A Urbanização Brasileira Capítulo 7 Geografia – 2010 Professora – Mª Christina Brasil: um país urbano A maioria da população brasileira é urbana. De cada 10 brasileiros, 8 moram na cidade. Porém, nem sempre foi assim, na década de 1940 a população rural superava a população urbana. Isso significa que o Brasil se urbanizou muito rapidamente, principalmente a partir da década de 1960. A urbanização acelerada da população brasileira ocorreu junto com a industrialização do país. Ocorreu o mesmo em países ricos e em países pobres que receberam muitas indústrias. Como as indústrias se localizam próximas umas das outras para facilitar o comércio de matéria-prima, a infra-estrutura urbana é ampliada, formando uma paisagem muito concentrada. O uso de máquinas nas práticas agrícolas dispensou parte dos trabalhadores ocupados na agricultura e gerou maior produção. Esse processo é chamado de modernização do campo. Uma das conseqüências que ele gerou foi a migração de trabalhadores das áreas rurais para as cidades, conhecida como êxodo rural ou migração ruralurbana (saída da população do campo para a cidade). RÁPIDA URBANIZAÇÃO DO BRASIL A rápida urbanização da população brasileira e, em grande parte, resultante dos processos de industrialização e de modernização do campo. É por isso que os estados da Região Sudeste, a mais industrializada e também a que dispõe da agricultura mais modernizada, apresentam as mais elevadas taxas de urbanização do país. Os estados da Região Centro-Oeste também se destacam com extensas áreas urbanizadas. Apesar de não contar com um parque industrial diversificado, eles apresentam uma elevada produtividade agrícola, resultante do emprego de tecnologias sofisticadas no campo. O surgimento das cidades no Brasil As primeiras cidades brasileiras foram criadas na costa pelos portugueses, que pretendiam assim proteger o território contra possíveis invasores. Belém, fundada em 1616, cresceu em torno do Forte do Presépio Manaus, criada em 1669, desenvolveu.-se em torno de um forte, o de São João da Barra. Com a criação da Zona Franca, em 1967, a cidade sofreu um novo impulso de crescimento populacional. O desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar também ajudou a fundar cidades no Brasil. Pelos portos de Recife e Olinda. RUMO AO INTERIOR A partir do século XVIII, a atividade mineradora provocou uma interiorização das cidades, que passaram a se desenvolver em função da presença de ouro e pedras preciosas (principalmente diamantes). Vila Rica (atual Ouro Preto), em Minas Gerais; Lençóis, na Bahia; Vila Boa (atual cidade de Goiás), em Goiás; e Cuiabá, no Mato Grosso. A introdução do café, principalmente nas terras dos atuais estados de São Paulo e Paraná. As cidades foram surgindo conforme avançava a cultura do café, pois nelas se realizavam as atividades comerciais. Com o final da escravatura, muitos imigrantes, principalmente italianos, que chegaram a São Paulo para plantar café tornaram-se assalariados e trouxeram consigo hábitos de consumo urbanos. A ampliação do mercado consumidor local contribuiu para o início do processo de industrialização do país. As cidades planejadas Algumas cidades brasileiras foram planejadas, isto é, projetadas pelo governo. Nos planos, estavam previstas áreas destinadas a moradia, comércio, indústria etc. Belo Horizonte (1897), em Minas Gerais; Goiânia (1935), em Goiás; e Brasília (1960), no Distrito Federal, são exemplos de cidades planejadas no Brasil. Entretanto, apesar do planejamento, essas cidades cresceram de forma desordenada e enfrentam problemas comuns à outras grandes cidades do país. Cidades médias e metrópoles Além de origens diferentes, as cidades apresentam variações, como o tamanho e total de habitantes. Enquanto algumas concentram milhões de habitantes em imensas áreas, outras não totalizam 10 mil. Para classificar as cidades brasileiras de acordo com o tamanho de sua população, pode-se utilizar a seguinte tabela, proposta pelo IBGE: Cidades Total de habitantes Pequenas Menos de 100.000 Médias De 100.000 a 500.000 Grandes Mais de 500.000 O crescimento rápido de algumas cidades brasileiras causou imensas concentrações populacionais. Como o movimento da população não obedeceu aos limites territoriais de muitos municípios, bairros populosos originaram-se nas periferias das cidades. Esse fenômeno, conhecido como conurbação, (é a unificação da malha urbana de duas ou mais cidades, em conseqüência de seu crescimento geográfico. Geralmente esse processo acontece em regiões metropolitanas) levou o governo federal a propor a