FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS “SAGRADO CORAÇÃO” UNILINHARES® COLEGIADO DO CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO MARCELO MARQUES GOMES WEVERSON FANTIN FRACALOSSI MÁQUINAS VIRTUAIS LINHARES 2007 MARCELO MARQUES GOMES WEVERSON FANTIN FRACALOSSI MÁQUINAS VIRTUAIS Trabalho Acadêmico apresentado ao curso de Sistemas de Informação, 4º Período A, da Faculdade de Ciências Aplicadas “Sagrado Coração”, como requisito parcial para avaliação. Orientador: Prof. Otacílio José Pereira. LINHARES 2007 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................4 2. O QUE É VIRTUALIZAÇÃO? .................................................................................5 2.1 EMULADORES .....................................................................................................7 2.2 TÉCNICAS DE VIRTUALIZAÇÃO.........................................................................8 3. VANTAGENS E DESVANTAGENS......................................................................10 4. APLICAÇÕES DAS MÁQUINAS VIRTUAIS ........................................................13 4.1 NO ENSINO ........................................................................................................13 4.2 CONSOLIDAÇÃO DE SERVIDORES .................................................................13 4.3 HONEYPOTS E HONEYNETS ...........................................................................16 4.4 MIGRAÇÃO DE SOFTWARE..............................................................................18 5. CONCLUSÃO .......................................................................................................19 6. REFERÊNCIAS.....................................................................................................20 4 1. INTRODUÇÃO Para os gestores de Tecnologia da Informação (TI) e até mesmo para os usuários, com ou sem muita experiência na área, o que interessa agora são as Máquinas Virtuais (MVs) que estão revolucionando o setor de infra-estrutura das organizações. Vários motivos implicam nesta decisão de implementação por parte das organizações, o objetivo deste trabalho é mostrar de forma clara as vantagens e desvantagens da aquisição desta funcionalidade bem como alguns exemplos de organizações que já a utilizam. Provido de diversas ferramentas no mercado, as máquinas virtuais vêm disputando cada vez mais espaço. A Microsoft, pioneira com soluções para desktop e seus famosos sistemas operacionais (SOs), trás a ferramenta “Virtual PC”, gratuita e de muita simplicidade na utilização – como de praxe –, para virtualização em desktops, e o “Virtual Server 2005”, utilizado na virtualização de servidores. Essas e outras ferramentas de virtualização serão mais bem abordadas no decorrer deste trabalho. A utilização da virtualização pode ser vista por outra óptica também. De programas mais simples como criadores de drivers virtuais (de CD, DVD, disquete, etc.) até mesmo as complexas máquinas virtuais Java (Java Virtual Machines – JVM), que lidam com uma das mais poderosas linguagens de programação orientada a objetos conhecida mundialmente; e é por este motivo que uma aplicação feita em Java pode ser criado e/ou executada em qualquer ambiente diferente daquele que foi originado. O objetivo deste trabalho visa estabelecer um comparativo entre os diferentes dispositivos existentes no mercado para virtualização, bem como o seu funcionamento, apontar vantagens e desvantagens do mesmo e mostrar de forma clara que se pode trazer uma grande economia à organização com a utilização desta tecnologia. Todos esses e vários outros pontos relevantes serão esclarecidos no decorrer deste trabalho. 