brief dezembro 2011 AS OPERAÇÕES DE APOIO À PAZ E A COOPERAÇÃO TÉCNICO-MILITAR PORTUGUESA LUÍS FIGUEIREDO O texto aborda a participação das Forças Armadas Portuguesas nas Operações de Apoio à Paz realizadas pelas várias organizações internacionais de que Portugal é membro e ainda as acções de Cooperação Técnico-Militar desenvolvidas com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e com Timor-Leste ao abrigo de Acordos de Cooperação no domínio militar assinados entre Portugal e cada um dos respectivos países. P2 THE GROSSEST OF HUMAN INDECENCIES: THE HORRIBLE OPTION (Generic guidelines for the use of force against child soldiers in peace operations) FRANCISCO DA SILVA LEANDRO The starting query which supports our essay delivers the essential: who is a child soldier? We often have seen answers based on an erroneous perspective, bringing to the problem peculiar questions, especially from the military viewpoint. Frequently, the only angle to deal with this problem is to choose between shooting to kill or shooting to scare. For the purpose of this paper, the accurate answer conveys a short but steady message: a child soldier is always a victim to be looked after and is never to be held accountable. S O N N AÇ ÃO P10 DA dn Instituto da Defesa Nacional DIRECTOR Vitor Daniel Rodriges Viana (Director do IDN) COORDENADOR EDITORIAL Alexandre Carriço CENTRO EDITORIAL Cristina Cardoso, António Baranita e Luísa Nunes PROPRIEDADE, DESIGN GRÁFICO E EDIÇÃO Instituto da Defesa Nacional Calçada das Necessidades, 5, 1399-017 Lisboa Tel +351 21 392 46 00 . Fax +351 21 392 46 58 [email protected] P2 AS OPERAÇÕES DE APOIO À PAZ E A COOPERAÇÃO TÉCNICO-MILITAR PORTUGUESA* LUÍS FIGUEIREDO Coronel de Artilharia Assessor de Estudos do IDN. INTRODUÇÃO O texto aborda a participação das Forças Armadas Portuguesas nas Operações de Apoio à Paz realizadas pelas várias organizações internacionais de que Portugal é membro e ainda as acções de Cooperação Técnico-Militar desenvolvidas com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e com Timor-Leste ao abrigo de Acordos de Cooperação no domínio militar assinados entre Portugal e cada um dos respectivos países. CONCEITOS Operações de Apoio à Paz O conceito adoptado para as Operações de Apoio à Paz (OAP) é que são operações estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), com o consentimento das partes interessadas, para ajudar a controlar e resolver os conflitos entre elas, sob comando e controlo da ONU, custeadas colectivamente pelos Estados membros, e integrando pessoal militar e outro, bem como equipamentos fornecidos voluntariamente por aqueles, actuando imparcialmente para com as partes e utilizando a força na mínima extensão necessária (Goulding, 1993: 455). Também são consideradas as OAP conduzidas pelas organizações regionais, ao abrigo de Resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), sendo os mecanismos de cooperação entre as respectivas organizações assentes nos princípios da primazia da ONU, da definição clara da divisão de tarefas e na coerência de posições das partes quanto aos procedimentos a seguir. Esta cooperação desenrola-se com base em consultas, apoio diplomático, apoio operacional, instalação conjunta e operações conjuntas (Viana, 2002: 94-95). A Cooperação Técnico-Militar No que diz respeito ao conceito de Cooperação Técnico-Militar (CTM), Portugal atribuiu esta designação às acções de cooperação militar que desenvolve com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), desde o final da década de 1980, e que visam apoiar a organização e reestruturação dos Ministérios da Defesa e das Forças Armadas daqueles países e, ainda, contribuir para a formação dos seus militares. As acções de CTM decorrem dos projectos inscritos nos Programas-Quadro celebrados entre os PALOP e Timor-Leste e obedecem a princípios de apartidarismo, subordinação aos órgãos de soberania democráticos e legítimos, respeito pelo Estado de Direito e boa governação (Ministério da Defesa Nacional, 2011a). AS OPERAÇÕES DE APOIO À PAZ Enquadramento Para enquadrar a temática das OAP temos de recuar aos anos 90 do século passado, quando o final da Guerra Fria motivou o regresso à ONU, por ser a única fonte de legitimidade internacional sobrevivente para poder fundamentar uma resposta aos conflitos que na altura se multiplicavam (Moreira, 1996: 443). Com este pressuposto, o CSNU solicitou ao Secretário-Geral, à época, Boutros Boutros-Gali, que fosse efectuada uma avaliação sobre o papel das Nações Unidas no novo quadro internacional. Assim, em 17 de Junho de 1992, Boutros Boutros-Gali apresentou o seu relatório, denominado posteriormente como “Agenda para a Paz”, propondo, em especial, o seguinte: - Aumentar a capacidade da ONU para responder aos desafios do Mundo; - Fomentar um racional de coerência na actuação da ONU; - Completar as missões tradicionais com utilização da força militar; - Colocar os meios das Forças Armadas à disposição do CSNU; - Atribuir à ONU forças de reacção rápida (Unidades de Imposição de Paz); - Fomentar a articulação e a cooperação com as organizações regionais. No que concerne à sua natureza, as próprias OAP são constituídas por operações diversificadas que actualmente compreendem as seguintes categorias (Farinha e Pereira, 2008: 1597): - Manutenção de Paz: actividades desenvolvidas com o consentimento das partes em conflito, sob a égide de um organismo internacional, utilizando forças militares, policiais e civis para a contenção, moderação e fim das hostilidades; - Imposição de Paz: actividades desenvolvidas normalmente por forças militares multinacionais para restaurar a paz numa área de conflito; - Prevenção de Conflitos: compreende as actividades destinadas a evitar que os diferendos se agravem, alarguem ou degenerem em conflitos. Podem abranger iniciativas diplomáticas ou o empenhamento de forças; - Restabelecimento da Paz: acções diplomáticas conduzidas depois do início do conflito, com o objectivo de conseguir condições para a resolução do conflito de uma maneira pacífica; - Consolidação da Paz: medidas levadas a cabo no seguimento da