UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA BÁRBARA TEREZA COSTA DO NASCIMENTO O PAPEL SOCIAL DO BIBLIOTECÁRIO EM ÁREAS DE INFLUÊNCIA INDIRETA DOS PARQUES EÓLICOS NO RIO GRANDE DO NORTE: Implantação da Biblioteca Comunitária Mar e Terra NATAL-RN 2014.2 BÁRBARA TEREZA COSTA DO NASCIMENTO O PAPEL SOCIAL DO BIBLIOTECÁRIO EM ÁREAS DE INFLUÊNCIA INDIRETA DOS PARQUES EÓLICOS NO RIO GRANDE DO NORTE: Implantação da Biblioteca Mar e Terra Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para conclusão do curso. Orientação: Prof. Ms. Erinaldo Dias Valério NATAL-RN 2014.2 N244o Nascimento, Bárbara Tereza Costa do. O papel social do bibliotecário em áreas de influência indireta dos parques eólicos no Rio Grande do Norte: implantação da Biblioteca Comunitária Mar e Terra / Bárbara Tereza Costa do Nascimento. – Natal: UFRN, 2014. 59 f.: il. Orientador: Erinaldo Dias Valério. Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciência da Informação, 2014. Inclui referências. 1. Papel social do bibliotecário. 2. Biblioteca comunitária. 3. Áreas de influência indireta. I. Valério, Erinaldo Dias (Orientador). II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.Título. CDU BÁRBARA TEREZA COSTA DO NASCIMENTO O PAPEL SOCIAL DO BIBLIOTECÁRIO EM ÁREAS DE INFLUÊNCIA INDIRETA DOS PARQUES EÓLICOS NO RIO GRANDE DO NORTE: Implantação da Biblioteca Mar e Terra Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Biblioteconomia do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para conclusão do curso. Orientação: Prof. Ms. Erinaldo Dias Valério MONOGRAFIA APROVADA EM __/__/2014 _________________________________________________________ Profª Me. Erinaldo Dias Valério - UFRN (Orientador) ________________________________________________________ Profa. Ma. Aureliana Lopes de Lacerda Tavares - UFPE (Membro externo) ________________________________________________________ Profa. Ma. Claudialyne da Silva Araújo - UFRN (Membro interno) NATAL/RN 2014.2 À minha madrinha, Maria das Graças Silva Borges (in memorian) por todo carinho, atenção e solidariedade prestados a mim e a minha mãe; dedico com toda a minha gratidão, amor e eternas saudades. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, agradeço a minha mãe, Maria das Graças da Costa, por tanto esforço direcionado a mim e a meu irmão. Divido a minha vitória com a pessoa que mais fez e faz pelo meu sucesso, por acreditar em cada passo que eu dou e continuar sempre ao meu lado. A concretização desse sonho é um conjunto de fatores e alicerces construídos desde cedo. Orgulho-me muito da minha mãe e dos valores e princípios repassados em toda minha trajetória como pessoa. Não teria conseguido chegar a lugar algum sem a sua dedicação, amor e responsabilidade. Ao meu irmão, Ricardo Antônio que, da sua maneira, demonstra preocupação e lealdade. Também o agradeço por compor à nossa família o meu sobrinho Pedro Henrique a quem amo muito. À família Sá Pereira, em especial a Seu Jaime (in memorian), que estiveram presentes em toda a minha formação moral no que se refere a respeito e amor ao próximo. Nesse sentido, agradeço por todo o carinho e consideração de todos: Lourdinha, Rivelino, Jaime Jr., Vitor, Kamily e Maria Júlia. Aos amigos conquistados no decorrer da graduação, em especial: Carolina Cardoso, Pedro Netto, Mayane Lopes, Isabelle Mamede e Rayssa Gondim que sempre demonstraram companheirismo, alegria e prontidão em todos os momentos, fossem eles de felicidade ou dificuldade. Pelo ombro amigo, por se fazerem ouvir e por estarem sempre presentes na maioria dos motivos pelos quais me orgulhei na UFRN, muito obrigada! À todos que fazem a Bioconsultants, por acrescentarem a ótica de responsabilidade, dedicação, compromisso e ética à minha jornada profissional que se inicia, bem como a todos os envolvidos indiretamente na concretização desse trabalho que tem a minha atuação na empresa como tema, fica o meu sentimento de gratidão. Ao meu orientador, Prof. Me. Erinaldo Dias, pela compreensão e prestatividade, pelo profissionalismo e visão crítica que tiveram função indispensável na conclusão desta monografia. À Prof. Ma Aureliana Tavares e Prof. Ma. Claudialyne Araújo por aceitarem o convite de compor a banca examinadora deste trabalho. Sinto-me imensamente grata. “Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos..” (Friedrich Nietzsche) RESUMO Enfatiza a primordialidade do profissional da informação e do fazer biblioteconômico na execução de projetos que objetivam a inclusão social a partir da implantação de bibliotecas comunitárias em áreas de influência indireta onde estão inseridos parques eólicos. Informa que na atual realidade socioeconômica do Rio Grande do Norte a energia eólica tem sido o principal investimento no setor do meio ambiente. Afirma que as consultorias ambientais e empreendedores do segmento possuem responsabilidade social com as comunidades e regiões afetadas. Essas regiões costumam fazer parte de um panorama deficitário no que se refere a participação cultural e econômica. Explica o processo de desenvolvimento de programas, projetos e ações sociais com o objetivo de incluir socialmente as regiões afetadas no cenário da produção e comercialização de energia. Apresenta em caráter qualitativo a influência profissional do bibliotecário como agente instituidor de ações que melhoram a qualidade de vida dos moradores da Comunidade Ponta do Mel a partir de serviços oferecidos no ambiente da Biblioteca Mar e Terra. Conclui a partir dos resultados, que problemas característicos da região beneficiada com a biblioteca tiveram melhorias significativas, tais como a redução da ociosidade na escola, o diálogo entre empreendedores e moradores e a missão social que se atribui ao bibliotecário nesse setor de atuação. Palavras-chave: Papel social do bibliotecário. Biblioteca comunitária. Áreas de influência indireta. ABSTRACT Emphasizes primordiality professional information and make biblioteconômico in the execution of projects that aim social inclusion from the implementation of community libraries in areas of indirect influence where they live wind farms. Informs that in the current economic reality of Rio Grande do Norte wind power has been the main investment in the environmental sector. States that the environmental consulting and segment entrepreneurs have social responsibility to the communities and regions affected. These regions are usually part of a panorama deficit as regards the cultural and economic participation. Explains the process of development programs, projects and social activities in order to socially include the regions affected in the production and marketing of energy scenario. Presents in qualitative professional influence of librarian as settlor agent actions that improve the quality of life of residents of Ponta do Mel Community from services offered in the Sea and Land Library environment. Concluded from the results that characteristic problems of the region benefited with the library had significant improvements, such as reducing idleness at school, the dialogue between entrepreneurs and residents and the social mission that is attributed to the librarian in this market sector. Keywords: Paper social librarian. Community library. Indirect influence areas. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Oficina de integração entre os pedagogos e equipe multidisciplinar da Bioconsultants: “A biblioteca como espaço fomentador da cultura e promoção social”...................................................................................................................................... 41 Figura 2: Professores da rede de ensino municipal e equipe pedagógica do CECOF sendo intruídos sobre a caracterização do acervo.......................................................... 41 Figura 3: Separação das classes temáticas junto a equipe pedagógica do CECOF.42 Figura 4: Estudante de biblioteconomia exemplificando o processo de inserção e leitura das estantes............................................................................................................... 43 Figura 5: Disposição do acervo nas estantes .................................................................. 43 Figura 6: Apresentação da equipe às crianças e jovens inscritos no CECOF. .......... 45 Figura 7: Apresentação da oficina “Biblioteca formando leitores, leitores formando estórias” .................................................................................................................................. 45 Figura 8: Participação da equipe da Bioconsultants na oficina..................................... 46 Figura 9: Alunos sorteando os objetos para dar continuidade a contação de estórias. ................................................................................................................................................. 46 Figura 10: Inauguração da Biblioteca Comunitária Mar e Terra. .................................. 47 Figura 11: Biblioteca Comunitária Mar e Terra organizada e pronta para receber os alunos do CECOF. ................................................................................................................ 48 Figura 12: Apresentação das classes temáticas aos alunos......................................... 48 Figura 13: Alunos escolhendo o primeiro livro para cadastro na biblioteca. ............... 49 Figura 14: Antônio, 8 anos, primeiro usuário da Biblioteca Comunitária Mar e Terra. ................................................................................................................................................. 49 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento CECOF – Centro de Convivência da Família CERNE - Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia CFE – Conselho Federal de Educação FEBAB - Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários IDEMA - Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12 2 PRODECIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................................... 17 3 PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO: O BIBLIOTECÁRIO ...................................... 20 3.1 A MISSÃO DO BIBLIOTECÁRIO ................................................................................ 25 4 ATUAÇÃO SOCIAL DO BIBLIOTECÁRIO .................................................................. 31 5 BIBLIOTECA COMUNITÁRIA ........................................................................................ 34 6 ANÁLISE DE DADOS: O BIBLIOTECÁRIO E A IMPLANTAÇÃO DA BIBLIOTECA COMUNITÁRIA MAR E TERRA .............................................................. 