criação de regiões metropolitanas. Tentou-se, assim estabelecer um mecanismo de gestão comum para o município mais povoado e seus vizinhos conurbados. Desse modo, seria possível desenvolver por exemplo uma política de saúde única, que obedecesse a critérios populacionais na distribuição de hospitais e postos de saúde. A população poderia então escolher sempre a unidade mais próxima, e o custo seria rateado entre os municípios envolvidos. A megalópole brasileira Um fenômeno muito importante está ocorrendo na Região Sudeste: a formação de uma megalópole, fruto da fusão territorial de duas ou mais metrópoles. No caso brasileiro, esse fenômeno está acontecendo no eixo Rio - São Paulo, ao longo da Rodovia Presidente Dutra. Do lado fluminense, destacam-se a urbanização e a industrialização da Baixada Fluminense. Do lado paulista, a mancha urbana avança para além da Grande São Paulo, expandindo-se na direção de regiões metropolitanas de Campinas e da Baixada Santista e continuando no Vale do Paraíba rumo ao Rio de Janeiro. A Rodovia Dutra já é considerada por muitos uma grande avenida. A rede urbana brasileira Define-se uma rede urbana quando há um conjunto de cidades que mantêm relações (culturais, comerciais, financeiras etc.) entre si, sob o comando de um centro urbano mais importante. Este distribui bens e serviços para os demais municípios que estão sob sua influência. Os centros urbanos intermediários, por sua vez, prestam serviços e fornecem mercadorias para os centros urbanos locais, ainda menores. Metrópole, da língua grega metropolis (μήτηρ, mētēr = mãe, ventre e πόλις, pólis = cidade), é o termo empregado para se designar as cidades centrais de áreas urbanas formadas por cidades ligadas entre si fisicamente (conurbadas)ou através de fluxos de pessoas e serviços ou que assumem importante posição (econômica, política, cultural, etc.) na rede urbana. Metrópoles De acordo com a classificação feita pelo IBGE, no território brasileiro encontram-se metrópoles globais, metrópoles nacionais, metrópoles regionais, centros regionais e centros sub-regionais. Essa hierarquia de cidades é baseada na função que cada uma delas exerce na distribuição de serviços e de mercadorias. Metrópoles globais: são cidades de grande importância cultural e econômica e exerce influência sobre todo o território e são os centros urbanos mais conhecidos internacionalmente, no caso do Brasil destacamse duas cidades com essas características, São Paulo e Rio de Janeiro. Na rede urbana brasileira, porém, a importância de São Paulo e Rio de Janeiro é incontestável. Na cidade de São Paulo estão os melhores hospitais do país e muitas sedes de bancos e empresas que atuam no Brasil. Ela também se destaca pela intensa produção cultural e científica. No Rio de Janeiro encontra-se uma intensa vida cultural, com uma agenda repleta de casas de espetáculos, teatros e cinemas. Mas a cidade se destaca no cenário nacional por sediar importantes órgãos federais, herança da época em que foi a capital do Brasil. É o caso do próprio IBGE, criado em 1937. Metrópoles Brasileiras As Metrópoles Nacionais: devido sua importância exerce influência nos centros regionais, capitais regionais e nas metrópoles regionais, ou seja, preponderância em diferentes estados. Para o IBGE, Salvador, Recife e Fortaleza são as metrópoles nacionais do Nordeste brasileiro. Curitiba e Porto Alegre, também metrópoles nacionais segundo o IBGE, são os mais importantes centros urbanos da Região Sul. Na Região Norte, não existem metrópoles nacionais. Belém e Manaus funcionam como metrópoles regionais são cidades que exercem grande influência em seu próprio estado, além de avançar a fronteira de outros, essas correspondem a centros urbanos que concentram um número superior a um milhão de habitantes e detém uma economia diversificada.) Centro regional: é uma cidade que possui influência econômica, política, cultural ou social, sobre uma determinada região. Em sua maioria, são cidades médias, com população de 100 a 500 mil habitantes. Exemplos: Ribeirão Preto e São José do Rio Preto , no estado de SP, Campos dos Goytacazes e Volta Redonda, no estado do RJ, Uberlãndia em MG, Blumenau em SC, ou Feira de Santana na Bahia. Centros sub-regionais: exercem influência apenas em cidades próximas, povoados e zona rural. Exemplos: Santa Maria (RS), Montes Claros(MG). 