez, o aluno tem a liberdade para mostrar ou guardar e, assim, criar. Em relação a
possessão, em um vínculo sadio de aprendizagem, o aluno pode incorporar, pedir e
ter a possibilidade de apropriar-se do conhecimento. O professor pode entregá-lo, ou
até mesmo guardá-lo, possibilitando-se a recriá-lo.
Ainda quanto à aquisição do conhecimento, na sintomática, o aprendente,
diante do oculto, necessita espiar, e tão somente espiar, o segredo, e sente culpa
26
por conhecer (submissão), estabelecendo um vínculo patogênico. Por outro lado, o
ensinante oculta o segredo e também sente culpa por conhecer.
Para Weiss (2004), na aprendizagem, observa-se que toda busca de
conhecimento caracteriza-se pela existência de um segredo, pois a ausência do
objeto estimula a um desafio, o desejo de conhecer.
A relação entre sintoma e aprendizagem faz-se necessário para a
compreensão das dificuldades que podem interferir no processo.
Segundo a autora citada acima, o sintoma é a volta do reprimido, ele escolhe
um código para se manifestar e esta escolha não é ao acaso. Pode ser o lugar
escolhido seja a aprendizagem, nesse caso a pessoa não aprende e a inteligência é
aprisionada.
4.
RELEVÂNCIA POR PAULO FREIRE AOS ASPECTOS DE
DOCÊNCIA E DISCÊNCIA
4.1. O papel do professor no ensino-aprendizagem
Para Freire, não há docência sem discência, o professor depende do
aluno e o aluno do professor, entre eles há e deve haver sempre uma troca
saudável de conhecimentos de vida e conteúdos.
Freire diz que para haver educação é preciso que o educador seja capaz
de amar o sujeito que busca o conhecimento, o aprender, sem amor não pode educar.
Amor imposto é opressão, educação imposta é manipulação. O que faz o
amor é a responsabilidade responsável, não se pode educar quando se tem medo,
mas se há amor, não pode temer a educação.
Deve-se ter em mente que ensinar exige respeito aos saberes dos
educandos.
Cada classe constitui um grupo social. Dentro desse grupo, que ocupa o
espaço de uma sala de aula, a interação social se processa por meio da relação
professor-aluno e da relação aluno-aluno. É no contexto da sala de aula, no convívio
27
diário com o professor e com os colegas que o educando vai paulatinamente
exercitando hábitos, desenvolvendo atitudes, assimilando valores.
O educando, na sua relação com o educando, estimula e ativa o interesse
do aluno e orienta o seu esforço individual para aprender. Ele tem basicamente,
duas funções na sua relação com o aprendente, ou seja, uma função incentivadora e
energizante, pois ele deve aproveitar a curiosidade natural do educando para
despertar o seu interesse e mobilizar seus esquemas cognitivos.
O professor tem que partir de um trabalho ativo, revigorante e significativo,
com relevância inovadora. O importante numa escola é não se permitir construir
isoladamente e nem fragmentalmente, o contexto educacional, mas sim, em uma
ação reflexiva e participativa, onde os professores, possam desenvolver um trabalho
integrado, buscando novas perspectivas através de ações transformadoras.
A relação professor-aluno deve ser de amizade e de respeito mútuo, dessa
maneira haverá uma aprendizagem prazerosa e participativa, por parte do
educando.
O professor seduz seu aluno quando ele transmite o conteúdo com amor,
com vida; o envolvimento com o educando é crucial, seduzir é atrair, despertar o
interesse a participação ativa. Tem o papel de orientador, mediador, pois, se a vida é
desenvolvida, a educação deve favorecer esse desenvolvimento, deixando o aluno à
vontade para crescer e se desenvolver.
Concordo com o autor quando ele afirma que o processo de ensino não
pode ser imposto, mas sim democrático. Pode-se pensar que a matéria e o conteúdo
do ensino, tão racional e cognitivamente assimilados, podem ser esquecidos, por
outro lado o “clima” das aulas, os fatores alegres, ou tristes que nelas se sucederam,
o assunto das conversas informais, as idéias expressas pelos professores e pelos
colegas, a forma de agir e de se manifestar do educador, enfim, os momentos
vividos juntos e os valores que foram veiculados nesse convívio, de forma implícita
ou explicita, inconsciente ou inconscientes, tudo isto tende a ser lembrado pelo
aluno durante o decorrer de sua vida e pode marcar profundamente sua
personalidade e nortear seu desenvolvimento posterior; são esses momentos de
interação, instantes compartilhados e vividos em conjunto, que o domínio afetivo se
une ao cognitivo e o educando passa a agir de forma integral.
28
4.2. O desenvolvimento do aprendente diante a conscientização do docente
no processo
A construção do conhecimento é um processo interativo social onde a
troca de informações e de vivência são indispensáveis com essa interação, eles
transmitem e assimilam conhecimentos, trocam idéias, expressam opiniões,
compartilham experiências, manifestam suas formas de ver e conhecer o aluno e
passam os valores que norteiam suas vidas. É convivendo com o próximo que o
ser humano é educando e se educa.