5 2. O QUE É VIRTUALIZAÇÃO? Máquina Virtual, assim chamada na década de 60 quando começou a ser utilizada – e é assim que é conhecida até os dias atuais –, significava simplesmente um software instalado em um sistema operacional real (ou hóspede) que interagia com o mesmo, literalmente como um sistema virtual. Porém nesta época era restrito somente ao uso em mainframes. Conceitualmente, virtualização / máquinas virtuais, quer dizer softwares especializados em criar uma camada lógica entre o SO hóspede e o hardware do computador a fim de prover um ambiente funcional com todas as características de uma máquina real. “Virtualização refere-se a tecnologias criadas para fornecer uma camada de abstração entre sistemas de hardware de computador e o software que roda nestes sistemas” (WATERS, 2007). A Virtualização, como também é chamada, nada mais é do que a criação de uma máquina virtual munida de periféricos fictícios, porém utilizando uma máquina real. O sistema operacional, por exemplo, “acha” que está sendo executado em uma máquina real com todos os periféricos necessários, porém, o que realmente está acontecendo é que esta máquina virtual está utilizando parte física de uma máquina real, ocupando espaço em um disco rígido real, ocupando memória principal, utilizando um processador real, enfim, ela necessita de uma máquina real para que seja criada, mas na prática é e sempre será uma máquina virtual. “As máquinas virtuais fazem o milagre da multiplicação do PC. Na prática, não passam de espaços em disco e na memória, que podem ser apagados quando você quiser” (MACHADO, p. 82, 2007). Diante dos conceitos apresentados pode-se abstrair que: as máquinas virtuais podem servir para executar vários sistemas operacionais simultaneamente. Para ilustrar como isso pode beneficiar a organização que venha a utilizar essa tecnologia pode-se citar um exemplo que seria de que uma empresa especializada em Web 6 Design precisa testar seus sites em vários sistemas e navegadores diferentes. É aqui que entram as máquinas virtuais. Outro exemplo simples de utilização: uma organização precisa testar seu aplicativo no novo Windows VISTA, para isto pode utilizar o software VMware, que em sua nova versão traz suporte ao novo sistema operacional da Microsoft. Instala-se o VMware em um computar emula-se uma máquina virtual com o VISTA e faz-se os testes necessários para averiguação de possíveis problemas (bugs) que seu aplicativo apresentará na nova plataforma. As pessoas todos os dias utilizam diretamente máquinas virtuais sem que percebam em seus aparelhos celulares. São as máquinas virtuais Java. A grande maioria desses aparelhos modernos de comunicação, incluindo os smartphones, que, segundo “um estudo do IDC apontou que 232 mil aparelhos foram comprados no país em 2006. Mas o número de aparelhos vendidos cresceu 140% entre o primeiro trimestre de 2006 e o mesmo período de 2007. Até 2012, os smartphones corresponderão a 22% do total de celulares no mundo […]” (GREGO, p. 60, 2007), possuem essa funcionalidade para utilização de aplicativos como: jogos, softwares para downloads de mp3 e outros formatos de multimídia, até mesmo compiladores de outras linguagens de programação que rodam sob a máquina virtual Java. Utilidades para máquinas virtuais são o que não faltam. Diversas ferramentas para implementação do mesmo podem ser citadas: Virtual PC e Virtual Server 2005 (da Microsoft), Qemu (livre), VMware Player (gratuito), Bochs (proprietário), VirtualBox (opensource) e XenExpress (da XenSource, gratuito e opensource). Todos com uma interface muito simples e intuitiva, o que ajuda muito na configuração. Segundo a INTEL CORPORATION (2007), A virtualização é uma mudança de paradigma; ela muda seu modo de pensar em relação aos recursos. Com a virtualização, você não está mais restrito a executar apenas um sistema operacional em um servidor ou workstation de baixa utilização. É possível consolidar vários sistemas operacionais e aplicativos em servidores poderosos, o que propicia a 7 simplificação do data center 1 , uso mais eficiente, redução de custos e mais segurança em sua empresa. Um outro conceito importante tratando-se do assunto de máquinas virtuais é o de monitor – também chamado de hypervisor, Virtual Machine Monitor ou VMM. “O monitor é uma camada de software inserida entre o sistema visitante (guest system) e o hardware onde o sistema visitante executa” (ANDRADE, apud XENSOURCE, p. 11, 2006). É ele quem gerencia o hardware da máquina real compartilhando-o para todas as máquinas virtuais. São os monitores que criam e controlam as máquinas virtuais, gerenciando todos os dispositivos físicos da máquina hóspede. Existem ainda dois tipos de VMMs, onde esses tipos são relacionas devido ao nível de abstração do hardware da máquina hóspede. No primeiro tipo, as VMMs criam device drivers nos SOs das máquinas hóspedes para serem utilizados pelas máquinas virtuais. No segundo tipo é diferente; os monitores não utilizam essa funcionalidade, executando independentemente da arquitetura de hardware do sistema hóspede. Como é o caso da máquina virtual Java já citada neste trabalho. 