UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA
BÁRBARA TEREZA COSTA DO NASCIMENTO
O PAPEL SOCIAL DO BIBLIOTECÁRIO EM ÁREAS DE INFLUÊNCIA INDIRETA
DOS PARQUES EÓLICOS NO RIO GRANDE DO NORTE: Implantação da
Biblioteca Comunitária Mar e Terra
NATAL-RN
2014.2
BÁRBARA TEREZA COSTA DO NASCIMENTO
O PAPEL SOCIAL DO BIBLIOTECÁRIO EM ÁREAS DE INFLUÊNCIA INDIRETA
DOS PARQUES EÓLICOS NO RIO GRANDE DO NORTE: Implantação da
Biblioteca Mar e Terra
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado ao Curso de Biblioteconomia da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte como requisito parcial para conclusão
do curso.
Orientação: Prof. Ms. Erinaldo Dias Valério
NATAL-RN
2014.2
N244o
Nascimento, Bárbara Tereza Costa do.
O papel social do bibliotecário em áreas de influência indireta dos
parques eólicos no Rio Grande do Norte: implantação da Biblioteca
Comunitária Mar e Terra / Bárbara Tereza Costa do Nascimento. – Natal:
UFRN, 2014.
59 f.: il.
Orientador: Erinaldo Dias Valério.
Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciência da
Informação, 2014.
Inclui referências.
1. Papel social do bibliotecário. 2. Biblioteca comunitária. 3. Áreas de
influência indireta. I. Valério, Erinaldo Dias (Orientador). II.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.Título.
CDU
BÁRBARA TEREZA COSTA DO NASCIMENTO
O PAPEL SOCIAL DO BIBLIOTECÁRIO EM ÁREAS DE INFLUÊNCIA INDIRETA
DOS PARQUES EÓLICOS NO RIO GRANDE DO NORTE: Implantação da
Biblioteca Mar e Terra
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado ao Curso de Biblioteconomia do
Centro de Ciências Sociais Aplicadas da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte como requisito parcial para conclusão
do curso.
Orientação: Prof. Ms. Erinaldo Dias Valério
MONOGRAFIA APROVADA EM __/__/2014
_________________________________________________________
Profª Me. Erinaldo Dias Valério - UFRN
(Orientador)
________________________________________________________
Profa. Ma. Aureliana Lopes de Lacerda Tavares - UFPE
(Membro externo)
________________________________________________________
Profa. Ma. Claudialyne da Silva Araújo - UFRN
(Membro interno)
NATAL/RN
2014.2
À minha madrinha, Maria das Graças
Silva Borges (in memorian) por todo
carinho, atenção e solidariedade
prestados a mim e a minha mãe;
dedico com toda a minha gratidão,
amor e eternas saudades.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a minha mãe, Maria das Graças da Costa, por tanto
esforço direcionado a mim e a meu irmão. Divido a minha vitória com a pessoa que
mais fez e faz pelo meu sucesso, por acreditar em cada passo que eu dou e
continuar sempre ao meu lado. A concretização desse sonho é um conjunto de
fatores e alicerces construídos desde cedo. Orgulho-me muito da minha mãe e dos
valores e princípios repassados em toda minha trajetória como pessoa. Não teria
conseguido chegar a lugar algum sem a sua dedicação, amor e responsabilidade.
Ao meu irmão, Ricardo Antônio que, da sua maneira, demonstra preocupação e
lealdade. Também o agradeço por compor à nossa família o meu sobrinho Pedro
Henrique a quem amo muito.
À família Sá Pereira, em especial a Seu Jaime (in memorian), que estiveram
presentes em toda a minha formação moral no que se refere a respeito e amor ao
próximo. Nesse sentido, agradeço por todo o carinho e consideração de todos:
Lourdinha, Rivelino, Jaime Jr., Vitor, Kamily e Maria Júlia.
Aos amigos conquistados no decorrer da graduação, em especial: Carolina
Cardoso, Pedro Netto, Mayane Lopes, Isabelle Mamede e Rayssa Gondim que
sempre demonstraram companheirismo, alegria e prontidão em todos os momentos,
fossem eles de felicidade ou dificuldade. Pelo ombro amigo, por se fazerem ouvir e
por estarem sempre presentes na maioria dos motivos pelos quais me orgulhei na
UFRN, muito obrigada!
À todos que fazem a Bioconsultants, por acrescentarem a ótica de
responsabilidade, dedicação, compromisso e ética à minha jornada profissional que
se inicia, bem como a todos os envolvidos indiretamente na concretização desse
trabalho que tem a minha atuação na empresa como tema, fica o meu sentimento de
gratidão.
Ao meu orientador, Prof. Me. Erinaldo Dias, pela compreensão e prestatividade,
pelo profissionalismo e visão crítica que tiveram função indispensável na conclusão
desta monografia.
À Prof. Ma Aureliana Tavares e Prof. Ma. Claudialyne Araújo por aceitarem o
convite de compor a banca examinadora deste trabalho. Sinto-me imensamente
grata.
“Só se pode alcançar um
grande êxito quando nos
mantemos
fiéis
a
nós
mesmos..”
(Friedrich Nietzsche)
RESUMO
Enfatiza a primordialidade do profissional da informação e do fazer biblioteconômico
na execução de projetos que objetivam a inclusão social a partir da implantação de
bibliotecas comunitárias em áreas de influência indireta onde estão inseridos
parques eólicos. Informa que na atual realidade socioeconômica do Rio Grande do
Norte a energia eólica tem sido o principal investimento no setor do meio ambiente.
Afirma que as consultorias ambientais e empreendedores do segmento possuem
responsabilidade social com as comunidades e regiões afetadas. Essas regiões
costumam fazer parte de um panorama deficitário no que se refere a participação
cultural e econômica. Explica o processo de desenvolvimento de programas,
projetos e ações sociais com o objetivo de incluir socialmente as regiões afetadas no
cenário da produção e comercialização de energia. Apresenta em caráter qualitativo
a influência profissional do bibliotecário como agente instituidor de ações que
melhoram a qualidade de vida dos moradores da Comunidade Ponta do Mel a partir
de serviços oferecidos no ambiente da Biblioteca Mar e Terra. Conclui a partir dos
resultados, que problemas característicos da região beneficiada com a biblioteca
tiveram melhorias significativas, tais como a redução da ociosidade na escola, o
diálogo entre empreendedores e moradores e a missão social que se atribui ao
bibliotecário nesse setor de atuação.
Palavras-chave: Papel social do bibliotecário. Biblioteca comunitária. Áreas de
influência indireta.
ABSTRACT
Emphasizes primordiality professional information and make biblioteconômico in the
execution of projects that aim social inclusion from the implementation of community
libraries in areas of indirect influence where they live wind farms. Informs that in the
current economic reality of Rio Grande do Norte wind power has been the main
investment in the environmental sector. States that the environmental consulting and
segment entrepreneurs have social responsibility to the communities and regions
affected. These regions are usually part of a panorama deficit as regards the cultural
and economic participation. Explains the process of development programs, projects
and social activities in order to socially include the regions affected in the production
and marketing of energy scenario. Presents in qualitative professional influence of
librarian as settlor agent actions that improve the quality of life of residents of Ponta
do Mel Community from services offered in the Sea and Land Library environment.
Concluded from the results that characteristic problems of the region benefited with
the library had significant improvements, such as reducing idleness at school, the
dialogue between entrepreneurs and residents and the social mission that is
attributed to the librarian in this market sector.
Keywords: Paper social librarian. Community library. Indirect influence areas.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Oficina de integração entre os pedagogos e equipe multidisciplinar da
Bioconsultants: “A biblioteca como espaço fomentador da cultura e promoção
social”...................................................................................................................................... 41
Figura 2: Professores da rede de ensino municipal e equipe pedagógica do CECOF
sendo intruídos sobre a caracterização do acervo.......................................................... 41
Figura 3: Separação das classes temáticas junto a equipe pedagógica do CECOF.42
Figura 4: Estudante de biblioteconomia exemplificando o processo de inserção e
leitura das estantes............................................................................................................... 43
Figura 5: Disposição do acervo nas estantes .................................................................. 43
Figura 6: Apresentação da equipe às crianças e jovens inscritos no CECOF. .......... 45
Figura 7: Apresentação da oficina “Biblioteca formando leitores, leitores formando
estórias” .................................................................................................................................. 45
Figura 8: Participação da equipe da Bioconsultants na oficina..................................... 46
Figura 9: Alunos sorteando os objetos para dar continuidade a contação de estórias.
................................................................................................................................................. 46
Figura 10: Inauguração da Biblioteca Comunitária Mar e Terra. .................................. 47
Figura 11: Biblioteca Comunitária Mar e Terra organizada e pronta para receber os
alunos do CECOF. ................................................................................................................ 48
Figura 12: Apresentação das classes temáticas aos alunos......................................... 48
Figura 13: Alunos escolhendo o primeiro livro para cadastro na biblioteca. ............... 49
Figura 14: Antônio, 8 anos, primeiro usuário da Biblioteca Comunitária Mar e Terra.
................................................................................................................................................. 49
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento
CECOF – Centro de Convivência da Família
CERNE - Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia
CFE – Conselho Federal de Educação
FEBAB - Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários
IDEMA - Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12
2 PRODECIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................................... 17
3 PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO: O BIBLIOTECÁRIO ...................................... 20
3.1 A MISSÃO DO BIBLIOTECÁRIO ................................................................................ 25
4 ATUAÇÃO SOCIAL DO BIBLIOTECÁRIO .................................................................. 31
5 BIBLIOTECA COMUNITÁRIA ........................................................................................ 34
6 ANÁLISE DE DADOS: O BIBLIOTECÁRIO E A IMPLANTAÇÃO DA
BIBLIOTECA COMUNITÁRIA MAR E TERRA .............................................................. 36
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 52
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 57
12
1 INTRODUÇÃO
O bibliotecário há tempos vem reestruturando as facetas do seu fazer
profissional. O estigma mercadológico instaurado sobre a ótica da biblioteca como
sendo o único ambiente passível da aplicação das técnicas apreendidas no
bacharelado em Biblioteconomia se dissolve a cada novo âmbito que surge no
exercício das funções e demandas de trabalho. Em análise aos novos perfis de
profissionais que apresentam uma configuração mais versátil no mercado Ferreira
(2003, apud PIGGOT, 1996) afirma que, cada vez mais, o bibliotecário se insere em
carreiras que abrangem maior diversificação de competências, desde arquivistas e
gestores de bases de dados a analistas e consultores de informação.
Pensar na execução de atividades de um bibliotecário, entretanto, deve
abranger mais que o tratamento informacional em seus infinitos suportes. O papel
social é uma característica que deve compor o escopo dos compromissos
desenvolvidos por essa profissão frente a sociedade. Viabilizar a disseminação da
informação precisa, na prática, sair dos moldes tecnicistas e promover mais
cidadania. Em sua incumbência de identificar a importância das práticas do
bibliotecário nessa promoção Morigi, Vanz e Galdino (2002, p. 135) entendem por
cidadão aquele que possui o direito a ter direitos, e classificam a educação como
elemento chave a conceber o respeito no exercício da cidadania. Sendo isso
exposto, o bibliotecário deve efetivar sua atuação baseado nas condições teóricas
das ciências humanas que atrelam o conhecimento adquirido ao nível e formação
cultural do cidadão.
