CÁLCULO TERMODINÂMICO DO SISTEMA Nb–Si Paulino B. Fernandes1, Gilberto C. Coelho1 & Carlos A. Nunes1. 1 Departamento de Engenharia de Materiais – Faculdade Engenharia Química de Lorena DEMAR-FAENQUIL Polo Urbo Industrial, Gleba AI-6, Mondesir, CP 116, 12600-000, Lorena – São Paulo RESUMO O cálculo termodinâmico do sistema Nb–Si está inserido em um projeto de pesquisa que objetiva a avaliação da estabilidade de fases de ligas do sistema ternário Nb–B–Si ricas em Nb. Utilizando-se o programa Thermo–Calc foi feita a otimização dos coeficientes das expressões analíticas da energia livre de Gibbs para cada fase estável do sistema Nb–Si. As fases Nb3Si, Nb5Si3α, NbSi2 e Diamante(Si) foram modeladas como fases estequiométricas e as fases L, CCC(Nb) e Nb5Si3β foram modeladas como soluções do tipo regular com seus termos de excesso descritos pelo formalismo de Redlich-Kister. A descrição da solubilidade de Si na fase Nb5Si3β foi modelada segundo duas possibilidades: (i) Si substituindo átomos de Nb; e (ii) vacâncias nas posições dos átomos de Nb. Os diagramas calculados reproduziram satisfatoriamente os valores experimentais extraídos da literatura. PALAVRAS-CHAVE: Cálculo Termodinâmico, Otimização, Sistema Nb–Si, Modelamento. ABSTRACT The thermodynamic optimization of the Nb–Si system is part of a research project, in which the phase relations on the Nb–rich corner of the Nb–B–Si system have been studied. Optimized coefficients of the Gibbs energy expression for each stable phase of the binary Nb– Si have been obtained, using the Thermo–Calc program for this propose. The Nb3Si, Nb5Si3α, NbSi2 and Diamond(Si) have been modeled as stoichiometric phases and the liquid L, BCC(Nb) and the Nb5Si3β phases have been modeled as regular solutions, with the excess term described using the Redlich–Kister formalism. The Si solubility in the Nb5Si3β phase has been modeled according two possibilities: (i) Si substituting for Nb; and (ii) vacancies in the Nb positions. The calculated diagrams compare well with the experimental information taken from the literature. CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 34601 1 – INTRODUÇÃO O sucesso da aplicação de materiais estruturais em altas temperaturas, acima de 1400°C, está relacionado a uma variedade de propriedades mecânicas, físicas e químicas. Considerando-se que é muito improvável que um material monofásico venha a satisfazer todos os requisitos para a manutenção da integridade estrutural em altas temperaturas, acredita-se que materiais apresentando microestruturas multifásicas constituem a melhor opção [99Mur, 96War]. A literatura relata o equilíbrio envolvendo as fases CCC(nióbio) e o intermetálico Nb5Si3–xBx (0<x<2) no sistema Nb–B–Si [60Now], o qual parece fornecer as condições necessárias para o desenvolvimento de microestruturas com potencial para as aplicações em altas temperaturas. O presente trabalho está inserido no projeto que estuda a estabilidade de fases em ligas do sistema Nb–B–Si através de diversas técnicas experimentais bem como da termodinâmica computacional. O objetivo deste trabalho foi otimizar termodinamicamente o sistema Nb–Si tendo em vista a futura otimização do ternário Nb–B– Si. Posteriormente deverá ser criado um banco de dados contendo a descrição termodinâmica das fases dos sistemas MR–B–Si (MR = Metal Refratário) tornando confiáveis extrapolações sobre a estabilidade de fases em sistemas multicomponentes do tipo MR1–MR2–...