2.1 EMULADORES Comumente confunde-se virtualização com emulação. Erro arbitrário cometido por inúmeras pessoas sem o devido conhecimento do assunto. Um emulador é caracterizado pela funcionalidade de emular seu sistema de origem – incluindo processador, circuitos elétricos, chips, controladores de E/S, entre outros – em um sistema aonde será executado, traduzindo todas as instruções do sistema de origem para o sistema executante. “A diferença entre emuladores e máquinas virtuais, está basicamente no nível de abstração. Enquanto em um emulador todas as instruções são traduzidas e interpretadas, em máquinas virtuais são executadas no modo mais nativo possível” (ANDRADE, p. 13, 2006). 1 Anteriormente conhecido como Centro de Processamento de Dados (CPD), os Data Centers têm como finalidade hospedagem de sistemas de informação e/ou equipamentos de TI. Geralmente são locais muito seguros com acesso restrito por vários mecanismos de segurança. 8 A principal desvantagem dos emuladores é a incompatibilidade física do sistema de origem com o sistema que vai emulá-lo. No caso dos emuladores de videogames (também chamados de consoles), por exemplo, os primeiros sistemas que foram emulados eram bastante simples, não apresentando problemas de incompatibilidade. Porém, com o passar dos anos, os games evoluíram muito, de jogos 2D para os famosos 3D. Por os consoles possuírem placas de vídeo muito poderosas para a época, dificilmente conseguia-se emular adequadamente esses games. Por muito tempo foi impossível emular diversos games famosos de plataformas como Playstation One, por no mercado não existirem, de forma acessível à comunidade de gamers, placas de vídeo que conseguissem rodar esses jogos. Mas, felizmente, graças a grande evolução computacional que se presencia atualmente, ficou muito fácil adquirir uma placa de vídeo bem acessível e de boa qualidade. Alguns exemplos de emuladores podem ser citados: emuladores de processadores (Bochs, por exemplo), emuladores de sistemas operacionais, emuladores de drives ópticos (Daemon Tools, por exemplo) e emuladores de videogames (ePSXe de Playstation One, por exemplo). 2.2 TÉCNICAS DE VIRTUALIZAÇÃO Existem várias técnicas de virtualização, porém duas delas se destacam pela aplicabilidade; são elas: virtualização completa e paravirtualização. Na virtualização completa (full virtualization) é criado todo um ambiente virtualizado de hardware fazendo com que o SO visitante pense que está sendo executado em uma infraestrutura de hardware real. Ao instalar um software de virtualização, como o VMware, por exemplo, ele se encarrega de instalar no seu sistema operacional hóspede uma série de device drivers adicionais para que as MVs possam interagir com os devices físicos do PC. Porém, isto pode acarretar num problema: comprometimento de desempenho por parte da máquina virtual. Se todos os componentes são virtuais, logo são 9 gerenciados pela VMM, então se depende da interpretação das instruções que serão mediadas pela VMM para um bom desempenho dessa máquina virtual. Na paravirtualização é o oposto. O sistema operacional da máquina virtual também acha que está sendo rodado sobre o hardware da máquina hóspede. Porém, não são implementados no sistema hóspede os device drivers adicionais. Tornando mais “real” a emulação dessa máquina virtual. Por esse motivo, além de tornar-se mais rápida essa MV, por estar comunicando-se mais próximo ao hardware da máquina, a forma de implementação desse sistema é feita de forma diferente. Um ótimo exemplo de software para implementação desse modelo de paravirtualização é o Xen, da XenSource. O primeiro passo para instalação é fazer uma alteração no sistema operacional hóspede – no kernel do sistema. A própria XenSource disponibiliza um patch para tal modificação. Todo o processo de instalação da máquina virtual é um tanto quanto complicado e requer um nível de conhecimento avançado por parte do profissional que o irá realizar. Por esse motivo, a paravirtualização é mais utilizada em servidores também por proporcionar maior rendimento para os mesmos. Empresas como a IBM, Sun e Red Hat estão apoiando o desenvolvimento desta técnica juntamente com a Microsoft [10]. 