A predileção pelas subáreas de uma profissão é estabelecida, normalmente,
no decorrer do curso conforme a atuação do aluno nas oportunidades de estágio e
desenvoltura na grade curricular. O curso de Biblioteconomia da UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte está inserido nas Ciências Sociais
Aplicadas, o que confere uma correlação entre as teorias humanísticas e a
aplicabilidade dessa gnose no mercado competitivo. No 5º período do curso foi
possível estagiar em uma consultoria ambiental e de recursos naturais, cujo razão
social apresenta-se como Bioconsultants. As atividades desenvolvidas, no início,
correspondiam a padronização de documentos e relatórios produzidos pela
empresa. Entretanto, no decorrer do estágio a diretoria executiva adicionou ao
escopo de atividades do estágio a viabilização de uma Biblioteca Comunitária para
13
execução de um projeto social. Uma consultoria ambiental tem a missão de avaliar
se os projetos sustentáveis estão sendo executados conforme estabelece a
legislação municipal, estadual e federal em vigor.
O Cenário atual da geração de energias renováveis no Brasil mostra o Rio
Grande do Norte liderando o ranking de potência eólica instalada (dados do Centro
de Estratégias em Recursos Naturais e Energia – CERNE)1. A implantação de novos
empreendimentos requer dos investidores o cumprimento das condicionantes
emitidas nas licenças ambientais. O Ministério do Meio Ambiente define a
importância do licenciamento ambiental:
O licenciamento ambiental é um importante instrumento de gestão da
Política Nacional de Meio Ambiente. Por meio dele, a administração
pública busca exercer o necessário controle sobre as atividades
humanas que interferem nas condições ambientais. Desta forma tem,
por princípio, a conciliação do desenvolvimento econômico com o
uso dos recursos naturais, de modo a assegurar a sustentabilidade
dos ecossistemas em suas variabilidades físicas, bióticas,
socioculturais e econômicas. (CONAMA, [201-?], p?)
O Licenciamento Ambiental abarca em sua arquitetura de processos três
etapas: Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação que
correspondem respectivamente as autorizações e avaliações estabelecidas pelo
órgão ambiental competente (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio
Ambiente
–
IDEMA).
Somente
estando
em conformidade
com todas
as
condicionantes das licenças o empreendimento pode seguir seu fluxo de intervenção
na área e nas comunidades circunvizinhas.
O Projeto Socioambiental desenvolvido pela Bioconsultants para a MS
Renováveis (Eólica Mar e Terra Geração de Energia S/A e Eólica Bela Vista
Geração de Energia S/A) estava entre o cumprimento contratual de financiamento
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES dos empreendimentos eólicos
situados na região litorânea do município de Areia Branca/RN e beneficiaria a
comunidade de Ponta do Mel, localizada na área de influência indireta das obras. A
política de financiamento e liberação de crédito do BNDES para a instalação e
operação dos parques eólicos estabelece que até 1% (um por cento) do valor deve
1
Disponível em: <http://www.cerne.org.br/pt-BR/noticias/confira-o-top-10-dos-parques-eolicos -nobrasil>. Acesso em: 3 out. 2014.
14
ser destinado
à implementação de projetos que promova a preservação,
conservação e recuperação das condições essenciais para a humanidade:
O BNDES busca sempre o aperfeiçoamento dos critérios de análise
ambiental dos projetos que solicitam crédito e oferece suporte
financeiro a empreendimentos que tragam benefícios para o
desenvolvimento sustentável. Além disso, o Banco reforça sua
política ambiental por meio de ações internas que buscam o
envolvimento do corpo funcional e por meio de protocolos em que
firma o compromisso público de promover o desenvolvimento em
harmonia com o equilíbrio ecológico2.
Após a contratação da Bioconsultants para gerenciamento e implementação
do Projeto Socioambiental, o núcleo de projetos composto pelo corpo técni co da
empresa solicitou três funcionários para a execução das atividades. A equipe
multidisciplinar composta por uma assistente social, uma pedagoga e uma
graduanda em Biblioteconomia foi responsável pela elaboração e implantação do
projeto que tratava-se de um complexo educacional e sua atribuição compreendia a
implantação de dois ambientes: um espaço digital e uma biblioteca comunitária.
As comunidades circunvizinhas aos parques eólicos são caracterizadas por
artesãos, donas de casa e possuem grande parte dos chefes familiares a serviço
das obras de construção dos parques, o que os incorpora diretamente como público
alvo da responsabilidade social dos investimentos em energias renováveis da
região. A Bioconsultants possuiu em seu escopo a execução de programas que
promovessem a inclusão e prevenção de riscos. Planejar um projeto social onde ao
passo que incluísse socialmente os moradores durante a obra dos parques e linhas
de transmissão também pudesse atentá-los para o desenvolvimento e continuidade
pós construção do empreendimento foi um desafio de desmistificar que a região,
uma vez com os parques concluídos, não teria algum respaldo social da empresa
geradora de energia.
A biblioteca tem o dever de proporcionar aos seus usuários o acesso à
informação e isso deve ser entendido com uma ótica que transcenda a recuperação
de um fascículo ou artigo científico. No caso de uma biblioteca comunitária que tem
como público alvo crianças e jovens de extrema pobreza, esse espaço possui a
responsabilidade de formar um leitor e sua criticidade; tornar viável a cultura da
2
Disponível em:
<http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Areas_de_Atuacao/Meio_Ambiente/>. Acesso
em: 5 nov. 2014.
15
ciência e do conhecimento bem como estrutura-lo politicamente. Respaldando toda a
didática fornecida pelo professor, a biblioteca está entre os recursos primordiais e
imprescindíveis no que se refere a metodologia do saber e evolução do pensamento
humano.
As condições de cidadania estão amplamente ligadas ao estímulo da busca
pelo aprendizado e a aplicação dos conhecimentos adquiridos na sociedade. Para
tanto, a escola precisa romper as características de obrigatoriedade tão somente. É
preciso desconstruir a visão das instituições de ensino como um passo necessário
para o alcance de um certificado/diploma. É de suma importância que a escola
assuma o compromisso de formar (além de estudantes/graduados) cidadãos. Nesse
contexto, surge a responsabilidade da biblioteca e do profissional bibliotecário
abraçar essa causa: a continuidade do ensino e da busca pela informação como
responsáveis pela cidadania e desenvolvimento social. Pensando em especificar
essa necessidade:
No exercício da função da educação não-formal, por conseguinte, a
biblioteca vai além dos limites de apoio à escola, quando estimula
essa clientela, ou seja, o educando, a uma frequente e permanente
busca do conhecimento, mesmo não havendo mais qualquer vínculo
com a escola. Esse incentivo denomina-se, assim, educação
permanente ou continuada. (ARAÚJO, 1985, p. 4).
No sentido de estimular a educação continuada/permanente e tendo a
Implantação da Biblioteca Comunitária Mar e Terra gerado referencial da prática do
bibliotecário
em
ambiente
coorporativo
na
elaboração
de
projetos
de
responsabilização social, o objetivo geral do presente trabalho é apresentar o papel
do bibliotecário como agente socializador no processo de implementação de
bibliotecas comunitárias. Os objetivos específicos estão pautados em:
Descrever a importância das unidades informacionais nas áreas de influência dos
parques eólicos do Rio Grande do Norte e seu compromisso na diminuição da
ociosidade na escola.
 Apresentar a missão do bibliotecário em ação social;
 Discorrer sobre o papel da biblioteca comunitária como fator de inclusão
digital e erradicação do trabalho infantil nessa região.
16
 Evidenciar a promoção do acesso às informações necessárias acerca dos
Parques Eólicos para incentivar o diálogo entre líderes comunitários e
empreendedores.
Em caráter metodológico, notadamente, trata-se de um estudo descritivo que
busca minuciar a prática do bibliotecário em um projeto já apresentado no mercado
da consultoria ambiental.
O trabalho percorre o processo de implantação da biblioteca comunitária e a
influência do bibliotecário na execução de atividades sociais vislumbrando o capítulo
2 que, por sua vez, expõe os procedimentos metodológicos utilizados para a
descrição do estudo, os capítulos 3 e 3.1, trazendo os principais conceitos que
regem as atribuições, ética, missão e eventos históricos que circundam o universo
do bibliotecário ao longo de sua formação, seguido pelo capítulo 4 e 5 que explicam,
respectivamente, a atuação social do bibliotecário como agente multiplicador e
socializador em realidades econômicas escassas, bem como a importância da
biblioteca comunitária na execução de ações sociais que promovam igualdade social
e incluam as comunidades na produção do conhecimento e diminuição de
problemas enfrentados pelas classes menos favorecidas.
O capítulo 6 descreve a implantação da Biblioteca Comunitária Mar e Terra e
as ações instituídas pelo bibliotecário no ambiente da biblioteca como promoção da
inclusão social. No capítulo 7, é discutido o cumprimento dos objetivos gerais e
específicos, bem como a receptividade da comunidade com a biblioteca implantada.
17
2 PRODECIMENTOS METODOLÓGICOS
Os
procedimentos
responsabilidade
de
metodológicos
em
uma
pesquisa
assumem
a
captação das características e métodos utilizados no
andamento do estudo desenvolvido. A metodologia está presente em todas as
etapas de um trabalho científico, desde a delimitação do tema, formulação do
problema, determinação de objetivos e a fundamentação teórica. Essas etapas
compõem a investigação do trabalho científico. Gil (2008, p. 2) define o objetivo da
ciência como sendo distinta por fazer uso da metodologia:
A ciência tem como objetivo fundamental chegar à veracidade dos
fatos. Neste sentido, não se distingue de outras formas de
conhecimento. O que torna, porém, o conhecimento científico distinto
dos demais é que tem como característica fundamental a sua
verificabilidade. Para que um conhecimento possa ser considerado
científico, torna-se necessário identificar as operações mentais e
técnicas que possibilitam a sua verificação. Ou, em outras palavras,
determinar o método que possibilitou chegar a esse conhecimento.
(GIL, 2008, p. 2).
É importante ressaltar, também, que toda metodologia parte a princípio da
necessidade de uma pesquisa, Cruz e Ribeiro (2004, p. 17) definem a ação da
pesquisa como a intenção de “buscar compreender a forma como se processam os
fenômenos observáveis, descrevendo sua estrutura e funcionamento”.
É sabido que o ato de compreensão e percepção é inerente ao ser humano,
diz-se que são as perguntas que movem o mundo, não as respostas, deste modo,
somos levados a acreditar que a busca pelo conhecimento e a ação da pesquisa nos
fornece a oportunidade de evolução. Mas, para tanto, toda pesquisa deve ser regida
por princípios normativos que possa caracterizar e configurar o estudo a partir do
modo com que ele está sendo investigado e registrado ao mesmo passo que se crie
etapas e processos na administração de informações.
Sob essa lógica, Michel (2009) explica que as pesquisas podem ser
classificadas quanto aos meios e quanto aos fins. E por uma questão prática, esses
critérios são aplicados no presente estudo. Assim, no que se refere aos meios que é
“quando o seu propósito for identificar, mostrar a forma de atuação do pesquisador,
o modo de caminhar do trabalho” (MICHEL, 2009, p. 40), a pesquisa é de cunho
18
bibliográfico, que se utilizou de fontes primárias e secundárias para composição do
referencial teórico, no sentido de dar embasamento ao corpo do texto.
