Emmanuelle Moreira Gomes . INFLUÊNCIA DAS PRESSÕES INTRA-ESOFAGIANAS NA PRODUÇÃO DA VOZ ESOFÁGICA EM INDIVÍDUOS SUBMETIDOS À LARINGECTOMIA TOTAL: ESTUDO PILOTO. Trabalho apresentado à banca examinadora para conclusão do Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte 2007 Emmanuelle Moreira Gomes INFLUÊNCIA DAS PRESSÕES INTRA-ESOFAGIANAS NA PRODUÇÃO DA VOZ ESOFÁGICA EM INDIVÍDUOS SUBMETIDOS À LARINGECTOMIA TOTAL: ESTUDO PILOTO. Trabalho apresentado à banca examinadora para conclusão do Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Orientadora: Fga. Laélia Cristina Caseiro Vicente. Mestre em Distúrbios da Comunicação pela PUC/SP. Co-orientadora: Dra. Luciana Dias Moretzsoh. Doutora em Medicina (Gastroenterologia) pela UFMG. Belo Horizonte 2007 Gomes, Emmanuelle Moreira Influência das pressões intra-esofagianas na produção da voz esofágica em indivíduos submetidos à laringectomia total: estudo piloto / Emmanuelle Moreira Gomes – Belo Horizonte, 2007. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade Federal de Minas Gerais. Curso de Fonoaudiologia. The influence of intra-esophageal pressures in esophageal voice production at total laryngectomized people: pilot study. 1. Laringectomia. 2. Voz esofágica. 3. Manometria. 4. Neoplasias laríngeas. 5. Fonoterapia. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE FONOAUDIOLOGIA Chefe do Departamento: Profa. Ana Cristina Côrtes Gama Coordenadora do Curso de Graduação: Profa. Letícia Caldas Teixeira iii Emmanuelle Moreira Gomes INFLUÊNCIA DAS PRESSÕES INTRA-ESOFAGIANAS NA PRODUÇÃO DA VOZ ESOFÁGICA EM INDIVÍDUOS SUBMETIDOS À LARINGECTOMIA TOTAL: ESTUDO PILOTO. Presidente da banca: Prof. Dr. ________________________________ BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. José Maria Porcaro Salles Aprovada em: 07/12/2007 iv Dedicatória Aos meus pais, Nazário e Nilce Por sempre acreditarem no meu potencial e por serem o meu maior exemplo de força, responsabilidade e fé. Vocês têm parte desta vitória!!! Aos meus avós Pelo exemplo de perseverança e doação. Ao meu noivo, Gustavo Pela paciência, amor e incentivo. Ao meu irmão, Daniel Pelo carinho e pelos exemplos de coragem frente às mudanças que a vida oferece. Ao meu irmão, David Pelas palavras que me impulsionaram a querer vencer. À minha sobrinha, Júlia Para incentivá-la a sempre querer buscar o conhecimento. Aos meus tios e tias Por se alegrarem com as minhas realizações. v Agradecimentos A Deus Por ter me dado forças para eu chegar até aqui. À Professora Laélia Cristina Caseiro Vicente Exemplo de profissionalismo, dedicação, companheirismo e disponibilidade. A Professora Luciana Dias Moretzsohn Pelo interesse e apoio. Aos pacientes Pela participação nesta pesquisa e pelo exemplo de força e amor à vida. A todos vocês o meu MUITO OBRIGADA! vi Sumário Dedicatória........................................................................................................................ v Agradecimentos................................................................................................................ vi Lista de figuras................................................................................................................. viii Lista de tabelas e quadros................................................................................................ ix Lista de abreviaturas e símbolos...................................................................................... x Resumo............................................................................................................................ xi 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 1 1.1 Objetivos..................................................................................................................... 3 2 REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................................... 4 3 MÉTODOS..................................................................................................................... 10 3.1 Caracterização da amostra......................................................................................... 10 3.2 Exame de manometria................................................................................................ 11 3.3 Análise estatística ...................................................................................................... 14 4 RESULTADOS.............................................................................................................. 15 5 DISCUSSÃO.................................................................................................................. 20 6 CONCLUSÕES.............................................................................................................. 25 7 ANEXOS........................................................................................................................ 26 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 30 vii Lista de figuras Foto 1. Manomêtro e cateter “solid state” (Sigma instrumentos Ltda, Brasil)................ 12 Foto 2: Cateter “solid state” com 4 sensores (Sigma Instrumentos Ltda, Brasil)............ 12 Figura 1: Modelo de registro do exame de manometria................................................. 13 Gráfico 1. Média das pressões intra-esofagianas em indivíduos laringectomizados durante a deglutição de água (mmHg).......................................................................... 15 Gráfico 2. Média das pressões intra-esofagianas em indivíduos laringectomizados durante a tentativa de emissão da vogal /a/ sustentada (mmHg)................................. 17 Gráfico 3. Comparação entre as médias de pressão (mmHg) de indivíduos laringectomizados totais durante a deglutição de água e nas tentativas de emissão da vogal /a/ sustentada....................................................................................................... 18 viii Lista de tabelas e quadros Quadro 1. Caracterização dos sujeitos da pesquisa...................................................... 11 Quadro 2. Valores de pressão do esôfago em indivíduos laringectomizados totais durante a deglutição de água (mmHg).......................................................................... 14 Tabela 1. Média e desvio padrão (DP) dos valores individuais de pressão em mmHg na deglutição de água dos 8 participantes......................................................................... 15 Quadro 3. Valores de pressão do esôfago de indivíduos laringectomizados totais durante a tentativa de emissão da vogal /a/ sustentada (mmHg)................................ .16 Tabela 2. Média e desvio padrão (DP) dos valores individuais de pressão em mmHg na tentativa de emissão da vogal /a/ prolongada por meio da voz esofágica dos 8 participantes.................................................................................................................. 17 Tabela 3. Média e desvio padrão (DP) das pressões do segmento faringoesofágico dos pacientes laringectomizados totais durante as tentativas de emissões esofágicas e na deglutição de água (mmHg).......................................................................................... 