UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Curso de Engenharia Ambiental CONFORTO ACÚSTICO EM PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO DE SHOPPING Autora: Sabrina Mota da Silva Orientador: Sérgio Garavelli BRASÍLIA 2012 2 CONFORTO ACÚSTICO EM PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO DE SHOPPING Sabrina Mota da Silva [email protected] Sérgio Luiz Garavelli (Professor Orientador) [email protected] Curso de Graduação em Engenharia Ambiental – Universidade Católica de Brasília RESUMO Relacionar condições adequadas de conforto acústico em praças de alimentação de shoppings é uma observação importante por proporcionar bem-estar aos usuários desses espaços, uma vez que a exposição ao excesso de ruídos pode causar desde um leve desconforto até graves problemas de saúde. Este trabalho apresenta os resultados quantitativos de medições do nível de pressão sonora e o índice de Integibilidade da fala em quatro pontos diferentes da praça de alimentação do Taguatinga shopping. As medições ocorreram no mês de julho de 2012, os dados coletados foram processados no software dB Traid da 01dB. Devido à falta de legislação aplicável a praças de alimentação, este estudo adotou como parâmetro de conforto acústico o nível de 70 dB (A), valor determinado por levantamento bibliográfico e experiência in loco. Partindo desse pressuposto, os valores do nível de pressão sonora obtidos foram considerados inadequados, incomodativos e intoleráveis. Palavras-chave: Nível de pressão sonora, Integibilidade da fala, Conforto Acústico, Praça de alimentação. Artigo apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Ambiental da Universidade Católica de Brasília, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Ambiental. O artigo foi aprovado por: Sérgio Luiz Garavelli – Orientador e Edson Benício de Carvalho Júnior – Examinador. Brasília, 28 de novembro de 2012. 3 ABSTRACT Relating proper conditions of acoustic comfort in food courts of shopping centers is an important observation for providing welfare to the users of these spaces since exposure to excessive noise can cause a mild discomfort or even severe health problems. This paper presents the results of quantitative measurements of sound pressure level and the rate of speech intelligibility in four different points in the food court of the Taguatinga Shopping Mall. The measurements took place in July 2012, the data collected were processed using the software Traid dB 01dB. Due to the lack of legislation applicable to food courts, this study adopted the level of 70 dB (A) as a parameter for acoustic comfort , value determined by bibliographical research and in loco experience, on this assumption the values of sound pressure level obtained were considered inappropriate, uncomfortable and unbearable. Keywords: Sound level pressure, Speech interference, Acoustic comfort, food court. 4 1. INTRODUÇÃO Com a evolução da espécie humana e a busca por melhores condições de sobrevivência, o homem está constantemente modificando o meio ambiente, principalmente para explorar recursos naturais e consolidar centros urbanos. Toda essa atividade ao longo da história ocasionou uma profunda transformação no planeta e consequentemente, grandes problemas ambientais dentre os quais podemos citar as diversas formas de poluição como um dos mais significativos impactos negativos sobre o meio. O estilo de vida adotado pelo homem moderno requer uma grande demanda na produção de alimentos, desenvolvimento de tecnologias, industrialização, conforto, lazer, entre outros. Esse padrão de vida tem como subproduto a geração de diversos tipos de poluição, seja das águas, do ar, do solo, luminosa, visual, sonora etc., comprometendo a qualidade dos recursos naturais, a saúde e o bem estar dos seres vivos. Este é o grande desafio da humanidade contemporânea manter o nível de desenvolvimento ascendente e ao mesmo tempo permitir a absorção dos impactos pelo meio ambiente não