As fontes utilizadas, foram livros, sites de organizações, artigos publicados
em periódicos científicos e recuperados por bases de dados referenciais, como por
exemplo a Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da
Informação (Brapci)3. A pesquisa é exploratória, uma vez que busca levantar
informações e dados sobre algo pouco explorado “delimitando assim um campo de
trabalho, mapeando as condições de manifestação desse objeto.” (SEVERINO,
2007, p. 123). Procurando proporcionar uma familiaridade com o problema da
pesquisa, facilitando o tratamento dos dados.
Quanto aos fins, que está atrelada a forma “utilizada para obtenção de
resultados” (MICHEL, 2009, p. 43) e levando em consideração aos objetivos do
trabalho, a pesquisa é descritiva, que possui característica de descrever o
fenômeno estudado.
A pesquisa descritiva se propõe a verificar e explicar problemas,
fatos ou fenômenos da vida real, com a precisão possível,
observando e fazendo relações, conexões, à luz da influência que o
ambiente exerce sobre eles. Não interfere no ambiente; seu objetivo
é explicar os fenômenos, relacionando-os com o ambiente. Trata, em
geral, de levantamento das características de uma população, um
fenômeno, um fato, ou o estabelecimento de relações entre variáveis
controladas. (MICHEL, 2009, p. 44)
Nesse sentido, o fenômeno descrito aqui e objeto de estudo é a Biblioteca
Comunitária Mar e Terra, o propósito é descrever como foi implantada, os objetivos
que levaram a sua implementação, levando em consideração a constituição do
acervo, dos recursos humanos, e a prática bibliotecária, como pode ser visto no
tópico 6. Nas palavras da Michel (2009, p. 45) a pesquisa descritiva “procura
conhecer e comparar as várias situações que envolvem o comportamento humano,
individual ou em grupos sociais ou organizacionais, nos seus aspectos sociais,
econômico, cultural, etc.”. Essa afirmação embasa cada vez mais, o presente
estudo.
Do ponto de vista da abordagem do problema, a pesquisa é qualitativa.
Que parte do princípio, que existe uma relação dinâmica entre o pesquisador e o
3
Disponível em: < http://www.brapci.ufpr.br/>. Acesso em: 10 ago. 2014.
19
objeto de estudo (MICHEL, 2009) para obtenção dos dados, não podendo ser
traduzido apenas em números. O pesquisador além de participar da ação, ele é o
principal autor para a interpretação e compreensão dos fatos. O ambiente da
pesquisa é caracterizado no Centro de Convivência da Família – CECOF, onde
aconteceu a implantação da Biblioteca Comunitária Mar e Terra e todas as ações
sociais, reuniões comunitárias e oficinas da equipe Bioconsultants com o projeto de
responsabilidade social da MS Renováveis.
20
3 PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO: O BIBLIOTECÁRIO
A estirpe do bibliotecário está fundamentada em um período que sucede a
revolução industrial, a história nos mostra que esse profissional, no início, surge
mais como alguém dotado de cultura do que alguém capaz de tratar a informação
propriamente dita. Isto é, um conhecedor de livros e ainda estava longe de efetuar
suas técnicas para mostrar a que veio. A chegada da imprensa e a explosão
informacional teve papel fundamental para que o bibliotecário tomasse para si a
responsabilidade de assumir o pleito da organização informacional no mundo. A
formação acadêmica chegou muito depois com a necessidade de padronizar e
difundir a técnica profissional apreendida. Nesse sentido, Carvalho (2002) mostra
que “com as mudanças cada vez mais aceleradas, as sucessivas discussões sobre
o perfil desse profissional explicam algumas reformas curriculares que ocorreram no
país, desde a década de 70 até a década de 90, em busca de um perfil mais
condizente com a necessidade do mercado”. Mas, como singularizar o bibliotecário?
Quem são e qual a representatividade dessa classe no mercado?
Está a cargo do bibliotecário a organização informacional, seja ela em
suportes físicos ou digitais, bem como o papel socializador e a gerência de unidades
informacionais, centros de dados e/ou arquivos. Obviamente, por se tratar de uma
área multidisciplinar, podemos dizer que essas são as três aptidões mais aplicadas,
porém, as novas tecnologias vem adaptando esse profissional a nova realidade pós
moderna, Silva e Ribeiro (2004, p. 2) explicam:
Os tempos atuais são, pois, de crise e de mudança e a diversidade
dos perfis profissionais e dos modelos formativos é um sinal
inequívoco do sincretismo do paradigma dominante. A literatura
sobre a mudança que está em curso, no que toca às competências e
ao perfil do profissional da informação, é abundante e os estudos
relativos à formação requerida para o exercício da profissão, em
todas as suas múltiplas vertentes, são também em número
significativo, o que traduz a preocupação em adaptar o ensino aos
novos desafios postos pela tecnologia, ou como é já vulgar dizer-se,
resultantes da Sociedade da Informação. De um modo geral, as
associações profissionais ou as instituições responsáveis pela
formação têm procurado, de há alguns anos a esta parte, organizar
debates de variado tipo sobre a questão dos perfis e das
competências profissionais e a tónica dominante é a de se
reconhecer a inevitabilidade da mudança e a necessidade imperiosa
de renovar a formação. (SILVA; RIBEIRO, 2004, p. 2)
21
O bibliotecário, no
entanto, está
talvez, entre
as profissões mais
estereotipadas do mercado de trabalho. A frente da gestão de unidades
informacionais tradicionais, muitas vezes, o usuário enxerga esse profissional como
um mero encarregado pela guarda das obras dispostas no acervo. No entanto, essa
visão passa a ser desconstruída com a efetividade dos serviços prestados e
versatilidade do bibliotecário disposto a fazer valer o seu ofício e a ciência pela qual
o transformou detentor de um conhecimento específico e primordial para a geração
atual do conhecimento e industrial: a organização da informação.
A partir da Explosão Informacional - evento histórico precedido pelo advento
da imprensa de Gutenberg que teve sua ascensão no século XVI, a seleção de
informações tornava-se cada vez mais exaustiva, isto é, a imprensa trouxe um fluxo
antes nunca visto. Em consequência disso, o bibliotecário passou a ganhar
evidência no cenário histórico e mercadológico das profissões que precisaram criar
medidas e métodos para acompanhar o avanço da expansão informacional:
A multiplicação dos livros criou imediatamente um problema para um
grupo profissional, o dos bibliotecários, embora seja óbvio que eles
se tornaram ainda mais indispensáveis [...] A existência de livros
impressos facilitou mais do que nunca a tarefa de encontrar
informações - desde que antes se encontrasse o livro certo. Para
isso, foi preciso compilar catálogos para grandes bibliotecas,
particulares ou públicas. (BURKE, 2002).
Apesar de Peter Burke associar a invenção de Gutenberg a um problema
para a profissão, não se pode negar que a valorização do bibliotecário teve o seu
estopim nesse momento da história. Os problemas de acesso e compilação
nortearam os profissionais da época a designarem esforços para melhorias dos
métodos e criação de novas técnicas para a organização da informação. Entre as
dificuldades elencadas por Burke nos primórdios da Europa moderna, encontra-se o
acesso; a medida encontrada pelos bibliotecários naquele contexto foram as
bibliografias:
Existia o problema do acesso. Como poderiam os leitores descobrir
que livros estavam disponíveis numa determinada biblioteca? Como
particularmente poderiam os leitores de outras cidades ou países
saber que valeria a pena empreender uma viagem para uma
determinada biblioteca em busca de um determinado livro?
Imprimiram-se alguns catálogos, como o da Bodleian Library de
Oxford do início do século XVII. Uma alternativa ao catálogo de
22
determinada biblioteca era uma bibliografia impressa, o catálogo de
uma biblioteca ideal. (BURKE, 2002)
Se a multiplicação de livros impressos trouxe a facilidade de encontrar a
informação, mas, a dificuldade de selecionar o livro correto, era preciso desenvolver
um termo que ampliasse a técnica do bibliotecário e a manutenção do seu ofício
sobre o mercado, a informação poderia se tornar obsoleta, contudo, os métodos
para recuperá-la devia evoluir ao passo da produção literária. Pensando nisso, fou
cunhado o termo “recuperação da informação” para estabelecer parâmetros na
busca.
Considerando o problema da informação conforme definido, isto é, a
explosão informacional, a recuperação da informação tornou-se uma
solução bem sucedida encontrada pela Ciência da Informação e em
processo de desenvolvimento até hoje. Como toda solução suscita
seus próprios e específicos problemas, assim também a recuperação
da informação e esses problemas estão contidos na concepção
proposta por MOOERS: Como descrever intelectualmente a
informação? Como especificar intelectualmente a busca? Que
sistemas, técnicas ou máquinas devem ser empregados? Embora
tenham surgido outros problemas, mais específicos, esses três
continuam fundamentais ainda hoje. (SARACEVIC, 1996, p. 44)
É sabido que a técnica por si só não forma um profissional, a erudição de um
profissional é entendida a partir de sua titulação em defesa de uma ciência. A
Ciência da Informação tem origem, segundo Le Coadic (1994), anglo-saxônica e
nasceu da Biblioteconomia, tomando como objeto de estudo a informação fornecida
pelas bibliotecas, fossem elas públicas, universitárias, especializadas ou centros de
documentação
A proeminência do profissional bibliotecário está ligada a imprensa de
Gutenberg, no século XVI, porém, os registros que apresentam a formação do
bibliotecário como ciência teve início no século XIX:
A formação do bibliotecário esteve sempre polarizada entre a
erudição e a técnica. A orientação erudita é a mais antiga e teve
como pioneira a École Nationale des Chartes, fundada em Paris, em
1821. Mais de meio século depois, em 1887, surge nos Estados
Unidos uma escola com orientação técnica: a School of Library
Economy, fundada por Melvil Dewey na Columbia University New
York, e que durou até 1992. (FONSECA, 2007, p. 97)
23
A história dos bibliotecários no Brasil se estabelece um século após a
fundação das escolas de Paris. Segundo Almeida (2012, p. 12) a inauguração do
primeiro curso de biblioteconomia no Brasil data de 1911, na Biblioteca Nacional, Rio
de Janeiro - apesar das aulas terem começado somente em 1915, com incentivos do
diretor Manuel Cícero Peregrino da Silva e sofria forte influência francesa (orientação
humanística); em contraponto ao ensino da biblioteconomia em São Paulo que teve
forte presença de Rubens Borba de Moraes, a quem se deve uma ótica mais técnica
voltada aos processos de organização dos serviços de informação.
Por existir duas tendências de ensino da biblioteconomia no país que
divergiam (já que a atenção do currículo das escolas se posicionavam uma em favor
da técnica e outra em favor do fator humano) foi preciso implementar um currículo
mínimo que pudesse padronizar a forma de ensino da biblioteconomia no Brasil, no
entanto, houve resistência das escolas de São Paulo ao aderir o sistema:
A proposta do Conselho Federal de Educação (CFE) não atendeu às
expectativas de todos. Segundo Macêdo (1963) o currículo mínimo
não agradou a Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários
(FEBAB) que consideravam o currículo mais voltado às
necessidades da Biblioteca Nacional do que a realidade do resto do
país, em especial, em relação as quantidades de disciplinas
humanísticas. Já Lemos (1971) entendia que o currículo mínimo e a
inclusão de disciplinas culturais poderiam proporcionar ao aluno de
Biblioteconomia uma abertura cultural que até então não lhe era
oferecida pelas matérias técnicas. (ALMEIDA, 2012, p. 17)
A questão cultural que liga, no Brasil, as bibliotecas aos primeiros
bibliotecários tem forte influência da religiosidade, em especial, do catolicismo, visto
que os primeiros acervos foram criados na Bahia, com a chegada do clero. O
processo de colonização do país envolvia a doutrinação dos indígenas com as
crenças católicas. Todo o conhecimento era regido pela igreja e a criação/acesso
das bibliotecas dependiam da permissão e iniciativa dos padres.