18 ix Lista de abreviaturas e símbolos 1. SFE: Segmento Faringoesofágico 2. EES: Esfíncter Esofágico Superior 3. EEI: Esfíncter Esofágico Inferior 4. EMM: Eletromanometria 5. DP: Desvio Padrão 6. ml: Mililitro 7. mmHg: Milímetro de Mercúrio x Resumo Introdução: A perda da voz laríngea é um dos maiores impactos na laringectomia total e a voz esofágica é o método de comunicação mais utilizado no Brasil, sendo, portanto, necessários estudos para seu aprimoramento. Objetivos: Determinar a média dos valores de pressão exercidos pelo segmento faringoesofágico do indivíduo laringectomizado total durante as tentativas de produção da voz esofágica e na deglutição de água; verificar se há diferenças entre as pressões intra-esofagianas de indivíduos reabilitados e não reabilitados com a voz esofágica e identificar se determinados valores de pressão esofagiana são preditivos para a aquisição da voz. Métodos: Participaram 8 sujeitos laringectomizados totais os quais foram divididos em dois grupos, sendo o grupo A composto por aqueles reabilitados com a voz esofágica e o gruo B pelos não reabilitados por este tipo de comunicação. Para registro das pressões intra-esofágicas foi realizado o exame de manometria no Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Foi realizada a média das pressões após mensuração das tentativas de emissão da vogal /a/ sustentada e durante a deglutição de água. Os resultados foram analisados qualitativamente e estatisticamente por meio do teste não paramétrico de Mann Withney (teste U), sendo considerado o valor de p < 0,05. Resultados: Não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre as pressões intraesofágicas dos dois grupos, sendo que o valor médio de pressão exercida pelo segmento faringoesofágico nos indivíduos reabilitados foi de 45,0 mmHg durante as tentativas de emissão da vogal /a/ e 42,4 mmHg durante a deglutição. Nos não falantes estes valores foram de 41,1 mmHg e 45,7 mmHg, respectivamente. Desta forma se observou que os valores encontrados não foram muito discrepantes. Conclusão: Neste estudo piloto, os valores de pressão intra-esofagiana não foram determinantes para o sucesso da terapia para aquisição da voz esofágica, visto que não foram encontradas diferenças entre as médias de pressão dos dois grupos estudados. No entanto, como o tamanho da amostra estudada é pequeno não é possível a extrapolação dos dados para todos os laringectomizados totais, sendo necessário o aumento do número de sujeitos para maior confiabilidade do estudo xi 1 1 INTRODUÇÃO O de câncer de laringe corresponde a 25% dos tumores malignos que acometem a região de cabeça e pescoço representando o tipo mais comum nesta área. Desses, aproximadamente 2/3 surgem nas pregas vocais e o restante acomete a região supraglótica. Quando comparado às demais doenças malignas, ele representa cerca de 2% das ocorrências. É mais comum em indivíduos do sexo masculino e com idades entre 50 e 70 anos (INCA, 2007). Em casos avançados a laringectomia total é indicada como tratamento operatório de eleição, sendo realizada, pela primeira vez, no século XIX por Theodore Bilroth, em 1873. Com a evolução dos tratamentos operatórios, novas técnicas mais conservadoras surgiram, sendo que, quanto mais precoce o diagnóstico de tumor, menos modificações anatomofisiológicas o indivíduo será submetido. (Behlau et al, 2005). A perda da voz laríngea é um dos maiores impactos na laringectomia total e a reabilitação fonoaudiológica visa a restauração da comunicação oral a fim de melhorar a qualidade de vida e a reinserção social destes indivíduos. Os laringectomizados totais podem desenvolver diferentes formas de comunicação oral após a operação, tais como a fala bucal, as vozes faríngea, eletrolaríngea, traqueoesofágica e a esofágica. A voz esofágica é o método mais utilizado no Brasil, pois tem baixos custos e é mais fisiológica e natural que os demais. Ela é gerada pelo segmento faringoesofágico que é composto por fibras dos músculos cricofaríngeo, constritor da faringe inferior e esofágico superior. Acredita-se que a preservação do músculo cricofaríngeo, durante a operação, e a tonicidade do segmento são fundamentais para o desenvolvimento da voz e que o fluxo aéreo da fala vai depender das pressões internas do esôfago e do seu volume de ar (Furia et al, 2000). Fisiologicamente, a voz esofágica é produzida quando o indivíduo introduz o ar pela boca até que este atinja a porção superior do esôfago, sendo então expulso e modificado pelos ressoadores e articuladores. Existem três diferentes métodos para produção deste tipo de comunicação alaríngea que são deglutição, aspiração ou injeção de ar para o esôfago. O que difere nesses métodos é a forma como o ar é introduzido no esôfago, mas o mecanismo de 2 vibração e produção da voz é igual para todos. A escolha de determinado método vai depender da facilidade e aprendizado do sujeito, sendo que alguns indivíduos optam pela utilização de mais de um método durante a fala. Contudo, a voz esofágica apresenta sucesso terapêutico variado, pois seu aprendizado sofre influências do tipo e extensão da operação, estado emocional do indivíduo, correto aprendizado, realização de radioterapia e alterações no esôfago. Desta forma, várias causas podem interferir no prognóstico da reabilitação vocal do laringectomizado total e devem ser consideradas no processo terapêutico (Schaefer, 1982; Valeiras et al, 2002; Mendenhall, 2002). A compreensão das condições anatomofisiológicas do segmento faringoesofágico, após o tratamento operatório do câncer de laringe, deve ser do conhecimento do fonoaudiólogo, e deve ser pesquisada quando o insucesso terapêutico ocorrer após seis meses de aprendizado da voz esofágica a fim de evitar frustrações por parte do paciente por não conseguir adquirir um meio de comunicação alaríngea. Alguns autores discutem se há relação entre a pressão do esôfago e a produção da voz esofágica, sendo controvérsa na literatura a diferença de pressões entre os indivíduos que produzem e os que não produzem a voz, e se esta pressão exerce influência na aquisição do método (Dantas, 2001; Ricz, 2007). Poucas são as pesquisas que abordam este tema e desta forma, faz-se necessária a realização de novos estudos sobre a influência da pressão intraesofagiana na produção da voz esofágica, pois acredita-se que os achados poderão servir como elementos preditivos para elaboração de planejamento fonoterapêutico, de tal forma que indivíduos com pressão inferior à pressão encontrada nos falantes esofágicos poderão ser encaminhados para outras formas de reabilitação comunicativa, caso seja encontrada relevância clínica nos achados. A compreensão dos motivos pelos quais alguns indivíduos adquirem voz esofágica e outros não, sempre foi um desafio para os especialistas e tal inquietação visa promover uma forma de comunicação alaríngea eficiente e em um menor tempo de reabilitação, possibilitando a reintegração social do laringectomizado total. 