25/08/09 - 10h00 - Atualizado em 25/08/09 - 11h29 Beber água e bocejar fazem bem à voz, recomenda fonoaudióloga Livro de Glorinha Beuttenmüller mostra relação entra voz e emoção. Para Fernanda Montenegro, que assina introdução, ela faz milagres. Do G1, no Rio Daniella Clark Como lidar com as emoções e proteger a voz em tempos de estresse, concorrência demais e tempo de menos. É o que propõe a fonoaudióloga Glorinha Beuttenmüller em seu novo livro, “Tragédia, o mal de todos os tempos - Como suavizar a voz nesses conflitos”, que será lançado no próximo dia 31. Aos 83 anos, ela já moldou vozes de políticos, jornalistas e atores e defende que, quando falamos, a voz passa a ser propriedade dos outros, como um presente. Presente que deve ser filtrado de emoções para ser entregue em claro e bom som. “Devemos esvaziar o conflito interno para que a voz seja clara. Tudo que é tragédia é o lado negativo. Temos que procurar o lado positivo para falar melhor”, conta Glorinha. “E procurar ouvir nossa voz para sentir de que maneira essa voz está chegando às pessoas. Devemos tocar suavemente as pessoas por meio de um abraço sonoro”, completa. Tarefa que não é só da garganta e das cordas vocais: falamos com o corpo inteiro, ela ensina. Daí um dos exercícios que ela recomenda – além de beber muita água – é saber se espreguiçar e até mesmo bocejar. “Há exercícios que às vezes são feitos erradamente, deve-se ter muito cuidado. Um é saber espreguiçar com expansão o corpo e bocejar com liberdade. Aí você toma conta do seu corpo”, diz a fonoaudióloga. Voz pode denunciar até inveja A fonoaudióloga explica que a voz pode denunciar emoções como a inveja e até uma mentira. “Quando a pessoa está mentindo, por exemplo, a voz vai para o agudo. Nós podemos detectar tudo pelo som de voz do outro”. Entre os que já ouviram seus ensinamentos estão os jornalistas William Bonner e Fátima Bernardes e a atriz Fernanda Montenegro, que assina a introdução do livro, fruto de uma parceria entre o Instituto Montenegro e Raman de Teatro e a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). “O que distingue Glorinha é uma eterna busca da alma de quem dela necessita. E faz milagres. Eu vi. Em apenas uma hora de atendimento atores completamente afônicos entram em cena e dá-se o milagre de que falo: voz absolutamente limpa. Problema de gagueira traumatizando adolescentes, Glorinha Beuttenmüller os acolhe e, com esse dom que Deus lhe deu, esses adolescentes renascem”, escreveu a atriz. Método próprio A fonoaudióloga desenvolveu um método próprio de trabalhar a voz - baseado nas sensações e vibrações do som - desenvolvido por meio de trabalhos realizados com surdos e mudos, na década de 60. Para ela, seu novo livro serve também como um manual de bem estar no dia a dia de qualquer pessoa. E em tempos de crise política – no Congresso ou no Planalto – dá seu recado: “Espero que os políticos leiam e procurem absorver o lado positivo que está nesse livro”, diz. Alguns mandamentos de Glorinha para uma boa voz: Beber muita água. Gostar de gente. Não abusar de bebida alcoólica ou do cigarro. Não cometer vícios de linguagem e procurar saber a pronúncia certa das palavras. “Esse trabalho abrange uma certa cultura”, ensina. Ter uma voz verdadeira para não desmentir a palavra. “A palavra deve ter o sabor do saber”. Não procurar ter uma voz bonita. “É um dom de Deus. Todas as vozes podem ser belas, no sentido da estética e da verdade”, diz. Procurar ter sempre envolvimento. “Porque não falamos só com a garganta, falamos com o corpo inteiro”. http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL1276338-5606,00BEBER+AGUA+E+BOCEJAR+FAZEM+BEM+A+VOZ+RECOMENDA+FONOAUDIOLOGA.html