36 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 52 REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 57 12 1 INTRODUÇÃO O bibliotecário há tempos vem reestruturando as facetas do seu fazer profissional. O estigma mercadológico instaurado sobre a ótica da biblioteca como sendo o único ambiente passível da aplicação das técnicas apreendidas no bacharelado em Biblioteconomia se dissolve a cada novo âmbito que surge no exercício das funções e demandas de trabalho. Em análise aos novos perfis de profissionais que apresentam uma configuração mais versátil no mercado Ferreira (2003, apud PIGGOT, 1996) afirma que, cada vez mais, o bibliotecário se insere em carreiras que abrangem maior diversificação de competências, desde arquivistas e gestores de bases de dados a analistas e consultores de informação. Pensar na execução de atividades de um bibliotecário, entretanto, deve abranger mais que o tratamento informacional em seus infinitos suportes. O papel social é uma característica que deve compor o escopo dos compromissos desenvolvidos por essa profissão frente a sociedade. Viabilizar a disseminação da informação precisa, na prática, sair dos moldes tecnicistas e promover mais cidadania. Em sua incumbência de identificar a importância das práticas do bibliotecário nessa promoção Morigi, Vanz e Galdino (2002, p. 135) entendem por cidadão aquele que possui o direito a ter direitos, e classificam a educação como elemento chave a conceber o respeito no exercício da cidadania. Sendo isso exposto, o bibliotecário deve efetivar sua atuação baseado nas condições teóricas das ciências humanas que atrelam o conhecimento adquirido ao nível e formação cultural do cidadão. A predileção pelas subáreas de uma profissão é estabelecida, normalmente, no decorrer do curso conforme a atuação do aluno nas oportunidades de estágio e desenvoltura na grade curricular. O curso de Biblioteconomia da UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte está inserido nas Ciências Sociais Aplicadas, o que confere uma correlação entre as teorias humanísticas e a aplicabilidade dessa gnose no mercado competitivo. No 5º período do curso foi possível estagiar em uma consultoria ambiental e de recursos naturais, cujo razão social apresenta-se como Bioconsultants. As atividades desenvolvidas, no início, correspondiam a padronização de documentos e relatórios produzidos pela empresa. Entretanto, no decorrer do estágio a diretoria executiva adicionou ao escopo de atividades do estágio a viabilização de uma Biblioteca Comunitária para 13 execução de um projeto social. Uma consultoria ambiental tem a missão de avaliar se os projetos sustentáveis estão sendo executados conforme estabelece a legislação municipal, estadual e federal em vigor. O Cenário atual da geração de energias renováveis no Brasil mostra o Rio Grande do Norte liderando o ranking de potência eólica instalada (dados do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia – CERNE)1. A implantação de novos empreendimentos requer dos investidores o cumprimento das condicionantes emitidas nas licenças ambientais. O Ministério do Meio Ambiente define a importância do licenciamento ambiental: O licenciamento ambiental é um importante instrumento de gestão da Política Nacional de Meio Ambiente. Por meio dele, a administração pública busca exercer o necessário controle sobre as atividades humanas que interferem nas condições ambientais. Desta forma tem, por princípio, a conciliação do desenvolvimento econômico com o uso dos recursos naturais, de modo a assegurar a sustentabilidade dos ecossistemas em suas variabilidades físicas, bióticas, socioculturais e econômicas. (CONAMA, [201-?], p?) O Licenciamento Ambiental abarca em sua arquitetura de processos três etapas: Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação que correspondem respectivamente as autorizações e avaliações estabelecidas pelo órgão ambiental competente (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente – IDEMA). Somente estando em conformidade com todas as condicionantes das licenças o empreendimento pode seguir seu fluxo de intervenção na área e nas comunidades circunvizinhas. O Projeto Socioambiental desenvolvido pela Bioconsultants para a MS Renováveis (Eólica Mar e Terra Geração de Energia S/A e Eólica Bela Vista Geração de Energia S/A) estava entre o cumprimento contratual de financiamento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES dos empreendimentos eólicos situados na região litorânea do município de Areia Branca/RN e beneficiaria a comunidade de Ponta do Mel, localizada na área de influência indireta das obras. A política de financiamento e liberação de crédito do BNDES para a instalação e operação dos parques eólicos estabelece que até 1% (um por cento) do valor deve 1 Disponível em: <http://www.cerne.org.br/pt-BR/noticias/confira-o-top-10-dos-parques-eolicos -nobrasil>. Acesso em: 3 out. 2014. 14 ser destinado à implementação de projetos que promova a preservação, conservação e recuperação das condições essenciais para a humanidade: O BNDES busca sempre o aperfeiçoamento dos critérios de análise ambiental dos projetos que solicitam crédito e oferece suporte financeiro a empreendimentos que tragam benefícios para o desenvolvimento sustentável. Além disso, o Banco reforça sua política ambiental por meio de ações internas que buscam o envolvimento do corpo funcional e por meio de protocolos em que firma o compromisso público de promover o desenvolvimento em harmonia com o equilíbrio ecológico2. Após a contratação da Bioconsultants para gerenciamento e implementação do Projeto Socioambiental, o núcleo de projetos composto pelo corpo técni co da empresa solicitou três funcionários para a execução das atividades. A equipe multidisciplinar composta por uma assistente social, uma pedagoga e uma graduanda em Biblioteconomia foi responsável pela elaboração e implantação do projeto que tratava-se de um complexo educacional e sua atribuição compreendia a implantação de dois ambientes: um espaço digital e uma biblioteca comunitária. As comunidades circunvizinhas aos parques eólicos são caracterizadas por artesãos, donas de casa e possuem grande parte dos chefes familiares a serviço das obras de construção dos parques, o que os incorpora diretamente como público alvo da responsabilidade social dos investimentos em energias renováveis da região. A Bioconsultants possuiu em seu escopo a execução de programas que promovessem a inclusão e prevenção de riscos. Planejar um projeto social onde ao passo que incluísse socialmente os moradores durante a obra dos parques e linhas de transmissão também pudesse atentá-los para o desenvolvimento e continuidade pós construção do empreendimento foi um desafio de desmistificar que a região, uma vez com os parques concluídos, não teria algum respaldo social da empresa geradora de energia. A biblioteca tem o dever de proporcionar aos seus usuários o acesso à informação e isso deve ser entendido com uma ótica que transcenda a recuperação de um fascículo ou artigo científico. No caso de uma biblioteca comunitária que tem como público alvo crianças e jovens de extrema pobreza, esse espaço possui a responsabilidade de formar um leitor e sua criticidade; tornar viável a cultura da 2 Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Areas_de_Atuacao/Meio_Ambiente/>. Acesso em: 5 nov. 2014. 15 ciência e do conhecimento bem como estrutura-lo politicamente. Respaldando toda a didática fornecida pelo professor, a biblioteca está entre os recursos primordiais e imprescindíveis no que se refere a metodologia do saber e evolução do pensamento humano. As condições de cidadania estão amplamente ligadas ao estímulo da busca pelo aprendizado e a aplicação dos conhecimentos adquiridos na sociedade. Para tanto, a escola precisa romper as características de obrigatoriedade tão somente. É preciso desconstruir a visão das instituições de ensino como um passo necessário para o alcance de um certificado/diploma. É de suma importância que a escola assuma o compromisso de formar (além de estudantes/graduados) cidadãos. Nesse contexto, surge a responsabilidade da biblioteca e do profissional bibliotecário abraçar essa causa: a continuidade do ensino e da busca pela informação como responsáveis pela cidadania e desenvolvimento social. Pensando em especificar essa necessidade: No exercício da função da educação não-formal, por conseguinte, a biblioteca vai além dos limites de apoio à escola, quando estimula essa clientela, ou seja, o educando, a uma frequente e permanente busca do conhecimento, mesmo não havendo mais qualquer vínculo com a escola. Esse incentivo denomina-se, assim, educação permanente ou continuada. (ARAÚJO, 1985, p. 4). No sentido de estimular a educação continuada/permanente e tendo a Implantação da Biblioteca Comunitária Mar e Terra gerado referencial da prática do bibliotecário em ambiente coorporativo na elaboração de projetos de responsabilização social, o objetivo geral do presente trabalho é apresentar o papel do bibliotecário como agente socializador no processo de implementação de bibliotecas comunitárias. Os objetivos específicos estão pautados em: Descrever a importância das unidades informacionais nas áreas de influência dos parques eólicos do Rio Grande do Norte e seu compromisso na diminuição da ociosidade na escola. Apresentar a missão do bibliotecário em ação social; Discorrer sobre o papel da biblioteca comunitária como fator de inclusão digital e erradicação do trabalho infantil nessa região. 16 Evidenciar a promoção do acesso às informações necessárias acerca dos Parques Eólicos para incentivar o diálogo entre líderes comunitários e empreendedores. Em caráter metodológico, notadamente, trata-se de um estudo descritivo que busca minuciar a prática do bibliotecário em um projeto já apresentado no mercado da consultoria ambiental. O trabalho percorre o processo de implantação da biblioteca comunitária e a influência do bibliotecário na execução de atividades sociais vislumbrando o capítulo 2 que, por sua vez, expõe os procedimentos metodológicos utilizados para a descrição do estudo, os capítulos 3 e 3.1, trazendo os principais conceitos que regem as atribuições, ética, missão e eventos históricos que circundam o universo do bibliotecário ao longo de sua formação, seguido pelo capítulo 4 e 5 que explicam, respectivamente, a atuação social do bibliotecário como agente multiplicador e socializador em realidades econômicas escassas, bem como a importância da biblioteca comunitária na execução de ações sociais que promovam igualdade social e incluam as comunidades na produção do conhecimento e diminuição de problemas enfrentados pelas classes menos favorecidas. O capítulo 6 descreve a implantação da Biblioteca Comunitária Mar e Terra e as ações instituídas pelo bibliotecário no ambiente da biblioteca como promoção da inclusão social. No capítulo 7, é discutido o cumprimento dos objetivos gerais e específicos, bem como a receptividade da comunidade com a biblioteca implantada. 17 2 PRODECIMENTOS METODOLÓGICOS Os procedimentos responsabilidade de metodológicos em uma pesquisa assumem a captação das características e métodos utilizados no andamento do estudo desenvolvido. A metodologia está presente em todas as etapas de um trabalho científico, desde a delimitação do tema, formulação do problema, determinação de objetivos e a fundamentação teórica. Essas etapas compõem a investigação do trabalho científico. Gil (2008, p. 2) define o objetivo da ciência como sendo distinta por fazer uso da metodologia: A ciência tem como objetivo fundamental chegar à veracidade dos fatos. Neste sentido, não se distingue de outras formas de conhecimento. O que torna, porém, o conhecimento científico distinto dos demais é que tem como característica fundamental a sua verificabilidade. Para que um conhecimento possa ser considerado científico, torna-se necessário identificar as operações mentais e técnicas que possibilitam a sua verificação. Ou, em outras palavras, determinar o método que possibilitou chegar a esse conhecimento. (GIL, 2008, p. 2). É importante ressaltar, também, que toda metodologia parte a princípio da necessidade de uma pesquisa, Cruz e Ribeiro (2004, p. 17) definem a ação da pesquisa como a intenção de “buscar compreender a forma como se processam os fenômenos observáveis, descrevendo sua estrutura e funcionamento”. É sabido que o ato de compreensão e percepção é inerente ao ser humano, diz-se que são as perguntas que movem o mundo, não as respostas, deste modo, somos levados a acreditar que a busca pelo conhecimento e a ação da pesquisa nos fornece a oportunidade de evolução. Mas, para tanto, toda pesquisa deve ser regida por princípios normativos que possa caracterizar e configurar o estudo a partir do modo com que ele está sendo investigado e registrado ao mesmo passo que se crie etapas e processos na administração de informações. Sob essa lógica, Michel (2009) explica que as pesquisas podem ser classificadas quanto aos meios e quanto aos fins. E por uma questão prática, esses critérios são aplicados no presente estudo. Assim, no que se refere aos meios que é “quando o seu propósito for identificar, mostrar a forma de atuação do pesquisador, o modo de caminhar do