3 1.1 Objetivos 1. Determinar a média dos valores de pressão exercidos pelo segmento faringoesofágico do laringectomizado total durante as tentativas de produção da voz esofágica e na deglutição; 2. Verificar se há diferenças entre as pressões intra-esofagianas de indivíduos que produzem a voz esofágica e dos que não conseguem produzí-la; 3. Identificar se determinados valores de pressão esofagiana são preditivos para a aquisição da voz. 4 2 REVISÃO DE LITERATURA Na produção da voz esofágica há aproximação circular das paredes da faringe, no nível do músculo cricofaríngeo e na altura da quinta vértebra cervical, e em seguida há afastamento das mesmas. No momento desta aproximação, os bons falantes esofágicos criam uma zona de constrição da coluna de ar bem definida, porém nos maus falantes não é observada a formação dessa coluna de ar (Robe et al, 1956 apud Brok et al, 1998). A tonicidade do segmento faringoesofágico (SFE) é o fator mais importante para a produção esofágica e, desta forma, deve-se preservar o músculo cricofaríngeo durante a laringectomia (Simpson et al, 1972). O esfíncter esofágico superior regula a passagem de material entre a faringe e o esôfago. Fisiologicamente, ele permite a passagem de material para o esôfago durante a deglutição e impede o regurgitamento para a faringe. Ele é composto pelo músculo cricofaríngeo e pela porção caudal do músculo constritor faríngeo inferior (Asoh, 1978 apud Kahrilas et al, 1987). O prognóstico da reabilitação com voz esofágica correlaciona-se ao adequado mecanismo de deglutição. Alterações na integridade do esôfago interferem, portanto, na aquisição da mesma. Em pacientes que foram submetidos à radioterapia pode ser observada rigidez de esôfago que dificulta a deglutição e aumenta a resistência à introdução de ar no esôfago. Em casos de hipertonia de esôfago e/ou faringe tem-se como opção a miotomia dessas estruturas (Thawly et al, 1978). Em estudo realizado com 357 laringectomizados totais observou-se que o desenvolvimento da voz esofágica sofre influência de vários fatores, dentre eles, o grau de instrução do paciente; a radioterapia; o tipo de cirurgia realizada e o grau de motivação do paciente (Schaefer, 1982) As emissões esofágicas nos bons falantes ocorrem quando o SFE se aproxima, na ejeção do ar, e forma uma coluna de ar vibrante na região. Os indivíduos que não conseguiram adquirir a voz esofágica, geralmente apresentam disfunções no SFE que impedem a suave injeção e ejeção do ar (Gatenby et al, 1985). Estudo manométrico, com 14 voluntários não submetidos à laringectomia, mostrou que a eructação ocorre sob uma seqüência de eventos. Primeiro há o relaxamento do esfíncter esofágico inferior (EEI), seguido do refluxo gastroesofágico e do relaxamento do esfíncter esofágico superior (EES), depois ocorre o refluxo de ar 5 proveniente da região do esôfago e da faringe que é interrompido por contração peristáltica. O relaxamento do EES associado à eructação aconteceu de forma distinta ao relaxamento induzido pela deglutição, pois houve associação com o peristaltismo e aumento da pressão esofágica proximal, fato que ocorre de maneira oposta na deglutição. Na rápida injeção de ar no esôfago pôde-se observar o aumento da pressão intraluminal e uma cadeia de acontecimentos caracterizada por relaxamento do EES, seguida do relaxamento do EEI e da geração de peristaltismo secundário (Kahrilas et al, 1986). O EES abre e fecha em períodos de curto tempo, pouco mais de um segundo, em estreita sintonia com a rápida onda peristáltica originada na faringe. A eletromanometria (EMM) é o principal método prático para o estudo desta estrutura. Ela mostra se a pressão está normal, elevada ou baixa e se a abertura e fechamento do esfíncter acontecem de forma adequada e nos períodos estimados. A EMM é o único método que revela as condições dinâmicas da fisiologia da faringe, dos esfíncteres e do esôfago, em repouso e na deglutição, e permite a mensuração de fenômenos que ocorrem na via digestiva alta. Dessa forma, é um método quantitativo e qualitativo (Bretan, 1987). A realização de videofluoroscopia associada à insuflação do esôfago em 75 laringectomizados totais mostrou que pode haver correlações entre fatores anatômicos do SFE e a aquisição das vozes esofágica e traqueoesofágica. A hipo e hipertonicidade e os espasmos faringoesofágicos podem interferir no processo. Assim, indivíduos com hipo e hipertonicidade do SFE podem ter boa insuflação do esôfago, porém tendem a produzir a voz esofágica de má qualidade e baixa intensidade o que pode determinar o insucesso na aquisição dos métodos (Sloane, 1991). Para haver comunicação esofágica é necessário que o ar, após ser deglutido, seja regurgitado. Essa regurgitação leva á passagem de uma coluna de ar pelo SFE e consequentemente à vibração dos tecidos e à produção sonora. Esta é transmitida para a cavidade oral e transformada em palavras. A aquisição deste tipo de comunicação não é facilmente alcançada (Jassar, 1999). A aquisição da voz esofágica tem como uma de suas desvantagens o longo tempo de aprendizado, pois dura no mínimo cerca de 6 meses e, além disso, apresenta sucesso terapêutico variado podendo ser 25% a até 70% (Fúria, 2000). 6 Em estudo feito com 8 laringectomizados totais no qual foram realizados dois exames de manometria, em intervalos de 6 e 12 meses, observou-se ausência de alterações na motilidade do esôfago destes indivíduos. Sugere-se, portanto, que é no ato cirúrgico que se estabelecem as condições para alterações da motilidade por, principalmente lesões na inervação do esôfago, nervo vago, o que pode comprometer a sua coordenação e amplitude de contração. Foi calculada a média e o desvio padrão (DP) das pressões do SFE durante a deglutição de 5 ml de água, sendo no primeiro exame equivalente a 19,5 ± 4,6 mmHg (média ± DP) e no segundo 24,1 ± 5,6 mmHg (média ± DP). As médias relativas à duração do relaxamento do EEI também foram medidas, sendo 78,0 ± 1,5 s (média ± DP) no primeiro exame e 7,1 ± 2,2 s (média ± DP) no segundo. Os valores mensurados não foram estatisticamente significantes e, assim, sugere-se que não houve progressão das alterações motoras do esôfago nestes indivíduos (Dantas, 2000). O EES é definido como uma zona de alta pressão intra-luminal, composto pelo músculo cricofaríngeo, situado entre a faringe e o esôfago cervical. Fisiologicamente ele evita que o ar entre pelo tubo digestivo durante a inspiração e evita o refluxo gastroesofágico. Sabe-se que o EES relaxa durante a deglutição para permitir a passagem do alimento e durante a eructação para permitir o retorno do ar para o esôfago (Sivarao, 2000). Um estudo realizado com 25 indivíduos laringectomizados totais teve como objetivo comparar as pressões intraesofágicas de 10 sujeitos reabilitados com a voz esofágica com a de 15 incapazes de produzí-la. Utilizou-se o método manométrico para mensuração da pressão intraesofágica dos participantes durante a pronuncia da vogal /a/ prolongada, sendo o procedimento repetido por três vezes. Em algumas tentativas de emissão, ocorreu deglutição de ar caracterizada pela propagação da contração esofágica para a parte distal do esôfago. As pressões intraesofágicas foram maiores nos indivíduos reabilitados (26,4 ± 10,1 mmHg, média ± DP) quando comparados com os não reabilitados (13,7 ± 7,2 mmHg, média ± DP). A contração conseqüente da deglutição de ar também foi maior nos reabilitados. Isso provavelmente reflete a capacidade, encontrada nestes indivíduos, de reterem ar no esôfago sem que haja eructação ou propagação (Dantas, 2001). Estudo realizado com 25 pacientes, laringectomizados totais, comparou-se por meio do método manomético, a motilidade do esôfago dos indivíduos que produzem a 7 voz esofágica e dos que não produzem, para isso, utilizou-se como grupo controle indivíduos com voz laríngea. Apesar de não ter sido encontrada significância estatística, percebeu-se que a amplitude de contração do esôfago foi menor nos pacientes que adquiriram a voz quando