Per m sed anece e co i rajo firmes sos. na (1 C or 1 6 ,13) ISSN 0873-3317 Foto: Grzegorz Galazka “O sacerdócio não é simplesmente ‘ofício’, mas sacramento: Deus serve-Se de um pobre homem a fim de, através dele, estar presente para os homens e agir em seu favor. Esta audácia de Deus – que a Si mesmo Se confia a seres humanos; que, apesar de conhecer as nossas fraquezas, considera os homens capazes de agir e estar presentes em Seu nome – esta audácia de Deus é o que de verdadeiramente grande se esconde na palavra ‘sacerdócio’.” Na vinha do Senhor: servir enquanto é possível. Bento XVI no lava-pés. O mistério pascal do sacrifício da cruz e da ressurreição do Senhor é antecipado na Última Ceia, na Quinta-feira Santa. Jesus celebra o primeiro sacrifício sagrado da Eucaristia e oferece todo o Seu ser aos apóstolos nas substâncias exteriores de pão e vinho. Incumbe-os de celebrar a Sagrada Eucaristia em Sua memória. Desta forma, Ele faz deles os Seus primeiros sacerdotes, podendo dizer através deles: “Este é o Meu Corpo. Este é o Meu Sangue.” Ninguém jamais se lembraria de pronunciar estas palavras de transubstanciação sobre o pão e o vinho, se Deus lhe não desse essa missão e pleno poder para isso. O sacerdote é um segundo EU do Senhor. Assim, no sacerdote, Jesus pode levar a todos os homens a alegria pascal do perdão e dizer: “EU te absolvo dos teus pecados.” O sacerdote não tem que ser um gestor nem um grande orador; não tem que ser um perito em Finanças, nem um psicólogo. Bem no fundo, as pessoas esperam do sacerdote que reflicta a compaixão de Deus. Maiores são a desilusão e a indignação quando se Bento XVI, por ocasião do encerramento do Ano Sacerdotal, a 11 de Junho de 2010 encontra num sacerdote um homem egocêntrico e hipócrita que já não acredita na sua missão sobrenatural. É certo que o sacerdote, na sua fraqueza, fica sempre aquém da grandeza da sua vocação; mas, se confiar na graça de Deus, Jesus oferece-lhe o Seu coração e serve-Se da sua fraqueza. Assim, o sacerdote é imprescindível para os homens, pois nas suas mãos ungidas transporta a plenitude da graça. Queridos amigos, dais-nos as vossas orações e donativos e muitos de vós ofereceis o sacrifício da vossa doença ou velhice por novas vocações sacerdotais e para a santificação dos padres. O quão imprescindível e sublime é a vossa participação, através da oração e do sacrifício, está bem expresso nas belas palavras do santo francês João Eudes: “O sacerdócio sacramental é tão grande, tão divino, que não parece existir nada maior nem mais divino. E, no entanto, existe “Se o sacerdote confiar na graça de Deus, Jesus oferece- um sacerdócio que, de certo modo, supera o dos sacerdotes: -lhe o Seu coração e serve-Se é a vocação de trabalhar para a da sua fraqueza.” santificação dos padres, salvando os salvadores e dando Jesus disse: “Rogai ao Senhor da messe descanso aos pastores; alcançando a luz para que envie trabalhadores para a sua para aqueles que são a luz do mundo e messe” (Mt 9,38). Os padres não se fazem santificando aqueles que são a santifica“sem mais, nem menos”. A ordenação sa- ção da Igreja.” cerdotal não é um exame final, depois do qual se assina um contrato de trabalho com Grato, abençoa-vos o vosso a diocese. Os sacerdotes têm que ser pedidos a Deus na oração. Sem vocações sacerdotais, a acção da AIS não pode trazer um fruto que permaneça para o reino de Deus. Pois sem os sacramentos, a alma humana P. Martin M. Barta definha. Assistente Espiritual 1 ED/7/1/86 Nr.