resolução de um conflito a fim de evitar o retorno das hostilidades; - Operações Humanitárias: actividades desenvolvidas com a finalidade de minorar os efeitos negativos dos conflitos nas populações. PORTUGAL NAS OPERAÇÕES DE APOIO À PAZ Portugal tem sido um membro extremamente empenhado e activo nas missões desenvolvidas pelas organizações internacionais em prol da paz e da segurança mundial e a sua primeira participação em operações desta natureza remonta à década de 50 do século XX. Com efeito, em 1958, apenas três anos após a adesão de Portugal à ONU, seis militares das Forças Armadas Portuguesas integraram uma missão no Líbano, a United Nations Observation Group in Lebanon (UNOGIL). Trinta anos depois, em 1989, Portugal volta a (...) em 1958, apenas três anos após a adesão de Portugal à ONU, seis militares das Forças Armadas Portuguesas integraram uma missão no Líbano, a United Nations Observation Group in Lebanon (UNOGIL). brief dezembro 2011 P4 participar numa missão das Nações Unidas, na United Nations Transition Assistance Group (UNTAG), com três militares para a verificação do acto eleitoral na Namíbia. Mas é na década de 1990 que se dá o grande incremento na participação das Forças Armadas Portuguesas em operações humanitárias e de manutenção de paz, com a projecção de unidades constituídas, até escalão de batalhão, que alcançaram em alguns Teatros de Operações um efectivo superior a 1 000 militares. Através do envio de pessoal militar para as mais diversas funções, designadamente, nos estadosmaiores, nos comandos multinacionais ou como observadores militares, em unidades constituídas - navais, terrestres e aéreas -, ou individualmente, Portugal manteve uma participação activa nas OAP, o que o colocou entre os dez primeiros países contribuintes no quadro das missões das Nações Unidas. As contribuições das forças nacionais, por sua vez, têm sido relevantes em domínios tão diversos como o comando de forças, telecomunicações, logística, apoio sanitário e monitorização. Os pontos altos da participação portuguesa nas OAP, em termos do número máximo de efectivos, registaram-se com a participação na Força de Implementação na Bósnia e Herzegovina, Implementation Force (IFOR), em 1996, e com a participação na Missão de Transição das Nações Unidas em Timor-Leste, United Nations Transitional Administration in East Timor (UNTAET), em 2001. As operações humanitárias e de manutenção de Mas é na década de 1990 que se dá o grande incremento na participação das Forças Armadas Portuguesas em operações humanitárias e de manutenção de paz, com a projecção de unidades constituídas, até escalão de batalhão, que alcançaram em alguns Teatros de Operações um efectivo superior a 1 000 militares. paz desempenhadas pelos militares portugueses capitalizaram a atenção do país, concretizando-se num quadro de orientações políticas consensualmente adoptadas por sucessivos Governos, independentemente das suas orientações políticas. Tal empenhamento exigiu um processo de ajustamento das Forças Armadas Portuguesas aos novos cenários internacionais emergentes em termos de redimensionamento, reestruturação e reequipamento. O ajustamento de recursos humanos e materiais, a par de ajustamentos organizacionais, permitiram enquadrar a componente militar da Defesa Nacional face às novas exigências estratégicas no âmbito da política externa portuguesa. Neste aspecto, foi dado especial relevo à instrução e ao treino, que permitiram preparar os militares portugueses para as novas missões e para a mentalidade subjacente ao meio em que se desenvolve este tipo de operações. Assim, desde 1996 foi introduzido nos programas curriculares das Academias, Escolas e Institutos Militares módulos específicos relacionados com o treino e o código de conduta vocacionados para as OAP. Com a revisão da Constituição da República Portuguesa em Setembro de 1997, foi finalmente posto em relevo o empenhamento das Forças Armadas na satisfação dos compromissos assumidos por Portugal a nível internacional, no quadro das organizações de que o país faz parte. Esta consagração veio ao encontro de uma arquitectura de segurança internacional onde as relações de poder têm uma estrutura cada vez mais complexa, em grande parte devido ao número crescente de actores e interesses envolvidos. Neste sentido, o Conceito Estratégico de Defesa Nacional, adoptado em Janeiro de 2003, reflecte a importância crescente da participação de Portugal no quadro das intervenções multinacionais, designadamente no âmbito militar, considerando-as uma opção consolidada que prestigia o país. Ao longo das últimas duas décadas cerca de 37 mil militares das Forças Armadas Portuguesas participaram, isoladamente ou em unidades constituídas, em mais de meia centena de missões no exterior do território nacional, distribuídas por 18 Teatros de Operações, em África, na Ásia, na Europa, no Pacífico e no Médio Oriente. Neste momento, as Forças Armadas Portuguesas estão a participar em missões no exterior, sob a égide das diferentes organizações internacionais de que Portugal faz parte, com um total de 751 militares em sete Teatros de Operações distintos. Os quantitativos de militares das Forças Armadas Portugueses que integram as principais missões são os seguintes (Estado-Maior-General das Forças Armadas, 2011): - Operação na Bósnia-Herzegovina (EUFOR): 14 - Operação no Kosovo (KFOR): 159 - Operação no Afeganistão (ISAF): 227 - Operação no Líbano (UNIFIL): 150 - Operação na República Democrática do Congo (EUSEC): 3 - Operação no Uganda (EUTM-SOMÁLIA): 3 - Operação na Somália (OCEAN SHIELD): 185 - Operação em Timor-Leste (UNMIT): 3 A COOPERAÇÃO TÉCNICO-MILITAR Antecedentes Imediatamente após a independência das antigas colónias portuguesas, alguns dos PALOP dirigiram pedidos de apoio de cooperação a Portugal na área militar, os quais, embora não passando de ajudas pontuais, foram então prontamente satisfeitos. Ao longo das últimas duas décadas cerca de 37 mil militares das Forças Armadas Portuguesas participaram, isoladamente ou em unidades constituídas, em mais de meia centena de missões no exterior do território