–B–Si. 2 – MÉTODO CALPHAD O método CALPHAD (CALculation of PHAse Diagram) [86Hil], consiste na otimização, através de softwares específicos, de coeficientes de funções termodinâmicas que descrevem as fases de um sistema a partir de valores determinados experimentalmente, associados a estados de equilíbrio de um sistema. Estas funções descrevem a dependência da energia de Gibbs com a temperatura, composição e pressão. Em sistemas envolvendo somente fases condensadas (sólidas e líquidas), o estado de equilíbrio não é influenciado significativamente pela pressão, motivo pelo qual esta dependência pode ser desprezada. O programa Thermo-Calc, baseado neste método, foi utilizado na presente otimização. O processo consiste, numa primeira etapa, em avaliar criticamente a bibliografia relativa a um determinado sistema. A partir das informações sobre a cristalografia das fases, são escolhidos os modelos para a função energia livre de Gibbs, sendo construído o arquivo de modelos. Utilizando as informações experimentais de medidas termodinâmicas e de diagramas de fases é construído o arquivo de dados experimentais. O arquivo contendo os modelos juntamente com o arquivo de dados experimentais alimentam o módulo de otimização do programa de cálculo termodinâmico. A etapa de otimização propriamente dita consiste de um processo CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 34602 cíclico de minimização de erros. O processo de otimização é considerado finalizado quando os diagramas calculados descrevem satisfatoriamente os experimentos. 3 – DESCRIÇÃO DAS FUNÇÕES TERMODINÂMICAS 3.1 – Dependência da Temperatura A equação 1 descreve as energias de Gibbs para os componentes estáveis puros, no estado padrão, em função da temperatura. ºGi – HiSER = A + B.T + C.T. ln(T) + D.T2 + E.T-1 + F.T-3 + I.T7 + J.T9 (01) onde ºGi é a energia livre de Gibbs do componente “i”; HiSER é a entalpia do elemento “i” puro à temperatura padrão de 298,15 K no estado estável (SER = Stable Element Reference); e A....J são coeficientes da função energia livre de Gibbs, os quais estão, para os componentes puros, contidos no banco de dados do SGTE [91Din]. 3.2 –Dependência da Composição 3.2.1 – Fases estequiométricas [Nb3Si, Nb5Si3α, NbSi2 e Diamante (Si)] A mistura de elementos com grande afinidade um pelo outro favorece a formação de uma nova fase, usualmente com nova estrutura cristalina. A energia de Gibbs do composto estequiométrico é descrita segundo a equação Gφ – HSER = ref G + fGφ (02) onde o termo refG é dado pela equação ref G = [ºGiref1 (T) – HiSER (298,15K)].xi + [ºGjref2 (T) – HjSER (298,15K)].xj (03) que representa a mistura mecânica dos componentes puros considerando o seu estado de referência, e o termo fGφ representa a energia livre de formação da fase φ. A descrição da dependência com a temperatura para estes termos é feita como na equação 1. 3.2.2 – Soluções [Fases L e CCC (Nb)] Na situação em que a fase forma uma solução, sua energia livre de Gibbs é descrita de acordo com a equação Gφ – HSER = ref G + idGφ + EGφ (04) O termo idGφ descreve o comportamento de uma solução ideal, onde a interação dos átomos de espécies diferentes é igual à interação de átomos de mesma espécie. Este termo é descrito pela equação Gφ = R . T . [xi . ln(xi) + xj . ln(xj)] id CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais (05) 34603 Entretanto, se a solução mostra um desvio do comportamento ideal, há uma diferença de interação entre os constituintes “i” e “j” que é expressa pelo termo de excesso EGφ e descrito pela equação E Gφ = xi . xj . [0L + 1L . (xi - xj) + 2L . (xi - xj)2 +...] (06) onde L é um parâmetro do termo de excesso que depende da temperatura como na equação 1. 