comparados com os que não adquiriram. As pressões do EES foram menores nos pacientes laringectomizados quando comparados com o grupo controle (61,2 ± 20,8 mmHg, média ± DP) e não existiram diferenças significativas de pressão do EES entre os falantes esofágicos (22,0 ± 14,3 mmHg, média ± DP) e os não falantes (35,1 ± 24,8 mmHg, média ± DP) (Dantas, 2002). Em estudo realizado com 173 laringectomizados totais submetidos à radioterapia no pós-operatório, 50% dos participantes tiveram como método de eleição para reabilitação vocal o uso da laringe eletrônica. A pesquisa ressalta que o sucesso da reabilitação depende de vários fatores, dentre eles a realização de radioterapia. Além disso, destaca a maior facilidade de aquisição da voz traqueoesofágicas (27%) quando comparadas com as emissões esofágicas (5%) (Mendenhall, 2002). Um estudo realizado com 70 laringectomizados totais mostrou que os fatores anatômicos, a extensão da cirurgia, o tipo de reconstrução e a submissão à radioterapia interferem na aquisição da voz esofágica. Acredita-se que a radioterapia modifique a estrutura dos tecidos do esôfago alterando a pressão na região do SFE o que pode dificultar a emissão vocal. Outros fatores como motivação e adequado treinamento também foram destacados (Valeiras et al, 2002). Em estudo realizado com 15 laringectomizados totais e 15 não laringectomizados, grupo controle, pesquisou-se, por meio da manometria, a presença de alterações, decorrentes da laringectomia nas pressões de repouso e de máxima contração do EES, além de modificações na coordenação entre contração e relaxamento da faringe e do músculo cricofaríngeo. Em relação ao EES, observou-se, no grupo de laringectomizados, diminuição da pressão de repouso (16,2 ± 5,4 mmHg, média ± DP) quando comparada ao grupo controle (33,3 ± 5,5 mmHg, média ± DP), diminuição da máxima pressão de contração (46,1 ± 26,3 mmHg, média ± DP e 90,3 ± 12,0 mmHg, média ± DP, respectivamente), da extensão de relaxamento, da coordenação de movimentos do esfíncter e da extensão do mesmo, sendo que estes resultados não foram estatisticamente significantes. Essas funções anormais da motilidade esofagiana se destacaram na porção proximal do esôfago (Choi, 2003). O estudo manométrico do SFE, em indivíduos que não se submeteram a laringectomia, registra uma pressão positiva que desaparece no inicio da deglutição, 8 caindo para zero devido ao relaxamento do músculo cricofaríngeo. Esse músculo e do tipo estriado esquelético e, dessa forma, não consegue manter contração contínua por longos períodos (Costa, 2003). Em estudo realizado com indivíduos laringectomizados totais foi observado ausência de insuflação da porção superior do esôfago em 26,7% indivíduos que não desenvolveram a voz esofágica o que mostra ser necessária a formação de uma coluna de ar bem definida no esôfago para que haja aquisição do método (Fouquet, 2003). Em estudo realizado com 20 pacientes submetidos à laringectomia total, sendo 12 considerados bom falantes esofágicos, 8 incapazes de produzir este tipo de comunicação, pesquisou-se a ocorrência de alterações na contração do esôfago proximal pós laringectomia. Utilizou-se grupo controle composto de 12 pacientes com voz laríngea. Registraram-se, por meio da manometria, as contrações esofágicas na deglutição de água e a seco. A amplitude de contração nos laringectomizados totais que produzem a voz esofágica foi de 43,7 ± 23,3 mmHg, média ± DP para a deglutição de água e 41,8 ± 24,6 mmHg, média ± DP para deglutição de saliva. Para os laringectomizados totais não fluentes, esses valores foram de 28,5 ± 13,2 mmHg, média ± DP e 29,2 ± 11,1 mmHg, média ± DP, respectivamente. Os valores mensurados não foram estatisticamente significantes, porém foi observada relevância estatística quando comparados com os do grupo controle. O tempo de duração das contrações do esôfago também foi mensurado, sendo menor nos laringectomizados quando comparados com o grupo controle (2,2 ± 0,7 s, média ± DP e 2,6 ± 0,5 s, média ± DP, respectivamente). Assim, não existiram diferenças entre a amplitude de contração dos pacientes reabilitados e dos não reabilitados com a voz, porém, a amplitude e duração das contrações esofagianas proximais foram menores quando comparadas com o grupo controle (Dantas, 2005). A manometria esofágica permite a coleta de dados quantitativos e qualitativos referentes a pressão, coordenação e motilidade do esôfago. Ela mede, por meio de cateteres, a resistência exercida por um segmento em contração ou por uma zona de alta pressão (Vergara, 2005). No estudo realizado com 20 laringectomizados totais que estavam em terapia por no mínimo 6 meses para aquisição de voz esofágica, dividiu-se os participantes em dois grupos, os reabilitados (12) e os não reabilitados com a voz (8). Eles foram submetidos ao método manométrico para mensuração das pressões do EES, da 9 amplitude e duração das pressões intraluminares e da área abaixo da curva obtida pela onda de pressão do SFE. Para isso foi solicitado que os participantes tentassem emitir a vogal /a/ prolongada, o monossílabo “pa” e a frase “papai papou pipoca.” O grupo de bons falantes obteve uma pressão média do SFE no repouso de 11,83 mmHg e os não falantes de 9,92 mmHg. Durante as tentativas de emissão da vogal /a/, os participantes apresentaram um valor médio de pressão do SFE de 34.29 ± 26,9 mmHg, média ± DP, sendo que as amplitudes foram maiores nos falantes esofágicos quando comparados com os não falantes (de 10mmHg a 110 mmHg e de 10 mmHg a 70 mmHg, respectivamente). Não existiram diferenças estatisticamente significantes e, portanto, a pressão do SFE não se mostrou um fator decisivo para a produção da voz esofágica. Além disso, o tempo de duração médio da vogal /a/ da amostra foi de 1,6 ± 0,72 s, média ± DP. Acredita-se que o SFE propulsiona o ar em direção à faringe para que esta vibre e produza o som da voz. Dessa forma, a faringe seria a principal estrutura relacionada com a emissão da voz esofágica. Assim, o estudo concluiu que não há diferenças na pressão do SFE em repouso e nas tentativas de emissão da voz esofágica entre os indivíduos reabilitados e os não reabilitados com este tipo de comunicação alaríngea (Ricz, 2007). 10 3 MÉTODOS Trata-se de um estudo transversal realizado em uma amostra de conveniência composta por 8 sujeitos laringectomizados totais em tratamento fonoaudiológico, por no mínimo seis meses, no Ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital das Clínicas da UFMG para aquisição da voz esofágica. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (COEP) e possui o registro de número 489/07. Foram excluídos desta pesquisa os sujeitos submetidos à faringectomia total e à esofagectomia, com câncer de boca, com alterações gastrointestinais, aqueles que possuem anomalias nas fossas nasais que dificultem a realização do exame e os participantes com menos de seis meses de fonoterapia para aquisição da voz esofágica. Não houve restrição quanto ao gênero, raça, classe ou grupo social. 