exaurindo os recursos naturais de forma a garantir às futuras gerações condições de sobrevivência, essência do desenvolvimento sustentável. A poluição em seus diversos tipos é, portanto, um problema associado ao desenvolvimento humano e requer atenção especial no que diz respeito à busca por medidas protetoras, mitigadoras, compensatórias, a fim de minimizar os impactos por ela causados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um ranking dos tipos de poluição que mais afetam a saúde, em 2011 a poluição sonora cresceu nas grandes cidades e passou a ocupar a segunda posição, ultrapassando a poluição das águas, atrás apenas da poluição atmosférica (WHO, 2011). Para entender melhor sobre poluição sonora é importante definir som e ruído Stephan Paul, em seu artigo “Som, ruído releituras críticas de textos brasileiros” sugere que o conceito mais adequado para som seria defini-lo unicamente como fenômeno físico, um movimento ondulatório das moléculas/átomos num meio. Já o conceito de ruído, segundo o mesmo autor, é mais complexo “ruído é um som composto por vibrações não harmônicas, em comparação com o som musical, é um som indesejável ou desagradável e este entendimento depende de uma variedade de fatores físicos e não físicos” (PAUL, 2010). Segundo Pimentel Souza (1992), professor titular de neurofisiologia da Universidade Federal de Minas Gerais, a exposição direta ou indireta ao ruído causa diversos distúrbios à saúde humana: “a partir de 55 dB(A) já é possível provocar estresse leve, excitante, causando 5 dependência e levando a durável desconforto. O estresse gradativo do organismo começa com cerca de 65 dB(A) com desequilíbrio bioquímico, aumentando o risco de infarto, derrame cerebral, infecções, osteoporose etc. Provavelmente a 80 dB(A) já libera morfinas biológicas no corpo, provocando prazer e completando o quadro de dependência. Em torno de 100 dB(A) pode haver perda imediata da audição.” Segundo DANI e GARAVELLI (2001) o excesso de ruído ainda pode causar fadiga, perturbações do sono, problemas cardiovasculares, perdas auditivas, irritabilidade, estresse, alergias, distúrbios digestivos, úlceras, falta de concentração, entre outros. A OMS considera que a exposição sem maiores danos deva permanecer em até 50 dB, valor acima do qual favorece o surgimento dos efeitos negativos, alguns surgindo a curto prazo outros levando maior intervalo de tempo para serem percebidos (WHO, 2011). O ruído causa efeito cumulativo no organismo, porém, por se tratar de um fenômeno físico, difere-se de outras poluições por não gerar resíduos, dificultando a percepção das pessoas na associação dos sintomas desenvolvidos à sua exposição, que pode causar desde um leve incômodo até sérios problemas de saúde. Esse problema tem se intensificado com o aumento populacional concentrado nas áreas urbanas. O tráfego de veículos terrestres e aéreos potencializa as emissões, que também estão presentes nas atividades cotidianas da maioria das pessoas, nos ambientes de trabalho, escolar, religioso e até de lazer. O processo de modernização iniciado do final do século XX vem promovendo muitas alterações não só em relação às questões ambientais, mas também em relação ao modo de vida das pessoas. A globalização promove o modelo de vida implantado pelo capitalismo atual, que influencia todo o mundo. A adaptação do mercado ao novo estilo consumista da sociedade promoveu o surgimento de espaços que agregam o acesso à oferta de produtos diversificados, à praticidade e ao lazer, em um ambiente seguro que tem atraído cada vez mais o público de diferentes classes sociais. Os shoppings centers são o produto da evolução desses espaços que refletem as vontades do mercado. Passam por diversas modificações para satisfazer o público, tornandose locais normatizados e padronizados, assim como a própria sociedade, de acordo com as necessidades consumistas. Promover condições adequadas de conforto acústico nesses espaços é importante para