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ISSN 0873-3317
Foto: Grzegorz Galazka
“O sacerdócio não é simplesmente ‘ofício’,
mas sacramento: Deus serve-Se de um
pobre homem a fim de, através dele, estar
presente para os homens e agir em seu
favor. Esta audácia de Deus – que a Si
mesmo Se confia a seres humanos;
que, apesar de conhecer as nossas
fraquezas, considera os homens capazes
de agir e estar presentes em Seu nome –
esta audácia de Deus é o que de
verdadeiramente grande se esconde
na palavra ‘sacerdócio’.”
Na vinha do Senhor: servir enquanto é possível.
Bento XVI no lava-pés.
O mistério pascal do sacrifício da cruz e da
ressurreição do Senhor é antecipado na Última Ceia, na Quinta-feira Santa. Jesus celebra o primeiro sacrifício sagrado da Eucaristia e oferece todo o Seu ser aos apóstolos
nas substâncias exteriores de pão e vinho. Incumbe-os de celebrar a Sagrada Eucaristia
em Sua memória. Desta forma, Ele faz deles
os Seus primeiros sacerdotes,
podendo dizer através deles:
“Este é o Meu Corpo. Este é o
Meu Sangue.” Ninguém jamais
se lembraria de pronunciar estas
palavras de transubstanciação
sobre o pão e o vinho, se Deus
lhe não desse essa missão e pleno poder para
isso. O sacerdote é um segundo EU do Senhor. Assim, no sacerdote, Jesus pode levar
a todos os homens a alegria pascal do perdão
e dizer: “EU te absolvo dos teus pecados.”
O sacerdote não tem que ser um gestor nem
um grande orador; não tem que ser um perito em Finanças, nem um psicólogo. Bem
no fundo, as pessoas esperam do sacerdote
que reflicta a compaixão de Deus. Maiores
são a desilusão e a indignação quando se
Bento XVI, por ocasião do encerramento
do Ano Sacerdotal, a 11 de Junho de 2010
encontra num sacerdote um homem egocêntrico e hipócrita que já não acredita na
sua missão sobrenatural. É certo que o sacerdote, na sua fraqueza, fica sempre
aquém da grandeza da sua vocação; mas, se
confiar na graça de Deus, Jesus oferece-lhe
o Seu coração e serve-Se da sua fraqueza.
Assim, o sacerdote é imprescindível para
os homens, pois nas suas mãos ungidas
transporta a plenitude da graça.
Queridos amigos, dais-nos as vossas orações e donativos e muitos de vós ofereceis
o sacrifício da vossa doença ou velhice por
novas vocações sacerdotais e para a santificação dos padres. O quão imprescindível
e sublime é a vossa participação, através
da oração e do sacrifício, está bem expresso nas belas palavras do santo francês
João Eudes: “O sacerdócio sacramental é
tão grande, tão divino, que não parece
existir nada maior nem mais
divino. E, no entanto, existe
“Se o sacerdote confiar na
graça de Deus, Jesus oferece- um sacerdócio que, de certo
modo, supera o dos sacerdotes:
-lhe o Seu coração e serve-Se é a vocação de trabalhar para a
da sua fraqueza.”
santificação dos padres, salvando os salvadores e dando
Jesus disse: “Rogai ao Senhor da messe descanso aos pastores; alcançando a luz
para que envie trabalhadores para a sua para aqueles que são a luz do mundo e
messe” (Mt 9,38). Os padres não se fazem santificando aqueles que são a santifica“sem mais, nem menos”. A ordenação sa- ção da Igreja.”
cerdotal não é um exame final, depois do
qual se assina um contrato de trabalho com Grato, abençoa-vos o vosso
a diocese. Os sacerdotes têm que ser pedidos a Deus na oração. Sem vocações sacerdotais, a acção da AIS não pode trazer um
fruto que permaneça para o reino de Deus.
Pois sem os sacramentos, a alma humana
P. Martin M. Barta
definha.
