ANÁLISE DA DIVERSIDADE ENTOMOLÓGICA POR MEIO DE DIFERENTES ARMADILHAS CDC Vanderley, A.M.S.(1) ; Cruz, D.L.V.(1) ; Bezerra, P.E.S. (1) ; Gonçalves, T. S. (1) ; Freitas, M.T.S. (1) ; Gomes-Júnior, P.P.(1); Lima-Júnior, L.M. (1) [email protected] (1) Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE / Unidade Acadêmica de Serra Talhada – UAST, Serra Talhada - PE. RESUMO O levantamento da diversidade entomológica de um bioma é de extrema importância para estudos de equilíbrio ambiental. Neste trabalho, objetivou-se a análise da diversidade entomológica de uma área da Caatinga, bem como a eficácia de cada tipo de armadilha luminosa, na Fazenda Saco, município de Serra Talhada – PE, no período de 12hs. As coletas foram realizadas por meio de armadilhas luminosas do tipo CDC, instaladas em três pontos distintos, com características ecológicas diferentes, além de quatro tipos de iluminação utilizada (azul, vermelha, branca e convencional). Foram capturados 424 espécimes, compreendida em cinco ordens: Díptera, Hemípetra, Hymenoptera, Tricoptera e Coleoptera, com amplo domínio de dípteros, (93,4%). Em se tratando do tipo de cor utilizada na armadilha para a captura de insetos, a luz azul foi a mais relevante (n=222), pois apresentam um comprimento de onda de 420nm, possuindo um valor mais atrativo, principalmente, para representantes dessa ordem. Com relação aos pontos de coleta não houve diferença significativa na abundância dos insetos, porém com relação ao tipo iluminação utilizada nas armadilhas, verifica-se que a armadilha de iluminação azul, atraia uma maior quantidade e diversidade de insetos, isto, de acordo com o ponto de coleta. Palavras-chaves: Biodiversidade, Entomofauna, Dipteros. Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 INTRODUÇÃO A Caatinga, o único bioma exclusivamente brasileiro, corresponde a uma área entre 900.000 e 1.000.000 Km2, cerca de 11% do Brasil, ocupando a maior parte do Nordeste, com extensões no norte de Minas Gerais. O clima é do tipo semiárido quente, com baixa pluviosidade entre 250 e 800 mm anuais, e a temperatura média fica entre 24 e 26ºC. A vegetação da Caatinga pode ser caracterizada como floresta arbórea ou arbustiva, compreendendo principalmente árvores e arbustos baixos, muitos dos quais apresentam espinhos, microfilia e algumas características xerofíticas (CÂMARA, 2002). Alguns estudos têm demonstrado a importância da Caatinga para a conservação da biodiversidade (LEAL et al., 2003). Inúmeros levantamentos têm sido realizados neste e nos demais biomas presentes no Brasil, porém muitos têm ignorado os insetos, que podem ser considerados o grupo que mais contribui para os processos essenciais dos ecossistemas (SILVA, 2009). Os insetos são organismos que apresentam ampla distribuição pelo mundo, ocorrendo em todos os habitats, e constituem um dos grupos mais diversos. Tal taxa compreende mais de 50% de todos os animais do planeta (751.000 espécies formalmente descritas). (SCHOWALTER, 1996), (FERNANDES et al, 2006). Além disso, apresentam grande relevância nos ecossistemas, participando de 2 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 inúmeros processos ecológicos cruciais para manter a homeostase do meio como por exemplo: reciclagem de nutrientes (degradação de madeira, serapilheira, cadáveres e excrementos), propagação de plantas (polinização e dispersão de sementes), manutenção da composição e da estrutura das comunidades de plantas (fitofagia), alimento para vertebrados insetívoros (peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos) e manutenção da estrutura da comunidade de animais (predação, parasitismo e transmissão de doenças) (GULLAN, 2007). Sabendo-se que a influência antrópica (agropecuária, extrativismo de lenha, densidade populacional rural) têm causado impactos ambientais significativos na estrutura e composição