702 Vivendo nas cidades brasileiras Já sabemos que o Brasil é um país de muitas desigualdades sociais. Esse fato se reflete na qualidade de vida dos moradores das cidades brasileira e na paisagem urbana. Basta uma caminhada pelas ruas das cidades para perceber isso. Na maioria das cidades, há favelas, cortiços e moradores sem teto que habitam terrenos públicos ou moram embaixo das pontes. O preço da terra urbana é muito alto para grande parte da população, que não tem dinheiro sequer para pagar um aluguel e acaba morando em condições extremamente precárias. Outro indicador de qualidade de vida nas cidades é o total de área verde por habitante. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que uma cidade tenha 12m² de área verde por habitante. No Brasil, são poucas as cidades que atingem esse índice. Soluções e problemas ambientais nas cidades brasileiras Além de contar com pouco verde, as cidades brasileiras, principalmente as grandes e as metrópoles, apresentam graves problemas de poluição do ar. Na Grande São Paulo, o governo estadual instituiu, por alguns anos, um rodízios de carro durante os meses de maio a setembro, em que a circulação atmosférica atinge níveis alarmantes. Com o rodízio de carros e caminhões movidos a álcool, gasolina e óleo diesel foram proibidos de circular um dia da semana, de acordo com o final da placa, ficando os infratores sujeitos a pesadas multas. A oferta de transporte coletivo é outro indicador da qualidade de vida de uma cidade. Curitiba e Goiânia também são as mais criativas na solução de problemas. O lixo urbano E o lixo? O destino final dos resíduos sólidos é um dos maiores problemas das cidades brasileiras. São raras as que dão um tratamento adequado às sobras descartadas por seus habitantes. Na maior parte das vezes, o lixo é depositado a céu aberto, nos chamados lixões, sem nenhum outro cuidado. O lixo a céu aberto expõe a população da vizinhança à presença de insetos e ratos, transmissores de doenças. Além disso, a decomposição do lixo produz um líquido viscoso e altamente poluente: o chorume. Quando não recolhido, ele penetra no solo, poluindo a água que depois vai ser empregada no abastecimento da cidade. Pode se enfrentar o problema ambiental dos resíduos sólidos de muitas maneiras. Uma delas, que vem sendo cada vez mais utilizada nas cidades brasileiras, é a coleta seletiva: os habitantes separam o lixo segundo o material (papel, plástico, vidro, metais e lixo orgânico) para posterior reciclagem. O poder municipal recolhe o lixo e o reaproveita, diminuindo o volume de resíduos sólidos. IDH – Índice de Desenvolvimento Humano O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa que engloba três dimensões: vida longa e saudável (baseado na esperança média de vida ao nascer), acesso ao conhecimento (baseado na alfabetização e na escolarização) e nível de vida digno (baseado no PIB per capita associado ao poder de compra em dólares americanos). Os países são classificados dentro desses aspectos em valores médios entre 0 e 1. Todo ano, os países membros da ONU são classificados de acordo com essas medidas. Atualmente, a lista é encabeçada pela Noruega. As categorias do IDH Os 182 países e territórios avaliados pela ONU em 2009, depois de receberem seus índices, foram classificados em categorias de desenvolvimento humano. Neste ano, pela primeira vez, o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) apresentou uma nova categoria, a do Desenvolvimento Humano muito Alto. O índice varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) até 1 (desenvolvimento humano total). Dessa forma o ranking do IDH fica dividido em quatro categorias: 1. Desenvolvimento Humano Muito Alto: engloba países com IDH acima de 0,900; 2. Alto Desenvolvimento Humano: países com IDH entre 0,800 e 0,899; 3. Médio Desenvolvimento Humano: países com IDH entre 0,500 e 0,799; 4. Baixo Desenvolvimento Humano: países com IDH até 0,499. Apesar de as nações avaliadas pelo Pnud terem demonstrado avanços no desenvolvimento humano nos últimos anos, ainda é muito grande a diferença entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. No Brasil se configura uma tendência geográfica similar, com IDH maior concentrado no sul e no sudeste, com alguma ramificação para o centro-oeste. As regiões de menor IDH ficam no norte e nordeste do país, mais nas proximidades do Equador. Correção pg. 139 1. As primeiras cidades brasileiras foram criadas na costa, pelos portugueses. Eles objetivaram proteger o território contra possíveis invasores. 2. Foi a atividade mineradora e o cultivo do café nas terras dos atuais estados de SP e PR. 3. A industrialização provoca inúmeras transformações na sociedade: amplia o número de trabalhadores assalariados e com poder de compra; atrai pessoas para as cidades; transforma as atividades agrícolas, que aumenta a produção para abastecer o mercado das cidades com menos trabalhadores; provoca investimentos na infra-estrutura, entre outros. Essas mudanças estimulam a urbanização. 