3.1 Caracterização da amostra Foram identificados 25 indivíduos que poderiam compor a amostra, sendo que 1 não conseguiu realizar o exame por incoordenação do movimento de deglutição durante a manometria, 7 se recusaram em participar da pesquisa e 9 não foram encontrados por meio do endereço e telefone cadastrados no Hospital. Desta forma, a amostra foi constituída de 7 indivíduos do sexo masculino e 1 do sexo feminino com idades variando entre 50 e 78 anos, média de 64,6 anos. O tempo médio de fonoterapia foi de 22,6 meses. As informações necessárias referentes aos critérios de inclusão dos sujeitos foram obtidas por meio de uma breve anamnese elaborada pelas autoras (anexo 1) e da análise dos prontuários dos pacientes do Ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Os participantes foram divididos em dois grupos, sendo o grupo A composto por 4 indivíduos laringectomizados totais que utilizam a voz esofágica como meio de comunicação e o grupo B composto por 4 indivíduos laringectomizados totais que não obtiveram sucesso na aquisição da voz esofágica em um período de até 6 meses de fonoterapia. Cada indivíduo recebeu o convite para participar da pesquisa no mesmo dia e horário de seu atendimento fonoaudiológico, ou por meio de ligação telefônica, sendolhe informado sobre os riscos e benefícios do trabalho. Aqueles que concordaram em 11 participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (anexo 3) que autorizou a realização da coleta de dados nos prontuários e a realização do exame de manometria. Quadro 1 – CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA Tempo de Tempo de Tipo de cirurgia terapia comunicação 65a 4a 1m 1a 10m 2 69a 1a 3 63a 4 Sujeito Idade EC RxT 1 VE Não Não 1a 1m VE Sim Sim 4a 4m 2a 9m VE Sim Sim 55a 2a 1a 4m VE NC Sim 5 63a 6a 1a 8m FB Sim Sim 6 50a 12 a 2a 11m FB + VF Sim Sim 7 78a 4a 6m 1a 7m FB NC Sim 8 74a 4a 5m 1a 11m FB Sim NC Legenda: a – anos m – meses FB – fala bucal VE – voz esofágica VF – voz faríngea NC – nada consta EC – Esvaziamento cervical Rd - Radioterapia 3.2 Exame de manometria Para se atingir o objetivo do presente estudo, o segmento faringoesofágico (SFE) foi analisado por meio do exame de manometria na qual foram comparadas as pressões intraluminares do esôfago cervical dos dois grupos. Esse registro foi realizado por uma gastroenterologista e acompanhado por uma fonoaudióloga e uma discente do curso de Fonoaudiologia, pesquisadoras responsáveis, no Instituto ALFA de Gastroenterologia da UFMG situado na Avenida Alfredo Balena, 110, 2o andar, Bairro 12 Santa Efigênia, Belo Horizonte em dia e horário preestabelecidos pelas pesquisadoras. Utilizou-se o manômetro e cateter “solid state” (Sigma instrumentos Ltda, Brasil) o qual possui quatro sensores distantes 5 cm entre si e posicionados em diferentes direções (Foto 1 e 2). Foram estudadas a atividade peristáltica do corpo esofagiano distal, a atividade peristáltica do corpo esofagiano proximal e a coordenação faringo-esofagiana. Vale ressaltar que para se realizar a medida de pressão do SFE com este instrumento é necessário o registro de valores dos quatro sensores para posteriormente se extrair a média das pressões do segmento. Foto 1: Manômetro e cateter “solid state” (Sigma Instrumentos Ltda, Brasil) Foto 2: Cateter “solid state” com 4 sensores (Sigma Instrumentos Ltda, Brasil). 13 O exame foi realizado com os participantes em posição sentada e após anestesia tópica com xilocaina gel na cavidade nasal, foi introduzido o cateter através da narina, com posicionamento de todos os sensores de pressão na cavidade gástrica. Esperou-se cerca de 5 minutos para iniciar o procedimento de avaliação a fim de que o participante se familiarizasse com o cateter. Foi realizada então a retirada lenta e intermitente deste até o ponto de maior pressão do esfíncter inferior de forma a calibrar a medição do segmento gástrico, conforme o protocolo utilizado para registro do exame no serviço, porém este dado não foi considerado na pesquisa. Após a padronização, seguiu-se com o posicionamento dos sensores a 1 cm do esfíncter esofágico superior (EES) a fim de se estudar as pressões deste, sendo realizada a retirada lenta e intermitente do cateter até que o primeiro sensor alcançasse a região (canal1), onde então foi solicitado que o participante deglutisse por duas vezes 5 ml de água por vez, em intervalos não inferiores a 20 segundos, onde foram registrados os valores de pressão para essa função. Em seguida, com os sensores nas mesmas posições, foram registradas as pressões do EES durante a tentativa de emissão da vogal “a” sustentada, por meio da voz esofágica, utilizando para isso o método de introdução do ar no esôfago de maior facilidade para cada sujeito. Foram solicitadas 2 emissões esofágicas, sendo considerada a curva de maior amplitude para obtenção da pressão (figura 1). Figura 1: Modelo de registro do exame de manometria. 14 Após o registro do primeiro sensor, foi realizada a retirada lenta e intermitente do cateter até que o segundo sensor se posicionasse no EES. Repetiram-se as duas deglutições e as duas emissões da vogal “a” prolongada e realizou-se o registro das pressões. Tal procedimento foi repetido até que o terceiro e o quarto sensor estivessem posicionados no EES sucessivamente. Ao final do exame, foi realizada a retirada completa do cateter. Os valores e as médias de pressão do EES mensurados pelos diferentes sensores nos dois grupos, foram anotados em protocolo específico elaborado pelas autoras (anexo 2). 3.1 Análise estatística Para análise estatística, foi utilizado o software Minitab for Windows versão 14. As ferramentas estatísticas utilizadas para descrever os dados foram a média e desvio padrão, para cada grupo. Para comparar os dois grupos foi utilizado o teste não paramétrico de Mann Withney (teste U), já que não temos certeza da suposição de normalidade dos dados e a amostra foi considerada pequena. O nível de significância adotado foi de 5%, ou seja, consideramos como significativos os resultados em que o valor-p do teste for menor que 0,05. 15 4 RESULTADOS Quadro 2 – VALORES DE PRESSÃO DO ESÔFAGO EM INDIVÍDUOS LARINGECTOMIZADOS TOTAIS DURANTE A DEGLUTIÇÃO DE ÁGUA (mmHg). Sujeitos Sensor 1 Sensor 2 Sensor 3 Sensor 4 1 24,8 41,7 24,8 39,7 46,0 41,9 50,3 16,9 2 26,1 27,0 19,6 20,5 11,2 16,3 31,2 10,7 3 61,1 34,7 15,7 11,1 56,2 58,2 132,2 94,0 4 60,7 36,8 63,5 27,3 92,8 56,2 51,2 55,5 5 44,1 37,3 93,8 91,2 77,7 70,9 63,2 61,2 6 50,8 49,3 56,0 54,7 72,0 59,8 41,2 38,9 7 9,3 15,1 48,3 7,7 22,6 20,7 12,4 9,0 8 26,0 48,8 38,5 53,9 37,6 48,7 37,9 63,7 Legenda: falante esofágico não falante esofágico 16 Tabela 1 – MÉDIA E DESVIO PADRÃO (DP) DOS VALORES INDIVIDUAIS DE PRESSÃO EM mmHg NA DEGLUTIÇÃO DE ÁGUA DOS 8 PARTICIPANTES. SUJEITOS FALANTES ESOFÁGICOS Média DP NÃO FALANTES ESOFÁGICOS Média DP 1 35,8 12,0 67,4 20,3 2 20,3 7,5 52,8 10,5 3 57,9 40,3 18,1 13,4 4 55,5 19,4 44,4 11,7 Gráfico 1: MÉDIA DAS PRESSÕES INTRA-ESOFAGIANAS EM INDIVÍDUOS LARINGECTOMIZADOS DURANTE A DEGLUTIÇÃO DE ÁGUA (mmHg). 80 70 (mmHg) 60 Indivíduos reabilitados com a voz esofágica. 50 40 Indivíduos não reabilitados com a voz esofágica. 30 20 10 0 1 2 3 Indivíduos 4 17 Quadro 3 – VALORES DE PRESSÃO DO ESÔFAGO DE INDIVÍDUOS LARINGECTOMIZADOS TOTAIS DURANTE A TENTATIVA DE EMISSÃO DA VOGAL /a/ SUSTENTADA (mmHg). Sujeitos Sensor 1 Sensor 2 Sensor 3 Sensor 4 1 43,2 31,1 45,9 36,0 29,1 35,0 2,2 17,1 2 54,3 68,9 53,1 52,6 65,3 55,2 36,5 36,9 3 43,2 69,3 38,7 34,5 43,0 37,6 32,0 32,7 4 118,6 34,2 24,8 23,8 33,1 10,4 27,6 173,8 5 53,1 49,4 58,6 49,7 61,7 43,4 92,7 64,7 6 14,8 30,3 34,2 37,2 44,8, 34,1 10,9 16,8 7 13,2 13,6 13,6 13,2 13,8 14,6 9,4 6,7 8 25,2 31,0 169,7 67,1 48,7 77,0 30,4 74,6 Legenda: falante esofágico não falante esofágico 18 Tabela 2 – MÉDIA E DESVIO PADRÃO (DP) DOS VALORES INDIVIDUAIS DE PRESSÃO EM mmHg NA TENTATIVA DE EMISSÃO DA VOGAL /a/ PROLONGADA POR MEIO DA VOZ ESOFÁGICA DOS 8 PARTICIPANTES. FALANTES ESOFÁGICOS Média DP SUJEITOS NÃO FALANTES ESOFÁGICOS Média DP 1 30,0 14,3 59,2 15,3 2 52,9 11,6 25,5 10,9 3 41,4 12,1 12,3 2,7 4 55,8 58,2 65,5 46,9 Gráfico 2: MÉDIA DAS PRESSÕES INTRA-ESOFAGIANAS EM INDIVÍDUOS LARINGECTOMIZADOS DURANTE A TENTATIVA DE EMISSÃO DA VOGAL /a/ SUSTENTADA (mmHg). 