Com a chegada dos livros e a criação de bibliotecas, fez-se
necessária as atividades de um bibliotecário. No caso brasileiro, o
pioneiro da função de bibliotecário foi o Kesuíta português Antônio
Gonçalves que, em 1604, foi encarregado da Biblioteca do Colégio
da Bahia. Uma biblioteca aberta, tanto para os alunos e padres como
para qualquer pessoa que fizesse o pedido competente. (ALMEIDA,
2012, p. 27)
24
Adentrando no contexto cultural da história da biblioteconomia brasileira e
possível observar que, não só no Brasil, mas, no restante do mundo, em tempos
remotos onde a igreja detinha o poder sobre qualquer tipo de veiculação de
informações, as bibliotecas não cumpriam o papel íntegro de inclusão ao acesso a
toda e qualquer produção intelectual. Isso ocorria porque o clero não admitia que
suas crenças fossem questionadas, o que feria o ofício do bibliotecário como
mediador e promotor do acesso informacional. Se nos reportarmos aos dias atuais, a
integridade de uma biblioteca, no que se refere ao acesso, está diretamente ligada a
ética do bibliotecário no processo de aquisição e formação de coleções. A ideologia
e crença do gestor de uma unidade informacional não deve inferir nenhum tipo de
inclinação na composição do acervo, que deve responder as expectativas
informacionais de todos os usuários, independente de raça, credo ou orientação
sexual.
Uma vez exposto o apanhado histórico e cultural, devemos refletir sobre a
ética do bibliotecário, por estar entre as legislações que regem a profissão e ser de
suma importância no processo de gestão de uma biblioteca. A ética deve ser
entendida como a criticidade da nossa conduta, quando pensarmos em nossa
comportamento como bibliotecários, é importante diagnosticar se estamos sendo
éticos perante nossa posição e a de nossos semelhantes. Segundo explica
Aranalde (2005, p. 347), é importante acrescentar que uma ética não diz respeito
apenas aos próprios desejos e suas realizações, mas principalmente a esses
desejos em confronto com outros desejos em um contexto compartilhado. Um
bibliotecário para estar em conformidade com a ética perante o convívio com outros
profissionais e usuários precisa se desprender de suas concepções acerca da vida e
tornar imparcial o seu processo técnico, bem como, respeitar as relações sociais.
Qualquer cultura é formada por um conjunto se sistemas simbólicos.
Entre os sistemas simbólicos que permitem aos indivíduos que suas
ações e sua própria existência adquiram sentido, temos as relações
de trabalho, onde as profissões servem de meio para que os
indivíduos se realizem como seres humanos e, consequentemente,
como seres eminentemente sociais.(ARANALDE, 2005, p. 349)
A questão ética e social estão ligadas a orientação humanística repassada
pela escola francesa, tendo a formação do ensino da biblioteconomia brasileira
sofrido forte influência sobre essa vertente, é possível afirmar que os profissionais
25
bibliotecários que tiveram essa metodologia empregada, a incluir também os
profissionais formados em São Paulo a partir da implementação do currículo mínimo,
puderam fundamentar a crítica e avaliar as funções e atividades que concernem a
área frente o cenário social no âmbito das bibliotecas. Entender que a técnica e as
ciências sociais estão amplamente em conjunto é um passo para o desenvolvimento
da ciência de mãos dadas com a população, isso irá transcender a ótica positiva
sobre a profissão e sua missão frente a sociedade.
3.1 A MISSÃO DO BIBLIOTECÁRIO
Se observarmos a arquitetura organizacional de uma empresa, teremos
alguns pontos que regem a estrutura e o perfil de atuação da mesma. Isto é, o
âmbito de atuação mercadológica daquela instituição. As profissões partem do
mesmo princípio, todas possuem um código de ética e a partir desse seguimento o
profissional pauta a sua missão em conformidade com o que se deve ou não fazer
para que seja definida a sua contribuição enquanto profissional para com a
sociedade.
Discorrer acerca da missão do bibliotecário nos transporta, em primeiro
lugar, às 5 (cinco) leis de Ranganathan. Todo aluno ingressante do curso de
biblioteconomia é apresentado a essas leis como uma doutrina a ser respeitada ao
longo da graduação e do exercício profissional. As leis de Ranganathan estão, até
os dias atuais, entre os direcionamentos mais citados e utilizados no que se refere
aos parâmetros e prioridades que um profissional da biblioteconomia deve ter.
Em sua obra “As cinco leis da biblioteconomia”, Ranganathan discorre desde
a sua gênese como bibliotecário até as tendências que o levaram a elencar cinco
premissas que descrevessem e conseguissem, em suma, sintetizar o fazer
biblioteconômico. Assim, em uma conversa informal com o seu professor, figura a
quem demonstrava admiração, Edward B. Ross, Ranganathan descreve o momento
em que criou as leis da biblioteconomia:
À tardinha, o professor Edward B. Ross fez-me sua costumeira visita
diária A ele eu devia minha formação intelectual [...] Partilhei com ele
minhas preocupações. Ele se preparava para montar a motocicleta.
Seus olhos brilhavam, o que era sempre indício de que estava
descobrindo alguma novidade, então, surgiu o sorriso característico
26
dessas ocasiões, e falou, “Você quer dizer, ‘os livros são para usar;
você quer dizer que esta é a sua primeira lei [...] Os enunciados das
outras leis surgiram automaticamente” (RANGANATHAN, 2009, p. 3)
Ranganathan (2009, p. 3) relata que após 1925, quando teve de assumir a
organização da Biblioteca de Madras, muitas inquietações o cercavam, uma vez que
a publicidade da biblioteca era feita em grande escala e haviam 32 mil exemplares a
serem classificados, recatalogados e entre outras atividades que precisavam ser
corrigidas na unidade, o levou a indagações: “quais são os princípios normativos a
que aludem as tendências que se observam nas práticas bibliotecárias e aludem às
tendências futuras que atualmente ainda não são muito visíveis?”.
A demanda de trabalho só aumentava em todos os aspectos na biblioteca,
funcionários precisavam ser treinados e a aquisição de livros triplicava, essa
realidade
fez com fossem produzidos
manuais administrativos, contudo, a
necessidade por princípios normativos mostrava-se mais latente a cada novo serviço
e as cinco leis da biblioteconomia, finalmente, foram incorporadas a nossa área,
sendo elas: “os livros são para serem lidos”, “a cada leitor o seu livro”, “para cada
livro o seu leitor”, “poupe o tempo do leitor” e, por fim, “a biblioteca é uma
organização em crescimento”.
Notadamente, as leis cumprem o objetivo inicial de Ranganathan o qual
buscava instituir princípios normativos no processo administrativo e de gestão de
uma biblioteca. Nelas estão expressos os pilares da ciência da informação: o livro, o
leitor e a biblioteca. Em estudo sobre a representatividade das leis da
biblioteconomia no cenário de atuação profissional, Campos (2013) acrescenta:
1ª Lei: Os Livros são para serem lidos.
Nesta primeira lei, Ranganathan discute questões que irão
envolver a democratização da informação, pois o que faz com que
a instituição biblioteca exista é o fato do homem, ao desvendar o
mundo, ao trocar experiências sobre suas descobertas e ao
comunicar estas descobertas e avanços para possibilitar a
transmissão de conhecimento, elabora registros, inscrições. Estes
devem estar organizados, armazenados e preservados para
propiciar a transmissão de conhecimento para a geração futura.
(CAMPOS, 2013, p?).
2ª Lei: A cada leitor o seu livro.
27
Esta lei propicia a discussão do bibliotecário como educador,
apresentando as diferenças sociais, políticas e econômicas do
mundo em geral, discutindo o papel dos países dominadores e
dominados, e como esses fatores influenciarão questões que
envolvem o acesso à informação. (CAMPOS, 2013, p?).
3ª Lei: Para cada livro o seu leitor.
Nesta terceira lei, Ranganathan apresenta o livro/documento
como um veículo de comunicação/transporte que permite que um
ou vários indivíduos apresentem as observações, descobertas e
questionamentos sobre os fenômenos e ocorrência do mundo que
o(s) cerca(m). Nesta perspectiva de autoria coexistem, também,
leitores diferentes. (CAMPOS, 2013, p?).
4ª Lei: Poupe o tempo do leitor.
O bibliotecário, além de ser um dinamizador, deve ser um
agilizador de informação. A coleção deve ser organizada visando
as possibilidades de recuperação. A partir desta lei, Ranganathan
discute questões ligadas à organização/recuperação do acervo:
métodos, técnicas e strumentos adequados que possam atender à
necessidade dos usuários. (CAMPOS, 2013, p?).
5ª Lei: A biblioteca é uma organização em crescimento.
A biblioteca é uma organização em crescimento, pois a produção
de conhecimento é um ato contínuo e dinâmico do ser humano.
Para que a instituição Biblioteca possa acompanhar esse
crescimento, fazem-se necessários bibliotecários com postura
mais dinâmica e criativa, pois novos assuntos surgem, bem como
novos usuários com características diversas. Isto exige a todo
momento, um repensar sobre as práticas e instrumentos utilizados
e sobre as atividades realizadas. (CAMPOS, 2013, p?).
Com esses apontamentos podemos concluir que o bibliotecário é levado a
um movimento cíclico e dinâmico na organização de uma biblioteca que deve estar
pautado entre o acesso, a recuperação correta dos livros e facilitação da busca após
diagnosticar o perfil do pesquisador/usuário, considerar a menor incidência de tempo
nos serviços de modo a não prejudicar o leitor e, por fim, entender que o fluxo
28
informacional deve ser entendido como contínuo e crescente, devendo ser tomadas
medidas que colaborem para o desenvolvimento do acervo.
As cinco leis da biblioteconomia, no entanto, nos deixam brechas em dois
quesitos: o avanço tecnológico e a atuação do bibliotecário em um ambiente a parte
da biblioteca. Ambas questões foram trazidas com o tempo para a ótica profissional
como uma proposta de ampliação dos setores de atuação. É possível, hoje,
desenvolvermos projetos e atividades como consultoria a grandes empresas sem
que haja uma unidade informacional no processo, bem como, utilizarmos recursos
que suspendam a presença de um livro ou leitor, caso seja o bibliotecário contratado
para confrontar dados de uma planilha de prestação de contas entre 3 (anos) de
atividade de um setor financeiro de uma instituição, por exemplo.
A contemporaneidade tende a elevar o mercado de acordo com os avanços
da indústria, as profissões ao mesmo passo, tendem a sofrer revoluções em seu
ofício e percorrer fases que cobram maior versatilidade. Algo que não se pode
questionar sobre o bibliotecário é o objeto de estudo/trabalho dessa classe: a
informação. É, notadamente, instável os veículos aos quais a informação está
disposta. Tendo a informação como produto, a agilidade com que os suportes se
modificam gera para o profissional a necessidade de qualificação. E qual seria a
missão do bibliotecário frente às mudanças? Relacionar a ciência, tecnologia, ética e
sociedade harmoniosamente. Isto é, padronizar o ofício da profissão destacando o
todo, pois, trata-se de uma cadeia onde todos os integrantes são de igual
importância
Vimos anteriormente, no tópico “Profissional da informação: o bibliotecário”,
que Burke (2002) enxergou algumas dificuldades na explosão da informação,
mudanças que afetaram a sociedade diretamente. A chamada liberdade da
imprensa colocou em cheque o domínio da igreja sobre a regulamentação da
informação. A partir desse contexto, voltamos a primeira lei de Ranganathan: Livros
são para serem lidos. O bibliotecário acompanha todo o processo de civilização da
sociedade e desde o princípio criou métodos para garantir o acesso às informações,
garantir, em modo geral, a evolução da ciência e sociedade.