10 3. VANTAGENS E DESVANTAGENS A principal vantagem das MVs vem do principio de sua flexibilidade operacional. Para as corporações, economizam-se rios de dinheiro com a consolidação de servidores 2 , que para tal usam-se as MVs. “[…] Quanto mais é utilizada, mais ela demonstra benefícios tangíveis, ampliando seu valor para a corporação” (WATERS, 2007). “Analistas da indústria revelam que entre 60% e 80% dos departamentos de TI estão engajados em projetos de consolidação de servidores” (WATERS, 2007). O motivo é mais simples do que se imagina: com a redução de servidores reais, automaticamente economiza-se a energia não só gasta por estes servidores, mais também a gasta pelo sistema de refrigeração para manter esta grande quantidade de servidores funcionando em perfeito estado. A redução de custos é evidente à adesão das máquinas virtuais. Porém, existe outro aspecto relevante a ser destacado: é a má utilização de grande quantidade de servidores (reais), para utilização de várias aplicações independentes como servidores de e-mail, banco de dados, servidores proxy, etc. “O problema deste modelo [(de servidores reais dedicados)] é que ele[s] aproveita[m] mal os recursos das máquinas – em média, os servidores utilizam somente de 5% a 10% da sua capacidade, segundo estimativa da empresa de software para virtualização VMware” (STRATTUS SOFTWARE, 2007). “De acordo com dados da VMware, a virtualização, combinada à consolidação de servidores, reduz em até 53% os custos com hardware e 79% os custos operacionais, gerando uma economia média de até 64% para a empresa que adota a solução” (STRATTUS SOFTWARE, 2007). Empresas de todos os tipos podem aderir a esta idéia e começar a utilizar as MVs. Como por exemplo: Software Houses. Que podem utilizá-la para testar seus 2 Diz-se de a “[…] utiliza[ção] de equipamentos mais robustos, com mais recursos de processamento e espaço em disco, para hospedar as diversas aplicações da companhia” (STRATTUS SOFTWARE, 2007). 11 aplicativos em outros sistemas operacionais, já que com a crescente adesão de outros SOs no mercado, essas empresas tendem a desenvolver seus aplicativos para rodar em diversas plataformas, aumentando sua competitividade. Sem a utilização da virtualização empresas como essa deveriam ter diversas máquinas (não-virtuais) preparadas para esses testes, o que envolveria um grande custo para a mesma. Além da redução de custos propiciada pelas MVs, vale ressaltar a flexibilidade e segurança adquiridas devido à adesão dessa tecnologia. Flexibilidade essa adquirida graças à descentralização dos servidores e a consolidação de servidores virtuais. Tornando assim o trabalho dos administradores e gestores de TI muito mais simples, rápido e eficaz. A flexibilidade, porém, pode acarretar num ponto negativo na utilização de máquinas virtuais. E se seu servidor, que agora está consolidado, parar de funcionar? Todos os aplicativos que nele estão sendo executados irão parar também. Essa é uma das desvantagens da virtualização que deve ser levada em conta no processo de decisão na implantação dessa tecnologia. Percebe-se que ao utilizar a consolidação de servidores aproveita-se mais os recursos disponibilizados pela arquitetura de hardware disponível em seu servidor. Por exemplo: um servidor de internet, com proxy e firewall, fica muito ocupado durante todo o dia. Porém durante a noite fica ocioso. Durante este período pode-se utilizar os recursos de hardware desta máquina para rodar relatórios em uma aplicação de banco de dados aproveitando melhor os recursos desta máquina. Dentre todos os aspectos vantajosos citados até o momento, é relevante acrescentar que, com a consolidação de servidores economiza-se espaço físico que era anteriormente ocupado pelos diversos servidores da organização. E ainda, se algum dos sistemas virtuais falharem, por qualquer que seja o motivo, poderá ser reiniciado sem que este afete o funcionamento das outras MVs. Uma das grandes desvantagens da utilização de MVs, é o de que torna-se limitado o desempenho delas por compartilhar recursos de hardware com a máquina hóspede. 