70 60 Indivíduos reabilitados com a voz esofágica (mmHg) 50 40 Indivíduos não reabilitados com a voz esofágica. 30 20 10 0 1 2 3 Indivíduos 4 19 Tabela 3: MÉDIA E DESVIO PADRÃO (DP) DAS PRESSÕES DO SEGMENTO FARINGOESOFÁGICO DOS PACIENTES LARINGECTOMIZADOS TOTAIS DURANTE A TENTATIVAS DE EMISSÕES ESOFÁGICAS E NA DEGLUTIÇÃO DE ÁGUA (mmHg). Falantes esofágicos Vogal /a/ Deglutição de água Não falantes esofágicos Média DP Média DP 45,0 31,3 41,1 33,4 42,4 27,2 45,7 22,8 Gráfico 3: COMPARAÇÃO ENTRE AS MÉDIAS DE PRESSÃO (mmHg) DE INDIVÍDUOS LARINGECTOMIZADOS TOTAIS DURANTE A DEGLUTIÇÃO DE ÁGUA E NAS TENTATIVAS DE EMISSÃO DA VOGAL /a/ SUSTENTADA. 46 45,7 45 45 44 42,4 43 42 41,1 Deglutição 41 40 39 38 Falante Tentativa de emissão esofágica Não falante 20 5 DISCUSSÃO Após a laringectomia total os indivíduos podem desenvolver diferentes formas de comunicação oral, tais como a fala bucal, a voz faríngea, a voz eletrolaríngea, a voz traqueoesofágica e a voz esofágica. No Brasil o método mais utilizado é a voz esofágica, visto requer menores custos e é mais fisiológica e natural que os demais A aquisição desse tipo de comunicação alaríngea é dependente de diversos fatores, dentre eles, o grau de instrução do paciente; a radioterapia; o tipo de cirurgia realizada e o grau de motivação do paciente (Thawly et al, 1978; Schaefer, 1982; Valeiras et al (2002); Mendenhall, 2002). Valeiras et al (2002), acrescenta ainda que a extensão da cirurgia e o tipo de reconstrução também podem interfererir no processo. No entanto, reconhecer as causas do insucesso na aquisição da voz esofágica muitas vezes não é tão fácil. Mas cabe aos profissionais da saúde envolvidos diretamente com esses pacientes rastrear os possíveis fatores que interferem no prognóstico da reabilitação vocal e buscar meios para minimizá-los e promover uma comunicação alaríngea eficiente, o que permitirá o retorno ao convívio social e familiar de forma mais satisfatória. Assim, neste trabalho estudou-se as influências das pressões do segmento faringoesofágico (SFE) na produção deste tipo de comunicação, na tentativa de relacioná-las ao sucesso ou insucesso fonoterapêutico. A escolha do tema desta pesquisa foi motivada pelo grande número de indivíduos que não obtém bons resultados fonoterapêuticos, mesmo após seis meses de terapia para aquisição da voz alaríngea. Segundo Fúria (2000), este é o tempo mínimo para o indivíduo adquirir a voz esofágica e o índice de insucesso varia entre 25 a 70%. Jassar (1999) também afirma que a voz esofágica não é facilmente adquirida. Neste estudo, observou-se que o tempo médio para aquisição e aperfeiçoamento deste tipo de comunicação dentre os indivíduos pesquisados foi de 22 meses, não sendo identificado o tempo apenas para aquisição da voz alaraíngea, desta forma, não é possível comparar com o descrito na literatura. Escolheu-se a manometria esofágica como exame preditivo para este trabalho, visto que é capaz de quantificar os valores de pressão do SFE. Segundo Bretan (1987), este é o principal método para estudo do esfíncter esofágico superior (EES), pois oferece dados qualitativos e quantitativos. Vergara (2005), ressalta que a mensuração dos referidos valores pode ser feita por meio da contração do SFE ou por uma zona de 21 alta pressão. Portanto, a manometria é ideal para medir as pressões do EES durante as tentativas de emissão da vogal /a/ com voz esofágica e a deglutição de água. Neste estudo não foi encontrada significância estatística quando se comparou o grupo de falantes e dos não falantes esofágicos em relação à pressão intra-esofágica durante a deglutição de água. No entanto, como o tamanho da amostra estudada foi pequeno, a análise qualitativa dos dados remete maior confiabilidade para o estudo. Assim, ao se analisar a tabela 1, observa-se que os valores de pressões intraesofágicas não são muito discrepantes entre os dois grupos. No entanto, percebe-se que três dos indivíduos reabilitados obtiveram pressões superiores aos não reabilitados com a voz esofágica. Da mesma forma, a tabela 2 mostra que 50% dos falantes esofágicos estudados obtiveram pressões intra-esofágicas maiores que a dos não falantes durante as tentativas de emissão da voz. Quando comparadas as tabelas 1 e 2, observou-se que as pressões do SFE nos indivíduos reabilitados com a voz esofágica são maiores durante as tentativas de emissão da vogal sustentada quando comparada com a deglutição. Isso sugere que os indivíduos reabilitados têm maior controle da movimentação do SFE que pode ter sido adquirido pelo correto aprendizado do método na fonoterapia e pela motivação dos sujeitos como sugere Schaefer (1982) e Valeiras (2002). A tabela 3 mostra que os valores médios de pressão na deglutição de água são semelhantes entre os falantes e não falantes, 42,4 mmHg e 45,7 mmHg, respectivamente. Isso sugere que não existem diferenças entre as pressões do esôfago de indivíduos reabilitados e não reabilitados com a voz esofágica. Estes resultados discordam com Dantas (2002), em que os valores médios de pressão do SFE são maiores nos falantes do que nos não falantes esofágicos, sendo 35,1 mmHg e 22,0 mmHg, respectivamente. Discordam também de Dantas (2005), em que foram encontrados valores discrepantes entre as pressões dos dois grupos, sendo 43,7 mmHg para os falantes e 28,5 mmHg para os não falantes. No entanto, esse estudo, apesar da pouca confiabilidade diante do número reduzido da amostra estudada, concorda com Dantas (2002) e Dantas (2005) em relação à não relevância estatística. Na tabela 3 também se observa que existe proximidade entre os valores das médias de pressão do SFE dos falantes, 45,0 mmHg, e não falantes, 41,0 mmHg. Porém, estes achados discordam de Dantas (2001), pois este não encontrou proximidade entre os valores mensurados, sendo a pressão intra-esofágica de falantes, 26,4 mmHg, e não falantes esofágicos, 13,7 mmHg. No entanto, os resultados 22 encontrados neste estudo estão de acordo com o trabalho Ricz (2007), visto que os valores médios de pressão intra-esofágica encontrados por esta foram bastante semelhantes, sendo 11,83 mmHg nos falantes esofágicos e 9,92 mmHg nos não falantes. Pode-se observar que os valores de pressão encontrados na literatura e no neste estudo, tanto para deglutição de água quanto para as tentativas de emissão esofágica, são bastante divergentes. No entanto, foi observado durante o exame, que três indivíduos do grupo sem comunicação esofágica conseguiram introduzir o ar no esôfago e produzir pequenas eructações, as quais promoveram valores de pressão próximos aos falantes esofágicos. Mesmo no que não produziu eructação foi observado que a tentativa de emissão da voz esofágica gerou pressão no SFE, porém com valor inferior, 12,3 mmHg , aos do grupo de não falantes. Isso sugere que o registro obtido pela monometria possa ter sofrido interferência da pressão referente à deglutição de ar e não somente da eliminação