Assistente Espiritual
1
ED/7/1/86
Nr.º 3 • Abril de 2013
Oito edições anuais
www.fundacao-ais.pt
fé,
pa de
Euro
Leste
Mãos e coraçãos, em Ivano-Frankivsk
“A fé não é uma filosofia abstrusa,
mas o encontro progressivo com a
sabedoria, a compreensão, a objectividade e a percepção da realidade
plena” (Bento XVI).
No seminário greco-católico de IvanoFrankivsk / Ucrânia, esta realidade tem um
rosto próprio. Numa mão, um livro de Dogmática; na outra, uma espátula ou formão
– é assim que aqui se apresentam os estudantes.
Estudam e, nos tempos livres, ajudam no
restauro do velho seminário, com mais de
100 anos. É uma renovação em todos os
sentidos. Os soviéticos deportaram a maioria dos docentes para a Sibéria, em 1946; alguns foram mortos a tiro logo ali, tal como
quase todos os seminaristas. Ao longo de
décadas, o edifício serviu de escola do partido para os assassinos. Só há dezoito anos
se voltou a rezar abertamente e a estudar
Teologia aqui. Mas nestes anos, cada vez
Trabalhar com a cabeça: na sala de estudo, numa das muitas provas.
Distinguem-se pela batina: os jovens
seminaristas após a sua chegada.
mais jovens vieram para Ivano-Frankivsk.
O edifício tornou-se exíguo. Três seminaristas partilham um quarto de 9 m2, com
uma secretária e um lavatório. Há doze chuveiros para 282 seminaristas. Estão na cave.
Têm que ser em maior número e colocados Gostavam de ter janelas em condições,
noutro sítio. Também aos seminaristas se que não deixassem passar o vento.
aplica: “mente sã em corpo são”.
nário é igualmente urgente. Para não interOs padres são urgentemente precisos nas romper o normal funcionamento dos estunove dioceses que enviam os seminaristas dos, o restauro do complexo de edifícios
para Ivano-Frankivsk. O restauro do semi- processa-se faseadamente. Agora é a vez do
telhado e da ala esquerda. É como se se pusesse fim a tudo o que vinha deteriorado do
passado; como se nascesse nova vida das
ruínas. E por isso é que faz sentido que os
seminaristas não se dediquem apenas ao
seu interior, à sua formação e vida de oração, mas também ao exterior do seu seminário. Assim encontram o caminho para
“toda a realidade” e nós ajudamo-los nisso
– numa mão, o terço; a outra estaria livre
Trabalhar com as mãos: fazer conserpara ajudar. Para ambos é preciso renovavas de fruta – em grupo corre melhor.
ção. Prometemos 200.000 €.
•
Deram tudo
Chamam-nos“batwa”, os excluídos
da sociedade. São pequenos povos
pigmeus do Burundi, vivem em barracas parecidas com as dos bairros
de lata.
Os seus filhos não conhecem escolas nem
refeições regradas. Deles cuida a jovem congregação “Apóstolos do Bom Pastor e da
Rainha do Cenáculo”. Além disso, a congregação, com escassos 23 anos, visita hospitais, prisões e leprosos. E cresce, apesar da
morte precoce do seu fundador, Arcebispo
D. Joachim Ruhana, logo sete anos após a
2
fundação. Tem treze padres, dezoito frades,
oito noviços, nove seminaristas e mais de
três dezenas de jovens a preparar-se para o
noviciado. Para conseguir que os pigmeus
se tornassem sedentários, construiram pequenas casas e um colégio interno, onde as
crianças recebem uma educação cristã.
Deram tudo pelos pobres. Agora, é a congregação a precisar de ajuda – para os seus
seminaristas. Já não consegue suportar os
custos da formação. “Queremos servir a
nossa Madre Igreja,” escreve o SuperiorGeral, Padre Zenon. Com 9.600 € mante- Na aldeia dos pigmeus: esperar pelo
bom pastor.
mos vivo este serviço do amor.
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O Senhor chama em qualquer lugar
“Por vezes, o amor de Deus segue
percursos surpreendentes, mas alcança sempre quantos se deixam
encontrar.” Eis o que afirmou Bento
XVI na sua mensagem por ocasião
do 50º Dia Mundial de Oração pelas
Vocações (2013).
