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edição: luís antônio giron
e-mail: [email protected]
cinema
A nova
encarnação
de Tolkien
O hobbit, primeiro filme
de uma trilogia, renova
o culto à obra do mestre
da literatura fantástica
Rafael de Pino e Marcelo Osakabe
D
ez anos se passaram desde
o sucesso da trilogia cinematográfica O senhor dos anéis,
do diretor neozelandês Peter
Jackson. Cada filme faturou cerca
de US$ 1 bilhão. Demorou, mas
chegou a hora de voltar à obra do
escritor britânico J.R.R. Tolkien
(1892-1973) e a seu mundo de valores eternos povoado por orcs,
anões, elfos e dragões. O livro escolhido foi O hobbit, primeiro romance de Tolkien, publicado em
1937. Ele virará uma nova trilogia
nos cinemas. O primeiro filme, O
hobbit – Uma jornada inesperada,
estreia nesta semana. Com ele, o
culto à obra de Tolkien se renova
na esteira da fábrica de sucessos
de Peter Jackson.
Jornada do herói
O hobbit Bilbo (foto)
larga a vida pacata
para caçar aventuras
com anões e magos
Foto: divulgação
MenteAberta
cinema
A história do filme, quase três
horas de aventura rodadas em 3D
e com o dobro de definição dos
filmes digitais em cartaz, é fiel
ao livro. Ela se passa cerca de 60
anos antes dos acontecimentos de
O senhor dos anéis. Bilbo Bolseiro
(Martin Freeman) é um hobbit,
criatura da metade do tamanho
de um ser humano, que preza boa
comida, sombra e tranquilidade. A
paz de Bilbo é quebrada quando o
mago Gandalf (Ian McKellen, que
vive o mesmo personagem em O
senhor dos anéis) e 13 anões entram
em sua casa para levá-lo a uma
aventura. Bilbo é reticente, mas
acaba partindo com o grupo, cuja
missão é recuperar o tesouro dos
anões, tomado pelo dragão Smaug.
A trama que chega aos cinemas
foi o primeiro marco na carreira
de Tolkien, um dos escritores mais
influentes no século XX. Até a publicação de O hobbit (um romance despretensioso de 300 páginas,
menor que qualquer um dos três
volumes de O senhor dos anéis),
Tolkien seguia a respeitável carreira acadêmica como tradutor e
professor. O livro fez sucesso na
década de 1930, principalmente
no Reino Unido e nos Estados
Unidos. Sua editora passou a pressioná-lo para obter mais histórias
com os personagens da Terra Média, mundo que Tolkien criou inspirado nas sagas nórdicas.
Quando completou O senhor
dos anéis, Tolkien queria publicálo como um volume apenas. Depois da recusa de duas editoras,
acabou cedendo. O livro O senhor
dos anéis foi publicado em três
partes, entre 1954 e 1955, anos
depois de terminado. Quase 60
anos depois, O hobbit dará origem
a três filmes, e não a um – pelas
mesmas razões mercadológicas.
A principal crítica negativa
ao primeiro dos três filmes de O
hobbit é que o filme é lento, uma
consequência de terem dividido
a história de um livro curto em
três filmes longos. A estrutura
narrativa não fecha. O site da
revista americana Variety afirma
que muitas das cenas “poderiam
ter sido deixadas para uma edição estendida em DVD ou omitidas completamente”. Outras
publicações dizem o mesmo.
Mas quem liga para ritmo, diante da possibilidade de faturar
US$ 1 bilhão por filme?
O senhor dos anéis transformou Tolkien numa máquina de
fazer dinheiro e num dos homens
mais importantes da cultura pop
até hoje (leia o quadro abaixo). A
principal razão foi o movimento
de contracultura na década seguinte. “Nos Estados Unidos e na
Europa, havia jovens querendo
abrir a mente para modos diferentes de viver”, diz o jornalista
Ethan Gilsdorf, colaborador da
revista americana Wired e autor
do livro Fantasy freaks and gaming
geeks, sobre literatura e jogos de
fantasia. “Mesmo sendo de uma
geração anterior à dos hippies,
Tolkien vislumbrou um mundo
que seria atraente para eles.” O
mundo de Tolkien inspirou as letras de música da banda de rock
Led Zeppelin e o universo maniqueísta do filme Guerra nas estrelas, de George Lucas. É a principal
referência de autores como J.K.
Rowling, do fenômeno literário
Harry Potter, e George R.R. Martin, da série Guerra dos Tronos,
sucesso em livros e na TV.
Até o primeiro filme da trilogia O senhor dos anéis, em 2001, o
culto a Tolkien ficava restrito a reuniões nerds. O sucesso dos filmes
de Jackson aumentou o número
de seguidores e consumidores que
compram tudo relacionado à obra
de Tolkien. As editoras esperam o
mesmo com a nova trilogia. O filme O hobbit – Uma jornada inesperada chega ao Brasil acompanhado
de uma reedição do livro original
e do lançamento de dois livros infantis de Tolkien ainda inéditos no
Brasil: Sr. Bliss e Cartas do Papai
Noel. No cinema, obras como o
livro O silmarillion, com aventuras no mesmo universo fantástico,
já estão na fila para ganhar uma
versão cinematográfica.
De volta à terra média
O mago Gandalf (Ian McKellen,
em pé, à esq.) convence
Bilbo (de costas, à dir.)
a ajudar um grupo de anões
a recuperar seu tesouro
O legado de J.R.R. Tolkien para a cultura pop
A obra do escritor britânico foi influência fundamental para obras tão distintas quanto
literatura
o filme Star wars, a série de livros Harry Potter e o rock dos Beatles e do Led Zeppelin
música
Fantasia
para todos
A literatura fantástica
sempre existiu, mas foi
com J.R.R. Tolkien que ela
deixou de ser consumida
apenas por crianças.
Autores consagrados
do gênero hoje, como
J.K. Rowling (Harry Potter)
ou George R.R. Martin
(Guerra dos Tronos), são
fãs declarados dele
jogos
Cantando
glórias
do passado
Os reinos grandiosos,
as batalhas épicas
e os feitos heroicos
de Bilbo, Frodo e
companhia inspiraram
muitas bandas de
rock, desde Beatles
e Led Zeppelin (foto)
até a mais recente
Blind Guardian
cinema
RPGs
Cultura da saga
O vasto universo da
Terra Média inspirou
alguns a criar suas
próprias histórias. Assim
surgiu o RPG, jogo que
mais tarde migrou para
os videogames, como
em Zelda (foto) ou
Warcraft
Boa parte dos filmes
que mostram homens
bons lutando num
universo fictício de
múltiplas raças para
derrotar o mal faz
um tributo à obra
de Tolkien. Os seis
longas-metragens de
Star wars, de George
Lucas, se incluem
nessa categoria
Fotos: Evening Standard/AP e divulgação (3)
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