12 Quando se tem um servidor dedicado a fazer uma tarefa específica e este é consolidado e seus recursos de hardware são compartilhados entre algumas MVs, eventualmente que este servidor deixará de ter o rendimento antes obtido como servidor dedicado. Mas se for analisado com mais ênfase, rapidamente se notará que agora se tem um servidor com diversas funções (servidores consolidados), onde cada um deles esta usando uma pequena percentagem dos componentes físicos desta máquina, e ao mesmo tempo a perda de desempenho é praticamente insignificante se comparado aos benefícios de se ter uma máquina fazendo o serviço de várias. A idéia não é utilizar uma máquina com pouca capacidade de hardware para consolidação de servidores, e sim, distribuir de forma uniforme os serviços dos servidores entre as máquinas disponíveis para um melhor desempenho destas. O que se recomenda para uma ideal consolidação é a aquisição de um servidor mais “robusto 3 ” para que seja possível agregar a este uma maior quantidade de servidores consolidados para que não ocorra uma perda de desempenho por meio deste servidor e venha a prejudicar o sistema de informação da organização. 3 Robusto do ponto de vista físico (hardware), pois como já foi dito neste trabalho, as MVs ocupam espaços físicos nos dispositivos de hardware da máquina hóspede para que as máquinas virtuais sejam executadas. Desta maneira, quanto melhor for esta máquina (podendo até ser um mainframe, como a IBM fez em seus data centers) mais MVs poderão ser executadas simultaneamente sem perca de rendimento. 13 4. APLICAÇÕES DAS MÁQUINAS VIRTUAIS As máquinas virtuais podem ser utilizadas em diversos setores das organizações, até mesmo por usuários domésticos. O objetivo desta seção é apontar algumas aplicações para a virtualização ressaltando seus aspectos relevantes e, sempre que possível, apresentando exemplos vivos de organizações que aderiram à utilização da virtualização e suas opiniões acerca dos benefícios trazidos após sua implementação. 4.1 NO ENSINO O uso das máquinas virtuais é amplamente visto em diversas áreas, tanto em setores distintos de TI quanto na sociedade. Pode-se utilizar as MVs em faculdades e/ou em cursos profissionalizantes onde necessita-se ensinar diversos sistemas operacionais. Analisando por essa ótica poderia questionar-se que da mesma maneira poderiam ser instalados vários sistemas operacionais em uma mesma máquina física. Obviamente que sim, sem problema algum. Porém, a implantação das MVs no lugar de várias instalações físicas nas máquinas, acarreta em uma vantagem crucial que a torna uma melhor opção a ser tomada neste caso. É a flexibilidade. Com o uso das MVs pode-se criar uma única máquina virtual e a copiar para as demais, sem que isso interfira no funcionamento delas e sem a necessidade de muitas alterações em suas configurações. Além disso, se por qualquer que seja o problema, pode-se substituir qualquer máquina virtual com um simples copiar e colar. 4.2 CONSOLIDAÇÃO DE SERVIDORES Além dessa aplicação, têm-se exemplos vivos de grandes organizações que aderiram à utilização das máquinas virtuais e no ato economizaram milhões de dólares. É o caso da IBM. 14 “A IBM anunciou que está substituindo, em seus próprios data centers, milhares de PCs ‘reais’ por equivalentes virtuais dentro de seus mainframes. Sem o consumo de energia adicional e custo de manutenção, a empresa conseguiu economizar mais de US$ 250 milhões” (ULBRICH, 2007). A IBM ainda anunciou que todos os PCs substituídos pela virtualização no mainframe serão reciclados. “Segundo dados da Forrester Research com 1770 empresas, 50% dos data centers no mundo são adeptos da virtualização” (GANDOLPHO, p. 84, 2007). Esta adesão ocorre devido à economia gerada por essa tecnologia e também pela centralização do trabalho dos gestores e administradores de TI. No Brasil essa tecnologia ainda não se popularizou, somente grandes organizações aderiram a ela. Especialistas prevêem que naturalmente com o passar do tempo, essa tecnologia se popularizará e tomará conta de nosso país [8]. A Microsoft em parceria com a XenSource – famosa empresa no ramo de