Levando em consideração o raciocínio histórico da profissão é importante,
para Fonseca (2007 apud ORTEGA Y GASSET, 1883-1955) “identificar na missão
profissional do bibliotecário três momentos históricos, cada um dos quais
relacionados ao que ‘o livro significava como necessidade social’: o Renascimento, o
29
século XIX e a época contemporânea.” Ou seja, os períodos históricos marcam a
evolução do papel, livro, imprensa e acesso; estando nos suportes informacionais o
destaque para a missão do bibliotecário: disseminar a informação e torna-la
acessível de modo a possibilitar a comunicação humana independente do suporte
em que ela esteja inserida. Se a informação precisa ser disseminada e liga a
humanidade ao patrimônio histórico mundial, deve o bibliotecário, também, ter como
missão a preservação da memória.
Muito se fala do passado e presente na missão do bibliotecário, isso
fundamenta o ofício da classe, porém, vale destacar o futuro e contemplar os meios
de fazer a missão do bibliotecário perpetuar ao longo dos anos, isto é, continuar
proporcionando o acesso e união entre sociedade, tecnologia e ciência. O meio
digital na atualidade se torna o principal recurso de acesso e comunicação da
informação, isso faz com que o bibliotecário enfrente algumas dificuldades no
cumprimento de sua missão como profissional e agente promotor da acessibilidade.
Entre as dificuldades, destaca-se o livro digital, a integridade das informações e a
inclusão social.
Observando o primeiro ponto dessa discussão, o livro digital ou e-book,
potencializou as discussões sobre a validade do fazer biblioteconômico, muitos
profissionais se sentiram ameaçados com essa tecnologia, visto que esperava-se
que os usuários dispensassem os serviços de uma biblioteca e a necessidade de um
mediador no processo de busca pela informação, no entanto, esse pensamento foi
logo desconstruído ao perceber que a partir do e-book e comunicação digital as
informações ficaram cada vez menos confiáveis e íntegras. Coube ao bibliotecário
assumir o papel de investigador analítico sobre essas informações e recuperar o
item correto para o usuário.
Sobre inclusão, o bibliotecário deve ser enxergado como um agente de
transformação social, uma vez que precisa adequar os seus conhecimentos a
realidade social em que a unidade informacional que gerencia esteja inserida. Maciel
e Mendonça (2010, p. 4) afirma que “a formação de um profissional deve basear-se
na criação de soluções para as áreas nas quais a profissão está inserida, na criação
de produtos e serviços aplicáveis ao desenvolvimento da profissão.” A informação e
o bibliotecário precisam ser entendidos como fatores de interação humana, não só
como meros tecnicistas.
30
É necessário que haja mais reflexão sobre a profissão tendo em vista
a atualização e capacitação dos profissionais, expandindo a área de
atuação da profissão, fazendo com que a partir desse novo perfil
possa haver maiores oportunidades, maiores aptidões, maiores
competências compreendendo e sabendo fazer uso da informação e
das tecnologias para o seu crescimento profissional e social
.(MACIEL e MENDONÇA, 2010, p. 6)
Configurar a missão de um profissional é uma tarefa difícil, porém,
necessária. No entanto, é preciso partir do diagnóstico. Diagnosticar a missão do
profissional requer investigar o contexto atual no qual se está inserido. Tendo isso
feito, o compromisso frente a sociedade e público ao qual irá fazer parte do escopo
de execução de atividades é melhor direcionado. Na atuação social, o bibliotecário
deve se colocar como um agente integralizador, promovendo a igualdade a partir de
iniciativas e rotinas da biblioteca.
31
4 ATUAÇÃO SOCIAL DO BIBLIOTECÁRIO
Quando iniciamos a organização de um acervo estamos pensando apenas
na disposição das estantes no espaço físico da biblioteca? Ao catalogar uma ficha
ou direcionar um livro para uma classe temática específica, estamos pensando
unicamente na posição do livro ou se haverá bibliocantos suficientes para comportar
todos os itens na prateleira? Obviamente que não. A biblioteca é um organismo vivo
onde todos os serviços irão resultar algum feedback para a solicitação/expectativa
de um usuário. Do mesmo modo, todas as atribuições profissionais do bibliotecário
correspondem a técnicas que visam suprir a necessidade de um pesquisador. Dá-se
a essas características a importância do fator humano nas atividades desenvolvidas
em uma biblioteca: satisfazer o público alvo.
A importância da Biblioteconomia para quem dela se beneficia, em
outras palavras, atividade biblioteconômica a qual é concretizada
através da pessoa do bibliotecário, somente ganha importância e
significação para seus beneficiários, quando estes sentem de modo
concreto e imediato as suas manifestações, ou seja, os seus
serviços. (NEVES, 1986, p. 23)
Mas, vamos pensar além: poderia o bibliotecário ser um profissional apto a
atuar em uma biblioteca e o seu serviço satisfazer a sociedade de um modo geral?
Mudar estatísticas como o índice de desenvolvimento humano de uma cidade ou
diminuir a ociosidade escolar de uma comunidade carente? Investigar o perfil do
bibliotecário como agente socializador é elevar a nossa ótica de modo a transcender
as estatísticas de consulta de uma determinada instituição, mas, o papel do
bibliotecário em um contexto social complexo que possa promover melhorias
externas significativas na vida das pessoas.
A Biblioteconomia no Brasil caracteriza-se por estar relativamente
desenvolvida nas áreas de bibliotecas universitárias e especializadas
e bastante deficitária na área de bibliotecas públicas ou populares.
Bibliotecários brasileiros necessitam optar por um trabalho mais
ligado às necessidades cotidianas da população. A Biblioteconomia
não é neutra ou simplesmente um conjunto de técnicas
desvinculadas da sociedade em que ocorrem. É necessário aos
bibliotecários brasileiros procurar caminhos para uma nova prática
bibliotecária, que responda melhor às necessidades de um país
subdesenvolvido. (VERGUEIRO, 1988, p. 207)
32
Os resultados expressos em uma estatística de consulta elevam uma
instituição. No entanto, os resultados expressos concretamente em um contexto
social, elevam a humanidade. O objetivo do bibliotecário, no atual cenário de
exclusão que ainda persiste em pequenas comunidades ou bairros carentes de
grandes metrópoles deve estar pautado sobre a interação do usuário com a
informação como um facilitador inclusivo. Países subdesenvolvidos como o Brasil
precisam de profissionais mais humanizados, dispostos a um compromisso ético e
moral para o desenvolvimento e igualdade social. A modernização da ciência e das
profissionais não podem esquecer a esfera da população que ainda não tem
condições socioeconômicas de interagir com o restante do mundo em pé de
igualdade evolutiva.
É evidente que o domínio de técnicas documentais é imprescindível
ao bibliotecário. Da mesma forma, é impossível negar a necessidade
de otimização dos sistemas informacionais através da utilização de
novas tecnologias. Quanto a isso, não há o que refutar. O que se
deve colocar em dúvida, isto sim, é se essa evolução tecnológica nas
áreas de documentação e Ciência da Informação está realmente
ocorrendo em benefício da população como um todo, e não, apenas
de uma minoria privilegiada. O que se pode perguntar é até que
ponto os bibliotecários estão contribuindo para integrar à sociedade
como cidadãos, aquelas parcelas da população desprovidas das
condições mínimas para uma participação social digna.
(VERGUEIRO, 1988, p. 209)
E o que seria participação social senão proporcionar condições igualitárias a
todos em um contexto de convivência compartilhada? Sabemos que o Brasil possui
divergências socioeconômicas alarmantes e exponenciais, é importante ressaltar
que todas as classes profissionais precisam estar cientes de que o serviço e
aprendizado científico necessita alcançar toda a sociedade, sem exceção. Estar, de
fato, a serviço da população requer conscientização por parte da academia a instruir
os egressos para a atenção social. A biblioteca a serviço da sociedade deve ter
papel na formação e caracterização de pessoas mais cidadãs e inclusas no sistema
educacional. A educação reflete em todos os sentidos no desenvolvimento do país.
Pessoas educadas estimam um futuro melhor no que concerne a evolução
econômica e qualidade de vida.
O bibliotecário como sendo o mediador da informação no processo
educativo, deve aplicar seus conhecimentos e julgar imprescindível implementar
33
políticas de inclusão social. Pensar em resultados que possibilitem melhorias e
minimizem problemas que atrasam e diminuem as chances de crescimento
intelectual. É possível desenvolver projetos e programas no âmbito da biblioteca que
possuam caráter inclusivo e informativo. A informação como objeto de trabalho do
bibliotecário
passou
a
agregar
valor
de
consumo,
entender
que
países
subdesenvolvidos excluem dessa esfera econômica boa parte da população, é dar a
oportunidade ao bibliotecário de agregar valores que possam ser alcançados e
disseminados sem restrições de classe, raça, orientação sexual ou crença. Essa
realidade só é possível com o desenvolvimento de práticas sociais ao longo de sua
atuação e, principalmente, com a valorização da biblioteca comunitária.
34
5 BIBLIOTECA COMUNITÁRIA
Quando ouvimos o termo “biblioteca comunitária”, logicamente, pensamos
em uma comunidade e pessoas que residem na região gerindo de forma
colaborativa. Muito dificilmente é levado em consideração, em um primeiro
momento, que existe um profissional capacitado e apto a desenvolver políticas que
regulamentem o uso e administrem a estrutura organizacional dessa biblioteca.
Contudo, na literatura da ciência da informação, é possível observar que a biblioteca
como instituição pode servir a diversos públicos e, assim como uma representação
temática empreende classes por tema/área, seguindo o mesmo raciocínio, a
biblioteca se ramifica em vários segmentos para responder as expectativas do
público, seja ela uma biblioteca universitária, escolar, especializada, pública, privada
ou comunitária. É imprescindível distinguir a biblioteca comunitária das demais
configurações de bibliotecas partindo do princípio de que sua formação tem
interesse comum a todos que a utilizam e não por parte de quem a gerencia, por
exemplo:
[...] a biblioteca comunitária, quando considerada território de
memória, atua como um sujeito ativo que desempenha um papel
fundamental como espaço ideal de leitura, educação, organização
social, cidadania, desenvolvimento sustentável, transferência da
informação, linguística/dialogismo etc., e não como um organismo
voltado aos interesses exclusivos de quem a dirige. Porque se ela for
apenas um espaço fechado, deixa de ser uma biblioteca comunitária
e as suas funções tornam-se as de uma biblioteca privada cujo dono
(mesmo que a gestão seja compartilhada com outras pessoas) a
gere de acordo com os seus interesses pessoais e/ou do grupo ao
qual pertence. (2010, p. 145)
A produção do conhecimento, hoje, está muito ligada ao contexto
acadêmico. A ciência, embora nos inclua no reduto erudito da sociedade, ao passo
que promove a discussão tecnológica e social na especificidade de suas áreas,
exclui uma fatia da população que não tem acesso a essas informações. É preciso
repensar o sentido da biblioteca comunitária como uma instituição inclusiva e
promotora na comunicação do conhecimento, isto é, levar a comunidade na qual
está inserida, o que está acontecendo em outras realidades sociais e científicas, de
modo a proporcionar condições igualitárias no ingresso à sociedade da informação e
produção científica. Prado (2010, p. 145) aponta:
35
As bibliotecas comunitárias existentes no Brasil que atuam como
território de memória são espaços abertos à participação
democrática de todos, e o livro e a leitura, além de ter a função do
prazer dos seus usuários, são usados, sobretudo, como suportes
informacionais voltados à libertação da mente humana. Neste
sentido, elas são de extrema importância porque estão criando as
condições essenciais para trazer segmentos sociais que estão fora
do processo produtivo moderno a se integrarem nas discussões
sobre o que eles representam no processo das mudanças sociais no
contexto da sociedade da informação no país. (PRADO, 2010, p.