proporcionar bem-estar aos usuários, uma vez que a exposição ao excesso de ruídos pode causar vários efeitos negativos sobre a saúde humana. As praças de alimentação de modo geral não possuem uma arquitetura que garanta o conforto acústico, desconsiderando tratamentos específicos para esse fim. Isso acarreta aumento do ruído de fundo, pois o intuito desses espaços é agregar clientes, oferecer 6 variedades de alimentos e proximidade das lojas, um ambiente de fruição e ponto de encontro para diversos tipos de público. Esse ambiente ruidoso prejudica a comunicação, acarretando a perda da compreensão das palavras, porém, a fala é redundante e o contexto como um todo ainda pode ser entendido. Quando a intensidade do ruído é alta, é comum ver as pessoas aumentarem o nível de voz ou se aproximarem mais umas das outras para serem melhor ouvidas e entendidas. A amplitude da pressão sonora sofre redução à medida que a distância da fonte ao receptor é aumentada. Atualmente existem 17 shoppings no DF, 12 somente no Plano Piloto. Os brasilienses gastam em média 24% do orçamento familiar nos centros comerciais, acima da média nacional, que é de 18% (ANUÁRIO DF, 2012). O presente estudo possui como objetivo mensurar na praça de alimentação de um shopping o nível de pressão sonora e relacioná-lo à interferência na comunicação das pessoas que utilizam esse espaço. Para tal, foi realizadas medições no Taguatinga Shopping localizado na cidade de Taguatinga/DF. Inaugurado em 16 de novembro de 2000, tornou-se um importante centro de compras. O público mensal nele atendido é de aproximadamente de 1,4 milhão de pessoas, uma média de 46 mil clientes por dia, demanda que gera uma expressiva marca de empregos diretos: 2,5 mil (Taguatinga Shopping). Possui 240 operações comerciais, 40 delas na área de alimentação. As nove salas de cinema existentes ajudam a movimentar a praça de alimentação localizada no 3º piso que comporta 1,2 mil pessoas (Taguatinga Shopping). Em 2009 o shopping passou por uma reforma e foi expandido, tornando-se o segundo maior shopping center do DF. Isso possibilitou atender com mais conforto e qualidade mais de 900 mil habitantes que residem nas regiões próximas a ele, aproximadamente 40% de toda a população do DF. 2. MATERIAL E MÉTODOS A coleta de dados foi feita utilizando um medidor do nível de pressão sonora (Figura 1), modelo SOLO da 01 dB, equipado com filtros de banda de oitava e protetor de vento. O equipamento foi devidamente calibrado para garantir a precisão das medições o calibrador utilizado foi da 01 dB, e para dar suporte ao equipamento e fixar a altura padrão foi utilizado um tripé. 7 Figura 1 - Medidor de pressão sonora As medições ocorreram nos dias 20, 21 e 25 do mês de julho de 2012, período de férias escolares. Os dias da semana e os horários da coleta foram escolhidos juntamente com a equipe de segurança do shopping e compreendem os dias e horários em que rotineiramente predominam um maior fluxo de pessoas, a saber, o horário do almoço e o início da noite. Todas as medições ocorreram, portanto, entre os intervalos de 12h00 a 13h30 e entre 19h00 a 20h30. Para cada um dos quatro pontos foram feitas seis medições, sendo três no horário do almoço e três à noite. Com o intuito de facilitar a identificação, os pontos receberam nomes de estabelecimentos próximos, conforme Figuras 2, 3, 4 e 5. 8 Figura 2 - Ponto 1 – Giraffas Figura 4 - Ponto 3 – Burger King Figura 3 - Ponto 2 - Mercado 153 Figura 5 - Ponto 4 - Pamonha Caipira Para a realização deste trabalho, foram observados os procedimentos de medição presentes na NBR 10.151 (ABNT, 2000), onde o medidor do nível de pressão sonora deve ser posicionado em pontos afastados aproximadamente 1,2 m do piso, e posicionado a pelo menos 2 m do limite de qualquer superfície refletora, como pilastras, paredes etc. (ABNT, 2000). Todas as medidas tiveram duração de 5 minutos. A Figura 6 mostra a distribuição dos pontos de coleta. 