3.2.3 – Fase Nb5Si3β A estrutura do Nb5Si3β é tetragonal (símbolo de Pearson tI32, grupo espacial I4/mcm, protótipo W5Si3). Esta estrutura possui quatro sub-redes, com os átomos de nióbio ocupando as posições 4b e 16k e os átomos de silício as posições 4a e 8h, sugerindo a adoção do modelo (Nb)16(Nb)4(Si)4(Si)8, ou, na forma reduzida, (Nb)4(Nb)(Si)(Si)2. Como não existe indicação da presença de defeitos nas posições do silício, consideramos que as mesmas são energeticamente equivalentes, podendo, portanto, ser modeladas em conjunto na forma (Nb)4(Nb)(Si)3. Existem três possibilidades que podem explicar o excesso de silício em relação à estequiometria ideal da fase Nb5Si3β: (i) a presença de Si intersticial na estrutura desta fase; (ii) átomos de Si substituindo aqueles do Nb ou (iii) a existência de vacâncias nas posições do Nb. A probabilidade do silício entrar intersticialmente na estrutura é pequena, pois seu raio atômico é relativamente grande (rSi=117,5 pm; rNb=142,9 pm) quando comparado com aqueles de elementos tipicamente intersticiais (rC=77,2 pm; rO=60,4 pm; rN=54,9 pm), o que provocaria uma forte distorção na estrutura cristalina com conseqüente aumento dos parâmetros de rede, o que não é observado experimentalmente [41Wal, 55Par, 61Now, 64Sch]. Como não há evidências experimentais para a escolha de uma das outras duas opções, foram feitas otimizações distintas modelando-se a fase Nb5Si3β com cada um dos defeitos, ou seja, (Nb)4(Nb,Si)(Si)3 para o caso do Si substitucional e (Nb)4(Nb,Va)(Si)3 para o caso da presença de vacâncias. Nestes casos, a energia livre da fase é descrita de maneira análoga àquelas das fases L e CCC(Nb), acrescida do termo de formação, fGΦ, contendo a sub-rede isenta de defeitos, (Nb)4(Nb)(Si)3, e totalmente defeituosa, (Nb)4(Si)(Si)3 para o modelo substitucional e (Nb)4(Va)(Si)3 para o modelo de vacâncias. GΦ – HSER = refG + idGΦ + fGΦ + EGΦ (07) Para qualquer do dois casos, existe um mol de posições na sub-rede de defeitos que podem ser ocupadas por nióbio e silício ou nióbio e vacâncias. Geralmente, nos programas de otimização de diagramas de fases, define-se a variável y como sendo a fração de ocupação de CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 34604 uma determinada espécie em uma sub-rede. Designando a sub-rede (Nb)4 por um símbolo de ' apóstrofo (’), a sub-rede (Nb,Si)1 por (’’) e a sub-rede (Si)3 por (’’’), temos, por exemplo, y Nb descrevendo a fração de ocupação dos átomos de Nb na sub-rede (Nb)4. Como as sub-redes (’) e (’’’) estão sempre ocupadas por Nb e Si, respectivamente, suas frações de ocupação serão ' e y Si''' são iguais a 1. Os modelos da fase Nb5Si3β (φ) são sempre unitárias, ou seja, y Nb descritos de acordo com as seguintes equações: A – Modelo Substitucional Para o modelo (Nb)4(Nb,Si)1(Si)3, a relação entre y Si'' e a composição da fase φ y Si'' = [ x Si .( 4 + 3 + 1) − 3] 1 ou y Si'' = [8. x Si − 3] (08) Os termos da energia livre de Gibbs têm a forma: ref G Φ é descrito como na equação 3 id '' '' G Φ = (1 8) .R.T.[ y Nb ln( y Nb ) + y Si'' ln( y Si'' )] (09) f f Φ Φ '' '' f G Φ = y Nb G Nb G Nb : Nb: Si + y Si : Si: Si (10) m '' '' G Φ = y Nb . y Si'' .∑ n L Nb: Nb, Si:Si ( y Nb − y Si'' ) n E (11) n =0 B – Modelo de Vacâncias '' Para o modelo (Nb)4(Nb,Va)1(Si)3, a relação entre yVa e a composição da fase φ '' yVa = 1 − {[(3 x Si ) − 4 − 3] 1} ou y Si'' = 8 − 3 x Si (12) Os termos da energia livre de Gibbs têm a forma: ref G Φ é descrito como na equação 3 id '' '' '' '' G Φ = (1 8) .R.T.[ y Nb ln( y Nb ) + yVa ln( yVa )] (13) f '' f '' f Φ Φ G Φ = y Nb G Nb G Nb : Nb: Si + yVa :Va : Si (14) m E '' '' '' '' G Φ = y Nb . yVa .∑ n L Nb: Nb,Va:Si ( y Nb − yVa )n (15) n=0 As variáveis nas equações de 07 a 15 significam: GΦ energia de Gibbs de 1 mol da fase Φ ; CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 34605 o GNbref1(T) energia de Gibbs do Nb puro à temperatura T no estado da fase “ref1”; o GSiref2(T) energia de Gibbs do Si puro à temperatura T no estado da fase “ref2”; XNb,XSi frações molares da fase e HSER abreviação de [HNbSER(298,15K) . XNb + HSiSER(298,15K) . XSi]. 