145)
Seguindo o raciocínio do papel inclusivo e integrador da biblioteca
comunitária, chama-se de “comunidade” no Brasil, áreas mais afastadas dos
grandes centros e menos desenvolvidas, nesse sentido, é possível afirmar que a
cultura instaurada nessas localidades não tem como prioridade o ingresso de alunos
no ensino superior, mas, a inserção dos jovens no mercado de trabalho. Para
reinventar a realidade social das comunidades carentes do Brasil, pode a biblioteca
comunitária ser o primeiro passo para se tornar o agente multiplicador da leitura e
incentivo para a educação continuada, uma vez que oferece recursos e condições
privilegiadas para a escolha e aplicabilidade da didática no ensino, nesse sentido é
possível afirmar que:
[...] o trabalho de despertar, de desenvolver e de sedimentar o gosto
pela leitura de forma recreativa, interpretativa e informativa é feito
pelas bibliotecas e oferece uma estrutura de educação informal cujos
resultados são altamente produtivos para o sistema de ensino formal,
oferecido em sala de aula em todos os níveis de aprendizagem. Os
reflexos desse trabalho interferem na formação do cidadão bem
informado para integrar-se ou influir na transformação da futura
sociedade na qual ele será inserido. (FREITAS et al, 1986, p. 26)
Uma sociedade que sabe integrar todas as tipologias de aglomerações
populacionais é pautada no respeito e tolerância, dessa maneira, o conhecimento é
o grande aliado para que se formem cidadãos mais dignos e eloquentes no convívio
social. A leitura tem o forte papel de desenvolver a sensibilidade, criatividade e
eliminação do preconceito.
36
6
ANÁLISE
DE
DADOS:
O BIBLIOTECÁRIO E A IMPLANTAÇÃO DA
BIBLIOTECA COMUNITÁRIA MAR E TERRA
O universo desta pesquisa tem como objeto apresentar a importância do
profissional bibliotecário como agente social nas áreas de influência indireta dos
parques eólicos no Rio Grande do Norte, referenciando a implantação da Biblioteca
Comunitária Mar e Terra. Desde a proposta do projeto social ao qual intitula-se “Ler
Para Aprender”, a comunidade de Ponta do Mel, distrito do município de Areia
Branca/RN foi o local elencado para a implantação do projeto, por se tratar de uma
comunidade com realidade socioeconômica subdesenvolvida e em detrimento de
alguns problemas sociais evidentes, tais como trabalho infantil, ociosidade escolar e
desistência de alunos do ensino básico. Com 4.550 habitantes, foi preciso mensurar
um público e buscar um local para sediar o espaço que comportaria a Biblioteca
Comunitária Mar e Terra e outro projeto que acontecia comumente que seria a
implantação de um espaço digital.
A prefeitura de Areia Branca possui em sua Secretaria de Ação Social um
programa de integração familiar denominado Centro de Convivência da Família –
CECOF. Existe a sede localizada no município e uma unidade na comunidade Ponta
do Mel que possui 140 beneficiados com o programa. O CECOF busca promover a
integração de crianças e adolescentes com suas famílias e com o ambiente escolar.
A região, por se tratar de um litoral possui forte tendência para alguns problemas
sociais, já vislumbrados anteriormente: ociosidade escolar, trabalho infantil e, em
alguns casos mais graves, prostituição. Existe uma equipe que coordena oficinas de
música, leitura, capoeira, entre outras atividades com o intuito de combater
diretamente esses problemas. No entanto, a equipe que coordena o programa,
composta por três pedagogas e colaboradores, alega dificuldades na manutenção e
desenvolvimento das oficinas por não possuírem recursos que garantam meios de
manter o público assíduo. Os desligamentos e a ausência das crianças bem como o
envolvimento da família estavam acontecendo cada vez mais com precariedade, o
que ameaçou muitas vezes o fechamento do programa da unidade, uma vez que o
orçamento da prefeitura é bastante escasso e não conseguia suprir de maneira
satisfatória o programa na comunidade.
Para realização do projeto de implantação da Biblioteca Comunitária Mar e
Terra foi preciso estudar o espaço do CECOF em Ponta do Mel e o interesse da
37
prefeitura em manter a biblioteca funcionando após a organização da mesma. É
importante ressaltar que a MS Renováveis possuía em seu escopo contratar uma
consultoria que desenvolvesse o projeto e o executasse, porém, a manutenção e
responsabilidade do acervo após o processo de estruturação do espaço e
organização ficaria a cargo da prefeitura. Seria o projeto, pois, viabilizar a criação da
biblioteca. Uma vez entregue, a prefeitura passaria a se responsabilizar por todo o
patrimônio doado, bem como a organização e manutenção de todo material. A
Bioconsultants, consultoria ambiental responsável pela execução do projeto foi
contratada para a mobilização e logística de todo o processo de implantação,:
contratação de pessoal especializado, aquisição do acervo, recursos tecnológicos e
construção do espaço para a biblioteca na unidade do CECOF em Ponta do Mel.
A informação como alicerce da cultura e continuação do aprendizado deve
ser disseminada em suportes acessíveis, bem como, estar presente na promoção do
conhecimento coletivo e/ou individual. É sabido que a geração de leitores da
atualidade está habituada ao uso de tecnologias pela facilidade na prospecção de
saberes. No entanto, a conectividade dispõe de, na maioria das vezes, conteúdo
com integridade semântica duvidosa e nos expõe a riscos, tais como: prejuízo
intelectual e vícios de linguagem/escrita.
O Livro ainda é a melhor maneira de obter cultura e empreender inteligência,
desse modo, a inserção da leitura em um ambiente especialmente caracterizado
para o perfil e usabilidade do seu público alvo pode promover a predileção e
despertar o interesse de manusear livros e conhecer um mundo de possibilidades ao
alcance de uma página. A Biblioteca é um espaço fomentador e se configura como
principal aliada a métodos pedagógicos que inferem altruísmo aos leitores.
A partir da contratação da Bioconsultants para o desenvolvimento do Projeto
Social da MS Renováveis (empreendedora responsável pela implantação dos
parques eólicos e comercialização de energia limpa), foi mobilizada uma equipe
composta por uma graduanda em biblioteconomia, uma pedagoga e uma assistente
social. A primeira atividade que precisou ser executada na viabilização da biblioteca
foi a escolha do local para abrigar o acervo. A região de Ponta do Mel por ser
litorânea configura-se úmida na maioria das casas. O CECOF, felizmente, está
situado em uma área que não sofre influência externa da maresia.
A segunda atividade correlata ao processo de implantação da biblioteca foi a
definição de público alvo. Dos 140 beneficiados pelo CECOF, 130 eram crianças e
38
jovens da rede de ensino municipal que possuíam um turno destinado às oficinas do
Centro. Tínhamos, então, um público alvo bem definido para a formação de coleções
que iria compor o acervo da biblioteca. Toda a implantação foi supervisionada por
auditores da MS Renováveis. Por ser a Biblioteca Comunitária Mar e Terra parte
integrante obrigatória e conclusiva de um financiamento do BNDES, toda a aquisição
de material teria de ser realizada por meio de compra. Para o acervo, foram
escolhidos 900 exemplares, dos quais eram classificados em: clássicos da literatura,
livros paradidáticos e livros didáticos. Os exemplares eram infantis e infanto-juvenis.
A aquisição de material foi composta por:
 900 livros
 25 DVD’s
 2 mesas
 3 estantes
 15 bibliocantos
 9 cadeiras
 1 TV LCD 32 poleadas
 1 aparelho Blu-Ray
 1 computador
 1 impressora
 1 mesa para computador
 1 ar-condicionado Split
Viabilizar uma biblioteca em área de influência indireta dos parques eólicos
na região de Ponta do Mel surgiu como uma oportunidade inclusiva. Muitos
moradores são contratados para trabalhar nas obras do parque, porém, o processo
de implantação de um parque eólico dura cerca de 3 anos. Após isso, o parque será
operado para gerar energia e as obras são encerradas. No processo de implantação
dos parques eólicos, programas sociais são desenvolvidos para o licenciamento
ambiental. Na execução desses programas notou-se a inquietação dos moradores
quanto a prestação de serviços dos empreendedores à comunidade após o
encerramento das obras. Muitos questionavam os reais benefícios da energia eólica
para a comunidade: ora, se as obras chegassem ao fim após um período,
39
obviamente a geração de emprego nesse seguimento não teria mais efetividade
para a população.
Foi preciso desenvolver um pensamento na população que os fizessem
enxergar os benefícios da energia eólica além do emprego temporário das obras. A
Biblioteca Comunitária Mar e Terra teria o dever social de integrar a família e levar
conhecimento àquelas pessoas. Isto é, gerar conforto ao desenvolvimento coletivo
da região, promover a informação como aliada no processo educativo das crianças e
jovens que iriam desenvolver-se com maior aptidão no futuro. Espera-se da
educação promovida e acrescentada de leitura a ambição por mais conhecimento.
Se o dever da biblioteca estaria na integração familiar e a diminuição da
ociosidade na escola e trabalho infantil, porque não ressaltar a importância desse
espaço caracterizado como a abertura da ótica comunitária para as oportunidades,
inclusive, de capacitação profissional? O público alvo da biblioteca composto por
integrantes familiares dos trabalhadores das obras dos parques eólicos seriam
naturalmente incumbidos em levar informações sobre a importância de capacitar-se
para o mercado e promover atividades geradoras de renda.
Nesse sentido, notadamente, o bibliotecário demonstra o seu fazer
profissional e sua importância na ação social de implementação de uma biblioteca
comunitária pois, o desenvolvimento de coleções pode promover a aptidão dos
usuários em uma área do conhecimento específica. Pensando nisso, a aquisição de
itens para o acervo teve o cuidado de selecionar livros que traziam informações
acerca da energia eólica e seus benefícios, bem como a importância da capacitação
profissional para o desenvolvimento humano. Fica explícita a ação do bibliotecário
cumprindo em essência o papel socializador e a mediação do conhecimento por
desmistificar
o
pensamento
da
população
acerca
da
principal
área
de
desenvolvimento mercadológica regional bem como incentivar os moradores a
acrescer-se de mais conhecimento e incluir-se de maneira mais efetiva na
concentração de capital da comunidade, gerando mais desenvolvimento e aptidões
na área ambiental.