º 3 • Abril de 2013 Oito edições anuais www.fundacao-ais.pt fé, pa de Euro Leste Mãos e coraçãos, em Ivano-Frankivsk “A fé não é uma filosofia abstrusa, mas o encontro progressivo com a sabedoria, a compreensão, a objectividade e a percepção da realidade plena” (Bento XVI). No seminário greco-católico de IvanoFrankivsk / Ucrânia, esta realidade tem um rosto próprio. Numa mão, um livro de Dogmática; na outra, uma espátula ou formão – é assim que aqui se apresentam os estudantes. Estudam e, nos tempos livres, ajudam no restauro do velho seminário, com mais de 100 anos. É uma renovação em todos os sentidos. Os soviéticos deportaram a maioria dos docentes para a Sibéria, em 1946; alguns foram mortos a tiro logo ali, tal como quase todos os seminaristas. Ao longo de décadas, o edifício serviu de escola do partido para os assassinos. Só há dezoito anos se voltou a rezar abertamente e a estudar Teologia aqui. Mas nestes anos, cada vez Trabalhar com a cabeça: na sala de estudo, numa das muitas provas. Distinguem-se pela batina: os jovens seminaristas após a sua chegada. mais jovens vieram para Ivano-Frankivsk. O edifício tornou-se exíguo. Três seminaristas partilham um quarto de 9 m2, com uma secretária e um lavatório. Há doze chuveiros para 282 seminaristas. Estão na cave. Têm que ser em maior número e colocados Gostavam de ter janelas em condições, noutro sítio. Também aos seminaristas se que não deixassem passar o vento. aplica: “mente sã em corpo são”. nário é igualmente urgente. Para não interOs padres são urgentemente precisos nas romper o normal funcionamento dos estunove dioceses que enviam os seminaristas dos, o restauro do complexo de edifícios para Ivano-Frankivsk. O restauro do semi- processa-se faseadamente. Agora é a vez do telhado e da ala esquerda. É como se se pusesse fim a tudo o que vinha deteriorado do passado; como se nascesse nova vida das ruínas. E por isso é que faz sentido que os seminaristas não se dediquem apenas ao seu interior, à sua formação e vida de oração, mas também ao exterior do seu seminário. Assim encontram o caminho para “toda a realidade” e nós ajudamo-los nisso – numa mão, o terço; a outra estaria livre Trabalhar com as mãos: fazer conserpara ajudar. Para ambos é preciso renovavas de fruta – em grupo corre melhor. ção. Prometemos 200.000 €. • Deram tudo Chamam-nos“batwa”, os excluídos da sociedade. São pequenos povos pigmeus do Burundi, vivem em barracas parecidas com as dos bairros de lata. Os seus filhos não conhecem escolas nem refeições regradas. Deles cuida a jovem congregação “Apóstolos do Bom Pastor e da Rainha do Cenáculo”. Além disso, a congregação, com escassos 23 anos, visita hospitais, prisões e leprosos. E cresce, apesar da morte precoce do seu fundador, Arcebispo D. Joachim Ruhana, logo sete anos após a 2 fundação. Tem treze padres, dezoito frades, oito noviços, nove seminaristas e mais de três dezenas de jovens a preparar-se para o noviciado. Para conseguir que os pigmeus se tornassem sedentários, construiram pequenas casas e um colégio interno, onde as crianças recebem uma educação cristã. Deram tudo pelos pobres. Agora, é a congregação a precisar de ajuda – para os seus seminaristas. Já não consegue suportar os custos da formação. “Queremos servir a nossa Madre Igreja,” escreve o SuperiorGeral, Padre Zenon. Com 9.600 € mante- Na aldeia dos pigmeus: esperar pelo bom pastor. mos vivo este serviço do amor. • ta naris i m e S s O Senhor chama em qualquer lugar “Por vezes, o amor de Deus segue percursos surpreendentes, mas alcança sempre quantos se deixam encontrar.” Eis o que afirmou Bento XVI na sua mensagem por ocasião do 50º Dia Mundial de Oração pelas Vocações (2013). Os seminaristas