trabalho” (MICHEL, 2009, p. 40), a pesquisa é de cunho 18 bibliográfico, que se utilizou de fontes primárias e secundárias para composição do referencial teórico, no sentido de dar embasamento ao corpo do texto. As fontes utilizadas, foram livros, sites de organizações, artigos publicados em periódicos científicos e recuperados por bases de dados referenciais, como por exemplo a Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (Brapci)3. A pesquisa é exploratória, uma vez que busca levantar informações e dados sobre algo pouco explorado “delimitando assim um campo de trabalho, mapeando as condições de manifestação desse objeto.” (SEVERINO, 2007, p. 123). Procurando proporcionar uma familiaridade com o problema da pesquisa, facilitando o tratamento dos dados. Quanto aos fins, que está atrelada a forma “utilizada para obtenção de resultados” (MICHEL, 2009, p. 43) e levando em consideração aos objetivos do trabalho, a pesquisa é descritiva, que possui característica de descrever o fenômeno estudado. A pesquisa descritiva se propõe a verificar e explicar problemas, fatos ou fenômenos da vida real, com a precisão possível, observando e fazendo relações, conexões, à luz da influência que o ambiente exerce sobre eles. Não interfere no ambiente; seu objetivo é explicar os fenômenos, relacionando-os com o ambiente. Trata, em geral, de levantamento das características de uma população, um fenômeno, um fato, ou o estabelecimento de relações entre variáveis controladas. (MICHEL, 2009, p. 44) Nesse sentido, o fenômeno descrito aqui e objeto de estudo é a Biblioteca Comunitária Mar e Terra, o propósito é descrever como foi implantada, os objetivos que levaram a sua implementação, levando em consideração a constituição do acervo, dos recursos humanos, e a prática bibliotecária, como pode ser visto no tópico 6. Nas palavras da Michel (2009, p. 45) a pesquisa descritiva “procura conhecer e comparar as várias situações que envolvem o comportamento humano, individual ou em grupos sociais ou organizacionais, nos seus aspectos sociais, econômico, cultural, etc.”. Essa afirmação embasa cada vez mais, o presente estudo. Do ponto de vista da abordagem do problema, a pesquisa é qualitativa. Que parte do princípio, que existe uma relação dinâmica entre o pesquisador e o 3 Disponível em: < http://www.brapci.ufpr.br/>. Acesso em: 10 ago. 2014. 19 objeto de estudo (MICHEL, 2009) para obtenção dos dados, não podendo ser traduzido apenas em números. O pesquisador além de participar da ação, ele é o principal autor para a interpretação e compreensão dos fatos. O ambiente da pesquisa é caracterizado no Centro de Convivência da Família – CECOF, onde aconteceu a implantação da Biblioteca Comunitária Mar e Terra e todas as ações sociais, reuniões comunitárias e oficinas da equipe Bioconsultants com o projeto de responsabilidade social da MS Renováveis. 20 3 PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO: O BIBLIOTECÁRIO A estirpe do bibliotecário está fundamentada em um período que sucede a revolução industrial, a história nos mostra que esse profissional, no início, surge mais como alguém dotado de cultura do que alguém capaz de tratar a informação propriamente dita. Isto é, um conhecedor de livros e ainda estava longe de efetuar suas técnicas para mostrar a que veio. A chegada da imprensa e a explosão informacional teve papel fundamental para que o bibliotecário tomasse para si a responsabilidade de assumir o pleito da organização informacional no mundo. A formação acadêmica chegou muito depois com a necessidade de padronizar e difundir a técnica profissional apreendida. Nesse sentido, Carvalho (2002) mostra que “com as mudanças cada vez mais aceleradas, as sucessivas discussões sobre o perfil desse profissional explicam algumas reformas curriculares que ocorreram no país, desde a década de 70 até a década de 90, em busca de um perfil mais condizente com a necessidade do mercado”. Mas, como singularizar o bibliotecário? Quem são e qual a representatividade dessa classe no mercado? Está a cargo do bibliotecário a organização informacional, seja ela em suportes físicos ou digitais, bem como o papel socializador e a gerência de unidades informacionais, centros de dados e/ou arquivos. Obviamente, por se tratar de uma área multidisciplinar, podemos dizer que essas são as três aptidões mais aplicadas, porém, as novas tecnologias vem adaptando esse profissional a nova realidade pós moderna, Silva e Ribeiro (2004, p. 2) explicam: Os tempos atuais são, pois, de crise e de mudança e a diversidade dos perfis profissionais e dos modelos formativos é um sinal inequívoco do sincretismo do paradigma dominante. A literatura sobre a mudança que está em curso, no que toca às competências e ao perfil do profissional da informação, é abundante e os estudos relativos à formação requerida para o exercício da profissão, em todas as suas múltiplas vertentes, são também em número significativo, o que traduz a preocupação em adaptar o ensino aos novos desafios postos pela tecnologia, ou como é já vulgar dizer-se, resultantes da Sociedade da Informação. De um modo geral, as associações profissionais ou as instituições responsáveis pela formação têm procurado, de há alguns anos a esta parte, organizar debates de variado tipo sobre a questão dos perfis e das competências profissionais e a tónica dominante é a de se reconhecer a inevitabilidade da mudança e a necessidade imperiosa de renovar a formação. (SILVA; RIBEIRO, 2004, p. 2) 21 O bibliotecário, no entanto, está talvez, entre as profissões mais estereotipadas do mercado de trabalho. A frente da gestão de unidades informacionais tradicionais, muitas vezes, o usuário enxerga esse profissional como um mero encarregado pela guarda das obras dispostas no acervo. No entanto, essa visão passa a ser desconstruída com a efetividade dos serviços prestados e versatilidade do bibliotecário disposto a fazer valer o seu ofício e a ciência pela qual o transformou detentor de um conhecimento específico e primordial para a geração atual do conhecimento e industrial: a organização da informação. A partir da Explosão Informacional - evento histórico precedido pelo advento da imprensa de Gutenberg que teve sua ascensão no século XVI, a seleção de informações tornava-se cada vez mais exaustiva, isto é, a imprensa trouxe um fluxo antes nunca visto. Em consequência disso, o bibliotecário passou a ganhar evidência no cenário histórico e mercadológico das profissões que precisaram criar medidas e métodos para acompanhar o avanço da expansão informacional: A multiplicação dos livros criou imediatamente um problema para um grupo profissional, o dos bibliotecários, embora seja óbvio que eles se tornaram ainda mais indispensáveis [...] A existência de livros impressos facilitou mais do que nunca a tarefa de encontrar informações - desde que antes se encontrasse o livro certo. Para isso, foi preciso compilar catálogos para grandes bibliotecas, particulares ou públicas. (BURKE, 2002). Apesar de Peter Burke associar a invenção de Gutenberg a um problema para a profissão, não se pode negar que a valorização do bibliotecário teve o seu estopim nesse momento da história. Os problemas de acesso e compilação nortearam os profissionais da época a designarem esforços para melhorias dos métodos e criação de novas técnicas para a organização da informação. Entre as dificuldades elencadas por Burke nos primórdios da Europa moderna, encontra-se o acesso; a medida encontrada pelos bibliotecários naquele contexto foram as bibliografias: Existia o problema do acesso. Como poderiam os leitores descobrir que livros estavam disponíveis numa determinada biblioteca? Como particularmente poderiam os leitores de outras cidades ou países saber que valeria a pena empreender uma viagem para uma determinada biblioteca em busca de um determinado livro? Imprimiram-se alguns catálogos, como o da Bodleian Library de Oxford do início do século XVII. Uma alternativa ao catálogo de 22 determinada biblioteca era uma bibliografia impressa, o catálogo de uma biblioteca ideal. (BURKE, 2002) Se a multiplicação de livros impressos trouxe a facilidade de encontrar a informação, mas, a dificuldade de selecionar o livro correto, era preciso desenvolver um termo que ampliasse a técnica do bibliotecário e a manutenção do seu ofício sobre o mercado, a informação poderia se tornar obsoleta, contudo, os métodos para recuperá-la devia evoluir ao passo da produção literária. Pensando nisso, fou cunhado o termo “recuperação da informação” para estabelecer parâmetros na busca. Considerando o problema da informação conforme definido, isto é, a explosão informacional, a recuperação da informação tornou-se uma solução bem sucedida encontrada pela Ciência da Informação e em processo de desenvolvimento até hoje. Como toda solução suscita seus próprios e específicos problemas, assim também a recuperação da informação e esses problemas estão contidos na concepção proposta por MOOERS: Como descrever intelectualmente a informação? Como especificar intelectualmente a busca? Que sistemas, técnicas ou máquinas devem ser empregados? Embora tenham surgido outros problemas, mais específicos, esses três continuam fundamentais ainda hoje. (SARACEVIC, 1996, p. 44) É sabido que a técnica por si só não forma um profissional, a erudição de um profissional é entendida a partir de sua titulação em defesa de uma ciência. A Ciência da Informação tem origem, segundo Le Coadic (1994), anglo-saxônica e nasceu da Biblioteconomia, tomando como objeto de estudo a informação fornecida pelas bibliotecas, fossem elas públicas, universitárias, especializadas ou centros de documentação A proeminência do profissional bibliotecário está ligada a imprensa de Gutenberg, no século XVI, porém, os registros que apresentam a formação do bibliotecário como ciência teve início no século XIX: A formação do bibliotecário esteve sempre polarizada entre a erudição e a técnica. A orientação erudita é a mais antiga e teve como pioneira a École Nationale des Chartes, fundada em Paris, em 1821. Mais de meio século depois, em 1887, surge nos Estados Unidos uma escola com orientação técnica: a School of Library Economy, fundada por Melvil Dewey na Columbia University New York, e que durou até 1992. (FONSECA, 2007, p. 97) 23 A história dos bibliotecários no Brasil se estabelece um século após a fundação das escolas de Paris. Segundo Almeida (2012, p. 12) a inauguração do primeiro curso de biblioteconomia no Brasil data de 1911, na Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro - apesar das aulas terem começado somente em 1915, com incentivos do diretor Manuel Cícero Peregrino da Silva e sofria forte influência francesa (orientação humanística); em contraponto ao ensino da biblioteconomia em São Paulo que teve forte presença de Rubens Borba de Moraes, a quem se deve uma ótica mais técnica voltada aos processos de organização dos serviços de informação. Por existir duas tendências de ensino da biblioteconomia no país que divergiam (já que a atenção do currículo das escolas se posicionavam uma em favor da técnica e outra em favor do fator humano) foi preciso implementar um currículo mínimo que pudesse padronizar a forma de ensino da biblioteconomia no Brasil, no entanto, houve resistência das escolas de São Paulo ao aderir o sistema: A proposta do Conselho Federal de Educação (CFE) não atendeu às expectativas de todos. Segundo Macêdo (1963) o currículo mínimo não agradou a Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários (FEBAB) que consideravam o currículo mais voltado às necessidades da Biblioteca Nacional do que a realidade do resto do país, em especial, em relação as quantidades de disciplinas humanísticas. Já Lemos (1971) entendia que o currículo mínimo e a inclusão de disciplinas culturais poderiam proporcionar ao aluno de Biblioteconomia uma abertura cultural que até então não lhe era oferecida pelas matérias técnicas. (ALMEIDA, 2012, p. 17) A questão