dos ecossistemas na Caatinga, as informações pertinentes à diversidade e a biologia dos insetos são de grande importância para a implementação de políticas que visem à conservação desse grupo no bioma. Levando em consideração as questões voltadas a saúde pública, a invasão das construções no ambiente de Caatinga aumenta os casos de doenças endêmicas como a Leishmaniose e a Doença de Chagas. Dada a importância dos insetos na manutenção do equilíbrio ecológico, faz-se necessário a aplicação de métodos na captura de insetos para análise da entomofauna de determinada região, dentre alguns tipos de armadilhas para captura de insetos, destaca-se a armadilha luminosa do tipo CDC (desenvolvida pelo Centers for Disease Control): 3 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 originalmente descrita por Sudia & Chamberlain (1962) e posteriormente modificada por Gomes et al. (1985), é usualmente utilizada para amostragens de insetos hematófagos. Atrai os insetos por uma pequena fonte de luz e os suga para o interior, quando estes se aproximam, por uma pequena ventoinha, que funciona acionada por uma corrente de seis ou 12 volts (GORAYEB, 2013). Com base nas informações supracitadas e visando ampliar o conhecimento a cerca da entomofauna da caatinga, o presente trabalho teve como objetivo analisar a diversidade de insetos, bem como testar a eficácia da armadilha CDC em quatro diferentes tipos de luzes, em uma área de caatinga no semiárido Pernambucano. MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo A coleta dos insetos foi realizada nos dias cinco e seis de março de 2012, em uma área de Caatinga, na localidade Fazenda Saco, zona rural do município de Serra Talhada - PE, às margens do açude do Saco. Para a captura dos insetos foram utilizadas armadilhas do tipo CDC com quatro diferentes tipos de luzes (Convencional ou incandescente e luzes de LED nas cores Azul, Vermelha e Branca) instaladas em três pontos de coleta (Figura 1): Ponto 1, Coordenadas geográficas (Latitude 07º56`43.87``S - Longitude 38º18`0.89``O). Está localizado em uma 4 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 área de Caatinga arbóreo-arbustiva, apresenta árvores altas e fica próximo a uma lagoa intermitente; Ponto 2, Coordenadas geográficas (Latitude 7º56`55.83``S - Longitude 38º17`20.77``O). Está localizado em uma área de Caatinga arbustiva, próximo ao açude do saco, às habitações e criatórios de animais domésticos dos moradores (galinhas e porcos); Ponto 3, Coordenadas geográficas (Latitude 7º57`3.13ºS Longitude 38º17`32.00``O). Está localizado em uma área de Caatinga arbustiva que apresenta algumas espécies de cactáceas, fica próximo ás habitações e ao açude do saco. Figura 1. Armadilha luminosa do tipo CDC (Centers for Disease Control) convencional, utilizada na captura de insetos. 5 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 Figura 2. Mapa com a localização do três pontos de coleta (Ponto 1, Ponto2 e Ponto3) na Fazenda Saco, Serra Talhada – PE. Fonte: Google Earth. As armadilhas foram instaladas às 18:00h do dia cinco e permaneceram ligadas até ás 6:00h do dia seis, totalizando 12 horas de esforço amostral. Todas distantes cinco metros uma da outra. Os insetos coletados foram mortos e fixados em álcool 70%. Posteriormente os espécimes coletados foram conduzidos ao laboratório de Biologia da UFRPE campus UAST, para identificação em nível de ordem com auxílio de chaves dicotômicas. 6 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 Análise dos dados A análise dos dados entomofaunísticos foi baseado na frequência relativa, a fim de verificar qual ordem era mais abundante. Foi verificado que armadilha mostrou-se mais eficaz através do maior número de capturas. Foi utilizado o teste estatístico, análise de variância (ANOVA) por meio do Excel 2007, para verificar se existe diferença no número de capturas entre os diferentes pontos de coleta, ao nível de 5% de significância. E aplicado o teste de qui-quadrado (χ²), por meio do software Minitab ao nível de 5% de significância, a fim de verificar se existe associação entre o ponto de coleta e a cor da luz utilizada na armadilha. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o período de estudo foram capturados 424 espécimes pertencentes a 5 ordens da classe insecta: Diptera, Hemiptera, Hymenoptera, Tricoptera e Coleoptera. A ordem Díptera foi a mais representativa com frequência de 93,40%, seguida por Hemiptera, Tricoptera, Coleoptera e Hymenoptera com 3,30%, 1,65%, 0,94% e 0,71% respectivamente (Figura 3). 7 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 Figura 3. Frequência relativa das ordens de insetos, capturadas com uso da armadilha CDC, na Fazande Saco, município de Serra Talhada – PE. Em relação a ordem mais representativa, esses dados se assemelham com os encontrados por (RIBEIRO et al. 2010) em uma área de caatinga no sul do Piauí, onde a ordem Diptera foi a mais representativa. Em relação a cor da luz utilizada na armadilha, a cor azul mostrou-se mais eficiente na captura de insetos, (n=222), representando 52,36% das capturas, seguida das luzes branca (35,85%), vermelha (9,91%) e convencional (1,88%) (Figura 4). 8 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 Figura 4. Frequência relativa da captura de insetos nos diferentes tipos de armadilhas luminosas, na Fazenda Saco, município de Serra Talhada – PE. O fato da armadilha com a luz azul apresentar a maior frequência das capturas pode estar relacionado à grande quantidade de capturas de espécimes da ordem Diptera (n=203), pois alguns estudos mostram que o comprimento de onda em torno do azul (420 nm) é mais atrativo para os representantes dessa ordem, como por exemplo os flebotomíneos (GULLAN, 2008). Todavia, é importante enfatizar que em contrapartida, uma armadilha com a luz branca apresentou grande quantidade de capturas de dípteros (n=152). Isso se explica pelo fato de que no comprimento de onda da luz branca, também ocorre a emissão de ondas azuis, só que em menor intensidade. Além disso, esse fenômeno pode ser explicado pela influência do fator ambiental, visto que a armadilha com luz branca que apresentou 9 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 significância na captura de dípteros, estava instalada no Ponto 2, que é localizado em uma área antropizada, com a presença de criações de animais (galinhas e porcos), visto que muitas fêmeas de dípteros são hematófagas a presença de porcos e galinhas que são animais endotérmicos e apresentam uma temperatura média em torno de 42º para aves e 39º para porcos, deve ter atraído os insetos para próximo da armadilha e ter influenciado na captura desses insetos. Em relação aos pontos de coleta não houve diferença significativa na abundância dos insetos entre os pontos (F= 0,0042; GL= 11; p>0,05). Bem como o teste qui-quadrado verificou haver associação entre o ponto de coleta e a cor de luz utilizada na armadilha (X²= 271,364; GL=6; p<0,0001). CONCLUSÃO A armadilha luminosa na cor azul, é mais eficaz na diversidade de espécimes, tendo em vista que a mesma possui um comprimento de onda maior que as demais; Não houve influência com relação ao ponto de coleta, pois a área em que foram instaladas as armadilhas eram de caatinga arbustiva, algumas com presença de animais domésticos, o que favorecia maior quantidade de insetos de maneira igualitária nos três pontos de coleta. 10 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 REFERÊNCIAS RIBEIRO, I. B.; PÁDUA, L. E. M.; MOURA, J. Z.; BRITO, W. C.; SANTANA, J. D. P. Diversidade de insetos em um fragmento de caatinga no sul do estado do Piauí, 2010 GOMES, A. C.; RABELLO, E. X.; NATAL, D. 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