9 Ponto 02 Ponto 01 Ponto 04 Ponto 03 Figura 6 - Croqui da praça de alimentação, com a distribuição dos pontos das medições 10 2.1 Parâmetros Acústicos Para a realização deste trabalho, ao término da coleta os dados foram processados no software dBTraid da 01dB, tornando-se possível identificar alguns dos parâmetros utilizados a seguir. 2.1.1 Definições dos Parâmetros Acústicos Pressão Sonora (PS) A propagação do som promove o deslocamento de partículas em um meio elástico em relação a suas posições de equilíbrio o movimento de compressão e expansão desse meio causa flutuações de pressão. Essas flutuações recebem o nome de pressão sonora (GERGES, 1992). A unidade usual para a pressão sonora é o Newton por metro quadrado (N/m2) ou Pascal (Pa). Existe um valor de pressão sonora abaixo do qual o sistema auditivo dos seres humanos não é mais sensibilizado. Esse valor é de aproximadamente a 2.10–5 N/m2, ou 20 µPa. Qualquer nível de pressão sonora maior ou igual a esse valor é traduzido pelo ouvido humano como uma sensação auditiva. Nível de pressão sonora (NPS) O ouvido humano é capaz de captar uma faixa de pressão sonora que varia desde o limiar da audição, correspondente à pressão de 0,00002 N/m2 ou 20 µPa, até o limiar da dor, cuja pressão é aproximadamente 200 N/m2 ou 200 Pa (GERGES, 1992). Assim, para a expressão dos valores das pressões sonoras na faixa da audibilidade humana de forma linear, como por exemplo, em N/m2, seria necessária uma escala muito ampla e, portanto, de difícil utilização. O recurso matemático adotado para resolver esse problema foi a utilização do conceito de nível de pressão sonora, ou seja, a utilização da escala Bel. O Bel (B) pode ser usado para expressar níveis de quaisquer potências em relação a um nível básico de referência (SCHULTZ, 1972). Para níveis de pressões sonoras, foi mais adequadamente definido o uso de um submúltiplo do Bel, o decibel [dB]. O valor de referência adotado foi 2.10-5 N/m2 ou 20 µPa, que corresponde aproximadamente ao limiar da audição humana. 11 Além disso, é mais conveniente a utilização do decibel, submúltiplo do Bel, em função da faixa dos valores de pressões sonoras estudadas em acústica. Assim, a expressão que define um nível de pressão sonora em decibel é (1): NPS = 20 log p1 p0 (1) onde: NPS =Nível de pressão sonora referente ao nível de referência em decibel [dB], P1 = pressão sonora medida [N/m2], p0 = pressão sonora de referência igual a 2.10-5 N/m2. Nível equivalente de pressão sonora (Leq) É comum a variação dos níveis de ruídos durante determinado intervalo de tempo. Os danos à audição podem ser potencializados não somente pelo nível do ruído, mas também pelo tempo de exposição. O nível sonoro equivalente é um nível constante corresponde, em termos de energia acústica, aos níveis variáveis do ruído, durante o período de medição. Assim, é definido um valor único, chamado nível equivalente de pressão sonora, Leq, que é o nível sonoro médio integrado durante um intervalo de tempo (GERGES, 1992). O Nível de pressão sonora equivalente, Leq, em dB, é calculado de acordo com NBR 10.151 pela equação (2): T 1 P(t ) 2 Leq = 10 × log 10 ( ∫ 2 dt ) T 0 P0 (2) Onde: T é a duração do período de referência (tempo total de medida); P(t) é a pressão sonora instantânea; P0 é pressão sonora de referência (2,0 × 10-5 N/m2). Destaca-se que nesse trabalho o LAeq foi medido no modo de ponderação A. Níveis Estatísticos de Ruído (Ln) São níveis de pressões sonoras que são ultrapassados durante uma determinada fração do tempo total de medição. 