FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS - FUPAC FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DE UBERLÂNDIA BIOFÍSICA DE MEMBRANAS Profª Carla Mamede Célula “Todas as criaturas vivas são constituídas de células – pequenas unidades envolvidas por membranas e preenchidas por uma solução aquosa de agentes químicos, dotadas com uma extraordinária capacidade de reprodução.” (Bruce Alberts, 1999) Célula procariótica Célula eucariótica Célula procariótica Célula eucariótica Membranas celulares Todas as membranas celulares são compostas por lipídios e proteínas e têm a função primordial de servir como barreira entre o meio intra e extracelular. Importação e exportação de substâncias específicas; Eliminar produtos residuais para o exterior da célula; Capacidade sensorial de responder a mudanças no meio celular; Propriedades estruturais, mecânicas e plásticas. Membranas celulares : Bicamada lipídica A bicamada lipídica fornece a estrutura básica da membrana e serve como barreira de permeabilidade. Os lipídios mais abundantes na membrana são os fosfolipídios , nos quais o grupo da cabeça hidrofílica é ligado às caudas hidrofóbicas de hidrocarbonetos por intermédio de um grupo fosfato. Membranas celulares : Proteínas de membrana A maior parte das funções da membrana são desempenhadas pelas proteínas de membrana. Membranas celulares : Glicocálice Nas células eucarióticas, muitos lipídios e proteínas apresentam açucares ligados a eles na face externa da membrana plasmática. Protege a superfície celular de agressões mecânicas e química, ex. na mucosa intestinal; Atrai cátions e facilita o transporte desses íons, ex. Na+ em células nervosas e musculares; Reconhecimento e adesão celular; Determina a especificidade dos grupos sanguíneos do sistema ABO: A- acetilgalactosamina; B- galactose. Exercícios: Estrutura de membrana 1. “A compartimentalização é o estabelecimento de duas regiões no espaço, separada fisicamente por uma barreira, e funcionalmente por um trânsito seletivo (Heneine, 2008).” Nos seres vivos que estrutura é responsável por essa compartimentalização? Qual a importância dessa estrutura para os seres vivos? 2. Cinco estudantes em uma sala de aula sempre sentam-se juntos na primeira fila de carteiras. Isso pode ocorrer porque (A) eles realmente se gostam, ou (B) nenhum outro aluno quer se sentar junto a eles. Qual das duas explicações também se aplica à formação da bicamada lipídica? Explique. Suponha que a outra explicação também se aplique às moléculas lipídicas, quão diferentes seriam as suas propriedades? 3. 4. Por que a membrana das hemácias precisa de proteínas? Descreva e exemplifique a importância do glicocálice nas células animais? Membranas celulares: Permeabilidade As células vivem e crescem em função das trocas de moléculas com o seu ambiente, e a membrana plasmática age como uma barreira que controla o trânsito de moléculas para dentro e para fora da célula. Membranas celulares: Permeabilidade Membranas celulares: Transporte passivo Membranas celulares: Transporte passivo Pressão osmótica: pressão com a qual a água é forçada a atravessar a membrana. É determinada pelo número de partículas por unidade de volume, ou seja concentração molar da solução. Membranas celulares: Transporte passivo Membranas celulares: Transporte passivo Mecanismos físicos para abertura e fechamento de proteínas-canal Membranas celulares: Proteínas carreadoras No exato instante em que três moléculas de sódio se ligarem aos seus sítios dessa proteína carreadora na face interna da célula e duas moléculas de potássio ocuparem seus sítios na face interna da proteína, então a enzima ATPase cliva energia e produz alteração conformacional nesta proteína. O resultado será o deslocamento de 2 moléculas de potássio para o LIC e 3 moléculas de sódio para o LEC. Com essa atividade alguns objetivos funcionais são garantidos, sendo eles: 1º evitar o edema celular: ao deslocar o sódio do LIC para o LEC há menor atração de água para o meio intracelular, evitando o encharcamento (edema) desse meio. 2º garantir a