nacional, distribuídas por 18 Teatros de Operações, em África, na Ásia, na Europa, no Pacífico e no Médio Oriente. A partir dos meados da década de oitenta aumentaram consideravelmente as solicitações, designadamente para cursos de formação militar em Portugal, e, assim, em 1988 foram assinados os primeiros Acordos de CTM com Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe, tendo no ano seguinte sido formalizado o acordo de cooperação com a Guiné-Bissau. Quanto a Angola, por motivos relacionados com a guerra civil e a política interna deste país, todas as acções de CTM foram desenvolvidas ao abrigo do Acordo Geral de Cooperação Luso-Angolano, assinado em 1978, tendo apenas sido possível rubricar o Acordo de Cooperação Militar entre Portugal e Angola em 1996. Relativamente a Timor-Leste, as acções de CTM tiveram início logo após a independência deste país em Maio de 2002, tendo o primeiro Programa-Quadro vigorado no triénio de 2003/2005. Portugal e a Cooperação Técnico-Militar O desenvolvimento da CTM portuguesa com os países lusófonos obedece aos seguintes objectivos (Ministério da Defesa Nacional, 2011b): - Afirmar a presença de Portugal no mundo através da participação activa das Forças Armadas Portuguesas na sustentação da política externa do Estado, especialmente com os países de língua oficial portuguesa; - Contribuir para o apoio ao desenvolvimento; - Contribuir para o estreitamento da cooperação no mundo lusófono e na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em especial, reforçando os laços culturais, históricos e económicos e o uso da língua portuguesa e projectando a visão humanista da lusofonia; - Contribuir para a segurança e a estabilidade interna dos PALOP e de Timor Leste, através da formação de Forças Armadas apartidárias, subordinadas ao poder político e totalmente inseridas no brief dezembro 2011 P6 Desde 1993 já participaram em acções de CTM 3 775 militares das Forças Armadas Portuguesas e no período de 1990 a 2011, inclusive, 6 150 militares das Forças Armadas dos PALOP e de Timor-Leste frequentaram cursos de formação em Portugal quadro próprio de regimes democráticos, constituindo-se como factor estruturante dos Estados e das Nações e contribuindo decisivamente para a consolidação da identidade nacional. Para a consecução destes objectivos, a CTM concretiza-se na execução dos projectos inscritos nos Programas-Quadro aprovados com cada um dos países beneficiários, os quais cobrem um campo de intervenção que abrange as seguintes áreas (Ministério da Defesa Nacional, 2011c): - Capacitação institucional, no domínio da organização da estrutura superior da Defesa e das Forças Armadas; - Formação militar, no domínio da aquisição de competências específicas dos militares através da doutrina, organização, logística e administração, equipamento e funcionamento de Institutos, Escolas e Centros de Instrução Militar, com o objectivo de formar unidades militares e serviços de apoio que possam vir a ser empregues em Operações de Manutenção de Paz e Humanitárias, sob os auspícios da ONU ou das organizações regionais de segurança e defesa, mandatadas para tal; - Capacitação dos quadros militares, através de acções de formação frequentadas em Portugal: cursos e estágios, disponibilizados no Programa de Formação de Pessoal em Portugal; -Serviços, no domínio do apoio à área da logística (fardamento e equipamento), bem como na assistência sanitária em Portugal e no fornecimento de lotes de medicamentos. A Formação em Portugal dos militares dos países lusófonos é um projecto transversal a todos os Programas-Quadro e constitui-se como uma componente nuclear da CTM portuguesa face à indispensabilidade de se valorizar e capacitar o factor humano, através da aquisição de conhecimentos técnicos e científicos, condição sine qua non para que se atinjam os objectivos estabelecidos ao nível da execução técnica dos restantes projectos. Desde 1993 já participaram em acções de CTM 3 775 militares das Forças Armadas Portuguesas e no período de 1990 a 2011, inclusive, 6 150 militares das Forças Armadas dos PALOP e de Timor-Leste frequentaram cursos de formação em Portugal (Direcção-Geral de Política de Defesa Nacional, 2011). Indicam-se a seguir os projectos de CTM que integram os Programas-Quadro em vigor para cada um dos países (Direcção-Geral de Política de Defesa Nacional, 2011): 1 - Programa-Quadro com Angola (20112014) - Estrutura Superior da Defesa Nacional e das Forças Armadas - Escola Superior de Guerra - Direcção do Serviço de Saúde - Direcção de Forças Especiais - Centro de Instrução de Operações de Paz - Estado-Maior do Exército - Academia Militar do Exército - Marinha de Guerra Angolana - Força Aérea Nacional - Formação em Portugal 2 - Programa-Quadro com Cabo Verde (2009-2011) - Estrutura Superior da Defesa e das Forças Armadas - Escola Militar - Polícia Militar - Guarda Costeira - Fuzileiros Navais - Centro de Instrução Militar Conjunto - Formação em Portugal 3 - Programa-Quadro com Moçambique (2010-2013) - Estrutura Superior da Defesa e das Forças Armadas - Marinha de Guerra de Moçambique - Academia Militar de Moçambique - Polícia Militar - Centro de Formação de Forças Especiais - Grupo de Escolas de Formação da Marinha de Guerra - Fuzileiros Navais - Escola de Sargentos das Forças Armadas de Moçambique - Comunicações Militares - Engenharia do Exército - Força Aérea de Moçambique - Formação em Portugal 4 - Programa-Quadro com São Tomé e Príncipe (2011-2013) - Estrutura Superior da Defesa e das Forças Armadas - Centro de Instrução Militar - Engenharia Militar - Guarda Costeira - Comunicações Militares - Formação em Portugal 5 - Programa-Quadro com Timor Leste (20112013) - Estrutura Superior da Defesa e das F-FDTL - Casa Militar do Presidente da República - Componente Naval - Centro de Instrução Militar - Componente Terrestre - Engenharia Militar - Formação em Portugal CONSIDERAÇÕES FINAIS Operações de Apoio à Paz A participação das Forças Armadas Portuguesas em OAP nos vários continentes e sob a égide de diversas organizações internacionais tem permitido dar continuidade à missão que