paravirtualização – pretendem desenvolver, para a nova versão do Windows Server, um emulador para rodar diferentes sistemas operacionais dentro do Windows, por meio de uma ferramenta da Xen. Isso mostra a incrível expansão global que a virtualização está tomando nesse momento e consolida a idéia de que grandes organizações serão as pioneiras a utilizarem essa tecnologia. Em um artigo divulgado recentemente pela Revista INFO, pesquisas de empresas mundialmente conhecidas mostram claramente os benefícios acerca da economia que a consolidação de servidores pode trazer. “Segundo dados do Gartner, um rack que há três anos consumia entre 2 e 3 mil watts de energia, hoje pode chegar a 30 mil watts, dependendo da quantidade de equipamentos empilhados” (GANDOLPHO, p.79, 2007). Com essa informação, pode-se estimar que uma empresa de Data Centers, terá como item principal de gastos o consumo de energia. Uma pesquisa da Gartner mostra que “50% dos data centers no mundo não terão capacidade elétrica e de refrigeração suficientes para atender a demanda por novos servidores em 2008” (GANDOLPHO, p. 80, 2007). 15 Segundo cálculos de uma empresa de consultoria, The Butler Group, um data center com 250 servidores dual core economizará 4 milhões de dólares, em três anos[4]. Nos próximos anos, o data center que não adotar a prática de virtualização perderá a credibilidade com seus clientes, além de gastos exorbitantes com consumo de energia, manutenção dos equipamentos e, o pior, perda de rendimento em seus servidores. Outro ponto muito relevante, que deve ser ressaltado, é o exemplo da Unisys que virtualizou desktops utilizando apenas um servidor, e do outro lado simples terminais. Com isso ela reduziu custos referentes a equipamentos, pois todo processamento fica centralizado em apenas um servidor e ainda pode impedir a propagação de vírus pela sua intranet local. “[…] A HP consolidou em 40 os antigos 85 data centers espalhados pelo mundo. A intenção é que até 2008 eles passem a ser apenas seis” (GANDOLPHO, p.82, 2007). Com isso ela pode reduzir os custos de TI em 1 bilhão de dólares, além de, segundo cálculos do gerente de indústria de telecomunicações da HP, economizar 80 milhões de quilowatts/hora por ano. Mais um bom exemplo a ser comentado é o da LocaWeb, que hoje conta com mais de 100 mil sites hospedados e 1,2 milhões de contas de e-mail. Esta empresa especializada em serviços de internet, desde 2004 atua com consolidação de servidores. No ano passado, estruturar seu mais novo data center investiu em virtualização para manter um ambiente enxuto e, assim, não permitindo a ociosidade de equipamentos. “O data center abriga 1800 servidores, e a estratégia foi utilizar equipamentos de maior capacidade e menor consumo de energia, com 10 a 20 servidores virtuais dentro de cada máquina” (GANDOLPHO, p.84, 2007). Diante dos casos de uso acima apresentados acerca da consolidação de servidores, pode-se sintetizar que uma adequada estruturação planejada de consolidação de servidores em uma empresa de pequeno, médio ou grande porte, efetivamente acarretará em uma economia considerável à organização, além de atender a todos os serviços por esta 16 fornecidos de forma eficaz usufruindo consideravelmente dos seus recursos de hardware sem demasias. 4.3 HONEYPOTS E HONEYNETS Uma outra aplicabilidade muito interessante das MVs a ser citada é na área de segurança de TI. Existem ferramentas no mercado que foram criadas com o intuito de servir de “cobaia” para os hackers. São chamadas de Honeypot. “Um honeypot é um recurso computacional de segurança dedicado a ser sondado, atacado ou comprometido” (HOEPERS, 2007). As honeypots subdividem-se em dois tipos: de baixa e alta interatividade. As de alta interatividade são compostas de dispositivos físicos como diversos computadores (cada um representando uma honeypot), cada qual com um sistema operacional instalado, munido com suas ferramentas administrativas necessárias variando de um caso para outro. Ainda são compostas de uma máquina dedicada com firewall, mais um outro PC dedicado para armazenamento dos dados coletados pelas honeypots. Além de toda a estrutura física de rede Como já foi bem abordado neste trabalho, fica claro perceber que está infraestrutura computacional