cultural que liga, no Brasil, as bibliotecas aos primeiros bibliotecários tem forte influência da religiosidade, em especial, do catolicismo, visto que os primeiros acervos foram criados na Bahia, com a chegada do clero. O processo de colonização do país envolvia a doutrinação dos indígenas com as crenças católicas. Todo o conhecimento era regido pela igreja e a criação/acesso das bibliotecas dependiam da permissão e iniciativa dos padres. Com a chegada dos livros e a criação de bibliotecas, fez-se necessária as atividades de um bibliotecário. No caso brasileiro, o pioneiro da função de bibliotecário foi o Kesuíta português Antônio Gonçalves que, em 1604, foi encarregado da Biblioteca do Colégio da Bahia. Uma biblioteca aberta, tanto para os alunos e padres como para qualquer pessoa que fizesse o pedido competente. (ALMEIDA, 2012, p. 27) 24 Adentrando no contexto cultural da história da biblioteconomia brasileira e possível observar que, não só no Brasil, mas, no restante do mundo, em tempos remotos onde a igreja detinha o poder sobre qualquer tipo de veiculação de informações, as bibliotecas não cumpriam o papel íntegro de inclusão ao acesso a toda e qualquer produção intelectual. Isso ocorria porque o clero não admitia que suas crenças fossem questionadas, o que feria o ofício do bibliotecário como mediador e promotor do acesso informacional. Se nos reportarmos aos dias atuais, a integridade de uma biblioteca, no que se refere ao acesso, está diretamente ligada a ética do bibliotecário no processo de aquisição e formação de coleções. A ideologia e crença do gestor de uma unidade informacional não deve inferir nenhum tipo de inclinação na composição do acervo, que deve responder as expectativas informacionais de todos os usuários, independente de raça, credo ou orientação sexual. Uma vez exposto o apanhado histórico e cultural, devemos refletir sobre a ética do bibliotecário, por estar entre as legislações que regem a profissão e ser de suma importância no processo de gestão de uma biblioteca. A ética deve ser entendida como a criticidade da nossa conduta, quando pensarmos em nossa comportamento como bibliotecários, é importante diagnosticar se estamos sendo éticos perante nossa posição e a de nossos semelhantes. Segundo explica Aranalde (2005, p. 347), é importante acrescentar que uma ética não diz respeito apenas aos próprios desejos e suas realizações, mas principalmente a esses desejos em confronto com outros desejos em um contexto compartilhado. Um bibliotecário para estar em conformidade com a ética perante o convívio com outros profissionais e usuários precisa se desprender de suas concepções acerca da vida e tornar imparcial o seu processo técnico, bem como, respeitar as relações sociais. Qualquer cultura é formada por um conjunto se sistemas simbólicos. Entre os sistemas simbólicos que permitem aos indivíduos que suas ações e sua própria existência adquiram sentido, temos as relações de trabalho, onde as profissões servem de meio para que os indivíduos se realizem como seres humanos e, consequentemente, como seres eminentemente sociais.(ARANALDE, 2005, p. 349) A questão ética e social estão ligadas a orientação humanística repassada pela escola francesa, tendo a formação do ensino da biblioteconomia brasileira sofrido forte influência sobre essa vertente, é possível afirmar que os profissionais 25 bibliotecários que tiveram essa metodologia empregada, a incluir também os profissionais formados em São Paulo a partir da implementação do currículo mínimo, puderam fundamentar a crítica e avaliar as funções e atividades que concernem a área frente o cenário social no âmbito das bibliotecas. Entender que a técnica e as ciências sociais estão amplamente em conjunto é um passo para o desenvolvimento da ciência de mãos dadas com a população, isso irá transcender a ótica positiva sobre a profissão e sua missão frente a sociedade. 3.1 A MISSÃO DO BIBLIOTECÁRIO Se observarmos a arquitetura organizacional de uma empresa, teremos alguns pontos que regem a estrutura e o perfil de atuação da mesma. Isto é, o âmbito de atuação mercadológica daquela instituição. As profissões partem do mesmo princípio, todas possuem um código de ética e a partir desse seguimento o profissional pauta a sua missão em conformidade com o que se deve ou não fazer para que seja definida a sua contribuição enquanto profissional para com a sociedade. Discorrer acerca da missão do bibliotecário nos transporta, em primeiro lugar, às 5 (cinco) leis de Ranganathan. Todo aluno ingressante do curso de biblioteconomia é apresentado a essas leis como uma doutrina a ser respeitada ao longo da graduação e do exercício profissional. As leis de Ranganathan estão, até os dias atuais, entre os direcionamentos mais citados e utilizados no que se refere aos parâmetros e prioridades que um profissional da biblioteconomia deve ter. Em sua obra “As cinco leis da biblioteconomia”, Ranganathan discorre desde a sua gênese como bibliotecário até as tendências que o levaram a elencar cinco premissas que descrevessem e conseguissem, em suma, sintetizar o fazer biblioteconômico. Assim, em uma conversa informal com o seu professor, figura a quem demonstrava admiração, Edward B. Ross, Ranganathan descreve o momento em que criou as leis da biblioteconomia: À tardinha, o professor Edward B. Ross fez-me sua costumeira visita diária A ele eu devia minha formação intelectual [...] Partilhei com ele minhas preocupações. Ele se preparava para montar a motocicleta. Seus olhos brilhavam, o que era sempre indício de que estava descobrindo alguma novidade, então, surgiu o sorriso característico 26 dessas ocasiões, e falou, “Você quer dizer, ‘os livros são para usar; você quer dizer que esta é a sua primeira lei [...] Os enunciados das outras leis surgiram automaticamente” (RANGANATHAN, 2009, p. 3) Ranganathan (2009, p. 3) relata que após 1925, quando teve de assumir a organização da Biblioteca de Madras, muitas inquietações o cercavam, uma vez que a publicidade da biblioteca era feita em grande escala e haviam 32 mil exemplares a serem classificados, recatalogados e entre outras atividades que precisavam ser corrigidas na unidade, o levou a indagações: “quais são os princípios normativos a que aludem as tendências que se observam nas práticas bibliotecárias e aludem às tendências futuras que atualmente ainda não são muito visíveis?”. A demanda de trabalho só aumentava em todos os aspectos na biblioteca, funcionários precisavam ser treinados e a aquisição de livros triplicava, essa realidade fez com fossem produzidos manuais administrativos, contudo, a necessidade por princípios normativos mostrava-se mais latente a cada novo serviço e as cinco leis da biblioteconomia, finalmente, foram incorporadas a nossa área, sendo elas: “os livros são para serem lidos”, “a cada leitor o seu livro”, “para cada livro o seu leitor”, “poupe o tempo do leitor” e, por fim, “a biblioteca é uma organização em crescimento”. Notadamente, as leis cumprem o objetivo inicial de Ranganathan o qual buscava instituir princípios normativos no processo administrativo e de gestão de uma biblioteca. Nelas estão expressos os pilares da ciência da informação: o livro, o leitor e a biblioteca. Em estudo sobre a representatividade das leis da biblioteconomia no cenário de atuação profissional, Campos (2013) acrescenta: 1ª Lei: Os Livros são para serem lidos. Nesta primeira lei, Ranganathan discute questões que irão envolver a democratização da informação, pois o que faz com que a instituição biblioteca exista é o fato do homem, ao desvendar o mundo, ao trocar experiências sobre suas descobertas e ao comunicar estas descobertas e avanços para possibilitar a transmissão de conhecimento, elabora registros, inscrições. Estes devem estar organizados, armazenados e preservados para propiciar a transmissão de conhecimento para a geração futura. (CAMPOS, 2013, p?). 2ª Lei: A cada leitor o seu livro. 27 Esta lei propicia a discussão do bibliotecário como educador, apresentando as diferenças sociais, políticas e econômicas do mundo em geral, discutindo o papel dos países dominadores e dominados, e como esses fatores influenciarão questões que envolvem o acesso à informação. (CAMPOS, 2013, p?). 3ª Lei: Para cada livro o seu leitor. Nesta terceira lei, Ranganathan apresenta o livro/documento como um veículo de comunicação/transporte que permite que um ou vários indivíduos apresentem as observações, descobertas e questionamentos sobre os fenômenos e ocorrência do mundo que o(s) cerca(m). Nesta perspectiva de autoria coexistem, também, leitores diferentes. (CAMPOS, 2013, p?). 4ª Lei: Poupe o tempo do leitor. O bibliotecário, além de ser um dinamizador, deve ser um agilizador de informação. A coleção deve ser organizada visando as possibilidades de recuperação. A partir desta lei, Ranganathan discute questões ligadas à organização/recuperação do acervo: métodos, técnicas e strumentos adequados que possam atender à necessidade dos usuários. (CAMPOS, 2013, p?). 5ª Lei: A biblioteca é uma organização em crescimento. A biblioteca é uma organização em crescimento, pois a produção de conhecimento é um ato contínuo e dinâmico do ser humano. Para que a instituição Biblioteca possa acompanhar esse crescimento, fazem-se necessários bibliotecários com postura mais dinâmica e criativa, pois novos assuntos surgem, bem como novos usuários com características diversas. Isto exige a todo momento, um repensar sobre as práticas e instrumentos utilizados e sobre as atividades realizadas. (CAMPOS, 2013, p?). Com esses apontamentos podemos concluir que o bibliotecário é levado a um movimento cíclico e dinâmico na organização de uma biblioteca que deve estar pautado entre o acesso, a recuperação correta dos livros e facilitação da busca após diagnosticar o perfil do pesquisador/usuário, considerar a menor incidência de tempo nos serviços de modo a não prejudicar o leitor e, por fim, entender que o fluxo 28 informacional deve ser entendido como contínuo e crescente, devendo ser tomadas medidas que colaborem para o desenvolvimento do acervo. As cinco leis da biblioteconomia, no entanto, nos deixam brechas em dois quesitos: o avanço tecnológico e a atuação do bibliotecário em um ambiente a parte da biblioteca. Ambas questões foram trazidas com o tempo para a ótica profissional como uma proposta de ampliação dos setores de atuação. É possível, hoje, desenvolvermos projetos e atividades como consultoria a grandes empresas sem que haja uma unidade informacional no processo, bem como, utilizarmos recursos que suspendam a presença de um livro ou leitor, caso seja o bibliotecário contratado para confrontar dados de uma planilha de prestação de contas entre 3 (anos) de atividade de um setor financeiro de uma instituição, por exemplo. A contemporaneidade tende a elevar o mercado de acordo com os avanços da indústria, as profissões ao mesmo passo, tendem a sofrer revoluções em seu ofício e percorrer fases que cobram maior versatilidade. Algo que não se pode questionar sobre o bibliotecário é o objeto de estudo/trabalho dessa classe: a informação. É, notadamente, instável os veículos aos quais a informação está disposta. Tendo a informação como produto, a agilidade com que os suportes se modificam gera para o profissional a necessidade de qualificação. E qual seria a missão do bibliotecário frente às mudanças? Relacionar a ciência, tecnologia, ética e sociedade harmoniosamente. Isto é, padronizar o ofício da profissão destacando o todo, pois, trata-se de uma cadeia onde todos os integrantes são de igual importância Vimos anteriormente, no tópico “Profissional da informação: o bibliotecário”, que Burke (2002) enxergou algumas dificuldades na explosão da informação, mudanças que afetaram a sociedade diretamente. A chamada liberdade da imprensa colocou em cheque o domínio da igreja sobre a regulamentação da informação. A partir desse contexto, voltamos a primeira lei de Ranganathan: Livros são para serem lidos. O bibliotecário acompanha todo o processo de civilização da sociedade e desde o princípio criou métodos para garantir o acesso às informações, garantir, em modo geral, a evolução da ciência e sociedade. Levando em consideração o raciocínio histórico da profissão é importante, para Fonseca (2007 apud ORTEGA Y GASSET, 1883-1955) “identificar na missão profissional do bibliotecário três momentos históricos, cada um dos quais relacionados ao que ‘o livro significava como necessidade social’: o Renascimento, o 29 século XIX e a época contemporânea.” Ou seja, os períodos históricos marcam a evolução do papel, livro, imprensa e acesso; estando nos suportes informacionais o destaque para a missão do bibliotecário: disseminar a informação e torna-la acessível de modo a possibilitar a comunicação humana independente do suporte em que ela esteja inserida. Se a informação precisa ser disseminada e liga a humanidade ao patrimônio histórico mundial, deve o bibliotecário, também, ter como missão a preservação da memória. Muito se fala do passado e presente na missão do bibliotecário, isso fundamenta o ofício da classe, porém, vale destacar o futuro e contemplar os meios de fazer a missão do bibliotecário perpetuar ao longo dos anos, isto é, continuar proporcionando o acesso e união entre sociedade, tecnologia e ciência. O meio digital na atualidade se torna o principal recurso de acesso e comunicação da informação, isso faz com que o bibliotecário enfrente algumas dificuldades no cumprimento de sua missão como profissional e agente promotor da acessibilidade. Entre as dificuldades, destaca-se o livro digital, a integridade das informações e a inclusão social. Observando o primeiro ponto dessa discussão, o livro digital ou e-book, potencializou as discussões sobre a validade do fazer biblioteconômico, muitos profissionais se sentiram ameaçados com essa tecnologia, visto que esperava-se que os usuários dispensassem os serviços de uma biblioteca e a necessidade de um mediador no processo de busca pela informação, no entanto, esse pensamento foi logo desconstruído ao perceber que a partir do e-book e comunicação digital as informações ficaram cada vez menos confiáveis e íntegras. Coube ao bibliotecário assumir o papel de investigador analítico sobre essas informações e recuperar o item correto para o usuário. Sobre inclusão, o bibliotecário deve ser enxergado como um agente de transformação social, uma vez que precisa adequar os seus conhecimentos a realidade social em que a unidade informacional que gerencia esteja inserida. Maciel e Mendonça (2010, p. 4) afirma que “a formação de um profissional deve basear-se na criação de soluções para as áreas nas quais a profissão está inserida, na criação de produtos e serviços aplicáveis ao desenvolvimento da profissão.” A informação e o bibliotecário precisam ser entendidos como fatores de interação humana, não só como meros tecnicistas. 30 É necessário que haja mais reflexão sobre a profissão tendo em vista a atualização e capacitação dos profissionais, expandindo a área de atuação da profissão, fazendo com que a partir desse novo perfil possa haver maiores oportunidades, maiores aptidões, maiores competências compreendendo e sabendo fazer uso da informação e das tecnologias para o seu crescimento profissional e social .(MACIEL e MENDONÇA, 2010, p. 6) Configurar a missão de um profissional é uma tarefa difícil, porém, necessária. No entanto, é preciso partir do diagnóstico. Diagnosticar a missão do profissional requer investigar o contexto atual no qual se está inserido. Tendo isso feito, o compromisso frente a sociedade e público ao qual irá fazer parte do escopo de execução de atividades é melhor direcionado. Na atuação social, o bibliotecário deve se colocar como um agente integralizador, promovendo a igualdade a partir de iniciativas e rotinas da biblioteca. 31 4 ATUAÇÃO SOCIAL DO BIBLIOTECÁRIO Quando iniciamos a organização de um acervo estamos pensando apenas na disposição das estantes no espaço físico da biblioteca? Ao catalogar uma ficha ou direcionar um livro para uma classe temática específica, estamos pensando unicamente na posição do livro ou se haverá bibliocantos suficientes para comportar todos os itens na prateleira? Obviamente que não. A biblioteca é um organismo vivo onde todos os serviços irão resultar algum feedback para a solicitação/expectativa de um usuário. Do mesmo modo, todas as atribuições profissionais do bibliotecário correspondem a técnicas que visam suprir a necessidade de um pesquisador. Dá-se a essas características a importância do fator humano nas atividades desenvolvidas em uma biblioteca: satisfazer o público alvo. A importância da Biblioteconomia para quem dela se beneficia, em outras palavras, atividade biblioteconômica a qual é concretizada através da pessoa do bibliotecário, somente ganha importância e significação para seus beneficiários, quando estes sentem de modo concreto e imediato as suas manifestações, ou seja, os seus serviços. (NEVES, 1986, p. 23) Mas, vamos pensar além: poderia o bibliotecário ser um profissional apto a atuar em uma biblioteca e o seu serviço satisfazer a sociedade de um modo geral? Mudar estatísticas como o índice de desenvolvimento humano de uma cidade ou diminuir a ociosidade escolar de uma comunidade carente? Investigar o perfil do bibliotecário como agente socializador é elevar a nossa ótica de modo a transcender as estatísticas de consulta de uma determinada instituição, mas, o papel do bibliotecário em um contexto social complexo que possa promover melhorias externas significativas na vida das pessoas. A Biblioteconomia no Brasil caracteriza-se por estar relativamente desenvolvida nas áreas de bibliotecas universitárias e especializadas e bastante deficitária na área de bibliotecas públicas ou populares. Bibliotecários brasileiros necessitam optar por um trabalho mais ligado às necessidades cotidianas da população. A Biblioteconomia não é neutra ou simplesmente um conjunto de técnicas desvinculadas da sociedade em que ocorrem. É necessário aos bibliotecários brasileiros procurar caminhos para uma nova prática bibliotecária, que responda melhor às necessidades de um país subdesenvolvido. (VERGUEIRO, 1988, p. 207) 32 Os resultados expressos em uma estatística de consulta elevam uma instituição. No entanto, os resultados expressos concretamente em um contexto social, elevam a humanidade. O objetivo do bibliotecário, no atual cenário de exclusão que ainda persiste em pequenas comunidades ou bairros carentes de grandes metrópoles deve estar pautado sobre a interação do usuário com a informação como um facilitador inclusivo. Países subdesenvolvidos como o Brasil precisam de profissionais mais humanizados, dispostos a um compromisso ético e moral para o desenvolvimento e igualdade social. A modernização da ciência e das profissionais não podem esquecer a esfera da população que ainda não tem condições socioeconômicas de interagir com o restante do mundo em pé de igualdade evolutiva. É evidente que o domínio de técnicas documentais é imprescindível ao bibliotecário. Da mesma forma, é impossível negar a necessidade de otimização dos sistemas informacionais através da utilização de novas tecnologias. Quanto a isso, não há o que refutar. O que se deve colocar em dúvida, isto sim, é se essa evolução tecnológica nas áreas de documentação e Ciência da Informação está realmente ocorrendo em benefício da população como um todo, e não, apenas de uma minoria privilegiada. O que se pode perguntar é até que ponto os bibliotecários estão contribuindo para integrar à sociedade como cidadãos, aquelas parcelas da população desprovidas das condições mínimas para uma participação social digna. (VERGUEIRO, 1988, p. 209) E o que seria participação social senão proporcionar condições igualitárias a todos em um contexto de convivência compartilhada? Sabemos que o Brasil possui divergências socioeconômicas alarmantes e exponenciais, é importante ressaltar que todas as classes profissionais precisam estar cientes de que o serviço e aprendizado científico necessita alcançar toda a sociedade, sem exceção. Estar, de fato, a serviço da população requer conscientização por parte da academia a instruir os egressos para a atenção social. A biblioteca a serviço da sociedade deve ter papel na formação e caracterização de pessoas mais cidadãs e inclusas no sistema educacional. A educação reflete em todos os sentidos no desenvolvimento do país. Pessoas educadas estimam um futuro melhor no que concerne a evolução econômica e qualidade de vida. O bibliotecário como sendo o mediador da informação no processo educativo, deve aplicar seus conhecimentos e julgar imprescindível implementar 33 políticas de inclusão social. Pensar em resultados que possibilitem melhorias e minimizem problemas que atrasam e diminuem as chances de crescimento intelectual. É possível desenvolver projetos e programas no âmbito da biblioteca que possuam caráter inclusivo e informativo. A informação como objeto de trabalho do bibliotecário passou a agregar valor de consumo, entender que países subdesenvolvidos excluem dessa esfera econômica boa parte da população, é dar a oportunidade ao bibliotecário de agregar valores que possam ser alcançados e disseminados sem restrições de classe, raça, orientação sexual ou crença. Essa realidade só é possível com o desenvolvimento de práticas sociais ao longo de sua atuação e, principalmente, com a valorização da biblioteca comunitária. 34 5 BIBLIOTECA COMUNITÁRIA Quando ouvimos o termo “biblioteca comunitária”, logicamente, pensamos em uma comunidade e pessoas que residem na região gerindo de forma colaborativa. Muito dificilmente é levado em consideração, em um primeiro momento, que existe um profissional capacitado e apto a desenvolver políticas que regulamentem o uso e administrem a estrutura organizacional dessa biblioteca. Contudo, na literatura da ciência da informação, é possível observar que a biblioteca como instituição pode servir a diversos públicos e, assim como uma representação temática empreende classes por tema/área, seguindo o mesmo raciocínio, a biblioteca se ramifica em vários segmentos para responder as expectativas do público, seja ela uma biblioteca universitária, escolar, especializada, pública, privada ou comunitária. É imprescindível distinguir a biblioteca comunitária das demais configurações de bibliotecas partindo do princípio de que sua formação tem interesse comum a todos que a utilizam e não por parte de quem a gerencia, por exemplo: [...] a biblioteca comunitária, quando considerada território de memória, atua como um sujeito ativo que desempenha um papel fundamental como espaço ideal de leitura, educação, organização social, cidadania, desenvolvimento sustentável, transferência da informação, linguística/dialogismo etc., e não como um organismo voltado aos interesses exclusivos de quem a dirige. Porque se ela for apenas um espaço fechado, deixa de ser uma biblioteca comunitária e as suas funções tornam-se as de uma biblioteca privada cujo dono (mesmo que a gestão seja compartilhada com outras pessoas) a gere de acordo com os seus interesses pessoais e/ou do grupo ao qual pertence. (2010, p. 145) A produção do conhecimento, hoje, está muito ligada ao contexto acadêmico. A ciência, embora nos inclua no reduto erudito da sociedade, ao passo que promove a discussão tecnológica e social na especificidade de suas áreas, exclui uma fatia da população que não tem acesso a essas informações. É preciso repensar o sentido da biblioteca comunitária como uma instituição inclusiva e promotora na comunicação do conhecimento, isto é, levar a comunidade na qual está inserida, o que está acontecendo em outras realidades sociais e científicas, de modo a proporcionar condições igualitárias no ingresso à sociedade da informação e produção científica. Prado (2010, p. 145) aponta: 35 As bibliotecas comunitárias existentes no