Portugal vem desempenhando ao longo da sua história multissecular e que nos tem facultado um considerável capital de simpatia. O crescente empenhamento das Forças Armadas Portuguesas nas OAP tem sido uma opção estratégica nacional que tem permitido obter excelentes resultados relativamente ao prestígio internacional e à afirmação universalista e humanista da nação portuguesa, tornando-se num dos principais meios ao serviço da política externa do Estado. A participação das Forças Nacionais, inicialmente no âmbito das Nações Unidas depois no quadro de acção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e da União Europeia, teve incidências organizacionais ao nível das missões das Forças Armadas, da sua estrutura, da atribuição de recursos financeiros e materiais, da doutrina e ainda da formação dos militares portugueses. Cooperação Técnico-Militar Se actualmente a prioridade da CTM com os PALOP incide sobre a área da formação, na década de 1990 foram extremamente relevantes as componentes relativas à A participação das Forças Nacionais, inicialmente no âmbito das Nações Unidas depois no quadro de acção da Organização do Tratado do Atlântico Norte e da União Europeia, teve incidências organizacionais ao nível das missões das Forças Armadas, da sua estrutura, da atribuição de recursos financeiros e materiais, da doutrina organização da estrutura superior da Defesa e das Forças Armadas e à requalificação de infra-estruturas destinadas ao ensino e à formação militar. A primeira, por ter criado o normativo jurídico respeitante à estrutura, organização e funcionamento da Defesa Nacional e das Forças Armadas num período particularmente delicado, pois coincidiu com a assinatura dos Acordos de Paz que poriam fim às guerras civis em Angola e Moçambique e, também, com a transição dos regimes de partido único brief dezembro 2011 P8 para regimes multipartidários naqueles países. A requalificação de infra-estruturas destinadas ao ensino e à formação militar, por sua vez, permitiu às Forças Armadas daqueles países criarem os seus próprios centros de instrução, de qualificação e de formação de quadros, incluindo escolas de nível universitário, como é o caso da Academia Militar “Marechal Samora Machel” em Nampula, Moçambique, beneficiando dos recursos humanos altamente qualificados que têm sido formados em Portugal. Naturalmente que o resultado de mais de duas décadas de Cooperação Técnico-Militar não é igual em todos os países africanos lusófonos, quer pelas diferenças dos Programas-Quadro quer por vicissitudes várias relacionadas com guerras civis, como foram os casos de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, e com a instabilidade política e social, como continua a ser a Guiné-Bissau e já foi no passado São Tomé e Príncipe. Contudo, merece realce, pela positiva, o exemplo de Cabo Verde que, por não ter sofrido nenhuma dessas adversidades, tem hoje umas Forças Armadas organizadas e perfeitamente integradas na estrutura do seu Estado democrático, sendo factor de estabilidade e de credibilidade internacional. A escolha do arquipélago de Cabo Verde para a realização do primeiro exercício militar da OTAN fora da sua área geográfica, o exercício Steadfast Jaguar 2006, que serviu igualmente para certificar a operacionalidade da Força de Reacção Rápida da Aliança, a NATO Response Force (NRF), confirmou o reconhecimento da comunidade internacional na qualidade da democracia naquele país e a confiança nas suas Forças Armadas (Figueiredo, 2009: 25). Finalmente, é de referir que a participação dos militares portugueses em OAP tem contribuído extraordinariamente para o aperfeiçoamento da CTM com os países de língua oficial portuguesa, pois a experiência e as qualificações adquiridas pelos militares nacionais no desempenho daquelas missões de paz tem servido para melhorar a qualidade das acções de CTM e promover a criação de novos projectos. O exemplo mais elucidativo é a criação do Centro de Instrução de Operações de Paz das Forças Armadas de Angola, em que a CTM portuguesa apoiou a definição do modelo, organização e funcionamento do Centro e tem formado quadros neste domínio. Deste modo, permitiu-se dotar aquele país africano com um Centro de Instrução de Operações de Paz Regional, com a consequente capacidade de formar contingentes habilitados a cumprir missões de manutenção de paz ao serviço das Nações (...) a participação dos militares portugueses em OAP tem contribuído extraordinariamente para o aperfeiçoamento da CTM com os países de língua oficial portuguesa, pois a experiência e as qualificações adquiridas pelos militares nacionais no desempenho daquelas missões de paz tem servido para melhorar a qualidade das acções de CTM e promover a criação de novos projectos. Unidas, da União Africana e das organizações subregionais daquele continente. Este Centro de Instrução de Operações de Paz poderá ter uma grande importância num futuro próximo visto que Angola fornece tropas para duas Brigadas da African Standby Force (ASF), a força de manutenção de paz que a União Africana está a esforçar-se por criar e que será um dos elementos fundamentais da Arquitectura Africana de Paz e Segurança. Notas * Este texto é baseado na Comunicação efectuada pelo autor na XII Conferência de Directores de Colégios de Defesa IberoAmericanos, que se realizou na Cidade do Rio de Janeiro, Brasil, entre 17 e 21 de Outubro de 2011. Bibliografia Direcção-Geral de Política de Defesa Nacional, 2011. Estado-Maior-General das Forças Armadas, 2011. Forças Nacionais Destacadas - Mapa das Missões. Disponível em http://emgfa.pt/pt/operacoes/mapa. Acedido em 12 de Outubro de 2011. Farinha, Nuno Manuel Mendes e Pereira, Paulo Emanuel Maia, 2008. “Acções desenvolvidas pelas Forças Armadas em missões de paz no quadro da Organização das Nações Unidas (ONU)”, Revista Militar, n.º 12. Figueiredo, Luís Filipe Costa, 2009. AFRICOM Implicações para Portugal da Estratégia dos EUA para os Países Lusófonos. Lisboa: Instituto da Defesa Nacional (não editado) Goulding, Marrack, 1993. “The Evolution of United Nations Peacekeeping”, International Affairs, n.