4 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O diagrama Nb–Si atualmente aceito, produto da avaliação crítica realizada por Schlesinger [93Sch] é mostrado na figura 1. São consideradas estáveis neste sistemas as fases CCC (Nb), Nb3Si, Nb5Si3α, Nb5Si3β, NbSi2 e Diamante (Si), além do líquido L. Figura 1 – Diagrama de fases do sistema Nb-Si, segundo Schlesinger[93Sch] A quantidade de informação experimental é significativa, sendo de particular importância para o processo de otimização a existência de informações termodinâmicas. As informações experimentais de diagramas de fases disponíveis são: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 34606 (i) A superfície liquidus foi determinada experimentalmente por Knapton [55Kna] usando pirômetro ótico com o método de desaparecimento do filamento e Kocherzhinskiy [80Koc] através da técnica de análise térmica diferencial; (ii) Kocherzhinskiy também determinou as temperaturas das reações invariantes envolvendo a fase L, bem como daquelas que ocorrem no estado sólido; (iii) a região rica em Nb foi investigada por Mendiratta [91Men] usando análise metalográfica, microanálise eletrônica e análise por raios X, sendo que seus resultados mais relevantes são as solubilidades de Si em Nb em várias temperaturas e a temperatura de decomposição da fase Nb3Si; e (iv) a solubilidade de Si em Nb foi também medida por vários autores [60Gol, 65Gol, 67Pan, 69Dea, 76Mul, 80Koc, 89Lip] usando análise metalográfica e de difração de raios X. As informações termodinâmicas disponíveis são: (i) Valores de entalpia de mistura da fase L a 2727 oC (3000 K) e 1637 oC (1910 K) foram relatados por Betz [81Bet] e Sudavtsova [85Sud] respectivamente; (ii) a entalpia de formação da fase Nb5Si3α foi medida por Gorelkin [72Gor], Kleppa [98Kle] e Nunes [99Nun]; e (iii) Bondarenko mediu variações de entalpia com a temperatura para as fases Nb5Si3 [71Bon] e NbSi2 [70Bon] na faixa de temperatura entre 927 oC (1200 K) e 1927 oC (2200 K). 5 – OTIMIZAÇÕES EXISTENTES O binário Nb–Si foi otimizado por Kaufman [79Kau], por Kattner [90Kat] e por Liang [99Lia]. Nos três casos, as fases intermetálicas foram consideradas como fases estequiométricas. Nas descrições relatadas por Kaufman e Liang não existe distinção entre as fases Nb5Si3α e Nb5Si3β. O uso destes coeficientes deve levar a uma descrição inadequada das relações de fases no ternário Nb–B–Si e em sistemas de ordem superior. Kattner, para poder descrever as reações invariantes Nb3Si + Nb5Si3β ⇔ Nb5Si3α (peritetóide) e Nb5Si3β ⇔ Nb5Si3α + NbSi2 (eutetóide) nas temperaturas corretas, usou o artifício de descrever a fase Nb5Si3β fora da estequiometria 5:3 (Nb:Si), deslocando-a para a estequiometria 31:19. O uso dos coeficientes relatados por Kattner implicaria na necessidade de se descrever todas as fases MR5Si3 isoestruturais com a Nb5Si3β também deslocadas de CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 34607 suas estequiometrias, provocando uma deficiência intrínseca do banco de dados MR–B–Si já na sua criação. Assim, a proposta da nova otimização é obter descrições independentes para as fases Nb5Si3α e Nb5Si3β na estequiometria 5:3, reproduzindo as relações de fases mostradas na figura 1. 6 – RESULTADOS Os valores de temperaturas liquidus medidos por Kocherzhinskiy [80Koc] foram usados em detrimento daqueles medidos por Knapton [55Kna], considerando a técnica experimental mais precisa e a maior pureza das matérias–primas na confecção de suas amostras. Também, as temperaturas das reações invariantes e os limites de solubilidade do Si em Nb escolhidos para o cálculo foram aqueles reportados por Kocherzhinskiy, com exceção da decomposição eutetóide da fase NbSi3 cuja temperatura de transformação adotada foi aquela medida por Mendiratta [91Men]. Como as solubilidades de Si na fase CCC apresentaram uma grande variação e não tendo sido possível escolher os resultados mais confiáveis com base nas informações relatadas nos artigos, optou-se por não usar qualquer destes dados e por deixar que a solubilidade fosse definida pelo conjunto de experimentos usados no processo de otimização. No processo de otimização os valores de