irá gerar além de um custo elevado, grandes dificuldades de manutenção para os administradores de TI dessa organização ainda têm-se o espaço físico desperdiçado. Aí fica fácil perceber a utilidade das MVs neste contexto. E é exatamente aqui que elas entram. São as honeypots de baixa interatividade. Nos honeypots de baixa interatividade são criados honeynets, “que nada mais são do que um tipo de honeypot, especificamente projetado para pesquisa e obtenção de informações dos invasores” (HOEPERS, 2007), onde se pode programar em uma única máquina real um sistema operacional hóspede e após instalar um software de virtualização para que daí em diante sejam criadas as honeypots virtuais. 17 Desse modo toda aquela infra-estrutura de diversas máquinas físicas é eliminada dando lugar às honeynets virtuais. Porém esta ainda se subdivide em duas categorias: auto-contenção e híbridas. Na primeira todos os dispositivos presentes na coleta de dados dos invasores, geração de relatórios e o próprio honeypot (implementado em uma máquina virtual) estão presentes em uma única máquina física. Nas honeynets híbridas as honeypots virtuais são programadas em uma única máquina física. As outras ferramentas são implementadas em diferentes dispositivos. Os benefícios das honeynets virtuais são evidentes. Baixo consumo de energia, por utilizar poucas máquinas físicas e conseqüentemente economiza-se muito mais. Deve-se ressaltar que a utilização de honeypots/honeynets deve ser utilizada como um complemento para a segurança da organização, não sendo uma boa decisão utilizá-la sozinha. O principal objetivo dessas ferramentas é a detecção e correção de falhas de segurança. Para auxiliá-los na tomada de decisão de uma possível implementação de um honeypot real ou virtual segue abaixo uma tabela comparativa. Tabela 1 – Comparação entre honeypots de alta e baixa interatividade Características Instalação Manutenção Risco de comprometimento Obtenção de informações Necessidade de mecanismos de contenção Atacante tem acesso ao S.O. real Aplicações e serviços oferecidos Atacante pode comprometer o honeypot Fonte: HOEPERS, 2007. Honeypot de baixa interatividade Fácil Fácil Baixo Limitada Não Não (em teoria) Emulados Não (em teoria) Honeypot de interatividade Mais difícil Trabalhoso Alto Extensiva Sim Sim Reais Sim alta Diante dessa tabela pode-se abstrair as informações necessárias para qual tomada de decisão seria mais adequada a cada instituição que necessite implementar essas ferramentas. 18 4.4 MIGRAÇÃO DE SOFTWARE Neste quesito a virtualização de uma máquina é muito satisfatória. Imagine que uma empresa cresceu e necessite de um software mais robusto, para que atenda as novas dimensões desta empresa. Após várias tentativas, sem sucesso, de implementar um software que parecia se adequar à empresa, não se pode mais perder tempo instalando o sistema no servidor e em todas as estações da empresa. Além de ter perdido muito tempo com isso, todo esse investimento feito sem antes analisar as opções que poderiam ser adotas para uma melhor implementação sem comprometer o seu bolso, foi perdido. Uma das opções, e, neste caso a melhor delas, seria adotar um software de virtualização para que com uma máquina física pudessem ser feitas as devidas instalações tanto do servidor desse novo aplicativo como do servidor de banco de dados dele e ainda uma estação de trabalho para utilizá-lo. Tudo isso em uma única máquina. Assim não comprometeria toda sua empresa, gastando um enorme tempo para toda essa implementação em diversas máquinas reais e ainda com os possíveis problemas inerentes dessa implementação. Os benefícios da virtualização ficam ainda mais claros aqui. Pode-se utilizar as máquinas virtuais em somente algumas máquinas reais dessa empresa para que possam ser feitos os testes no sistema bem como o treinamento por parte do pessoal técnico fica muito mais fácil, rápido e eficaz. Na realidade só será feita uma instalação de máquina virtual (para treinamento), pois as outras serão simplesmente copias dessa. E ainda por qualquer que seja o motivo, todos os problemas que venham a acarretar esse novo sistema à máquina real, não afetaram nem seu antigo sistema que estará rodando em paralelo nem o sistema operacional hóspede dessa máquina virtual. 