eletroneutralidade: com a entrada de apenas duas moléculas de potássio em relação à saída de três moléculas de sódio, há menor estoque de cargas positivas no LIC, garantindo a negatividade deste meio em relação ao LEC. 3º garantir a diferença iônica/molecular: com o redirecionamento do sódio para o LEC e do potássio para o LIC, há manutenção da diferença molecular entre os meios. Membranas celulares: Transporte ativo Membranas celulares: Transporte ativo Membranas celulares: Permeabilidade Membranas celulares: Importação e Exportação de partículas Colesterol Vitaminas Ferro Exercícios: Transporte na membrana Os canais de cátions controlados por acetilcolina não discriminam entre os íons Na+, K+ e Ca2+, permitindo a passagem 1. de todos através deles livremente. Neste caso, por que, quando a acetilcolina se liga a esse complexo proteico em células musculares, o canal se abre e há um influxo fundamentalmente de íons Na+? (Alberts, et al.; 2006) 2. As bicamadas fosfolipídicas formam vesículas esféricas na água. Suponha que você tenha construído vesículas lipídicas que contenham bombas sódio/potássio como as únicas proteínas de membrana e que cada bomba transporta um sódio em uma direção e potássio na direção oposta em cada ciclo de bombeamento. Todas as bombas têm a porção da molécula que normalmente se volta para o citosol orientada para o exterior das vesículas. Determine o que aconteceria se: a) Suas vesículas fossem suspensas em uma solução contendo tanto íons sódio como íons potássio e tivessem uma solução da mesma composição no seu interior. b) c) Você adiciona ATP à suspensão descrita em (a). Você adiciona ATP, porém a solução – tanto no exterior como no interior das vesículas – contém apenas íons sódio. d) Você adiciona ATP, porém em adição a bombas sódio/potássio, a membrana de suas vesículas também contém canais de escoamento de potássio. e) Metade das moléculas-bomba embebidas na membrana de cada vesícula foi orientada ao contrário, de forma que a porção normalmente citosólica dessas moléculas se volta para o interior das vesículas. Você agora adiciona ATP à suspensão. (Alberts, et al.; 2006) 3. (CESGRANRIO-RJ) No desenho abaixo, observamos três tubos de ensaio contendo soluções de diferentes concentrações de NaCl e as modificações sofridas pelas hemácias presentes em seu interior. Em relação a este desenho, assinale a alternativa correta: a) Em 1 a solução é isotônica em relação à hemácia; em 2 a solução é hipertônica em relação à hemácia e em 3 a solução é hipotônica à hemácia. b) As hemácias em 1 sofreram alteração de volume, porém em 2 ocorreu plasmólise e em 3 turgência. c) Considerando a concentração isotônica de NaCl = 0,9 %, a solução 2 certamente possui uma concentração de NaCl inferior a 0,9 % e a solução 3, uma concentração de NaCl superior a 0,9 %. d) As hemácias do tubo 2 sofreram perda de água para a solução, enquanto as do tubo 3 aumentaram seu volume, depositando-se no fundo. e) A plasmólise sofrida pelas hemácias do tubo 2 ocorreu em razão da perda de NaCl para o meio. 4. A fibrose cística é uma doença autossômica recessiva decorrente de mutações ao nível do cromossomo 7, que interfere na formação dos canais de cloreto. Isso compromete o funcionamento das glândulas exócrinas que produzem substâncias (muco, suor ou enzimas pancreáticas) mais espessas e de difícil eliminação. Observando o esquema, explique a relação dos canais de cloreto com a fibrose cística. Membranas celulares: Bioeletricidade Todas as células possuem uma diferença no potencial elétrico, ou potencial de membrana, através de suas membranas plasmáticas. A eletricidade (potencial elétrico) em soluções aquosas é conduzida por íons, os quais são ou positivamente (cátions) ou negativamente (ânions) carregados Um fluxo de íons através de uma membrana celular é detectável como uma corrente elétrica, e uma acumulação de íons, se não for exatamente balanceada por íons carregados antagonicamente, é detectável como uma acumulação de carga é elétrica ou um potencial elétrico. Membranas celulares: Bioeletricidade O potencial de membrana é