Os seminaristas valem-se a si mesmos:
na horta de Ziguinchor / Senegal.
“Revesti-vos de Cristo” (Rm 13,14):
os futuros padres antes da investidura.
Alguns sentem o chamamento do amor
ainda crianças. Inácio lembra-se: “Um dia,
veio um ‘padre branco’ à nossa aldeia. Fiquei a admirá-lo enquanto ele celebrava a
missa e disse depois à minha mãe, apontando para ele: “Quero ser como ele.” Inácio levou alguns anos até deixar a sua aldeia
e chegar ao seminário de Ziguinchor / Senegal. O seu colega Hervé Jean levou até
alguns anos mais.Este seminarista já no jardim de infância ficara fascinado com as
vestes litúrgicas do Papa e, quando encontrou uma mitra de cartolina feita pelo seu
Para a semente crescer
O sangue dos mártires é semente de
cristãos – dificilmente haverá outro
país onde estas palavras da antiga
cristandade sejam tão verdadeiras
hoje como na Nigéria.
Quando o Seminário do Bom Pastor foi fundado em Kaduna, no Noroeste do país, habitado maioritariamente por muçulmanos,
havia nove seminaristas. Hoje, são noventa
e quatro. E isto numa região na orla do
Saara, em construções que mais lembram
um bairro de lata do que locais de formação
de futuros padres. Três estudantes habitam
um quarto que está pensado para apenas
um. Como capela, centro de qualquer seminário, serve uma velha sala de aula, onde se
dá aulas depois da Missa e das orações. O
refeitório é improvisado. As instalações sanitárias estão no limite da dignidade humana. Os professores têm que ser alojados
fora. Não admira que os seminaristas tenham vontade de ir de férias – para longe
deste lugar exíguo e precário. Mas voltam
sempre, todos. Pois esperam que os ajudemos a construir uma capela e alojamentos,
sobretudo para os padres e professores.
Sabem que, na Nigéria, muitos irmãos na fé
estão ainda em piores condições; que estão
permanentemente a morrer cristãos pela sua
fé; que, apesar disso, muitos são baptizados;
e que faltam padres. Aprovámos 150.000 €
para a construção da capela e dos alojamentos. Para a semente crescer.
“Alegrai-vos no Senhor!” (Fl 4,4):
o entusiasmo faz parte da vocação.
Lavar, limpar, restaurar: também isso faz
parte do dia-a-dia de quem tem vocação.
•
Inculturação do Santíssimo:
tabernáculo na Papua Nova Guiné.
irmão mais velho, tornou-se claro para ele:
“Vou ser padre e bispo.” Hoje, pouco antes
da sua consagração, o seu desejo especificou-se. Quer ser “trabalhador na vinha do
Senhor”. Hervé e Inácio fazem parte dos
quarenta e dois candidatos ao sacerdócio do
Seminário de São João Maria Vianney. A
chama da sua vocação precisa sobretudo da
protecção que a educação e a relação pessoal com Cristo conferem, neste país dominado pelo Islão e por religiões naturais.
Com a vossa contribuição para a formação
(14.000 €) contribuís também para que
estes jovens corações “se deixem encontrar” e para que “entreguem a sua vontade
à vontade de Jesus”.
Gregory, Frank, James, Lito e Frank – é
nestes cinco que o Bispo D. Gilles Coté deposita a esperança, na Papua Nova Guiné.
Pede a nossa oração por eles. São os cinco
seminaristas da sua Diocese de DaruKiunga. Rapazes alegres que, sendo naturais da região, estão bem familiarizados
com todas as tradições possíveis das religiões naturais. Agora investigam e aprofundam os mistérios da Teologia Católica.
Precisam de livros, cadernos e material didáctico. O investimento na sua vocação
custa mais do que o Bispo consegue reunir.
Ajudamo-lo com 5.000 €. Eles hão-de
poder responder ao chamamento do Senhor
com cabeça e coração.