deste. Assim, o fato de os valores de pressões intraesofágicas desses sujeitos terem sido bastante próximos dos falantes esofágicos, reforça a idéia de Schaefer (1982) e Valeiras et al (2002) sobre a interferência de vários fatores para a aquisição do método. Diante disso, há que se fazer um questionamento em torno dos fatores que determinam o insucesso na aquisição do método em 50% dos indivíduos pesquisados. Assim, além do aprendizado e motivação, as alterações no mecanismo de deglutição também podem interferir no processo. A realização de radioterapia é tida na literatura como um fator desfavorável no prognóstico fonoterapêutico, pois determina maior rigidez dos tecidos do SFE e, portanto, maior dificuldade na introdução do ar no esôfago, no entanto, esta não parece ter sido um fator de interferência neste estudo (Thawly et al , 1978; Mendenhall, 2002; Valeiras, 2002). Dessa forma, para que haja emissão da voz esofágica é necessária a conservação da função do SFE durante a intervenção cirúrgica, visto que segundo Asoh (1978), é o EES que regula a passagem do ar entre o esôfago e a faringe. Para Gatenby et al (1985) e Jassar (1999), este ar é ejetado após aproximação do SFE criando uma zona vibrante de alta pressão na região. Segundo Kahrilas (1986) e Sivarao (2000), este mecanismo funciona por meio de uma seqüência sincronizada de relaxamento e contração desta estrutura que, segundo Bretan (1987) acontece em um curto intervalo de tempo. Para Costa (2003), esse pequeno intervalo se deve ao fato de o músculo cricofaríngeo ser do tipo estriado e que, desta forma, não consegue manter 23 a contração por muito tempo. No presente estudo, o SFE não foi analisado morfologicamente e, desta forma, não pode ser anulada a hipótese de que alterações nesta estrutura possam ter interferido nos resultados encontrados. Assim, sugere-se que qualquer alteração no SFE que modifique este mecanismo pode dificultar, ou até mesmo impossibilitar, a aquisição do método. Além disso, é possível que tenha ocorrido incoordenação dos movimentos do esôfago durante as tentativas de emissão da voz esofágica o que talvez justifique a não aquisição do método pelos não falantes, visto que estes conseguiram introduzir o ar para o SFE, mas não realizaram emissões esofágicas.. Dessa forma, os valores de pressão encontrados nos dois grupos podem ter sofrido influência de possíveis alterações na anatomofisiologia e tonicidade do esôfago, visto que estes fatores não foram pesquisados. Segundo Simpson et al (1978), a tonicidade deste órgão é um dos fatores mais importantes para o sucesso na reabilitação vocal dos laringectomizados totais. Sloane (1991), também ressalta que a influência da tonicidade do esôfago para o sucesso na aquisição da voz e acrescenta que indivíduos com hipo ou hipertonicidade do SFE tendem ter uma voz com baixa intensidade. Para Choi (2003), existem alterações significativas nas pressões do esôfago e na coordenação entre os movimentos de contração e relaxamento entre a faringe e o músculo cricofaríngeo dos indivíduos laringectomizados totais quando comparados com indivíduos com laringe. Isso reforça a idéia de que possam ter ocorrido modificações nas estruturas do esôfago dos indivíduos estudados, mas que estas não determinam diferenças de pressão intra-esofágica entre os dois grupos. Além disso, acredita-se que a extensão cirúrgica e o tipo de reconstrução utilizada possam também exercer influências na aquisição da voz esofágica. Dessa forma, cabe ao fonoaudiólogo estar sempre atento a todos os fatores envolvidos na reabilitação vocal desses indivíduos, evitando assim, que pacientes sem condições anatomofisiológicas para aquisição do método se submetam a longos períodos de fonoterapia. Assim, esse profissional tem que estar ciente da extensão operatória, ser capaz de avaliar esses fatores e sugerir a melhor forma de comunicação para estes sujeitos. Apesar deste estudo mostrar que as pressões do SFE não exercem relação direta com a reabilitação vocal dos sujeitos da pesquisa, Dantas (2000) mostra que alguns laringectomizados totais podem apresentar alterações na motilidade e coordenação do esôfago decorrentes de lesões no nervo vago durante o ato operatório, 24 o que interfere na contração e relaxamento do SFE e consequentemente na produção da voz esofágica. Portanto, é necessário maior estudo desta estrutura, visto que se acredita não ser a pressão que determina o sucesso ou insucesso da reabilitação vocal destes indivíduos, mas sim a integridade morfofisiológica do SFE. Assim, faz-se necessário que esta investigação seja realizada por métodos diferentes, além da manometria, tal como por meio da videofluoroscopia utilizada por Sloane (1991) para análise anatomofisiológica do esôfago. Isso pode ser comprovado por meio das conclusões do estudo de Robe et al (1956), no qual se observou que durante a produção da voz esofágica os bons falantes criam uma coluna de ar bem definida, ao contrário dos maus falantes, sugerindo que esta possa exercer influência na reabilitação vocal destes indivíduos. Fouquet (2003) também sugere a importância da coluna de ar para a produção da voz esofágica após observar ausência de insuflação da porção superior do esôfago em 26,7% indivíduos que não desenvolveram a voz esofágica. Ressalta-se que os resultados encontrados, não permitem que seja realizada a extrapolação dos dados para todos os laringectomizados totais visto que se trata de um estudo preliminar em que o número de sujeitos é bastante reduzido. Mesmo assim, os achados sugerem que não existem diferenças entre as pressões do SFE nos indivíduos reabilitados e não reabilitados com a voz esofágica e que, desta forma, estas pressões não são fatores determinantes para o sucesso fonoterapêutico destes indivíduos. Fazse necessário, portanto, o aumento da amostra para garantia de maior confiabilidade dos resultados. 25 6 CONCLUSÕES Diante dos achados obtidos na manometria esofágica e da comparação dos dados pode-se concluir que: 1. O valor médio de pressão exercida pelo segmento faringoesofágico nos falantes esofágicos foi de 45,0 mmHg durante as tentativas de produção da voz esofágica e 42,4 mmHg durante a deglutição. Nos não falantes esofágicos estes valores são 41,1 mmHg e 45,7 mmHg, respectivamente; 2. Não houve diferença entre as pressões intra-esofágicas dos indivíduos que produzem a voz esofágica e dos que não conseguem produzi-la, participantes; 3. Os valores de pressão esofagiana não são preditivos para a aquisição da voz esofágica. 