O CECOF tem relação direta com a rede de ensino municipal. A equipe do
centro acompanha o desenvolvimento escolar dos alunos e inscritos no programa
para que a atenção do público esteja sempre equilibrada entre o dever e
cumprimento da permanência na escola e o desenvolvimento cultural proposto pelas
oficinas de esporte e lazer desenvolvidas na unidade de Ponta do Mel. Contudo, a
40
deficiência orçamentária da prefeitura de Areia Branca nos programas sociais
resultou na ociosidade do público beneficiado, uma vez que não haviam recursos
suficientemente satisfatórios para a realização das oficinas. A equipe pedagógica
sentia a falta de interesse das crianças e jovens pelas atividades e estavam
perdendo espaço no cenário social. A Biblioteca Comunitária Mar e Terra dotada de
um acervo didático e paradidático bem como, por multimeios viria a acrescentar
maior interesse da população pelo programa e recuperar o público, diminuindo o
índice de desistência escolar e trabalho infantil, uma vez que os pedagogos teriam
materiais e possibilidade de desenvolver oficinas melhor elaboradas com os
recursos da biblioteca e espaço digital.
A inclusão dos beneficiados do CECOF a partir do espaço digital composto
por 8 computadores, datashow e impressoras promoveria comumente a biblioteca a
integração das oficinas de leitura e desenvolvimento em ambiente digital. A equipe
pedagógica do CECOF e a Bioconsultants desenvolveram oficinas e cursos de
informática no centro, bem como a comunicação entre biblioteca e espaço digital nas
oficinas de música e dança.
A execução de atividades empreendidas no CECOF objetivou capacitar os
agentes multiplicadores de modo a promover aptidão técnica e administrativa da
estrutura viabilizada pelo Projeto, bem como apresentar a biblioteca como um
espaço propício não somente para a apreensão de novos conhecimentos mas,
também, como um espaço de lazer. De forma que cada leitor sinta-se livre para
escolher o livro de acordo com o seu gosto/perfil literário respeitando, inclusive, o
seu ritmo de leitura.
Para promover a integração e capacitação dos pedagogos no manuseio do
acervo, foram empreendidas palestras com o intuito de familiarizar a equipe da
CECOF com o ambiente da biblioteca. Abaixo, seguem imagens da palestra de
iniciação do complexo informacional composto pela Biblioteca Mar e Terra e Espaço
Digital Bela Vista.
41
Figura 1: Oficina de integração entre os pedagogos e equipe multidisciplinar da Bioconsultants: “A
biblioteca como espaço fomentador da cultura e promoção social”.
Fonte: a autora.
Figura 2: Professores da rede de ensino municipal e equipe pedagógica do CECOF sendo intruídos
sobre a caracterização do acervo.
Fonte: a autora.
O papel do bibliotecário como agente multiplicador está presente no ofício de
integração com a equipe pedagógica, é imprescindível que haja a comunicação de
conhecimentos científicos na composição de atividades que integrem a grade
curricular do aluno com os livros disponibilizados pela biblioteca. Deste modo, o
bibliotecário pode promover oficinas que garantam a continuidade do serviço escolar
42
e interligue o conhecimento obtido em sala de aula às atividades cotidianas da
biblioteca. A proposta de incluir o hábito da leitura na comunidade surgiu como
solução para a ociosidade dos alunos que seriam acrescidos de imaginação,
coordenação motora, aprendizagem e sentimento de comunhão pela estrutura e
conteúdo implementados.
Após a aquisição da mobília e acervo, a gerência de logística da
Bioconsultants mobilizou a equipe multidisciplinar para a organização e implantação
da Biblioteca Comunitária Mar e Terra. A catalogação dos livros foi feita a partir do
software “BiblioFácil”, onde foram geradas as etiquetas e códigos de barra de todo o
material (livros e dvd’s). O processo de catalogação e processamento técnico foi
empreendido ainda na sede da Bioconsultants, no município de Natal, todo o acervo
foi transportado até Ponta do Mel já etiquetado e trabalhado pela estudante de
biblioteconomia. Contudo, a classificação foi desenvolvida juntamente a equipe
pedagógica do CECOF. Em conversa com as pedagogas à frente do programa, foi
acordado que os livros deveriam estar dispostos na estante de uma maneira que
todos os colaboradores e usuários pudessem entender a lógica de classificação e
manter a biblioteca sempre organizada. O acervo foi organizado inicialmente com
derivações temáticas tais como clássicos literários, literatura infantil, literatura
infanto-juvenil (subdividida em romance, aventura e contos), poesia e livros
didáticos. Abaixo, seguem imagens da organização do acervo.
Figura 3: Separação das classes temáticas junto a equipe pedagógica do CECOF.
Fonte: a autora.
43
Figura 4: Estudante de biblioteconomia exemplificando o processo de inserção e leitura das estantes.
Fonte: a autora.
Figura 5: Disposição do acervo nas estantes
Fonte: a autora.
No intuito de viabilizar um melhor aproveitamento da biblioteca, foram
desenvolvidas ações de cunho informativo e lúdico junto aos usuários do espaço,
bem como junto às equipes pedagógicas do CECOF e das escolas públicas da
comunidade. A importância do bibliotecário, nessa ocasião, foi repassar para a
equipe pedagógica que o acervo não deve ser inacessível a nenhum usuário, a
biblioteca como fomentadora da inclusão social naquela região promoveria a
44
curiosidade e o despertar pela leitura dos alunos inscritos no CECOF mas, não
deveria se indispor ao acesso de outros indivíduos. A solução para manter o controle
seria implementar a política de empréstimo para os inscritos no programa mas, o
acesso local a toda comunidade.
A fim de atingir um público maior, as oficinas com os usuários foram
realizadas em dois momentos: no período matutino e no período vespertino. Desse
modo, contou-se com a participação dos usuários do CECOF dos dois turnos, uma
vez que no período em que não estão nessa instituição, estão na escola.
Os encontros tiveram início na área externa da biblioteca com realização de
dinâmicas com objetivos distintos: apresentação, socialização e didática. De maneira
lúdica, foi possível transmitir aos participantes a importância da leitura na vida de
uma pessoa, esperando-se que o encontro tenha servido como incentivo para a
formação de leitores assíduos. O bibliotecário na ação de desenvolvimento da
oficina tem o dever de identificar os problemas enfrentados pela comunidade e
realizar de maneira educativa e cotidiana maneiras das crianças e jovens
compartilharem e se sentirem a vontade para confiar na equipe do programa social,
assim, soluções são desenvolvidas. Para diagnosticar o comportamento dos alunos
do CECOF foi empreendida uma oficina de contação de estórias compartilhadas
onde, juntamente a equipe os alunos formariam uma situação com objetos sorteados
em uma caixa. A composição da estória foi tomando um rumo que demonstrava a
caracterização de violência por parte dos alunos, nesse sentido, foi diagnosticada a
necessidade de palestras educativas com os pais e filhos para diminuir essa visão
na comunidade e atrelar ideias de convivência íntegras baseada no respeito e
tolerância. Abaixo, seguem imagens das oficinas lúdicas.
45
Figura 6: Apresentação da equipe às crianças e jovens inscritos no CECOF.
Fonte: a autora.
Figura 7: Apresentação da oficina “Biblioteca formando leitores, leitores formando estórias”
Fonte: a autora.
46
Figura 8: Participação da equipe da Bioconsultants na oficina.
Fonte: a autora.
Figura 9: Alunos sorteando os objetos para dar continuidade a contação de estórias.
Fonte: a autora.
Após a realização das dinâmicas, os novos leitores foram direcionados à
biblioteca tendo, portanto, o primeiro contato com o acervo composto por clássicos
literários, livros infanto-juvenis e infantis. Nesse primeiro acesso aos livros, os
47
usuários receberam orientações sobre a localização de cada livro e como conserválos para prolongar a vida útil dos materiais e possibilitar o acesso as gerações
futuras que passariam pelo CECOF. O bibliotecário estando a frente da
conscientização de preservação e conservação dos livros tem a oportunidade de
mostrar a eficiência da biblioteca no processo de aprendizagem e criar no leitor a
característica de solidariedade com os outros usuários, identificando compromisso
com a biblioteca de mantê-la sempre organizada e acessível a todos em pé de
igualdade. Abaixo, imagens da inauguração da biblioteca e primeiro contato dos
alunos com o acervo.
Figura 10: Inauguração da Biblioteca Comunitária Mar e Terra.
Fonte: a autora.
48
Figura 11: Biblioteca Comunitária Mar e Terra organizada e pronta para receber os alunos do
CECOF.
Fonte: a autora.
Figura 12: Apresentação das classes temáticas aos alunos.
Fonte: a autora.
49
Figura 13: Alunos escolhendo o primeiro livro para cadastro na biblioteca.
Fonte: a autora.
Figura 14: Antônio, 8 anos, primeiro usuário da Biblioteca Comunitária Mar e Terra.
Fonte: a autora.
Os profissionais de educação também receberam um treinamento (com
confecção de certificados), aprendendo a utilizar e conservar o espaço da melhor
maneira possível, sendo instruídos a promoverem ações que incentivem o hábito da
leitura. O encontro propiciou um debate rico acerca dos novos paradigmas postos à
50
educação frente às transformações dos meios de comunicação, reiterando a
importância dos livros nesse processo. Em todo o momento, a equipe da
Bioconsultants preocupou-se em utilizar uma linguagem clara, de forma que todos
os participantes pudessem entender as informações transmitidas, independente da
idade ou grau de instrução.
Após ser finalizada a implantação da biblioteca, a equipe multidisciplinar
seguiu até a prefeitura de Areia Branca para a entrega de todos os ofícios do
patrimônio instalado. Em conversa com a assistente social, foi promovido o debate
sobre a importância de um bibliotecário a frente dos serviços da Biblioteca
Comunitária Mar e Terra. Foi explicado, porém, pela secretaria de assistência social
que os cargos no programa do CECOF eram comissionados e para provimento de
um novo cargo seria preciso abrir solicitação aos recursos humanos da prefeitura, o
que demandaria mais tempo. Nesse sentido, a biblioteca comunitária seguiria sob
supervisão da equipe pedagógica e a população teria o papel fiscalizador sobre
domínio e manutenção de todo o patrimônio. Contudo, criou-se o compromisso e a
visão de que o profissional bibliotecário seria o agente especializado em manter a
biblioteca disposta a atender as necessidades da população no que concerne ao
acesso informacional e ações inclusivas no cenário socioeconômico da região.
A criação da Biblioteca Comunitária Mar e Terra só foi possível ser realizada
com a presença de uma concluinte do curso de biblioteconomia. A partir das
técnicas
apreendidas
no
curso
de
graduação, foi
possível identificar as
necessidades informacionais do público alvo a desenvolver uma coleção equiparada
com o objetivo inicial do Projeto Social Ler para Aprender, que buscava confrontar
os índices de problemas sociais característicos de comunidades que enfrentam a
extrema pobreza. Desenvolver uma coleção pautada na inclusão social deve pôr em
evidência as ciências sociais aplicadas, é importante que o bibliotecário responsável
pela implantação de uma biblioteca comunitária entenda os déficits da região e
promova uma mudança social a partir do conhecimento, mediando todo esse
processo com a biblioteca e a disseminação informacional.
Uma biblioteca comunitária deve estar a serviço da população, deste modo,
precisa funcionar com senso de coletividade, promovendo cidadania e integração
social. Só um bibliotecário sabe agir e tem além das aptidões técnicas a ética
profissional de não inferir sua visão particular na composição, organização e
políticas de um acervo. É importante lembrar que sendo o Brasil um país com
51
realidade socioeconômica subdesenvolvida, a esfera populacional em sua maioria
está inserida em comunidades. Implementar a ótica e a efetividade do bibliotecário
como agente socializador e capaz de promover ações que interfiram diretamente no
âmbito interno e externo da biblioteca deve se tornar uma prioridade para a
profissão.