Brasil que atuam como território de memória são espaços abertos à participação democrática de todos, e o livro e a leitura, além de ter a função do prazer dos seus usuários, são usados, sobretudo, como suportes informacionais voltados à libertação da mente humana. Neste sentido, elas são de extrema importância porque estão criando as condições essenciais para trazer segmentos sociais que estão fora do processo produtivo moderno a se integrarem nas discussões sobre o que eles representam no processo das mudanças sociais no contexto da sociedade da informação no país. (PRADO, 2010, p. 145) Seguindo o raciocínio do papel inclusivo e integrador da biblioteca comunitária, chama-se de “comunidade” no Brasil, áreas mais afastadas dos grandes centros e menos desenvolvidas, nesse sentido, é possível afirmar que a cultura instaurada nessas localidades não tem como prioridade o ingresso de alunos no ensino superior, mas, a inserção dos jovens no mercado de trabalho. Para reinventar a realidade social das comunidades carentes do Brasil, pode a biblioteca comunitária ser o primeiro passo para se tornar o agente multiplicador da leitura e incentivo para a educação continuada, uma vez que oferece recursos e condições privilegiadas para a escolha e aplicabilidade da didática no ensino, nesse sentido é possível afirmar que: [...] o trabalho de despertar, de desenvolver e de sedimentar o gosto pela leitura de forma recreativa, interpretativa e informativa é feito pelas bibliotecas e oferece uma estrutura de educação informal cujos resultados são altamente produtivos para o sistema de ensino formal, oferecido em sala de aula em todos os níveis de aprendizagem. Os reflexos desse trabalho interferem na formação do cidadão bem informado para integrar-se ou influir na transformação da futura sociedade na qual ele será inserido. (FREITAS et al, 1986, p. 26) Uma sociedade que sabe integrar todas as tipologias de aglomerações populacionais é pautada no respeito e tolerância, dessa maneira, o conhecimento é o grande aliado para que se formem cidadãos mais dignos e eloquentes no convívio social. A leitura tem o forte papel de desenvolver a sensibilidade, criatividade e eliminação do preconceito. 36 6 ANÁLISE DE DADOS: O BIBLIOTECÁRIO E A IMPLANTAÇÃO DA BIBLIOTECA COMUNITÁRIA MAR E TERRA O universo desta pesquisa tem como objeto apresentar a importância do profissional bibliotecário como agente social nas áreas de influência indireta dos parques eólicos no Rio Grande do Norte, referenciando a implantação da Biblioteca Comunitária Mar e Terra. Desde a proposta do projeto social ao qual intitula-se “Ler Para Aprender”, a comunidade de Ponta do Mel, distrito do município de Areia Branca/RN foi o local elencado para a implantação do projeto, por se tratar de uma comunidade com realidade socioeconômica subdesenvolvida e em detrimento de alguns problemas sociais evidentes, tais como trabalho infantil, ociosidade escolar e desistência de alunos do ensino básico. Com 4.550 habitantes, foi preciso mensurar um público e buscar um local para sediar o espaço que comportaria a Biblioteca Comunitária Mar e Terra e outro projeto que acontecia comumente que seria a implantação de um espaço digital. A prefeitura de Areia Branca possui em sua Secretaria de Ação Social um programa de integração familiar denominado Centro de Convivência da Família – CECOF. Existe a sede localizada no município e uma unidade na comunidade Ponta do Mel que possui 140 beneficiados com o programa. O CECOF busca promover a integração de crianças e adolescentes com suas famílias e com o ambiente escolar. A região, por se tratar de um litoral possui forte tendência para alguns problemas sociais, já vislumbrados anteriormente: ociosidade escolar, trabalho infantil e, em alguns casos mais graves, prostituição. Existe uma equipe que coordena oficinas de música, leitura, capoeira, entre outras atividades com o intuito de combater diretamente esses problemas. No entanto, a equipe que coordena o programa, composta por três pedagogas e colaboradores, alega dificuldades na manutenção e desenvolvimento das oficinas por não possuírem recursos que garantam meios de manter o público assíduo. Os desligamentos e a ausência das crianças bem como o envolvimento da família estavam acontecendo cada vez mais com precariedade, o que ameaçou muitas vezes o fechamento do programa da unidade, uma vez que o orçamento da prefeitura é bastante escasso e não conseguia suprir de maneira satisfatória o programa na comunidade. Para realização do projeto de implantação da Biblioteca Comunitária Mar e Terra foi preciso estudar o espaço do CECOF em Ponta do Mel e o interesse da 37 prefeitura em manter a biblioteca funcionando após a organização da mesma. É importante ressaltar que a MS Renováveis possuía em seu escopo contratar uma consultoria que desenvolvesse o projeto e o executasse, porém, a manutenção e responsabilidade do acervo após o processo de estruturação do espaço e organização ficaria a cargo da prefeitura. Seria o projeto, pois, viabilizar a criação da biblioteca. Uma vez entregue, a prefeitura passaria a se responsabilizar por todo o patrimônio doado, bem como a organização e manutenção de todo material. A Bioconsultants, consultoria ambiental responsável pela execução do projeto foi contratada para a mobilização e logística de todo o processo de implantação,: contratação de pessoal especializado, aquisição do acervo, recursos tecnológicos e construção do espaço para a biblioteca na unidade do CECOF em Ponta do Mel. A informação como alicerce da cultura e continuação do aprendizado deve ser disseminada em suportes acessíveis, bem como, estar presente na promoção do conhecimento coletivo e/ou individual. É sabido que a geração de leitores da atualidade está habituada ao uso de tecnologias pela facilidade na prospecção de saberes. No entanto, a conectividade dispõe de, na maioria das vezes, conteúdo com integridade semântica duvidosa e nos expõe a riscos, tais como: prejuízo intelectual e vícios de linguagem/escrita. O Livro ainda é a melhor maneira de obter cultura e empreender inteligência, desse modo, a inserção da leitura em um ambiente especialmente caracterizado para o perfil e usabilidade do seu público alvo pode promover a predileção e despertar o interesse de manusear livros e conhecer um mundo de possibilidades ao alcance de uma página. A Biblioteca é um espaço fomentador e se configura como principal aliada a métodos pedagógicos que inferem altruísmo aos leitores. A partir da contratação da Bioconsultants para o desenvolvimento do Projeto Social da MS Renováveis (empreendedora responsável pela implantação dos parques eólicos e comercialização de energia limpa), foi mobilizada uma equipe composta por uma graduanda em biblioteconomia, uma pedagoga e uma assistente social. A primeira atividade que precisou ser executada na viabilização da biblioteca foi a escolha do local para abrigar o acervo. A região de Ponta do Mel por ser litorânea configura-se úmida na maioria das casas. O CECOF, felizmente, está situado em uma área que não sofre influência externa da maresia. A segunda atividade correlata ao processo de implantação da biblioteca foi a definição de público alvo. Dos 140 beneficiados pelo CECOF, 130 eram crianças e 38 jovens da rede de ensino municipal que possuíam um turno destinado às oficinas do Centro. Tínhamos, então, um público alvo bem definido para a formação de coleções que iria compor o acervo da biblioteca. Toda a implantação foi supervisionada por auditores da MS Renováveis. Por ser a Biblioteca Comunitária Mar e Terra parte integrante obrigatória e conclusiva de um financiamento do BNDES, toda a aquisição de material teria de ser realizada por meio de compra. Para o acervo, foram escolhidos 900 exemplares, dos quais eram classificados em: clássicos da literatura, livros paradidáticos e livros didáticos. Os exemplares eram infantis e infanto-juvenis. A aquisição de material foi composta por: 900 livros 25 DVD’s 2 mesas 3 estantes 15 bibliocantos 9 cadeiras 1 TV LCD 32 poleadas 1 aparelho Blu-Ray 1 computador 1 impressora 1 mesa para computador 1 ar-condicionado Split Viabilizar uma biblioteca em área de influência indireta dos parques eólicos na região de Ponta do Mel surgiu como uma oportunidade inclusiva. Muitos moradores são contratados para trabalhar nas obras do parque, porém, o processo de implantação de um parque eólico dura cerca de 3 anos. Após isso, o parque será operado para gerar energia e as obras são encerradas. No processo de implantação dos parques eólicos, programas sociais são desenvolvidos para o licenciamento ambiental. Na execução desses programas notou-se a inquietação dos moradores quanto a prestação de serviços dos empreendedores à comunidade após o encerramento das obras. Muitos questionavam os reais benefícios da energia eólica para a comunidade: ora, se as obras chegassem ao fim após um período, 39 obviamente a geração de emprego nesse seguimento não teria mais efetividade para a população. Foi preciso desenvolver um pensamento na população que os fizessem enxergar os benefícios da energia eólica além do emprego temporário das obras. A Biblioteca Comunitária Mar e Terra teria o dever social de integrar a família e levar conhecimento àquelas pessoas. Isto é, gerar conforto ao desenvolvimento coletivo da região, promover a informação como aliada no processo educativo das crianças e jovens que iriam desenvolver-se com maior aptidão no futuro. Espera-se da educação promovida e acrescentada de leitura a ambição por mais conhecimento. Se o dever da biblioteca estaria na integração familiar e a diminuição da ociosidade na escola e trabalho infantil, porque não ressaltar a importância desse espaço caracterizado como a abertura da ótica comunitária para as oportunidades, inclusive, de capacitação profissional? O público alvo da biblioteca composto por integrantes familiares dos trabalhadores das obras dos parques eólicos seriam naturalmente incumbidos em levar informações sobre a importância de capacitar-se para o mercado e promover atividades geradoras de renda. Nesse sentido, notadamente, o bibliotecário demonstra o seu fazer profissional e sua importância na ação social de implementação de uma biblioteca comunitária pois, o desenvolvimento de coleções pode promover a aptidão dos usuários em uma área do conhecimento específica. Pensando nisso, a aquisição de itens para o acervo teve o cuidado de selecionar livros que traziam informações acerca da energia eólica e seus benefícios, bem como a importância da capacitação profissional para o desenvolvimento humano. Fica explícita a ação do bibliotecário cumprindo em essência o papel socializador e a mediação do conhecimento por desmistificar o pensamento da população acerca da principal área de desenvolvimento mercadológica regional bem como incentivar os moradores a acrescer-se de mais conhecimento e incluir-se de maneira mais efetiva na concentração de capital da comunidade, gerando mais desenvolvimento e aptidões na área ambiental. O CECOF tem relação direta com a rede de ensino municipal. A equipe do centro acompanha o desenvolvimento escolar dos alunos e inscritos no programa para que a atenção do público esteja sempre equilibrada entre o dever e cumprimento da permanência na escola e o desenvolvimento cultural proposto pelas oficinas de esporte e lazer desenvolvidas na unidade de Ponta do Mel. Contudo, a 40 deficiência orçamentária da prefeitura de Areia Branca nos programas sociais resultou na ociosidade do público beneficiado, uma vez que não haviam recursos suficientemente satisfatórios para a realização das oficinas. A equipe pedagógica sentia a falta de interesse das crianças e jovens pelas atividades e estavam perdendo espaço no cenário social. A Biblioteca Comunitária Mar e Terra dotada de um acervo didático e paradidático bem como, por multimeios viria a acrescentar maior interesse da população pelo programa e recuperar o público, diminuindo o índice de desistência escolar e trabalho infantil, uma vez que os pedagogos teriam materiais e possibilidade de desenvolver oficinas melhor elaboradas com os recursos da biblioteca e espaço digital. A inclusão dos beneficiados do CECOF a partir do espaço digital composto por 8 computadores, datashow e impressoras promoveria comumente a biblioteca a integração das oficinas de leitura e desenvolvimento em ambiente digital. A equipe pedagógica do CECOF e a Bioconsultants desenvolveram oficinas e cursos de informática no centro, bem como a comunicação entre biblioteca e espaço digital nas oficinas de música e dança. A execução de atividades empreendidas no CECOF objetivou capacitar os agentes multiplicadores de modo a promover aptidão técnica e administrativa da estrutura viabilizada pelo Projeto, bem como apresentar a biblioteca como um espaço propício não somente para a apreensão de novos conhecimentos mas, também, como um espaço de lazer. De forma que cada leitor sinta-se livre para escolher o livro de acordo com o seu gosto/perfil literário respeitando, inclusive, o seu ritmo de leitura. Para promover a integração e capacitação dos pedagogos no manuseio do acervo, foram empreendidas palestras com o intuito de familiarizar a equipe da CECOF com o ambiente da biblioteca. Abaixo, seguem imagens da palestra de iniciação do complexo informacional composto pela Biblioteca Mar e Terra e Espaço Digital Bela Vista. 