capacidade térmica de todas as fases intermetálicas foram calculados pela regra de Newmann-Kopp. Esta regra descreve a capacidade térmica de uma fase sólida ou líquida como a soma das capacidades térmicas de seus constituintes proporcional à composição dos mesmos na fase. Os valores de diferença de entalpia com a temperatura, [H(T) – H(298)], para o Nb5Si3 e para o NbSi2 medidos por Bondarenko [71Bon, 70Bon] foram utilizados para comparar com os valores calculados através da regra de Newmann-Kopp. A figura 2 compara estes dados experimentais (símbolos) com os valores calculados pela regra de Newmann-Kopp (linhas contínuas) indicando que a aplicação desta regra é suficiente para descrever o comportamento dos silicetos considerados. O trabalho de otimização realizado para o modelo de Vacância resultou em gráficos semelhantes aos do modelo Substitucional, com exceção do parâmetro LNb:Nb,Va:Si do termo de excesso da fase Nb5Si3β. Foi obtido na otimização um valor muito grande, portanto discrepante de valores coerentes com as grandezas físicas envolvidas na equação em estudo, razão pela qual o modelo escolhido para apresentação neste trabalho foi o Substitucional. Os coeficientes das funções energia livre de Gibbs otimizados segundo o modelamento Substitucional são apresentados na tabela 1. O diagrama de fase calculado é mostrado na CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 34608 figura 3, onde pode ser observada uma ótima concordância com os valores medidos experimentalmente. Os valores calculados de entalpia de mistura no líquido L estão mostrados na figura 4 e concordam apenas razoavelmente com aqueles medidos experimentalmente. Foi adotado o valor médio das medidas apresentadas por Gorelkin [72Gor], Meschel [98Mes] e Nunes [99Nun] igual a –65,379 kJ/mol de átomos para a energia livre de formação da fase Nb5Si3α, correspondente ao coeficiente A desta fase na tabela 1 e vale –523.029 J/mol de fase, equivalente a –65.37963.795 J/mol de átomos. Tabela 1 – Coeficientes otimizados para o sistema Nb–Si - Substitucional Coeficientes Fase Modelo Eq. Parâmetros L Redlich–Kister [06] L0 –313.429,99 CCC Redlich–Kister [06] L0 –64.998,53 Nb3Si Estequiométrico [01] –147.040,18 10,78 Nb5Si3α Estequiométrico [01] –523.029,00 68,59 Nb5Si3β Nb4NbSi3 (Nb5Si3) [10] f GNb:Nb:Si –481.510,23 55,53 Nb4SiSi3 (Nb4Si4) [10] f –587.415,15 123,61 Redlich–Kister [11] Estequiométrico [01] NbSi2 GNb:Si:Si L0Nb:Nb,Si:Si A B 92,49 –36.232,88 –353.239,65 CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 98,24 34609 (a) (b) Nb5Si3α Nb5Si3β Figura 2: Diferença de Entalpia – (a) Nb5Si3α e Nb5Si3β e (b) NbSi2. Sistema Nb-Si – Substitucional Figura 3: Diagrama de fases do sistema Nb-Si otimizado – Substitucional CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 34610 1910 K 3000 K Figura 4: Entalpia de Mistura – Fase L – Sistema Nb-Si – Substitucional 7 – SUMÁRIO Os valores experimentais de temperaturas liquidus e das reações invariantes reportados por Kocherzhinskiy [80Koc] são bem reproduzidos pelo diagrama calculado. Os valores experimentais de entalpia de formação da fase Nb5Si3α [72Gor, 98Kle, 99Nun] e de variação de entalpia com a temperatura para as fases Nb5Si3 e NbSi2 entre 1200 K e 2200 K [71Bon, 70Bon] também coincidem bem com aqueles calculados neste trabalho. As medidas de entalpia de mistura da fase L [81Bet, 85Sud] são apenas razoavelmente reproduzidas pelos valores calculados, sendo considerado, entretanto satisfatória esta descrição. 8 – AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a FAPESP pelo apoio financeiro (Processo 97/06348-4). 9 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [41Wal] H. J. Wallbaum. “Disilicides of Niobium, Tantalum, Vanadium and Rhenium.” Z. Metallkd., vol 33, 1941, p 378-381. [48Red] O. Redlich and A. T. 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