Na especificidade da Biblioteca Comunitária Mar e Terra, o foco esteve
muito mais na inclusão social que essa unidade promoveria do que na preocupação
em regulamentar políticas, regras ou, até mesmo, alguma privação de acesso. A
comunidade Ponta do Mel, assim como qualquer outra nas condições de
desenvolvimento social precárias, necessita de um olhar acolhedor que abrace as
causas da população e empreenda confiança na biblioteca como uma parceria no
movimento de evolução social. Com os itens especializados em energia eólica
(documentários e livros), os usuários da biblioteca comunitária puderam ampliar a
visão de benefícios da energia limpa. A educação ambiental precisa, nessas áreas
de influência, ultrapassar o discurso. Os empreendedores dos parques eólicos do
Rio Grande do Norte promoviam através de programas sociais oficinas de
artesanato, palestras de prevenção de riscos e outros meios de se comunicar com a
população, no entanto, os programas sociais são executados por consultorias
ambientais, ou seja, não havia uma comunicação direta entre empreendedores e
população indiretamente envolvida no processo de implantação dos parques eólicos
e construção de linhas de transmissão. A biblioteca comunitária surge, também,
nesse processo como um instrumento de sanar as dúvidas da população acerca das
atividades dos parques e linhas bem como promover o diálogo das necessidades
reais dos moradores frente a instalação dos empreendimentos na região.
52
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para desenvolvimento desse trabalho de conclusão de curso foi preciso
contar com a colaboração de todos os funcionários da Bioconsultants envolvidos na
implantação da Biblioteca Comunitária Mar e Terra. Desenvolver um trabalho
pautado em uma experiência advinda de um estágio não obrigatório que, por sua
vez, não possuiu supervisão de um bibliotecário formado, uma vez que a
Bioconsultants não dispõe de um profissional da informação registrado, foi um
grande desafio e, ao mesmo passo, uma confiança depositada por parte da gerência
nos conhecimentos de uma concluinte do curso de Biblioteconomia. Embora
estivesse
apta
para
desenvolver
as
técnicas
da
área
nunca
houve
a
responsabilidade de gerir a implantação de uma biblioteca, elaboração de políti cas e
desenvolvimento de ações sociais.
A experiência de implantar uma biblioteca comunitária em áreas de
influência indireta dos parques eólicos do Rio Grande do Norte pôde acrescer uma
ótica de cidadania a todos os envolvidos, especialmente a equipe multidisciplinar
responsável (composta por uma estudante de biblioteconomia, assistente social e
pedagoga). As ciências da pedagogia e serviço social estão habituadas a lidar
diretamente com pessoas no que se refere às dificuldades humanas, isso pode
envolver déficits que variam desde traumas psicológicos à realidade de extrema
pobreza. A biblioteconomia, no entanto, normalmente não enfrenta esse tipo de
situação. Em sua grande maioria o bibliotecário possui a incumbência de gerir e
mediar a informação e não está entre seu escopo cotidiano portar-se como um
profissional disposto a ajudar diretamente nos problemas pessoais e índices de
desenvolvimento humano de uma população.
Porém, a biblioteca comunitária vem de modo a desmistificar as atribuições
do bibliotecário. O papel social desse profissional é indispensável na formação de
cidadãos, por promover no ambiente da biblioteca ações que possam influenciar
diretamente no bem estar, na convivência coletiva, solidariedade, compaixão e
compromisso com a ética e moral dos moradores de uma região que partilha e
passa a agregar valor ao conhecimento como aliado da educação participativa e
continuada. As famílias, estudantes e profissionais de uma comunidade podem
contar com os serviços da biblioteca e de um bibliotecário como um apoio para a voz
53
de todos os problemas, buscando na informação o poder de solucionar suas
dificuldades e barreiras.
A comunidade de Ponta do Mel por possuir como área de desenvolvimento
os recursos do meio ambiente (eólica), está inserida no raio de investimento
orçamentário de empreendedores do ramo da produção e comercialização de
energia sustentável. A realidade socioeconômica dessa região, no entanto, é
bastante deficitária e a implantação dos parques eólicos, por si só, não gera
participação social ou geração de capital efetiva aos moradores. A Biblioteca
Comunitária Mar e Terra foi uma iniciativa dos investidores de energia gerenciado
posteriormente como projeto pela Bioconsultants com objetivos claros de incluir
socialmente e dialogar com a comunidade a respeito de alguns problemas que
circundam a área, dessa maneira, o poder público e privado poderiam inferir
esforços econômicos e culturais que melhorassem a capacidade de integração da
comunidade com o setor financeiro e social do estado.
A importância do papel social do bibliotecário, principal objetivo do trabalho,
foi efetivamente provado na execução das atividades e implantação da biblioteca.
Durante as visitas e oficinas empreendidas em Ponta do Mel e no CECOF, foi
possível que o profissional da informação avaliasse os problemas e benefícios dos
moradores em relação a influência dos parques eólicos. Em sua maioria existiam
muitos mitos que estabeleciam barreiras entre a comunidade e empreendedores. A
formação de coleções e a mediação da informação íntegra para esse público pôde
ampliar a ótica dos moradores para o desenvolvimento da comunidade com a
chegada dos parques eólicos, desta maneira o lado social de ouvir e entender todos
os percalços enfrentados e dificuldades de capacitação profissional para geração de
renda foi indispensável para que a comunidade percebesse que a partir do
conhecimento e da educação as oportunidades poderiam surgir e fluir de maneira
mais rápida e construtiva, trazendo resultados que evoluíssem notadamente os
campos da região no sentido de: capacitação, cidadania, desenvolvimento humano,
cultural e inclusão social.
As oficinas desenvolvidas no ambiente da biblioteca puderam situar e
esclarecer os profissionais do CECOF acerca de problemas que as crianças e
jovens da região sofriam, fosse violência doméstica, trabalho infantil, ociosidade
escolar, problemas com drogas, entre outros fatores que representavam o déficit de
convívio da área. Com dinâmicas simples, tais como contação de estórias e
54
observação na escolha dos livros das crianças, foram percebidas as causas pelas
quais algumas crianças e jovens não frequentavam a escola ou preferiam estar
trabalhando do que se divertindo com o acesso ao conhecimento e cultura que o
CECOF promovia. Essas percepções instituídas por ações da biblioteca puderam
reaver a participação efetiva da população no CECOF e na fiscalização de recursos
da prefeitura para o Centro de Convivência da Família.
O ofício do bibliotecário em uma biblioteca comunitária passa a ser
enxergado como um papel socializador, onde a resposta dos usuários pode
influenciar no sucesso dos resultados fora dos moldes da biblioteca. A comunidade
consegue com a unidade informacional de uso comum e livre desempenhar
participação de uma área inteira e inferir progresso em índices populacionais, tais
como aumento na taxa de alfabetização, diminuição do trabalho infantil, inclusão
social e
cultural, memória da comunidade e participação democrática. O
analfabetismo funcional também pode ser combatido com ações sociais que incluam
e convidem o usuário e público alvo a participarem e se incluírem nos serviços da
biblioteca que agreguem sentido e relacionem as pessoas.
O acervo da Biblioteca Comunitária Mar e Terra foi desenvolvido
especialmente pensando em seu público alvo, caracterizado por crianças e jovens. A
composição do acervo com livros e multimeios com documentários sobre a energia
eólica, dinâmicas que desenvolviam a consciência e a educação ambiental, literatura
infantil que possuem o papel de desenvolver a imaginação e criatividade dos
leitores, os clássicos da literatura brasileira que funcionam como um passeio
histórico da nossa cultura e dos principais autores do país, a literatura infanto-juvenil
que consegue transportar o leitor para uma infinidade de situações e lugares,
incentivando os sonhos e caracterizando os seus anseio, bem como os livros
didáticos que complementam a metodologia dos professores empreendida em sala
de aula.
Tendo o CECOF recebido o complexo educacional com o projeto da
biblioteca comunitária e o espaço digital, a comunicação da tecnologia com as ações
do bibliotecário nos dois ambientes foi imprescindível. As oficinas de música
passaram a ser feitas no ambiente da biblioteca com a ajuda da internet do espaço
digital na busca por partituras e gêneros musicais para compor o conhecimento dos
alunos sobre a cultura da música nacional e internacional. Essa ação reitera o papel
55
do bibliotecário e da biblioteca como agentes multiplicadores da cultura e
comunicação de saberes.
A ociosidade escolar aliada ao trabalho infantil foi efetivamente combatida
com a presença do bibliotecário no CECOF junto a assistente social e equipe de
pedagogas do centro. As oficinas identificaram nos alunos a carência da
participação familiar nas ações e atividades promovidas pela biblioteca. Deste modo,
foram feitas reuniões com os pais das crianças e jovens que passaram a ter mais
compromisso com os filhos no sentido de incentivá-los a ler em casa, fazer as
tarefas da escola e não incluir o trabalho como realidade precoce da renda familiar.
Essa atividade deve ser empreendida pelos chefes familiares que também recebem
ações sociais do CECOF, tais como oficinas de artesanato e cursos de informática
para capacitação profissional.
A missão de um bibliotecário a frente de ações sociais representa o
crescimento profissional em relacionar a ética do seu ofício com a ampliação da sua
ótica cidadã. O Brasil é um país subdesenvolvido que não possui muitas bibliotecas
comunitárias, mesmo tendo em sua grande maioria a realidade demográfica pautada
nesse modelo de dinâmica populacional. Quando essas unidades existem,
dificilmente possuem um profissional da informação a frente de sua gestão
administrativa. É preciso descaracterizar a profissão do bibliotecário como mero
tecnicista, a biblioteca comunitária oferece a oportunidade de influenciar pessoas
com realidade socioeconômica deficitária e promover a inclusão social e informativa
desses cidadãos, instituindo cultura e participação democrática nos âmbitos social,
cultural e econômico.
A contribuição deste trabalho para a área da biblioteconomia está
relacionada com o fazer profissional do bibliotecário frente a realidade social das
comunidades às quais se inserem as bibliotecas comunitárias. As comunidades de
influência indireta dos parques eólicos do Rio Grande do Norte, em especificidade,
por ser a energia eólica uma vertente econômica em expansão no estado que cria a
oportunidade de atuação para os profissionais da biblioteconomia como agentes
integradores da participação social e inclusão da cultura do conhecimento em
regiões onde o acesso a informação é algo ainda distante. É importante que seja
criado o cargo de bibliotecário efetivo na Prefeitura de Areia Branca, órgão público
que direciona pessoal para o distrito de Ponta do Mel para que seja dada
continuidade aos serviços da biblioteca. A importância do bibliotecário nessa ocasião
56
precisa estar além da implantação, mas, seguir mantendo e representando a
biblioteca como unidade de integração comunitária.
O presente trabalho pode ser ampliado em estudos futuros com
metodologia
quantitativa,
de
modo
a
avaliar efetivamente
os
índices
de
desenvolvimento da região beneficiada com a biblioteca comunitária. Será possível a
partir de um estudo com aplicação de questionários e formação de gráficos entender
e concluir se os serviços empreendidos em ações sociais por bibliotecários
conseguiram melhorar os indicadores sociais do IBGE – Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, no que se refere aos índices sociais de educação e trabalho,
intermediação política, indicadores culturais, população jovem e desenvolvimento
humano.
57
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