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MINERAÇÃO, ESPAÇO E SOCIEDADE NO BRASIL: ESTUDO COM
BASE EM ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA SOBRE O TEMA
MAURÍLIO DE ABREU MONTEIRO
Doutor em Desenvolvimento do Trópico Úmido. Docente e pesquisador do Núcleo de
Altos Amazônicos (NAEA) da Universidade Federal do Pará (UFPA). Coordenador do
Grupo de Pesquisa “Mineração e Desenvolvimento Sustentável” – NAEA/UFPA. Email: [email protected]
ESTÊVÃO JOSÉ DA SILVA BARBOSA
Mestre em Geografia. Pesquisador auxiliar no Grupo de Pesquisa “Mineração e
Desenvolvimento Sustentável” – NAEA/UFPA. E-mail: [email protected]
CÁSSIA SANTOS DA ROSA
Mestre em História. Pesquisadora auxiliar no Grupo de Pesquisa “Mineração e
Desenvolvimento Sustentável” – NAEA/UFPA. E-mail: [email protected]
TEMA: A partir do trabalho de Machado e Figuerôa (2001), é possível distinguir
duas fases principais da mineração no Brasil: como possibilidade, ligada aos
interesses dos colonizadores pela descoberta de metais preciosos; e como
atividade econômica efetiva, estruturando sistemas produtivos regionais e/ou
locais que são elementos da organização das sociedades, seus territórios e
seus ambientes. A separação entre as duas fases ocorreu em meados da
metade do século XVIII com o início da exploração intensiva de ouro e gemas
no atual estado de Minas Gerais. A partir deste momento, a literatura passou a
dedicar maior atenção aos assuntos relacionados à mineração, inclusive com
obras inteiras dedicadas a ela. O conjunto de temas tratados guarda relação
com os tópicos listados por Spooner (1981) ao discutir os atributos dos
minerais enquanto recursos naturais: localização geográfica e quantidade/
qualidade dos depósitos; valor locacional das minas e formas (sociopolíticas,
econômicas e tecnológicas) de aproveitamento delas; e possibilidades destes
recursos nos processos de desenvolvimento.
OBJETIVOS: realizar uma análise bibliométrica da literatura (não-ficção) sobre
mineração no Brasil, enfatizando indicadores de produção científica e os
aspectos econômicos, sociais, institucionais e geográficos, de modo a construir
um panorama temporal e espacial desta atividade no país.
METODOLOGIA E INFORMAÇÕES UTILIZADAS: a amostra selecionada
para análise é composta por 566 (quinhentas e sessenta e seis) obras,
sistematizadas a partir de consulta ao acervo on line da Fundação Biblioteca
Nacional e da Library Congress. Estas instituições foram escolhidas pelo fato
de representarem a contento, pela extensão de seus acervos, todo o território
nacional. Foram selecionadas apenas as obras (incluindo livros e relatórios)
diretamente relacionadas à mineração, cuja sistematização e quantificação
foram feitas com auxílio dos programas Excel e Access, além da confecção de
mapas com uso do Arc Gis. Fichas individuais foram elaboradas, sendo
discriminados os seguintes dados: título da obra; autor(es); tema principal; tipo
de editora; época da publicação original; substância(s) mineral(is) focada(s); e
abrangência geográfica. O conteúdo do texto pode ser definido, de acordo com
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a revisão de literatura de Fapesp (2005, p. 5) sobre trabalhos em bibliometria,
como uma análise da produção científica de um país ou região a partir de
indicadores de produção, visando a quantificar o número de publicações por
tipo de documento e refletir sobre determinadas características delas.
PARTE DOS RESULTADOS: os resultados mostram que a quantidade de
obras por época está relacionada ao avanço da mineração pelo território
brasileiro, em especial com a extração de minerais em moldes industriais ao
longo do século XX; mas também ao crescimento e amadurecimento das
instituições públicas e privadas voltadas para o setor e às maiores chances de
publicação por editoras privadas. As fases principais desta literatura, em que as
obras guardam entre si forte semelhança em aspectos como tema, substância
focada e abrangência geográfica, geralmente têm como marcos mudanças
econômicas e institucionais significativas, em especial a legislação, o regime
político nacional ou influências do mercado externo. Verificou-se grande
concentração nas substâncias focadas, com destaque para o ouro, ferro e aço,
carvão mineral e gemas (incluindo diamantes). A importância econômica ou
estratégica conduz o maior interesse por certos tipos de substâncias. Os
estados onde a mineração é mais importante economicamente concentram
parte expressiva das obras, que foram produzidas em maior número sobre
Minas Gerais, Bahia, Pará e São Paulo.
CONCLUSÕES PARCIAIS: fato comum nas literaturas específicas, aquela
relacionada à mineração tende a apresentar, a cada época, modismos de
temas, áreas e substâncias focadas. Processos econômicos, políticos e sociais
têm grande importância nesta realidade. Além disso, a distribuição geográfica
das obras está relacionada à localização dos recursos minerais, de acordo com
as condicionantes geológicas dos territórios. Enfim, a partir do estudo
bibliométrico é possível traçar um panorama temporal e espacial da mineração
no Brasil, em que ela estrutura sistemas produtivos regionais e/ou locais com
impactos sobre a organização das sociedades, dos territórios e das relações
com a natureza. Sensível a estes fatores, a farta literatura existente trata
destas questões de modo diverso, porém particular a autores e às instituições a
que eles se vinculam.
REFERÊNCIAS
FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAULO.
Análise da produção científica a partir de indicadores bibliométricos. In:
______. Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação em São Paulo –
2004.
São
Paulo:
Fapesp,
2005.
44p.
Disponível
em:
>
http://www.fapesp.br/indicadores2004/volume1/cap05_vol1.pdf <. Acesso em:
22 abr. 2010.
MACHADO, I. F.; FIGUEROA, S. F. M. 500 years of mining in Brazil: a brief
review. Resources Policy, nº. 27, 2001, pp. 9-24.
SPOONER, D. Mining and regional development. Oxford University Press –
UK, 1981. 60pp.
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