•
3
Era uma festa de família.Também estavam presentes alguns membros da
“Ordem dos Construtores”. Eram,
sobretudo, benfeitores desde a
primeira hora, que ainda tinham conhecido o Padre Werenfried pessoalmente, que se encontraram em
Lovaina / Bélgica, para celebrar o
centenário do nascimento do fundador da AIS. Entre eles, estavam também duas irmãs de uma família com
onze filhos. A mais velha tinha recebido ancas novas; a mais nova, sofria de
um tumor em ambos os olhos – um deles teve que lhe ser retirado. Mas não
querem prescindir de colaborar com a missão. Juntas, fazem gorros de tricot para as missões.Também o Padre Steve Mulambo, do Malaui (ver foto) esteve presente, um dos quarenta estudantes que vós ajudastes a tirar o curso
na Bélgica. Estão-vos muito gratos. O Padre Steve até apresentou uma dança
africana para exprimir a sua gratidão.
Necessidade, amor e gratidão – as vossas cartas
Exemplo sacerdotal
Quando sei e penso que tantos dos meus
irmãos sacerdotes a trabalhar no Reino
de Deus passam tanta miséria e porventura fome e não desanimam, que pena me
dá e que dó eu tenho…Que exemplo esses
sacerdotes são para mim! E perseguidos,
e presos!...
Um sacerdote de Portugal
e ameaçados, tanto material como espiritualmente. Que o empenho e o espírito de
sacrifício em 2013, ano em que a AIS lembra com gratidão o centenário do nascimento do Padre Werenfried van Straaten,
continue a trazer frutos abundantes. Com
os meus melhores votos e bênçãos por agirem no espírito do Padre Werenfried van
Straaten, fico unido na oração,
Arcebispo D. Peter Stephan
Donativo pelo primeiro ano de casados Zurbriggen, Núncio Apostólico na Áustria
Na Primavera passada, na nossa lua de
mel na Turquia, conhecemos melhor a Retiros espirituais em ponto pequeno
vossa Obra. Por ocasião do nosso pri- Penso que traduzo o sentimento de muitos,
meiro ano de casados, decidimos, por quando digo que a leitura de cada edição
isso, apoiar os vossos projectos com um do Boletim é como um retiro espiritual em
donativo. Estai seguros de que rezamos ponto pequeno. Cada Boletim é especial à
pelo vosso trabalho e pela vossa tão im- sua maneira, mas o Boletim nr.º 1 de 2013
portante missão no mundo de hoje.
foi tão especial que gostava de o enviar a
Um jovem casal de França amigos, pelo que vos venho pedir mais
exemplares. Que Deus abençoe a AIS e os
Agir no espírito do Padre Werenfried seus projectos, todos os que sofrem e os
Alegra-me que a AIS tente apoiar de for- benfeitores.
mas tão variadas os cristãos perseguidos
Uma benfeitora da Austrália
4
Johannes
Freiherr
Heereman,
Presidente
Executivo
Não é coincidência, com certeza,
que o centenário do nascimento do
Padre Werenfried van Straaten
tenha calhado no Ano da Fé. O
que importava ao Padre Werenfried era salvar e fortalecer a fé
onde é mais ameaçada e onde os
cristãos são perseguidos. Era isso
o que importava também ao Papa
Bento XVI quando proclamou o
Ano da Fé. E tinha em vista também os países ocidentais. O Santo
Padre desejava uma Nova Evangelização, não pela Igreja, mas pela
felicidade dos homens. Esse desejo
também se dirige a nós.
Vós, caros benfeitores, destes à
Igreja e ao Santo Padre um grande
presente por ocasião do centenário
do nascimento do Padre Werenfried. Confiastes-nos bem mais do
que 85 milhões de euros, no ano
passado, mais do que nunca na
história da Obra, para ajudar a
Igreja onde é ameaçada pela violência, onde as pessoas estão sedentas do Deus de amor e também
onde a fé é sufocada pela secularização. O Padre Werenfried dizia:
“Os benfeitores são o nosso maior
capital.” Isso continua a ser verdade hoje e, por isso, transmitovos, com alegria, a gratidão que
recebemos diariamente de todo o
mundo pela vossa generosidade.
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Permaneceifirmesnafé, sedecorajosos.