12 Os níveis estatísticos de maior interesse para estudos de ruído são L10 e L90, que são os níveis excedidos durante 10% e 90% do tempo de medição (SCHULTZ, 1972). Para o estudo da praça de alimentação, o nível estatístico L10 pode ser aceito aproximadamente como valores de pico, pois ele indica valores que foram excedidos durante apenas 10% do tempo total de medição. Já o nível estatístico L90 pode ser aceito como sendo um ruído de fundo, posto que ele indica o nível de ruído que foi ultrapassado durante quase todo o tempo de medição. Assim de acordo com a duração dos ruídos temos os seguintes parâmetros; • L90 - nível de pressão sonora excedido em 90% do tempo de medida efetiva. • L10 - nível de pressão sonora excedido em 10% do tempo de medida efetiva. • Lmín - menor nível de pressão sonora num determinado intervalo de tempo; • Lmax - maior nível de pressão sonora num determinado intervalo de tempo. Nível Sonoro e Distância A amplitude de pressão sonora sofre redução à medida que a distância da fonte ao receptor é aumentada, devido à existência de perdas na transmissão do som num meio elástico qualquer. Além disso, se a frente de onda é uma superfície em expansão, se conservada a energia, a intensidade cai com o aumento da área. Assim, na propagação do som através do ar em um campo livre, o nível sonoro é reduzido em aproximadamente 6 dB quando é duplicada a distância entre a fonte e o receptor. Portanto, só existe sentido num determinado valor numérico para um nível de pressão sonora, quando se informa a que distância a fonte está do receptor (GERGES, 1992). Por isso, um nível de ruído medido será sempre um valor vinculado à distância entre a fonte e o medidor de nível de pressão sonora, e qualquer variação de uma distância predeterminada, implicará em erros de medição. Nível de Integibilidade da Fala (SIL) Podemos definir a Integibilidade da Fala como a relação expressa em porcentagem entre palavras faladas e palavras entendidas. Para que a comunicação seja realizada com sucesso (fazer-se ouvir e entender), a inteligibilidade da fala deve ser superior a 90% (NEPOMUCENO, 1994). Porém, segundo PIMENTEL-SOUZA (1992), a inteligibilidade de 100% das palavras fáceis exige uma intensidade de voz de 10 dB (A) acima do ruído de fundo, que nas praças de 13 alimentação geralmente passa dos 60 dB (A). Isso pode estressar as pregas vocais de quem fala e incompatibilizar as condições de concentração para atividades mentais e psicológicas de quem escuta, gerando desconforto para conversações de um modo geral. O nível de interferência da fala, em inglês “speech interference level” (SIL), pode ser mensurado por meio do cálculo da média aritmética dos níveis de ruído, em dB, nas bandas de oitava de 500, 1000, 2000 e 4000Hz (3). SIL = 3. SPL500 + SPL1000 + SPL2000 + SPL4000 dB 4 (3) RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Nível de Pressão Sonora - NPS Atualmente não existe no Brasil legislação específica que regulamente os níveis de pressão sonora em praças de alimentação, no entanto, há uma proposta de reformulação da NBR 10.152 – Níveis de Ruído para o conforto acústico - sugerindo que o NPS em praças de alimentação seja de 50 dB(A), considerando esse valor para o ruído de fundo (RF), medido com a praça vazia. Segundo a OMS, exposições acima de 50 dB(A) já são prejudiciais, pois favorecem o surgimento de efeitos negativos acima de 65 dB(A), ocorre o início de estresse degradativo (WHO, 1999). A partir de 65 dB(A) ocorre o início da epidemia de ruído, e, dependendo da susceptibilidade do indivíduo, a partir desse valor podem-se originar sintomas de desequilíbrio bioquímico, aumento do risco de infarto, derrame cerebral, infecções, osteoporose etc. (PIMENTEL, 1992). Por não existir um valor adequado de referência de NPS em praças de alimentação, os valores da Tabela 1 foram definidos com base nos estudos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa em acústica da Universidade Católica de Brasília, experiência in loco durante as medições, e pelo recente estudo realizado por Papatya Nur Dökmeci e Semiha Yilmazer (2012), “Avaliação integrada em praça de alimentação de shopping na Turquia” onde uma avaliação integrada demonstrou que ao nível de 67 dB(A) o NPS já é significativo, a esse nível as pessoas que participaram da pesquisa relataram, por meio de questionários, que já se sentiam incomodadas com a exposição. Conveniou-se, portanto, adotar como valor de referência para conforto acústico um limite de 70 dB(A) para praças de alimentação. 