26 7 ANEXOS Anexo 1 PROTOCOLO DE ANAMNESE E ANÁLISE DE PRONTUÁRIOS 1. Dados do paciente Nome: __________________________________________________________ Data de nascimento: ____/ ____/ ____ Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Tipo de cirurgia:___________________________________________________ Data da cirurgia: ____/ ____/ ____ Radioterapia: ( ) Sim ( ) Não Esvaziamento cervical: ( ) Sim ( ) Não Tempo de Fonoterapia: _______________ 2. Dados da emissão Tipo de comunicação utilizada: ( ) fala bucal ( ) voz esofágica ( ) voz traqueoeofágica ( ) voz eletrolaríngea Produz a voz esofágica: ( ) Sim ( ) Não Faz uso freqüente da voz esofágica: ( ) Sim ( ) Não A quanto tempo se comunica por meio de voz esofágica : ( ) Menos de 6 meses ( ) Mais de 6 meses 3. Dados morfofuncionais Alterações no esôfago: ( ) sim ( ) não Refluxo gastroesofágico: ( ) sim ( ) não Câncer de boca: ( ) sim ( ) não Faringectomia parcial: ( ) sim ( ) não Alterações gastrontestinais: ( ) sim ( ) não Faz uso de medicamentos para alterações de esôfago e/ou gastrointestinais: ( ) sim ( ) não 27 Anexo 2 PROTOCOLO PARA AVALIAÇÃO MANOMÉTRICA DO ESÔFAGO 1. Identificação do participante Nome: Data da avaliação: ____/ ____/ ____ Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 2. Dados da avaliação: VALORES DE PRESSÃO (mmHg) DEGLUTIÇÃO SENSOR DO CATETER R* DE ÁGUA 1 1 2 1 2 2 1 3 2 1 4 2 EMISSÃO DA VOGAL * R: Registros MÉDIA DOS VALORES DE PRESSÃO DEGLUTIÇÃO DE ÁGUA EMISSÃODA VOGAL (mmHg) (mmHg) 28 Anexo 3 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) A voz esofágica é um dos métodos mais utilizados para a reabilitação de indivíduos que foram submetidos à laringectomia total (retirada da laringe, onde ficam as pregas vocais). No entanto, muitos indivíduos, mesmo após seis meses de terapia fonoaudiológica, têm dificuldades em produzir as emissões esofágicas. Sabe-se que vários são os fatores que interferem no aprendizado da voz esofágica. Diante disso, quero convidar-lhe a participar da pesquisa intitulada “Influência das pressões intra-esofagianas na produção da voz esofágica em indivíduos submetidos à laringectomia total”, realizada por mim, Emmanuelle Moreira Gomes, aluna do curso de Fonoaudiologia da UFMG, orientada pela professora Laélia Cristina Caseiro Vicente e co-orientada pela professora Luciana Dias Moretzsohn. Esta pesquisa tem como objetivo analisar se as pressões internas do esôfago (tubo por onde passam os alimentos) interferem na aquisição do método, ou seja, se as pessoas que produzem a voz esofágica têm maior pressão no esôfago do que as que não produzem. Isso poderá ser importante na definição dos indivíduos que têm maiores chances de sucesso na terapia fonoaudiológica. Para isso, o Sr(a) será submetido à avaliação da pressão do esôfago realizada por meio de um exame chamado manometria. Este é realizado por uma médica gastroenterologista que irá introduzir um cateter (“sonda”) em suas narinas até o esôfago (aproximadamente até o final do pescoço) será solicitado que o Sr(a) beba 60 ml de água e após tente produzir a vogal /a/ sustentada (longa) com a voz esofágica, assim, o aparelho medirá as pressões exercidas por este orgão. Durante a realização do exame o Sr(a) poderá sentir leve desconforto devido à introdução da sonda pelo nariz. Além disso, exitem riscos de pequenos sangramentos durante a colocação da mesma, caso isso ocorra, o exame será imediatamente interrompido e o Sr(a) será avaliado(a) pelo médico e as devidas providências clínicas serão tomadas. Para realização da pesquisa o Sr(a) deverá comparecer, uma única vez, ao Instituto Alfa de Gastroenterologia , 2o andar do Hospital das Clínicas da UFMG, situado na Avenida Professor Alfredo Balena, 110, Santa Efigênia, Belo Horizonte. Os dados referentes à sua história clínica serão também coletados pelas pesquisadoras por meio da análise do seu prontuário no Ambulatório de Fonoaudiologia da UFMG (sua ficha). Acredita-se que a pesquisa irá contribuir para o conhecimento sobre a interferência da pressão do esôfago durante a produção da voz esofágica. Isso poderá determinar a conduta fonoterapêutica ideal para os indivíduos submetidos à retirada da laringe. Os resultados encontrados serão destinados a realização do trabalho de conclusão do curso da aluna Emmanuelle Moreira Gomes e à publicações em revistas e eventos científicos. Nós asseguramos que ninguém será identificado, sendo mantido o caráter confidencial da informação, de modo que os nomes não serão citados em hipótese alguma. Caso o Sr(a) tenha que comparecer ao local de pesquisa em data diferente de 29 sua consulta fonoaudiológica e/ou outras consultas no Hospital das Clínicas da UFMG, as passagens de ônibus serão pagas pelas pesquisadoras. É importante destacar que o participante poderá desistir da pesquisa a qualquer momento sem que isso interfira no acesso aos atendimentos oferecidos pelo Hospital das Clínicas. Em caso de dúvidas, entrar em contato com Emmanuelle Moreira Gomes pelo telefone 9769-2869, ou com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais, pelo telefone (31) 3499-4592 ou no endereço: Av. Antônio Carlos, 6627- Unidade Administrativa II - 2º andar, Campus Pampulha. Belo Horizonte, MG. _________________________________ Emmanuelle Moreira Gomes Acadêmica em Fonoaudiologia pela UFMG _________________________________ Laélia Cristina Caseiro Vicente Mestre em Distúrbios da Comunicação (Fonoaudiologia) Prof. no Curso de Fonoaudiologia da UFMG Orientadora da pesquisa _________________________________ Luciana Dias Moretzsohn Doutora em Medicina (Gastroenterologia) Prof. no Curso de Medicina da UFMG Co-orientadora da pesquisa Eu_____________________________________RG: __________________ considero que fui suficientemente esclarecido sobre os objetivos, benefícios, riscos e anonimato da minha identidade, concordo em participar do estudo e consinto em ser submetido(a) à avaliação manométrica e que os dados obtidos sejam apresentados e publicados no meio científico. Belo Horizonte, ______ de ___________________ de 2007. Assinatura do participante 30 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Asoh R; Goyal RJ. 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Objectives: Find the pressure values average done by the faringoesophageal segment of total laryngectomized people during the attempts to produce esophageal voice and water deglutition; Verify if there are differences in the intra-esophageal pressures of rehabilitated and not rehabilitated people with the esophageal voice and identify if some esophageal pressure values are required for voice acquisition. Methods: Eight total laringectomized people participated, they were divided in two groups (group A – rehabilitated with the esophageal voice and group B – not rehabilitated by this kind of communication). To register the intra-esophageal pressures the manometric exam was done at Instituto Alfa de Gastroenterologia of Hospital das Clínicas of Universidade Federal de Minas Gerais. The calculation of pressures value average was done during the attempts to speak the supported vowel /a/ and during water deglutition. The results were analysed qualitatively and statiscally using the not parametric test of Mann Withney (U test), considering the value of p < 0,05. Results: Comparing the two groups, were not found any important differences in the intra-esophageal pressures. The average pressure value done by the faringoesophageal segment of rehabilitated people was 45,0 mmHg during the attempts to speak the vowel /a/ and 42,4 mmHg during the deglutition. In the not speaking group the values were 41,1 mmHg and 45,7 mmHg respectively. This show that there are not great differences in the values of the two groups. Conclusion: The intra-esophageal pressure values were not determinative for the success of the esophageal voice acquisition therapy, because were not found differences in the average pressure of the two groups. However, as the size of the sample in this research was small, the data can’t be surpassed to all total laringectomized ones. It’s necessary to increase the sample size to take the research more trustworthy. Bibliografia consultada Rother ET, Braga ERA. Como elaborar a sua tese: estrutura e referências. São Paulo: 2001. 86p