41 Figura 1: Oficina de integração entre os pedagogos e equipe multidisciplinar da Bioconsultants: “A biblioteca como espaço fomentador da cultura e promoção social”. Fonte: a autora. Figura 2: Professores da rede de ensino municipal e equipe pedagógica do CECOF sendo intruídos sobre a caracterização do acervo. Fonte: a autora. O papel do bibliotecário como agente multiplicador está presente no ofício de integração com a equipe pedagógica, é imprescindível que haja a comunicação de conhecimentos científicos na composição de atividades que integrem a grade curricular do aluno com os livros disponibilizados pela biblioteca. Deste modo, o bibliotecário pode promover oficinas que garantam a continuidade do serviço escolar 42 e interligue o conhecimento obtido em sala de aula às atividades cotidianas da biblioteca. A proposta de incluir o hábito da leitura na comunidade surgiu como solução para a ociosidade dos alunos que seriam acrescidos de imaginação, coordenação motora, aprendizagem e sentimento de comunhão pela estrutura e conteúdo implementados. Após a aquisição da mobília e acervo, a gerência de logística da Bioconsultants mobilizou a equipe multidisciplinar para a organização e implantação da Biblioteca Comunitária Mar e Terra. A catalogação dos livros foi feita a partir do software “BiblioFácil”, onde foram geradas as etiquetas e códigos de barra de todo o material (livros e dvd’s). O processo de catalogação e processamento técnico foi empreendido ainda na sede da Bioconsultants, no município de Natal, todo o acervo foi transportado até Ponta do Mel já etiquetado e trabalhado pela estudante de biblioteconomia. Contudo, a classificação foi desenvolvida juntamente a equipe pedagógica do CECOF. Em conversa com as pedagogas à frente do programa, foi acordado que os livros deveriam estar dispostos na estante de uma maneira que todos os colaboradores e usuários pudessem entender a lógica de classificação e manter a biblioteca sempre organizada. O acervo foi organizado inicialmente com derivações temáticas tais como clássicos literários, literatura infantil, literatura infanto-juvenil (subdividida em romance, aventura e contos), poesia e livros didáticos. Abaixo, seguem imagens da organização do acervo. Figura 3: Separação das classes temáticas junto a equipe pedagógica do CECOF. Fonte: a autora. 43 Figura 4: Estudante de biblioteconomia exemplificando o processo de inserção e leitura das estantes. Fonte: a autora. Figura 5: Disposição do acervo nas estantes Fonte: a autora. No intuito de viabilizar um melhor aproveitamento da biblioteca, foram desenvolvidas ações de cunho informativo e lúdico junto aos usuários do espaço, bem como junto às equipes pedagógicas do CECOF e das escolas públicas da comunidade. A importância do bibliotecário, nessa ocasião, foi repassar para a equipe pedagógica que o acervo não deve ser inacessível a nenhum usuário, a biblioteca como fomentadora da inclusão social naquela região promoveria a 44 curiosidade e o despertar pela leitura dos alunos inscritos no CECOF mas, não deveria se indispor ao acesso de outros indivíduos. A solução para manter o controle seria implementar a política de empréstimo para os inscritos no programa mas, o acesso local a toda comunidade. A fim de atingir um público maior, as oficinas com os usuários foram realizadas em dois momentos: no período matutino e no período vespertino. Desse modo, contou-se com a participação dos usuários do CECOF dos dois turnos, uma vez que no período em que não estão nessa instituição, estão na escola. Os encontros tiveram início na área externa da biblioteca com realização de dinâmicas com objetivos distintos: apresentação, socialização e didática. De maneira lúdica, foi possível transmitir aos participantes a importância da leitura na vida de uma pessoa, esperando-se que o encontro tenha servido como incentivo para a formação de leitores assíduos. O bibliotecário na ação de desenvolvimento da oficina tem o dever de identificar os problemas enfrentados pela comunidade e realizar de maneira educativa e cotidiana maneiras das crianças e jovens compartilharem e se sentirem a vontade para confiar na equipe do programa social, assim, soluções são desenvolvidas. Para diagnosticar o comportamento dos alunos do CECOF foi empreendida uma oficina de contação de estórias compartilhadas onde, juntamente a equipe os alunos formariam uma situação com objetos sorteados em uma caixa. A composição da estória foi tomando um rumo que demonstrava a caracterização de violência por parte dos alunos, nesse sentido, foi diagnosticada a necessidade de palestras educativas com os pais e filhos para diminuir essa visão na comunidade e atrelar ideias de convivência íntegras baseada no respeito e tolerância. Abaixo, seguem imagens das oficinas lúdicas. 45 Figura 6: Apresentação da equipe às crianças e jovens inscritos no CECOF. Fonte: a autora. Figura 7: Apresentação da oficina “Biblioteca formando leitores, leitores formando estórias” Fonte: a autora. 46 Figura 8: Participação da equipe da Bioconsultants na oficina. Fonte: a autora. Figura 9: Alunos sorteando os objetos para dar continuidade a contação de estórias. Fonte: a autora. Após a realização das dinâmicas, os novos leitores foram direcionados à biblioteca tendo, portanto, o primeiro contato com o acervo composto por clássicos literários, livros infanto-juvenis e infantis. Nesse primeiro acesso aos livros, os 47 usuários receberam orientações sobre a localização de cada livro e como conserválos para prolongar a vida útil dos materiais e possibilitar o acesso as gerações futuras que passariam pelo CECOF. O bibliotecário estando a frente da conscientização de preservação e conservação dos livros tem a oportunidade de mostrar a eficiência da biblioteca no processo de aprendizagem e criar no leitor a característica de solidariedade com os outros usuários, identificando compromisso com a biblioteca de mantê-la sempre organizada e acessível a todos em pé de igualdade. Abaixo, imagens da inauguração da biblioteca e primeiro contato dos alunos com o acervo. Figura 10: Inauguração da Biblioteca Comunitária Mar e Terra. Fonte: a autora. 48 Figura 11: Biblioteca Comunitária Mar e Terra organizada e pronta para receber os alunos do CECOF. Fonte: a autora. Figura 12: Apresentação das classes temáticas aos alunos. Fonte: a autora. 49 Figura 13: Alunos escolhendo o primeiro livro para cadastro na biblioteca. Fonte: a autora. Figura 14: Antônio, 8 anos, primeiro usuário da Biblioteca Comunitária Mar e Terra. Fonte: a autora. Os profissionais de educação também receberam um treinamento (com confecção de certificados), aprendendo a utilizar e conservar o espaço da melhor maneira possível, sendo instruídos a promoverem ações que incentivem o hábito da leitura. O encontro propiciou um debate rico acerca dos novos paradigmas postos à 50 educação frente às transformações dos meios de comunicação, reiterando a importância dos livros nesse processo. Em todo o momento, a equipe da Bioconsultants preocupou-se em utilizar uma linguagem clara, de forma que todos os participantes pudessem entender as informações transmitidas, independente da idade ou grau de instrução. Após ser finalizada a implantação da biblioteca, a equipe multidisciplinar seguiu até a prefeitura de Areia Branca para a entrega de todos os ofícios do patrimônio instalado. Em conversa com a assistente social, foi promovido o debate sobre a importância de um bibliotecário a frente dos serviços da Biblioteca Comunitária Mar e Terra. Foi explicado, porém, pela secretaria de assistência social que os cargos no programa do CECOF eram comissionados e para provimento de um novo cargo seria preciso abrir solicitação aos recursos humanos da prefeitura, o que demandaria mais tempo. Nesse sentido, a biblioteca comunitária seguiria sob supervisão da equipe pedagógica e a população teria o papel fiscalizador sobre domínio e manutenção de todo o patrimônio. Contudo, criou-se o compromisso e a visão de que o profissional bibliotecário seria o agente especializado em manter a biblioteca disposta a atender as necessidades da população no que concerne ao acesso informacional e ações inclusivas no cenário socioeconômico da região. A criação da Biblioteca Comunitária Mar e Terra só foi possível ser realizada com a presença de uma concluinte do curso de biblioteconomia. A partir das técnicas apreendidas no curso de graduação, foi possível identificar as necessidades informacionais do público alvo a desenvolver uma coleção equiparada com o objetivo inicial do Projeto Social Ler para Aprender, que buscava confrontar os índices de problemas sociais característicos de comunidades que enfrentam a extrema pobreza. Desenvolver uma coleção pautada na inclusão social deve pôr em evidência as ciências sociais aplicadas, é importante que o bibliotecário responsável pela implantação de uma biblioteca comunitária entenda os déficits da região e promova uma mudança social a partir do conhecimento, mediando todo esse processo com a biblioteca e a disseminação informacional. Uma biblioteca comunitária deve estar a serviço da população, deste modo, precisa funcionar com senso de coletividade, promovendo cidadania e integração social. Só um bibliotecário sabe agir e tem além das aptidões técnicas a ética profissional de não inferir sua visão particular na composição, organização e políticas de um acervo. É importante lembrar que sendo o Brasil um país com 51 realidade socioeconômica subdesenvolvida, a esfera populacional em sua maioria está inserida em comunidades. Implementar a ótica e a efetividade do bibliotecário como agente socializador e capaz de promover ações que interfiram diretamente no âmbito interno e externo da biblioteca deve se tornar uma prioridade para a profissão. Na especificidade da Biblioteca Comunitária Mar e Terra, o foco esteve muito mais na inclusão social que essa unidade promoveria do que na preocupação em regulamentar políticas, regras ou, até mesmo, alguma privação de acesso. A comunidade Ponta do Mel, assim como qualquer outra nas condições de desenvolvimento social precárias, necessita de um olhar acolhedor que abrace as causas da população e empreenda confiança na biblioteca como uma parceria no movimento de evolução social. Com os itens especializados em energia eólica (documentários e livros), os usuários da biblioteca comunitária puderam ampliar a visão de benefícios da energia limpa. A educação ambiental precisa, nessas áreas de influência, ultrapassar o discurso. Os empreendedores dos parques eólicos do Rio Grande do Norte promoviam através de programas sociais oficinas de artesanato, palestras de prevenção de riscos e outros meios de se comunicar com a população, no entanto, os programas sociais são executados por consultorias ambientais, ou seja, não havia uma comunicação direta entre empreendedores e população indiretamente envolvida no processo de implantação dos parques eólicos e construção de linhas de transmissão. A biblioteca comunitária surge, também, nesse processo como um instrumento de sanar as dúvidas da população acerca das atividades dos parques e linhas bem como promover o diálogo das necessidades reais dos moradores frente a instalação dos empreendimentos na região. 