valem-se a si mesmos: na horta de Ziguinchor / Senegal. “Revesti-vos de Cristo” (Rm 13,14): os futuros padres antes da investidura. Alguns sentem o chamamento do amor ainda crianças. Inácio lembra-se: “Um dia, veio um ‘padre branco’ à nossa aldeia. Fiquei a admirá-lo enquanto ele celebrava a missa e disse depois à minha mãe, apontando para ele: “Quero ser como ele.” Inácio levou alguns anos até deixar a sua aldeia e chegar ao seminário de Ziguinchor / Senegal. O seu colega Hervé Jean levou até alguns anos mais.Este seminarista já no jardim de infância ficara fascinado com as vestes litúrgicas do Papa e, quando encontrou uma mitra de cartolina feita pelo seu Para a semente crescer O sangue dos mártires é semente de cristãos – dificilmente haverá outro país onde estas palavras da antiga cristandade sejam tão verdadeiras hoje como na Nigéria. Quando o Seminário do Bom Pastor foi fundado em Kaduna, no Noroeste do país, habitado maioritariamente por muçulmanos, havia nove seminaristas. Hoje, são noventa e quatro. E isto numa região na orla do Saara, em construções que mais lembram um bairro de lata do que locais de formação de futuros padres. Três estudantes habitam um quarto que está pensado para apenas um. Como capela, centro de qualquer seminário, serve uma velha sala de aula, onde se dá aulas depois da Missa e das orações. O refeitório é improvisado. As instalações sanitárias estão no limite da dignidade humana. Os professores têm que ser alojados fora. Não admira que os seminaristas tenham vontade de ir de férias – para longe deste lugar exíguo e precário. Mas voltam sempre, todos. Pois esperam que os ajudemos a construir uma capela e alojamentos, sobretudo para os padres e professores. Sabem que, na Nigéria, muitos irmãos na fé estão ainda em piores condições; que estão permanentemente a morrer cristãos pela sua fé; que, apesar disso, muitos são baptizados; e que faltam padres. Aprovámos 150.000 € para a construção da capela e dos alojamentos. Para a semente crescer. “Alegrai-vos no Senhor!” (Fl 4,4): o entusiasmo faz parte da vocação. Lavar, limpar, restaurar: também isso faz parte do dia-a-dia de quem tem vocação. • Inculturação do Santíssimo: tabernáculo na Papua Nova Guiné. irmão mais velho, tornou-se claro para ele: “Vou ser padre e bispo.” Hoje, pouco antes da sua consagração, o seu desejo especificou-se. Quer ser “trabalhador na vinha do Senhor”. Hervé e Inácio fazem parte dos quarenta e dois candidatos ao sacerdócio do Seminário de São João Maria Vianney. A chama da sua vocação precisa sobretudo da protecção que a educação e a relação pessoal com Cristo conferem, neste país dominado pelo Islão e por religiões naturais. Com a vossa contribuição para a formação (14.000 €) contribuís também para que estes jovens corações “se deixem encontrar” e para que “entreguem a sua vontade à vontade de Jesus”. Gregory, Frank, James, Lito e Frank – é nestes cinco que o Bispo D. Gilles Coté deposita a esperança, na Papua Nova Guiné. Pede a nossa oração por eles. São os cinco seminaristas da sua Diocese de DaruKiunga. Rapazes alegres que, sendo naturais da região, estão bem familiarizados com todas as tradições possíveis das religiões naturais. Agora investigam e aprofundam os mistérios da Teologia Católica. Precisam de livros, cadernos e material didáctico. O investimento na sua vocação custa mais do que o Bispo consegue reunir. Ajudamo-lo com 5.000 €. Eles hão-de poder responder ao chamamento do Senhor com cabeça e coração. • 3 Era uma festa de família.Também estavam presentes alguns membros da “Ordem dos Construtores”. Eram, sobretudo, benfeitores