gerado e mantido a partir dos movimentos de íons para dentro e para fora de uma célula em um estado latente (não-estimulado). As cargas negativas das moléculas orgânicas confinadas dentro da célula são balanceadas por K+. A alta concentração intracelular de K+ é em parte gerada pela bomba de Na+/K+, que promove uma maior concentração de K+ dentro da célula. Entretanto, a membrana contém canais de escoamento de K+, que oscilam aleatoriamente entre os estados abertos e fechados. Qualquer transferência de carga positiva (K+) ao exterior deixa para trás cargas negativas desbalanceadas dentro da célula, criando, dessa forma, um potencial de membrana que se opõem a qualquer movimento de K+ para fora da célula. O potencial de membrana é forte o suficiente para contrabalancear a tendência do K+ de mover-se a favor do seu gradiente de concentração, ou seja, o gradiente eletroquímico de K+ é zero. Bioeletricidade das células nervosas Eletricidade é um processo natural em nosso organismo e está envolvida na função específica de certas células especiais no cérebro e nos músculos estriados e lisos. Cada padrão de luz, som, calor, dor, cada piscar de olhos, estalar de dedos, cada pensamento, se traduz em uma sequência de pulsos elétricos. O impulso nervoso é conhecido por potencial de ação. O potencial de ação é um fenômeno de natureza eletro-química e ocorre devido a modificações na permeabilidade da membrana do neurônio. Essas modificações de permeabilidade permitem a passagem de íons de um lado para o outro da membrana. Como os íons são partículas carregadas eletricamente, ocorrem também modificações no potencial elétrico gerado por essas cargas. Para você imaginar como acontece o impulso nervoso, observe as figuras . A percepção da dor aguda quando um objeto pontiagudo entra em seu pé é causada pela geração de certos potenciais de ação em certas fibras nervosas na pele. Acredita-se que a membrana destas fibras possui canais de sódio que se abrem quando o terminal nervoso da célula é esticado. A cadeia inicial de eventos é assim: 1. Objeto pontiagudo entra na pele; 2. A membrana das fibras nervosas na pele é esticada; 3. Os canais permeáveis ao sódio (Na+) se abrem. Bioeletricidade das células nervosas Os canais de Na+ se abrem mais rapidamente do que os canais de K+. quanto mais sódio passa pelo canal, mais ele fica permeável. É uma avalancha de despolarização, que leva a um ponto em que a corrente despolarizante de Na+ é muito maior que a corrente repolarizante de K+; a esse ponto dá-se o nome de POTENCIAL LIMIAR. A partir do momento em que ele é atingido, o processo não pode mais ser revertido e ocorre uma abrupta inversão da polarização da membrana, ou seja, o POTENCIAL DE AÇÃO. Se o limiar não for atingido, ou seja, a despolarização ou o influxo de sódio não forem suficientemente fortes, não ocorre o potencial de ação. A fase de despolarização (que inverte o potencial de membrana) do potencial de ação é abrupta e muito rápida: ocorre em menos de um milissegundo. Após ter ocorrido o potencial de ação, os canais de Na+ passam para um estado inativo no qual não são capazes de responder a um novo estímulo, ou seja, ficam fechados a novos influxos de sódio. Enquanto isso, os canais de K+, que ainda estão se abrindo, permanecem ativos e permitem uma grande saída de íons K+, provocando a REPOLARIZAÇÃO da membrana. Ela chega a ser "exagerada" na sua fase final, provocando inclusive uma pequena e transitória HIPERPOLARIZAÇÃO. Bioeletricidade das células nervosas Bioeletricidade das células nervosas Sinapse elétrica Bioeletricidade das células musculares O impulso nervoso chega ao terminal nervoso e libera acelticolina Acetilcolina estimula a abertura de canais de Na+ na célula muscular Membrana da célula muscular se despolariza A despolarização leva a liberação de Ca++ do retículo sarcoplasmático para o citoplasma Ca++ forma complexo com as proteínas contráteis Os filamentos de actina /miosina se contraem, levando à diminuição do tamanho do sarcômero Muitos sarcômeros contraindo-se juntos levam à contração de todo o músculo