52 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para desenvolvimento desse trabalho de conclusão de curso foi preciso contar com a colaboração de todos os funcionários da Bioconsultants envolvidos na implantação da Biblioteca Comunitária Mar e Terra. Desenvolver um trabalho pautado em uma experiência advinda de um estágio não obrigatório que, por sua vez, não possuiu supervisão de um bibliotecário formado, uma vez que a Bioconsultants não dispõe de um profissional da informação registrado, foi um grande desafio e, ao mesmo passo, uma confiança depositada por parte da gerência nos conhecimentos de uma concluinte do curso de Biblioteconomia. Embora estivesse apta para desenvolver as técnicas da área nunca houve a responsabilidade de gerir a implantação de uma biblioteca, elaboração de políti cas e desenvolvimento de ações sociais. A experiência de implantar uma biblioteca comunitária em áreas de influência indireta dos parques eólicos do Rio Grande do Norte pôde acrescer uma ótica de cidadania a todos os envolvidos, especialmente a equipe multidisciplinar responsável (composta por uma estudante de biblioteconomia, assistente social e pedagoga). As ciências da pedagogia e serviço social estão habituadas a lidar diretamente com pessoas no que se refere às dificuldades humanas, isso pode envolver déficits que variam desde traumas psicológicos à realidade de extrema pobreza. A biblioteconomia, no entanto, normalmente não enfrenta esse tipo de situação. Em sua grande maioria o bibliotecário possui a incumbência de gerir e mediar a informação e não está entre seu escopo cotidiano portar-se como um profissional disposto a ajudar diretamente nos problemas pessoais e índices de desenvolvimento humano de uma população. Porém, a biblioteca comunitária vem de modo a desmistificar as atribuições do bibliotecário. O papel social desse profissional é indispensável na formação de cidadãos, por promover no ambiente da biblioteca ações que possam influenciar diretamente no bem estar, na convivência coletiva, solidariedade, compaixão e compromisso com a ética e moral dos moradores de uma região que partilha e passa a agregar valor ao conhecimento como aliado da educação participativa e continuada. As famílias, estudantes e profissionais de uma comunidade podem contar com os serviços da biblioteca e de um bibliotecário como um apoio para a voz 53 de todos os problemas, buscando na informação o poder de solucionar suas dificuldades e barreiras. A comunidade de Ponta do Mel por possuir como área de desenvolvimento os recursos do meio ambiente (eólica), está inserida no raio de investimento orçamentário de empreendedores do ramo da produção e comercialização de energia sustentável. A realidade socioeconômica dessa região, no entanto, é bastante deficitária e a implantação dos parques eólicos, por si só, não gera participação social ou geração de capital efetiva aos moradores. A Biblioteca Comunitária Mar e Terra foi uma iniciativa dos investidores de energia gerenciado posteriormente como projeto pela Bioconsultants com objetivos claros de incluir socialmente e dialogar com a comunidade a respeito de alguns problemas que circundam a área, dessa maneira, o poder público e privado poderiam inferir esforços econômicos e culturais que melhorassem a capacidade de integração da comunidade com o setor financeiro e social do estado. A importância do papel social do bibliotecário, principal objetivo do trabalho, foi efetivamente provado na execução das atividades e implantação da biblioteca. Durante as visitas e oficinas empreendidas em Ponta do Mel e no CECOF, foi possível que o profissional da informação avaliasse os problemas e benefícios dos moradores em relação a influência dos parques eólicos. Em sua maioria existiam muitos mitos que estabeleciam barreiras entre a comunidade e empreendedores. A formação de coleções e a mediação da informação íntegra para esse público pôde ampliar a ótica dos moradores para o desenvolvimento da comunidade com a chegada dos parques eólicos, desta maneira o lado social de ouvir e entender todos os percalços enfrentados e dificuldades de capacitação profissional para geração de renda foi indispensável para que a comunidade percebesse que a partir do conhecimento e da educação as oportunidades poderiam surgir e fluir de maneira mais rápida e construtiva, trazendo resultados que evoluíssem notadamente os campos da região no sentido de: capacitação, cidadania, desenvolvimento humano, cultural e inclusão social. As oficinas desenvolvidas no ambiente da biblioteca puderam situar e esclarecer os profissionais do CECOF acerca de problemas que as crianças e jovens da região sofriam, fosse violência doméstica, trabalho infantil, ociosidade escolar, problemas com drogas, entre outros fatores que representavam o déficit de convívio da área. Com dinâmicas simples, tais como contação de estórias e 54 observação na escolha dos livros das crianças, foram percebidas as causas pelas quais algumas crianças e jovens não frequentavam a escola ou preferiam estar trabalhando do que se divertindo com o acesso ao conhecimento e cultura que o CECOF promovia. Essas percepções instituídas por ações da biblioteca puderam reaver a participação efetiva da população no CECOF e na fiscalização de recursos da prefeitura para o Centro de Convivência da Família. O ofício do bibliotecário em uma biblioteca comunitária passa a ser enxergado como um papel socializador, onde a resposta dos usuários pode influenciar no sucesso dos resultados fora dos moldes da biblioteca. A comunidade consegue com a unidade informacional de uso comum e livre desempenhar participação de uma área inteira e inferir progresso em índices populacionais, tais como aumento na taxa de alfabetização, diminuição do trabalho infantil, inclusão social e cultural, memória da comunidade e participação democrática. O analfabetismo funcional também pode ser combatido com ações sociais que incluam e convidem o usuário e público alvo a participarem e se incluírem nos serviços da biblioteca que agreguem sentido e relacionem as pessoas. O acervo da Biblioteca Comunitária Mar e Terra foi desenvolvido especialmente pensando em seu público alvo, caracterizado por crianças e jovens. A composição do acervo com livros e multimeios com documentários sobre a energia eólica, dinâmicas que desenvolviam a consciência e a educação ambiental, literatura infantil que possuem o papel de desenvolver a imaginação e criatividade dos leitores, os clássicos da literatura brasileira que funcionam como um passeio histórico da nossa cultura e dos principais autores do país, a literatura infanto-juvenil que consegue transportar o leitor para uma infinidade de situações e lugares, incentivando os sonhos e caracterizando os seus anseio, bem como os livros didáticos que complementam a metodologia dos professores empreendida em sala de aula. Tendo o CECOF recebido o complexo educacional com o projeto da biblioteca comunitária e o espaço digital, a comunicação da tecnologia com as ações do bibliotecário nos dois ambientes foi imprescindível. As oficinas de música passaram a ser feitas no ambiente da biblioteca com a ajuda da internet do espaço digital na busca por partituras e gêneros musicais para compor o conhecimento dos alunos sobre a cultura da música nacional e internacional. Essa ação reitera o papel 55 do bibliotecário e da biblioteca como agentes multiplicadores da cultura e comunicação de saberes. A ociosidade escolar aliada ao trabalho infantil foi efetivamente combatida com a presença do bibliotecário no CECOF junto a assistente social e equipe de pedagogas do centro. As oficinas identificaram nos alunos a carência da participação familiar nas ações e atividades promovidas pela biblioteca. Deste modo, foram feitas reuniões com os pais das crianças e jovens que passaram a ter mais compromisso com os filhos no sentido de incentivá-los a ler em casa, fazer as tarefas da escola e não incluir o trabalho como realidade precoce da renda familiar. Essa atividade deve ser empreendida pelos chefes familiares que também recebem ações sociais do CECOF, tais como oficinas de artesanato e cursos de informática para capacitação profissional. A missão de um bibliotecário a frente de ações sociais representa o crescimento profissional em relacionar a ética do seu ofício com a ampliação da sua ótica cidadã. O Brasil é um país subdesenvolvido que não possui muitas bibliotecas comunitárias, mesmo tendo em sua grande maioria a realidade demográfica pautada nesse modelo de dinâmica populacional. Quando essas unidades existem, dificilmente possuem um profissional da informação a frente de sua gestão administrativa. É preciso descaracterizar a profissão do bibliotecário como mero tecnicista, a biblioteca comunitária oferece a oportunidade de influenciar pessoas com realidade socioeconômica deficitária e promover a inclusão social e informativa desses cidadãos, instituindo cultura e participação democrática nos âmbitos social, cultural e econômico. A contribuição deste trabalho para a área da biblioteconomia está relacionada com o fazer profissional do bibliotecário frente a realidade social das comunidades às quais se inserem as bibliotecas comunitárias. As comunidades de influência indireta dos parques eólicos do Rio Grande do Norte, em especificidade, por ser a energia eólica uma vertente econômica em expansão no estado que cria a oportunidade de atuação para os profissionais da biblioteconomia como agentes integradores da participação social e inclusão da cultura do conhecimento em regiões onde o acesso a informação é algo ainda distante. É importante que seja criado o cargo de bibliotecário efetivo na Prefeitura de Areia Branca, órgão público que direciona pessoal para o distrito de Ponta do Mel para que seja dada continuidade aos serviços da biblioteca. A importância do bibliotecário nessa ocasião 56 precisa estar além da implantação, mas, seguir mantendo e representando a biblioteca como unidade de integração comunitária. O presente trabalho pode ser ampliado em estudos futuros com metodologia quantitativa, de modo a avaliar efetivamente os índices de desenvolvimento da região beneficiada com a biblioteca comunitária. Será possível a partir de um estudo com aplicação de questionários e formação de gráficos entender e concluir se os serviços empreendidos em ações sociais por bibliotecários conseguiram melhorar os indicadores sociais do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no que se refere aos índices sociais de educação e trabalho, intermediação política, indicadores culturais, população jovem e desenvolvimento humano. 57 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Neilia Barros Ferreira de. Biblioteconomia no brasil: análise dos fatos históricos da criação e do desenvolvimento do ensino. 2012. 159 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação, Universidade de Brasília, Brasília, 2012. ARANALDE, Michel Maya. A questão ética na atuação do profissional bibliotecário. Em questão, Porto Alegre, v. 11, n. 2, p. 337-368, dez. 2005. ARAÚJO, Walkiria Toledo de. A biblioteca pública e o compromisso social do bibliotecário. 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