4. Belo Horizonte, Goiânia e Brasília. 5. A conurbação é o processo de fusão da área urbana de diferentes municípios num único espaço urbano. A partir do processo de conurbação entre várias cidades brasileiras, o governo estabeleceu por lei as regiões metropolitanas. 6. Porque SP e RJ comandam as relações do Brasil com a economia global. 7. Os indicadores de qualidade de vida em uma cidade brasileira e a porcentagem de habitantes servidos pela rede de água e de esgoto ou total de área verde por habitante. 8. Em geral, o lixo é depositado a céu aberto, nos chamados lixões, o que expõe a população das vizinhanças à presença de insetos e ratos, transmissores de doenças. Além disso, a decomposição do lixo produz o chorume, que pode penetrar no solo, poluindo a água que depois vai ser empregada no abastecimento da cidade. 9. Com a coleta seletiva fica mais fácil a separação do material – papel, plástico, vidro, metais e lixo orgânico – para posterior reciclagem. Correção cap. 8 – pg 161 1. A agricultura está se tornando um setor da indústria. Antigas fazendas foram ou estão sendo transformadas em modernas empresas rurais, movidas pelas necessidades da produção industrial. Nas empresas rurais, a prática agrícola é controlada por grandes grupos empresariais. Eles plantam, coletam, armazenam, beneficiam e distribuem os produtos. Além disso, fornecem equipamentos e técnicas necessárias para o desenvolvimento da agricultura. A produção da cana-de-açúcar e da soja são bons exemplos deste processo. 2. Cultivada tradicionalmente nos estados do sul do país, desde a década de 1970, a soja avança sobre os cerrados do Brasil Central, transformando a paisagem dos estados do MT, do MS e de GO. 3. Os pequenos produtores de aves, suínos, tomates, morangos e fumo, entre outros produtos, principalmente do sul do país, estão cada vez mais subordinados aos interesses dos grupos empresariais que controlam as cadeias produtivas agropecuárias no Brasil. 4. Fronteira agrícola é o avanço das terras agrícolas sobre terras com cobertura vegetal natural. A fronteira agrícola amplia através da incorporação de novas terras para atividades agropecuárias, como ocorreu com a chamada “marcha do café” para o oeste paulista ou da soja no Brasil Central. 5. Essa contradição se explica pelo fato de os grandes produtores agroindustriais priorizarem a produção para exportação (soja, laranja, cana-de-açúcar, entre outros), enquanto os pequenos produtores rurais produzem para o mercado interno (feijão, batata, milho, cebola, entre outros) 6. Os pequenos agricultores não possuem linhas de financiamento e não dispõem de recursos financeiros para a produção agrícola. Uma outra dificuldade é de comercialização de seus produtos, que fica sob o controle dos atravessadores. 7. O atravessador compra diretamente do produtor e revende para o consumidor a um preço mais elevado, ficando com a diferença do preço pago pelo último. 8. Em primeiro lugar, a distribuição de terras é muito desigual no Brasil. Grande parte das terras disponíveis é improdutiva e está sob o controle dos latifundiários. Por outro lado, há um enorme contingente de trabalhadores rurais sem terra e dispostos a trabalhar. Estas diferenças sociais são a origem do conflito pela terra no país. 9. Os estados do RS e do PR tem o número de assentamentos entre 151 e 253. No meu estado (RJ) o número de assentamentos era de 61 a 120. 10. A Reforma Agrária é a oportunidade de melhorar a distribuição das terras no Brasil e de fortalecimento do setor produtivo responsável pela produção de alimentos mais baratos para todos. Geografia – Correção pg. 180 1. Atualmente, os países que detêm ciência e tecnologia são os que comandam a economia mundial uma vez que são capazes de gerar novas idéias e produtos, que serão comercializados no mundo inteiro. Por meio do desenvolvimento científico e tecnológico também é possível aumentar a produção, economizando recursos materiais e energia. 2. Vantagem: as novas tecnologias permitem a fabricação de mercadorias economizando recursos materiais e energia, ou a criação de serviços mais rápidos e eficientes. Essas mesmas vantagens são responsáveis pela diminuição da oferta de trabalho, gerando o desemprego. 3. Elas foram criadas para atender as necessidades da Corte portuguesa, quando esta se estabeleceu no Brasil a partir de 1808.