19 5. CONCLUSÃO Diante do exposto, fica fácil afirmar que as máquinas virtuais são uma ótima solução de infra-estrutura de TI para organizações de pequeno ou grande porte. Observado as vantagens e desvantagens aqui apresentadas na implementação de MVs em diversas situações, bem como, em vários modelos organizacionais, ficou claro a grande economia adquirida por parte desta. Foram, também, abordados neste trabalho temas como a diferenciação de emulação e virtualização, esclarecendo de forma clara e objetiva suas principais características e aplicabilidades. Essas servirão não só para organizações, mas também, para qualquer usuário final munido de um microcomputador que necessite de explorar novos sistemas operacionais para aumentar seu conhecimento ou pela necessidade de emular um dispositivo inexistente em seu computador. É relevante ainda ressaltar todos os benefícios trazidos devido à adesão de um software de virtualização ao meio organizacional. O principal deles é a economia de gastos acerca da aquisição de inúmeras máquinas físicas para distribuição de serviços dedicados como servidor de banco de dados, firewall, controladores de domínio entre outros. Toda essa economia devido à consolidação de servidores em apenas uma máquina física virtualizando todas as outras. Além disso, economiza-se muito espaço físico, além da energia gasta com refrigeração de uma grande quantidade de servidores físicos. Outro ponto crucial seria a facilidade de manutenção devido à centralização dos serviços. Em um trabalho apresentado anteriormente com o tema “Software Livre na Administração Pública” foram expostos diversos fatores acerca da diminuição de gastos com a aquisição desse tipo de software. Com os conceitos e exemplos aqui apresentados ressalta-se mais ainda a utilização dos softwares livres agora em pequenas, médias e grandes empresas (privadas – não só na administração pública), com a adesão conjunta de softwares de virtualização para implementação do mesmo. 20 6. REFERÊNCIAS [1] ANDRADE, Marcos Tadeu de. Um estudo comparativo sobre as principais ferramentas de virtualização. Pernambuco: UFPE, Centro de Informática, 2006. [2] GANDOLPHO, Cibele. Data Center Virtual. Revista Info Exame. São Paulo: Editora Abril, Ano 22, n. 259, p. 79-86, outubro 2007. [3] GREGO, Maurício. A hora dos Smartphones. Revista Info Exame. São Paulo: Editora Abril, Ano 22, n. 257, p. 60-76, agosto 2007. [4] HOEPERS, Cristine; STEDING-JESSEN, Klaus; CHAVES, Marcelo H. P. C. Honeypots e Honeynets: Definições e Aplicações. Disponível em: <http://www.cert.br/docs/whitepapers/honeypots-honeynets/#ref-02>. Acesso em: 11 set. 2007. [5] INTEL CORPORATION. Virtualização e consolidação corporativas. Disponível em: <http://www.intel.com/portugues/business/technologies/virtualization.htm>. Acesso em: 04 set. 2007. [6] JUNGBLUT, Airton Luiz. A heterogenia do mundo on-line: algumas reflexões sobre virtualização, comunicação mediada por computador e ciberespaço. Rio Grande do Sul: PUC-RS, 2004. [7] MACHADO, Carlos. O VMware multiplica o PC. Revista Info Exame, São Paulo: Editora Abril, Ano 22, n. 256, p. 82-83, julho 2007. [8] MENEZES, Rodrigo de Oliveira. Virtual Server 2005 – conhecendo e implementando. Disponível em: <http://www.microsoft.com/brasil/technet/Colunas/VirtualServer2005.mspx>. Acesso em: 01 nov. 2007. [9] MOREIRA, Daniela. Virtualização: rode vários sistemas operacionais na mesma máquina. São Paulo. Disponível em: <http://idgnow.uol.com.br/computacao_corporativa/2006/08/01/idgnoticia.2006-0731.7918579158/>. Acesso em: 30 ago. 2007. [10] ORIGUELA, Marco de Melo. Paravirtualização com o Xen. Disponível em: <http://www.vivaolinux.com.br/artigos/verArtigo.php?codigo=5349>. Acesso em: 10 set. 2007. [11] STRATTUS SOFTWARE. Virtualização: rode vários sistemas operacionais na mesma máquina. São Paulo, 2007. Disponível em: <http://www.strattus.com.br/noticias.asp?CodNoticia=14>. Acesso em: 05 set. 2007. 21 [12] ULBRICH, Henrique César. IBM substitui quatro mil servidores por máquinas virtuais em mainframes. Disponível em: <http://br.noticias.yahoo.com/s/070823/7/gjdkff.html>. Acesso em: 03 set. 2007. [13] WATERS, John K. ABC da Virtualização. 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