14 Tabela 1 - Valores de referência em dB(A) para conforto acústico na praça de alimentação Valores em dB(A) Leq ≤ 70 70 < Leq ≤ 75 75 < Leq ≤ 80 Leq > 80 Classificação Satisfatório Inadequado Incômodativo (alerta) Intolerável (crítico) A seguir a Tabela 2 apresenta os resultados de NPS mensurados no ponto 1 em frente ao Giraffas. Tabela 2 - NPS, em dB(A), medidos no ponto 1 – em frente ao Giraffas Medição Diurna Data 20/07/12 21/07/12 25/07/12 Hora 12h28:14 12h22:13 12h21:53 Lmin 72,7 72,5 69,5 L90 74,0 74,1 71,3 Leq 76,6 76,4 73,6 L10 78,6 77,6 75,1 Lmax 83,3 87,9 81,6 78,4 78,5 76,5 75,7 80,1 79,8 78,2 81,2 80,7 79,5 85,6 86,0 83,2 Médias Noturna 20/07/12 21/07/12 25/07/12 19h52:16 20h10:25 18h56:55 76,4 76,8 75,0 79,4 Médias Os resultados obtidos no Ponto 1 - Giraffas – mostram: nenhum dos níveis é considerado satisfatório, a média diurna está dentro do valor considerado incomodativo (alerta), no período noturno, ocorre um aumento de 3,7 dB(A), ficando muito próximo ao considerado Intolerável (crítico) foi o maior nível de pressão sonora noturno de todos os pontos. Além da conversação o ruído foi potencializado por arrastes de cadeiras, proporcionando picos de ruídos, o que justifica os elevados valores do L10. A tabela 3 apresenta os valores referentes ao ponto 2 Mercado 153. Tabela 3 - NPS, em dB (A), medidos no ponto 2 - Mercado 153 Medição Diurna Data Hora 20/07/12 12h47:56 21/07/12 12h45:53 25/07/12 12h37:26 Lmin 66,5 69,2 63,8 L90 68,3 70,6 65,2 Médias L10 72,3 74,5 69,1 Lmax 75,4 79,6 72,7 78,6 76,0 75,0 81,8 78,6 85,4 70,9 Médias Noturna Leq 70,6 73,0 67,4 20/07/12 20h19:47 21/07/12 20h42:55 25/07/12 19h20:40 73,1 70,6 67,4 74,3 72,0 69,2 76,8 74,4 73,2 75,1 15 No ponto 2 - Mercado 153 - o empreendimento é uma espécie de quiosque o que possibilitou a coleta dos dados em seu interior. Foi o local com as menores médias registradas tanto no período diurno quanto no noturno, porém, analisando separadamente apenas uma medição, foi considerada satisfatória, as demais foram inadequadas ou incômodas. Por se tratar de um bar, o maior fluxo de pessoas se deu no período noturno, durante as medições diurnas pôde-se visitar o ambiente praticamente vazio e percebeu-se que o ruído da praça interfere no interior do empreendimento. Comparando todos os níveis equivalentes de pressão sonora desse ponto houve pouca variação entre eles 3,2 dB(A), permanecendo o NPS alto independentemente ou não da quantidade de pessoas ali presentes. Na medição noturna do dia 20/07, havia apresentação de música ao vivo, fator que acarretou um leve aumento, 2,4 dB(A), o suficiente para elevar esse ruído de fundo ao nível de Incômodo (alerta). A Tabela 4 apresenta os valores de NPS obtidos no ponto 3 em frente ao Burger King. Tabela 4 - NPS, em dB(A), medidos no ponto 3 – em frente ao Burger King Medição Diurna Data Hora 20/07/12 12h57:07 21/07/12 12h29:30 25/07/12 12h29:07 Lmin 72,3 71,6 71,4 L90 73,6 72,5 72,6 L10 76,9 76,4 76,7 Lmax 83,0 79,0 81,1 79,8 79,9 78,6 82,8 84,3 85,8 75,2 Médias Noturna Leq 75,7 74,7 75,1 20/07/12 20h00:50 21/07/12 20h18:52 25/07/12 19h04:37 75,8 75,3 74,0 76,9 76,9 75,5 78,5 78,6 77,5 78,2 Médias Resultados do Ponto 3 - Burger King: observando o croqui da praça de alimentação, percebe-se que os pontos 1, 2 e 4 localizam-se em linha reta, já o ponto 3 encontra-se em uma extensão da praça de alimentação que dá acesso a uma nova ala de lojas. A média dos valores tanto no período diurno quanto noturno ficaram dentro dos limites considerados incomodativos. A localização diferenciada desse ponto não interferiu na redução do Nível de Pressão Sonora. Apesar de se tratar de uma ala recentemente construída, (2009), manteve-se o mesmo padrão acústico do restante da praça. A tabela 5 apresenta os valores do nível de pressão sonora obtidos no ponto 4 em gente à Pamonha Caipira. Tabela 5 - NPS, em