º 3. Viana, Vítor Rodrigues, 2002. Segurança Colectiva: A ONU a as Operações de Apoio à Paz. Lisboa: Instituto da Defesa Nacional/Edições Cosmos. Ministério da Defesa Nacional, 2011a. Cooperação Técnico-Militar. Disponível em http://www.mdn.gov.pt/mdn/pt/Defesa/politic a/bilaterais/ ctm/. Acedido em 10 de Outubro de 2011. Ministério da Defesa Nacional, 2011b. Cooperação Técnico-Militar - Objectivos. Disponível em http://www. mdn.gov.pt/mdn/pt/Defesa/politica/bilaterais /ctm/CTM_ Objectivos.htm. Acedido em 10 de Outubro de 2011. Ministério da Defesa Nacional, 2011c. Cooperação Técnico-Militar - Desenvolvimento dos Programas-Quadro. Disponível em http://www.mdn.gov.pt/mdn/pt/ Defesa/politica/bilaterais/ctm/CTM_ DesvPQ.htm. Acedido em 10 de Outubro de 2011. Moreira, Adriano, 1996. Teoria das Relações Internacionais. Coimbra: Almedina brief dezembro 2011 P10 THE GROSSEST OF HUMAN INDECENCIES: THE HORRIBLE OPTION (Generic guidelines for the use of force against child soldiers in peace operations) FRANCISCO DA SILVA LEANDRO Portuguese Artillery Lieutenant-Colonel Advisor and Researcher, National Defense Institute, Lisbon PhD in Political Science and International Relations at Portuguese Catholic University TO SEE BEHIND Who is a child soldier? 1 The starting query which supports our essay delivers the essential: who is a child soldier? We often have seen answers based on an erroneous perspective, bringing to the problem peculiar questions, especially from the military viewpoint. Frequently, the only angle to deal with this problem is to choose between shooting to kill or shooting to scare. For the purpose of this paper, the accurate answer conveys a short but steady message: a child soldier is always a victim to be looked after and is never to be held accountable. A child soldier is always a victim to be looked after and is never to be held accountable. Every guideline for the use of force (ROE) against Child Soldiers in Peace Operations must begin with learning what leads children to become soldiers. In fact, understanding what a child soldier is gives the information we need to guide our military when confronted with minors posing an imminent or direct threat to them. Foremost, a child soldier is a product of five main combined factors: politics, economics, social/physiological, technological and tactical. Let's shortly review each one of them. Politics The general lack of authority that characterizes failed States generates the possibility to enlist children in armed activities. Forced recruiting activities, despite being an international serious crime, are a product of the criminal enterprises, which include individuals holding de facto power positions exercised over civilian populations, based either on an ongoing threat against people's lives or family constraints. This type of Poverty, sometimes, represents more than an individual struggle to stay alive, and is indeed a family or a community decision based on the lack of basic needs that imperils the entire community. power tends to be exercised even after the termination of the armed conflict. Economics The expression “abject poverty” says almost everything. Hopeless poverty is indeed the starting point to understand that being a child soldier is not an option, but the only course in the context of manipulation, starvation, lack of access to food, absence of hope and consequently is a matter of survival. Sometimes, it represents more than an individual struggle to stay alive, and is indeed a family or a community decision based on the lack of basic needs that imperils the entire community. Likewise, their labor, especially when used to collect minerals such as coltan2 or diamonds, might represent an important source of financial support for armed groups, allowing them to be self-sufficient in ammunitions and other military supplies. Social/physiological Children are at the age of obeying and emulating elders. To bear a weapon is equivalent to holding a superior status of power of indiscriminate use. Carrying a gun is frequently a way of “publicity demonstrating a real “manhood” to gain status and respect” (UNITAR/GCDCAF, 2011). Uniforms, hats, weapons, drugs, alcohol, media/propaganda, the possibility of exercising power over peers, the opportunity to belong to a group, the idea of seeking protection in a male-dominated society which rewards mistreatment of women, sometimes the voodoo or other sorcery practices, constant beatings, the deliberate family killings, absurd humiliations, and finally the absence of hope, are among the many reasons why a child is forced to join armed groups. Technological It might appear odd but the technology applied to the small weapons transformed them in war toys-tools, if we consider their light weight, their dimensions and operation procedures. New weapons are handy, short and made of steel and plastic. In short, small arms with soft recoil. Consequently, they are easily operated by small hands, tiny bodies, and well washed-out brains. Arms control failures, together with illegal trade and consequently the impunity of the dealers, provide good support to the armed activities of children. They are, indeed, small arms of large human destruction. Tactical (military tactics) From the military point of view, children offer valuable features in non-international conflicts worldwide: training, logistics, intelligence, and operational engagement: Training: departing from no possessions and having everything to lose, children are easy to train as they require minimal resources, they are fast to be taught because their lives depend on it, they require short-term training mostly using the «on the job training» formula, and violence is used as a method to produce good and fast results. They are seen as instruments and are toughened by other children under senior juveniles' supervision being the results immediately measured in action. Mistakes are often paid with their lives. Logistics: children eat less, drink less, are not paid, serve as packed animals, are able to cook, can collect wood without drawing attention, they normally have no next of kin