Pelo intermédio professor-aluno e aluno-aluno o conhecimento vai sendo
coletivamente construído, conforme sua conscientização, e o educando tem em
suas mãos a chance de formar um bom cidadão, estimulando e ativando o
interesse do aprendente e orientando o seu esforço individual para aprender.
O professor tem que ter sempre em mente, que antes de ser um
professor, ele é um educador, pois sua personalidade é norteadora por valores e
princípios de vida e consciente ou inconscientemente, explícita ou implicitamente,
ele veicula esses valores em sala, manifestando-os a seus alunos.
Segundo o autor (1996, p. 73) “O professor autoritário, o licencioso, o
competente, o sério, o incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e
das gentes, o mal-amado, sempre em raiva do mundo e das pessoas, frio,
burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca”.
Todo cuidado com as palavras, com o vocabulário é pouco, pois professor
é formador de opinião; o mais importante é ter em mente que nós só existimos,
porque há sempre alguém sedento em aprender a aprender e o mestre deve
sempre pensar que sua profissão é uma dádiva de Deus ao mesmo tempo em que
está ensinando, está aprendendo.
Nós somos seres inacabados, estamos a todo o momento conhecendo
mundos novos, pessoas novas, trocamos informações e assim crescemos
cognitivamente e emocionalmente.
Ser professor é desenvolver em seus alunos a autoconfiança,
compreendendo-os e confiando em suas possibilidades. Deve ser um formador de
mentalidades críticas, pois na atualidade nos é solicitado uma gama de
29
informações, para que assim possa participar ativamente da sociedade desigual e
competitiva.
O educador do século XXI deve ser dinâmico, versátil atualizado, crítico,
ético, amigo e ter consigo, que ensinar é transmitir conhecimentos utilizando a
vivência de seus educandos, unidas a sua experiência e didática.
Segundo Freire (1996, p. 96), “O bom professor é o que consegue,
enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento.
Sua aula é assim, um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam,
não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento,
surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas”.
A relação professor-aluno deve ser sadia, eles não podem usar somente a
razão, mas sim, a razão ligada aos sentimentos e a emoção.
30
CONCLUSÃO
As competências do professor estão diretamente ligadas aos novos
paradigmas propostos para a escola, que atualmente é vista como uma instituição
que tem metas a atingir e objetivos a alcançar. E o professor, como um ator social,
engaja-se no novo modelo proposto, no qual é exigida a atuação de professor
profissional. As interações entre professor e alunos devem aprofundar-se no campo
da ação pedagógica. Na maioria dos casos, a intenção do professor é intervir no
caso dos alunos necessitados de modo a favorecer os desfavorecidos realizando
uma ação compensatória.
Os professores precisam administrar a progressão das aprendizagens e
envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho. Então, para
desenvolver a competência de considerar o erro como uma ferramenta para ensinar,
professor assume neste contexto um papel de destaque na sociedade, o papel de
articulador, construindo e conduzido o fazer pedagógico de forma a atender os
anseios da sociedade em relação à Educação. O professor deve estar preparado
para criar uma nova cultura na sala de aula para fazer da escola a ponte para um
novo tempo, um tempo de esperança. Onde está presente uma visão mais
humanística.
É fundamental que a criança seja estimulada em sua criatividade, mantenha
um vínculo positivo e que encontre respostas às suas curiosidades por meio de
descoberta concretas, desenvolvendo a sua auto-estima, criando em si uma maior
segurança, confiança, tão necessária à vida adulta.
Os pais precisam interagir nos processos educativos dos filhos no sentido
de motivá-los afetivamente ao aprendizado. O aprendizado formal ou a educação
escolar, para ser bem-sucedida não depende apenas de uma instituição de
qualidade ou de bons programas, mas, principalmente, de como o aprendiz é tratado
em casa e dos estímulos que recebe para esse aprendizado.
É preciso entender que o aprender é um processo contínuo e não cessa
quando a criança está em casa. As mudanças políticas, sociais e culturais são
referenciais para compreender o que acontece nas escolas e no sistema educacional.
O educador deve saber interpretar e estar interado com essas mudanças para que
31
possa agir e colaborar, preocupando-se com que as experiências de aprendizagem
sejam prazerosas ao educando e, sobretudo, que promovam o desenvolvimento.
A troca de vivências é crucial para o desenvolvimento afetivo e cognitivo
de ambos, pois, temos certeza que, educador e educando aprendem juntos.
Os seres humanos diferem um dos outros em vários aspectos como a
inteligência, as habilidades, os esquemas de conhecimentos que empregam, as
estratégias para o aprendizado, os interesses, as expectativas, as motivações e
todos os esses aspectos incidem sobre o processo ensino-aprendizagem de forma
distinta e particular para cada indivíduo.
Portanto, o Educador, pode fazer um trabalho entre os muitos profissionais,
visando à descoberta e o desenvolvimento das capacidades da criança, bem como
contribuir para que os alunos sejam capazes de olhar o mundo em sua volta, de
saber interpretá-lo e de nele ter condições de interferir com segurança e
competência. Assim, o Educador não só contribuirá com o crescimento do indivíduo,
como também contribuirá na evolução de um mundo que melhora nas condições
vitais da maioria da humanidade.
32
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