desde a primeira hora, que ainda tinham conhecido o Padre Werenfried pessoalmente, que se encontraram em Lovaina / Bélgica, para celebrar o centenário do nascimento do fundador da AIS. Entre eles, estavam também duas irmãs de uma família com onze filhos. A mais velha tinha recebido ancas novas; a mais nova, sofria de um tumor em ambos os olhos – um deles teve que lhe ser retirado. Mas não querem prescindir de colaborar com a missão. Juntas, fazem gorros de tricot para as missões.Também o Padre Steve Mulambo, do Malaui (ver foto) esteve presente, um dos quarenta estudantes que vós ajudastes a tirar o curso na Bélgica. Estão-vos muito gratos. O Padre Steve até apresentou uma dança africana para exprimir a sua gratidão. Necessidade, amor e gratidão – as vossas cartas Exemplo sacerdotal Quando sei e penso que tantos dos meus irmãos sacerdotes a trabalhar no Reino de Deus passam tanta miséria e porventura fome e não desanimam, que pena me dá e que dó eu tenho…Que exemplo esses sacerdotes são para mim! E perseguidos, e presos!... Um sacerdote de Portugal e ameaçados, tanto material como espiritualmente. Que o empenho e o espírito de sacrifício em 2013, ano em que a AIS lembra com gratidão o centenário do nascimento do Padre Werenfried van Straaten, continue a trazer frutos abundantes. Com os meus melhores votos e bênçãos por agirem no espírito do Padre Werenfried van Straaten, fico unido na oração, Arcebispo D. Peter Stephan Donativo pelo primeiro ano de casados Zurbriggen, Núncio Apostólico na Áustria Na Primavera passada, na nossa lua de mel na Turquia, conhecemos melhor a Retiros espirituais em ponto pequeno vossa Obra. Por ocasião do nosso pri- Penso que traduzo o sentimento de muitos, meiro ano de casados, decidimos, por quando digo que a leitura de cada edição isso, apoiar os vossos projectos com um do Boletim é como um retiro espiritual em donativo. Estai seguros de que rezamos ponto pequeno. Cada Boletim é especial à pelo vosso trabalho e pela vossa tão im- sua maneira, mas o Boletim nr.º 1 de 2013 portante missão no mundo de hoje. foi tão especial que gostava de o enviar a Um jovem casal de França amigos, pelo que vos venho pedir mais exemplares. Que Deus abençoe a AIS e os Agir no espírito do Padre Werenfried seus projectos, todos os que sofrem e os Alegra-me que a AIS tente apoiar de for- benfeitores. mas tão variadas os cristãos perseguidos Uma benfeitora da Austrália 4 Johannes Freiherr Heereman, Presidente Executivo Não é coincidência, com certeza, que o centenário do nascimento do Padre Werenfried van Straaten tenha calhado no Ano da Fé. O que importava ao Padre Werenfried era salvar e fortalecer a fé onde é mais ameaçada e onde os cristãos são perseguidos. Era isso o que importava também ao Papa Bento XVI quando proclamou o Ano da Fé. E tinha em vista também os países ocidentais. O Santo Padre desejava uma Nova Evangelização, não pela Igreja, mas pela felicidade dos homens. Esse desejo também se dirige a nós. Vós, caros benfeitores, destes à Igreja e ao Santo Padre um grande presente por ocasião do centenário do nascimento do Padre Werenfried. Confiastes-nos bem mais do que 85 milhões de euros, no ano passado, mais do que nunca na história da Obra, para ajudar a Igreja onde é ameaçada pela violência, onde as pessoas estão sedentas do Deus de amor e também onde a fé é sufocada pela secularização. O Padre Werenfried dizia: “Os benfeitores são o nosso maior capital.” Isso continua a ser verdade hoje e, por isso, transmitovos, com alegria, a gratidão que recebemos diariamente de todo o mundo pela vossa generosidade.