to worry about them and consequently are replaceable and disposable. They do not need uniforms, and they are able to carry out logistic activities without leaving a military trace and because of that they are considered perfect couriers. Moreover, girl brief dezembro 2011 P12 soldiers are also great fighters, the best logisticians, and serve as instruments of sexual satisfaction for regular troops. Intelligence: children are children. They might be playing and collecting information. They might be moving from one place to another to visit their communities and collecting information. Forced enlisted children know how to count tracks and personnel. Children have a good visual memory and can easily identify weapons, numbers, types of vehicles, colors, locations, faces, inscriptions, and marks. Children seemed to be harmless: they move, they stay, they play, they ask, they beg… and in the end they always report to get compensation. Operational engagement: children are remarkable frontline fighters. They have a particular notion of danger. They like games, they are small, move fast, shoot accurately, and are merciless. They hide easily, they pay attention to mines, and they bring new ethical issues to the foreign contingents each time they directly engage peace forces and there is a self-defense reaction. In summary, the roots of child soldiering are many, but none of them may be attributed to them. Becoming an enlisted child is not an option based on free will aimed at a certain result, nor is it a conscious act of engaging in conduct of a given nature. To become a child soldier is, by no means, a failure to behave like The criminal responsibility of an act carried out by a child not yet reached universal consensus, soldier lies with the international law (Optional Protocol to the indirect perpetrator who Convention on the Rights of the Child - article 7, 1) and customary law consider child acts by means of soldiers victims, not offenders. They are victims who sometimes bear weapons and executing criminal acts directly participate in the use of armed force. In this context, direct participation is through minors: the understood “by covering both direct participation in combat and also active recruiter or the conscripting agent and the adult exercising Children in combat are effective control over the victims who enjoy child. special protection (...), even if engaged in the a prudent person. The criminal responsibility of direct use of armed an act carried out by a child soldier lies with force (...) the indirect perpetrator who acts by means of executing criminal acts through minors: the recruiter or the conscripting agent and the adult exercising effective control over the child. Enlisting and recruiting children amounts to a crime committed against children (United Nations Security Council, 2008) in situations of armed conflict (SCR 1612, 2005: §1): even though the concept of adulthood has participation in military activities linked to combat such as scouting, spying, sabotage, and the use of children as decoys, couriers or placed at military checkpoints. It would not cover activities clearly unrelated to the hostilities such as food deliveries to an airbase or the use of domestic staff in an officer's But each field commander bears the responsibility to enforce those instruments and they also should be held accountable. «married» accommodation. However, the use of children in a direct support functions such as acting as carrying supplies to the front line, or activities at the front line itself, would be included within the terminology”. (Draft Statute of ICC quoted by, Henckaerts and Doswald-Beck, 2009: 478). Children in combat are victims who enjoy special protection (article 77 Additional Protocol I), even if engaged in the direct use of armed force (article 77 3. Additional Protocol I and article 4 3. Additional Protocol II) and consequently raise moral dilemmas every time that peace forces exercise the legitimate right of self-defense. Therefore, this essay will consider them unaccountable victims in any circumstance, adhering to the International Labor Organization Convention 182 (1999), which considers child soldiering the worst form of child labor. THE BEST PREPARED NEVER WORKS ALONE We are looking for comprehensive solutions, and not for the easy ones. “The United Nations and regional peacekeeping forces have had to confront situations involving child victims or participants in hostilities and have, at times, demonstrated an inadequate ability to react in accordance with international instruments and the field commanders' action work, we must develop the following areas as shown on the diagram, bearing in mind that we are looking for comprehensive solutions, and not for the easy ones: we need to prepare the battlefield, we ought to prepare the engagement, we have to learn how to exercise targeting and self-defense, and how help break the recruitment chain. Let's shortly review each of them. Step 1 - Preparing the battlefield To prepare the battlefield in peace operations we must start by understanding the individual role and the context of peacekeeping forces in terms of the balance between their operational standards. Tense circumstances, vague mandates, and a lack of training and operating guidelines have produced lamentable encounters between peacekeepers and youth”(Cohn, 1999). The responsibility to create the instruments to control and to hold to account peacekeeping forces lies with the United Nations Security Council. But each field commander bears the responsibility to enforce those instruments and they also should be held accountable. To make the linkage between the legal brief dezembro 2011 P14 missions, and the respect of Human Rights and International humanitarian Law. This balance is particularly important, as mentioned by the Capstone Doctrine (United Nations, 2008), regarding the protection of women, children and civilians. Children remain children even if they are carrying out intelligence activities or aiming a loaded weapon at a peacekeeper. In addition, enlisted children are