dB(A), medidos no ponto 4 – em frente à Pamonha Caipira Medição Data Hora Lmin L90 Leq L10 Lmax 16 Diurna 20/07/12 13h04:57 21/07/12 12h37:08 25/07/12 12h45:26 70,9 71,8 71,3 72,1 73,0 73,0 74,1 74,9 74,9 80,3 78,8 81,0 81,7 79,6 76,1 88,5 84,9 78,3 76,6 Médias Noturna 75,5 76,2 76,3 21/07/12 20h32:36 20/07/12 20h08:33 25/07/12 19h12:02 76,8 75,5 72,0 78,2 76,7 73,2 80,3 78,4 74,8 78,4 Médias No ponto 4 - Pamonha Caipira - está concentrada a maioria dos restaurantes e bares da praça, a média diurna e noturna nesse ponto foi considerada incômoda (alerta) e observou-se a maior média de NPS diurno em relação aos demais pontos, provavelmente provocado por picos de ruído oriundos de arrastes de cadeiras muito comuns no local. De um modo geral constata-se que em todos os pontos o NPS não está aceitável, ficando acima do valor tomado como referência 70 dB(A). No período noturno foram observados os maiores índices classificando todos os pontos como inadequados (alerta). 3.2 Nível de Integibilidade da fala (SIL) O Nível de Integibilidade da Fala está relacionado com o ruído ambiente e a distância entre as pessoas. Os valores apresentados na Tabela 6 foram calculados conforme a expressão: (4) (4) 66 29 log E mostram a distância máxima para que o diálogo seja estabelecido de forma efetiva se esse intervalo for maior o nível de voz deverá ser intensificado. O Nível de Voz da mesma tabela foi calculado a partir da expressão: (5) (5) 20 Tabela 6 - Valor do SIL por ponto (dB) e a distância mínima para a efetividade da comunicação Medição Ponto 1 Diurna 68,7 Noturna 70,8 r(m) 0,8 Ponto 2 64,0 r(m) 1,2 Ponto 3 67,9 r(m) 0,9 Ponto 4 67,3 r(m) 0,9 0,7 67,9 0,9 70,2 0,7 70,9 0,7 17 Em função dos valores encontrados na Tabela 6, a comunicação só será efetiva a uma distância menor que 1 metro. Como dito anteriormente, o ponto 2 teve o menor NPS, portanto é o único ponto que permite uma comunicação eficaz a 1,20 metros de distância os demais pontos apresentaram valores inferiores, o que leva as pessoas a se posicionarem mais próximas umas das outras ou a aumentarem o nível de voz, causando desconforto. A Tabela 7 apresenta o nível de voz necessário para se estabelecer a comunicação efetiva em cada ponto. Para o cálculo dessa tabela, foram adotadas distâncias de 0,5 m, 1,0 m e 2,0 m, de acordo com a configuração das mesas e cadeiras, simulando o posicionamento das pessoas. Tabela 7 - Valores do Nível de Voz Período NV (dB) 0,5 m Diurna 1,0 m 2,0 m 0,5 m Noturna 1,0 m 2,0 m Ponto 1 70,6 78,6 86,6 73.4 81.5 89.5 Ponto 2 64,3 72,3 80,3 69.5 77.5 89.5 Ponto 3 69,5 77,5 85,6 72.6 80.6 88.7 Ponto 4 68,7 76,7 84,7 73.6 81.6 89.6 Ao compararmos os valores da Tabela 7 com os da Tabela 8, é possível classificar de acordo com a distância o nível de voz que as pessoas deveriam falar para se fazerem entender de forma eficaz. Tabela 8 – Classificação do Nível de Voz Nível de intensidade da voz NV dB(A) NV < 57 57 < NV < 65 65 < NV < 74 74 < NV < 82 82 < NV < 88 NV > 88 Classificação Excelente Satisfatório Inadequado Difícil Impraticável Impossível Em uma análise dos valores dados na Tabela 7, verificamos que a 0,5m nenhum ponto foi considerado excelente, (Tabela 9), e apenas a medição diurna do ponto 2 foi satisfatória as outras seis medições foram consideradas inadequadas. 18 Tabela 9 - Valores do Nível de Voz a 0,5 m Ponto 1 2 3 4 Classificação Diurna Difícil Satisfatório Inadequado Inadequado Classificação Noturna Inadequado Inadequado Inadequado Inadequado Com o aumento da distância, para se estabelecer a comunicação de forma satisfatória obrigatoriamente o nível da fala terá que aumentar. A 1m de distância, (Tabela 10), nenhuma medida foi classificada como excelente ou satisfatória, uma medida foi considerada como inadequada e sete foram consideradas difícil. Tabela 10 - Valores do Nível de Voz a 1,0 m Ponto Classificação Diurna Classificação Noturna 1 2 3 4 Difícil Inadequado Difícil Difícil Difícil Difícil Difícil Difícil A distância