Pronunciamento do Senhor Oliveira Filho PL-PR, na Sessão de 12 de abril de 2005. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Gostaria de trazer hoje para esta Casa a discussão de um assunto delicado: adoção de menores no Brasil. Eu mesmo, pai de duas crianças adotivas, tenho algo a dizer sobre a burocracia e a demora que pessoas dispostas em adotar menores precisam enfrentar. Mas não é necessário, uma vez que a cada dia chegam até mim histórias e mais histórias de pessoas – famílias amorosas e dispostas a receber e cuidar de crianças que foram abandonadas – que ao invés de contar com o apoio da Justiça, acabam encontrando nela um empecilho. *79CC40B818* É obvio que a adoção não deve ser tratada com leviandade nem superficialidade. Em alguns casos os candidatos a adoção não têm condições de cuidar de uma criança. Mas esta é uma excessão em todos os casos que vi. E sinceramente, não entendo porque uma família precisa esperar algumas vezes por até quatro anos, depois de ganhar a guarda de uma criança, para conseguir os documentos oficiais de adoção. Ainda outro dia, uma pessoa da minha família me relatava a sua história. Ela e o marido decidiram adotar uma criança e foram em busca de informações. Em uma das comarcas procuradas por ela, a pessoa responsável pelo setor chegou a questiná-la sobre o porquê da adoção uma vez que ela e o marido são férteis. Depois tratou-a de forma rude e não forneceu quase nehuma ajuda para sanar suas dúvidas. 79CC40B818 E assim é com centenas de casais que buscam adotar uma criança no Brasil. Um ato de amor acaba tornando-se um ato de longa espera e persistência. O que me choca profundamente tendo em vista a situação social do país e o número escasso de pessoas dispostas em partir para a adoção. Todos nós ja vimos alguma vez as matérias na televisão e nos jornais mostrando abrigos e orfanatos cheios de meninos e meninas precisando de um lar. Todos nós sabemos da dificuldade destes jovens em econtrar uma família. E mesmo assim, com todo esse quadro, ao invés de auxiliar as pessoas que se candidatam à adoção, em alguns casos a Justiça dificulta suas vidas. Eu conheço o caso de uma senhora que conseguiu a guarda de um menino em 2001. Logo em seguida pediu a adoção. Ela transferiu o processo de adoção para sua cidade e só conseguiu uma audiência em novembro de 2004. Ainda assim a nova certidão ainda não pode ser expedida. Imaginem os senhores. Ela está criando este menino, convivendo com ele por quatro anos . E ainda assim não consegue a certidão definitiva. Este meu pronunciamento não é uma crítica ao cuidado que a Justiça deve ter ao entregar uma criança para família. Mas sim à morosidade. Não podemos brincar com a vida dessas crianças. Elas estão crescendo longe do abrigo de uma família. O tempo para elas é importante, muito importante. Existem mais de 20mil crianças e adolescentes privados do convivio familiar no Brasil e o Estatuto de Criança e Adolescentes, em seu artigo 19, garante o direito do menor à crescer em família. Cabe a nós garantirmos isso e olharmos melhor para este setor no Brasil. *79CC40B818* Era o que eu tinha a dizer. Muito Obrigado Sala das Sessões em 12 de abril de 2005. 79CC40B818 OLIVEIRA FILHO Deputado Federal