victims to be protected from professional soldiering and cultural values and beliefs we share on children” (RTO-TM-HFM-159, 2001: 6-1), but is a fact of modern armed conflicts. Step 2 - Preparing the engagement Preparing an engagement is a common activity involving the entire chain of command. As early Children remain children even if they are carrying out intelligence activities or aiming a loaded weapon at a peacekeeper. their recruiters and are to be returned to their youth as soon as possible. In this field, peacekeepers bear special responsibilities. Likewise, is important to learn about the situation of women and girl soldiers who seek protection in a sexual relation with a man with a gun, to avoid becoming collective sex object. These «husbands» often play the role of protector from physical hardship, food scarcity, dangerous activities, and random rapes. A girl soldier is indeed a victim among the victims, especially in traditional and conservative societies at war. Both girls and young boys “are outside or at the periphery of the system soldiers use to classify enemies (or adversaries). The confrontation with child soldiers disrupts our paradigms of as possible, a peacekeeping force must direct its headquarters staff to collect intelligence on the situation of the child soldiers, which will be use to prepare operational tools to deal with the situation, and as evidence to bring the recruiters before a court of law. The human intelligence plays a significant role in the collection and information analysis during the production of operational tools. These joint endeavors are to be brought together in a coordinated matter Information Operations (INFOPS), Psychological Operations (PSYOPS), Media and Civil-Military Cooperation (CIMIC) with two main objectives: to reduce the likelihood of direct armed confrontation with armed child soldiers and to support their return to local communities or social integration. Furthermore, the master message should be that “everything possible is done to avoid and limit child soldiers from becoming casualties, but that lethal force may be the only option; that juvenile detainees and escapees are being treated in accordance with international law and great care; that the guilt and blame lies with the people who recruit children as soldiers” (RTOTM-HFM-159, 2001: 6-3). At the same time mission legal reference documents are to be studied and clarified in order to establish confidence among the military deployed. The following simple and easy rules (Tactical, Techniques and Procedures -TTP- or Soldier's Card style), written in the native language of those peacekeepers are a must: - Warnings; - Detention and interrogation; - Handling procedures; - Self-defense procedures; - Use of non-lethal force; - Use of lethal force. Finally, live rehearsal, starting from training situations, should provide each individual the procedures and the confidence to act correctly. New equipment needs might be identified, namely those related to the application of non-lethal force. Step 3 - Targeting and self-defense (Direct Engagement) Targeting and self-defense require an extensive application of the International Humanitarian Law principles. Consequently, the discrimination principle, in addition to its regular legal application, should also be used to discriminate inside the military target, between regular soldiers and child soldiers, or at least to avoid/reduce collateral damages on child soldiers. The witnessed that they are engaged on the current use of armed force), option 1 and 2 are typical engagement options in self-defense. Step 4 - Supporting the recruitment chain breaking An essential aspect of dealing with child soldiering is indeed breaking the recruitment chain. We understand that this is not a typical military function in term of peacekeeping units. Nevertheless, after being detained by peacekeepers, a child soldier needs immediate minimum of force and proportionality principles are to be used together and combined with nonlethal options in case of direct engagement. The diagram shown illustrates several options The minimum of force and proportionality principles are to be used together and combined with nonlethal options in case of direct engagement. depending upon positive child solder identification and non-positive child soldier identification. In the first case (child soldier positive identification) option 1 and 2 are designed to stop a current armed threat, a hostile act or a hostile intent, without the use of deadly force. In the second (non-positive identification of a child solder but having information or having Strictly, in what concern child soldering is difficult to speak about their demobilization, once we do not consider them regular combatants. agents, in a medium/long-term process, which aims to provide former combatants with sustainable livelihoods. At the same time, the security sector reform procedures will help to put in place a conflict exit strategy to restore the effective functioning of the State institutions. THE HORRIBLE OPTION IS NEVER THE SOLUTION medical and psychological care. Being well looked after represents the first opportunity to act together with specialized agents and to involve directly other specialized actors. The first step to breaking this chain is to provide a minimum of psychological comfort to these youngsters. After that, military should assist their disarmament, and reintegration, working side by side with technical teams on the ground. Strictly, in what concern child soldering is difficult to speak about their demobilization, once we do not consider them regular combatants. Education, society, gender, labor are among the issues to be dealt with in close coordination with the other United Nations Child Soldiers tend to protract armed violence. Today, peacemaking does more than end war; it lays the normative ground for transition and sets the agenda for peacetime (Cohn, 1999). Child soldiering tends to protract armed violence, since after the termination of the conflict, former child soldiers hold the only power recognized by them: the power of weapons. It is indeed hard to change that for a project of a better live in the long run. However, that fact does not support treating child soldiers as regular combatants because it raises the scale of predatory brutality to the absurd and increases the threat to regional brief dezembro 2011 P16 We need to help our military to replace their idea of child soldering as a new concept of children associated with armed groups or armed forces. stability in the post-conflict to unacceptable levels. Furthermore, “using violent means against children by armies from developed, industrial countries contravenes not only codes of human conduct against enemies, but touches upon some basic understandings about us as human beings” (RTO-TM-HFM-159, 2001: 6-1). As a result, the horrible option (Dallaire, 2010: 225) to fight back employing lethal fire even in self-defense without The centre of gravity to disrupt the use of children in armed conflicts is the leadership of senior juveniles or adult Child soldiering tends to leaders who exercise protract armed violence, complete power over those innocent victims, (...) to fight back together with those who employing lethal fire effectively control the even in self-defense recruitment activities. without consider other options, is never a solution. consider other options, is never a solution. In fact, it creates many legal problems: it might generate individual criminal accountability, it poses new ethical problems: and it turns the transitional process towards peace longer and harder. Children soldiers showing a threatening posture towards peacekeeping forces are a legitimate target to detain, to keep in custody, to disarm, to neutralize, to separate from adult dominance, and as a last resort to use lethal fire with non lethal intent. The centre of gravity to disrupt the use of children in armed conflicts is the leadership of senior juveniles or adult leaders who exercise complete power over those innocent victims, together with those who effectively control the recruitment activities. We need to help our military to replace their idea of child soldering as a concept of children associated with armed groups or armed forces. In this way it will be easy to make them understand the complex nature of a child bearing arms or working for the military. As mentioned by David Crane (quoted by, Dallaire, 2010: 180), justice is to be served against those who mistreat children by committing against them a brutal crime of stealing their childhood. Peacekeepers are there to protect their youth, not to destroy it in self-defense. That would amount to the grossest human indecency. NOTES 1 UNICEF, 1997. Cape Town Principles and Best Practices. “Child soldier” in this document is any person under 18 years of age who is part of any kind of regular or irregular armed force or armed group in any capacity, including but not limited to cooks, porters, messengers and anyone accompanying such groups, other than family members. The definition includes girls recruited for sexual purposes and for forced marriage. It does not, therefore, only refer to a child who is carrying or has carried arms. (2000), 1314 (2000), 1325 (2000), 1379 (2001), 1460 (2003), 1539 (2004), and 1612 (2005). 2 6 Coltan is the industrial name for columbitetantalit, which is a dull black metallic mineral use to manufacture electronics such as cell phones, DVD players, video games and computers. 3 Article 1 of the Convention on the Rights of the Child specifies that, for the purposes of that Convention, a child means every human being below the age of 18 years unless, under the law applicable to the child, majority is attained earlier. International Crime Court Statute articles 8 2. b) xxvi and 8 2. e) vii Conscripting or enlisting children under the age of fifteen years... The European Convention on Human Rights imposes European Union States the duty not to transfer detainees, unless there is a guarantee that their fundamental rights will be respected. This provision is reaffirmed by the article 37.º of the Convention on the Rights of Children (1989). REFERENCES Cohn, Ilene, 1999. “The Protection of Children in Peacemaking and Peacekeeping Processes”, Harvard Human Rights Journal, Vol. 12, pg. 131148, http://www.law.harvard.edu/students/orgs/hrj/i ss12/cohn.shtml, Access date 8/9/11. 4 It is largely accepted that the use of child soldiers in armed conflicts amounts to a violation of their rights and should be consider a war crime: OUA Council of Ministers, Resolution nr. 1659 (1996), ICC Statute, SCSL Statute, and national legislation without known official practice. But besides that, is necessary to consider that in case of direct participation in armed conflicts, children continue to benefit from a special protection to which they are entitled, whether they are prisoners of war or not (Additional Protocol I, article 77 3), adopted by consensus). 5 The Council has condemned the use and recruitment of child soldiers in several Security Council Resolutions, namely 1261(1999), 1308 Dallaire, Roméo, 2010. They Fight Like Soldiers, they die like children: The Global Quest to Eradicate the Use of Child Soldiers. Random House Canada, ISBN: 978-0-307-35577-5 (0307-35577-2). Henckaerts, Jean-Marie and Doswald-Beck, Louise, 2009. Customary International Humanitarian Law: International Committee of Red Cross. Cambridge. OHCHR/United Nations, 1989. Convention on the Rights of Children, http://www2.ohchr.org/english/law/crc.htm#art 37, Access date 8/9/11. OHCHR/United Nations, 2000. Optional Protocol to the Convention on the Rights of the Child on the involvement of children in armed conflict. Adopted and opened for signature, ratification and accession by General Assembly Resolution A/RES/54/263 of 25th of May 2000 and entered into force on 12th of February 2002, pg. 6. Http://www2.ohchr.org/english/law/crcconflict.htm, Access date 10/9/11. UNICEF, 1997. Cape Town Principles and best practices. Http://www.unicef.org/emerg/files/Cape_Town _Principles(1).pdf, Access date 10/9/11. 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