máxima entre as pessoas considerada nesse estudo foi de 2,0 m para esse valor a medida diurna do ponto 2 recebeu classificação difícil e todas as demais foram consideradas impraticáveis (Tabela 11). Tabela 11 - Valores do Nível de Voz a 2,0 m Ponto 1 2 3 4 4. Classificação Diurna Impraticável Difícil Impraticável Impraticável Classificação Noturna Impossível Impossível Impossível Impossível CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Os resultados obtidos nas medições comparados com os padrões de conforto acústico apresentados indicaram que os níveis de pressão sonora permaneceram entre incomodativos e 19 inadequados. Todas as médias de NPS estão acima de 70 dB(A), portanto, não satisfazem as condições de conforto acústico. Nesse contexto a comunicação dos frequentadores fica prejudicada uma vez que para se estabelecer a integibilidade da fala o nível de voz assume padrões predominantemente de inadequados a impossíveis. Nesse ambiente desfavorável, ao se fazerem uso abusivo da voz, as pessoas ficam suscetíveis a desenvolver algum tipo de distúrbio vocal como rouquidão, pigarro, cansaço vocal, dor na garganta, entre outros sintomas. Para melhorar as condições de conforto acústico e torná-lo mais apropriado, recomenda-se que se faça um estudo sobre alterações arquitetônicas que visem à incorporação de elementos que propiciem melhor absorção sonora. Outra sugestão para os shoppings está trabalhando um novo comportamento das pessoas é elaborar campanhas educativas com uso de cartazes, panfletos, teatros e afins, informando sobre os perigos da exposição excessiva a ruídos e incentivando as pessoas a terem práticas mais saudáveis, como falarem em um tom de voz mais baixo, reduzir o volume dos fones de ouvido, fechar a janela do carro quando dirigir e etc. Também como estratégia promover palestras ao público em geral, com a participação de profissionais da área de acústica. Esses elementos de uma postura socioeducativa refletiria de forma positiva a imagem do shopping, demonstrando ao cliente, preocupação com seu bem estar. Por fim, sugiro uma elaboração de trabalhos futuros com o objetivo de validar a escala de incômodo proposta neste trabalho onde se sugere um nível de 70 dB (A) para conforto acústico em praças de alimentação. 20 REFERÊNCIAS ANUÁRIO DO DF. 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Ao meu namorado, Cássio Renan Moura Menezes, que me fez companhia durante a coleta de dados para a realização deste trabalho e que, com amor e compreensão, me deu apoio e incentivo durante os últimos anos da minha graduação. Ao professor Rômulo Ribeiro (Climatologia), que no meu terceiro semestre, determinada que estava a desistir do curso, me motivou a continuar. Eu consegui e deixo aqui minha profunda gratidão por ser mais que um mestre, um amigo. Ao meu orientador Dr. Sérgio Garavelli, pela paciência na orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão deste trabalho. Aos amigos e colegas da Universidade Católica de Brasília, pela família que se tornaram ao longo desses anos de graduação, em especial a Elaine Cristina, Derlayne Flávia, Jemima Martins, Nelliany Rodrigues, Kilmara Ramos e Stelliany Messinis. Vocês se tornaram mais que amigas verdadeiras irmãs. Agradeço à administração do Taguatinga Shopping por permitir as medições, sem as quais não seria possível a realização desse trabalho, especialmente ao Daniel Souza – Chefe de Segurança por todo suporte, apoio e amizade. Agradeço às responsáveis por mim nas instituições onde realizei estágios à oportunidade dada de complementar meu conhecimento durante minha graduação: Suely Touguinha MPDFT – Serviço de Gestão Ambiental; Raquel Brostel CAESB – Licenciamento Ambiental e Outorga de Recursos Hídricos e Elizabeth dos Reis SENADO FEDERAL – Senado Verde. Aprendi muito com vocês e deixo expressa aqui minha admiração e carinho. Agradeço a todos os meus amigos e familiares que me incentivaram e torceram por mim durante essa graduação.