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Segunda-feira
19 de outubro de 2015
Jornal do Comércio - Porto Alegre
Opinião
PALAVRA DO LEITOR
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ARTIGOS
Carga tributária
Médico?
A carga tributária ao longo das gestões no governo federal, primeiro e último ano de mandato, de 1947 até 2010; percentual sobre o
PIB, com dados do IBGE, Ministério da Fazenda e Contas Nacionais,
foi a seguinte: Eurico Gaspar Dutra (13,8% e 14,4%); Getúlio Vargas 2
(15,7% e 15,2%); Juscelino Kubitschek: (16,4% e 17,4%); João Goulart:
(16,4% e 16,1%); Ditadura militar 1: (17,0% e 25,1%); Ditadura militar
2: (25,1% e 24,3%); José Sarney: (24,0% e 24,1%); Fernando Collor:
(28,8% e 25,0%); Itamar Franco: (26,0% e 29,8%); Fernando Henrique Cardoso: (27,2% e 32,0%); Luiz Inácio Lula da Lula: (31,4% e
34,6%). Será que este aumento da carga tributária, ao longo dos anos
tem algo a ver com a sonegação? Sem sonegação, de repente, não poderia ocorrer a diminuição dos impostos? (Sergio Oliveira, aposentado, Charqueadas/RS)
Mário Henrique Osanai
Cuba-EUA
A aproximação que vem ocorrendo com Cuba é ruim, porque
estão abrindo concessões a uma ditadura esquerdista sem a devida contraprestação. Os Estados Unidos só deveriam normalizar relações quando houvesse um sério cronograma de democratização
que contemplasse eleições livres e monitoradas por organismos neutros, além de libertação de prisioneiros políticos. Do jeito que fizeram, apenas deram um cheque em branco para Cuba, sem nenhuma
contraprestação democrática. É assim que o esquerdismo, que é um
mal, vai avançando; com a leniência e ignorância dos não-esquerdistas que acham que estão fazendo uma grande coisa. No Brasil,
por exemplo, temos o caso do PT, mas já se nota uma migração de
petistas para outros partidos, inclusive a Rede Sustentabilidade de
Marina Silva, que provavelmente será o partido sucessor do PT. (Rafael Alberti Cesa, Caxias do Sul/RS)
Esquerda x direita
Depois da grenalização, temos a briga ideológica entre direita e
esquerda, no Rio Grande do Sul. Comer lanches rápidos é “de direita”. Comer em restaurantes gauchescos é de “esquerda”. Ser contra
as obras da Copa era de “esquerda”, a favor foi de “direita”. Aumentar passagem de ônibus, como sempre ocorreu em todo o Brasil desde Getulio Vargas, é de “direita”. Promover quebra-quebra na prefeitura da Capital por causa do aumento é de “esquerda”. E assim vai o
Rio Grande do Sul, quebrado financeiramente e sem solução alguma
à vista. (Oswaldo Quintana Freitas, Tapes/RS)
Tese
Já sei como vai ser formulada minha próxima tese de defesa
para algum cliente que tenha cometido algum delito: excelência,
segundo a excelentíssima senhora presidente da República Dilma
Rousseff (PT), nem Vossa Excelência, nem os jurados aqui presentes
e nem ninguém tem moral ilibada para julgar o réu. Nestes termos,
peço a sua absolvição! (Augusto César Martins de Oliveira, coronel
da Reserva do Exército e advogado)
Na coluna Palavra do Leitor, os textos devem ter, no máximo, 500 caracteres, podendo
ser sintetizados. Os artigos, no máximo, 2 mil caracteres, com espaço. Os artigos e cartas
publicados com assinatura neste jornal são de responsabilidade dos autores e não traduzem a opinião do jornal. A sua divulgação, dentro da possibilidade do espaço disponível,
obedece ao propósito de estimular o debate de interesse da sociedade e o de refletir as
diversas tendências.
O desejo infantil de ser médico quando crescer
causa uma emoção paradoxal. Na sua sinceridade
ingênua, quer fazer o bem, cuidar de pessoas, salvar vidas. Não há expectativas de ganhos financeiros, nem da outrora privilegiada posição social.
Trata-se da visão romântica da profissão que, nas
últimas décadas, vem absorvendo os efeitos de sucessivas crises e decisões equivocadas. A realidade
mostra a crise na saúde que repercute na atividade
médica e na vida da população. Hospitais fechando,
postos abandonados, carência de profissionais, má
remuneração, gestão inadequada e corrupção são
notícias há anos. Faltam medidas verdadeiramente
eficazes. As instituições competentes devem agir em
benefício da sociedade. É imperativa a apuração de
responsabilidades, com correção dos desvios e aplicação justa de eventuais penalidades. Esse quadro
lamentável atinge quase toda a população. Inclusive, e principalmente, os médicos que, a exemplo daquela criança, ainda acreditam na arte da Medicina.
E é para esses médicos que, nesta data, não se
deve falar em crise. Nem em caos, nem em qualquer
perspectiva negativa. Pois são esses abnegados que,
cuidando de gente, fazendo o bem e salvando vidas, mantêm a chama para os futuros profissionais
e, provavelmente, de toda uma nova sociedade. É
hora de homenagear todos aqueles que perseveram
em seu ofício, trazendo alento aos pacientes e seus
familiares, nos momentos mais difíceis e críticos de
suas vidas. Então que, hoje, recebam o mais sincero agradecimento. E que, ao menos por um dia,
essa maioria dos médicos seja reconhecida e louvada por não sucumbir ao mercantilismo e à corrupção que, lamentavelmente, ainda norteiam alguns
indivíduos que tentam macular essa profissão tão
nobre e digna. Que tenhamos mais médicos com o
sonho da criança e com a maturidade de uma sociedade consciente e cidadã. E que possamos comemorar melhores dias, com mais saúde e uma vida
melhor para todos. Parabéns e obrigado!
Médico
Tons de rosa
Stephen Stefani
Chega outubro e, junto dele, o rosa. Tanto na
iluminação de prédios e monumentos, quanto em
notícias de jornais e televisão, o tom rosa é relacionado ao câncer de mama. São mais de 57 mil mulheres diagnosticadas por ano no Brasil.
É o tumor mais comum entre mulheres, mas a
taxa de cura se aproxima de 90% quando identificado precocemente. Felizmente, essa luta mobiliza milhares de pessoas, e o sucesso cresce. Apesar
do mesmo nome, câncer de mama é mais de uma
doença, com ações e tratamentos diferentes, o que
permite indicar terapias mais efetivas e menos tóxicas. Mas nem tudo é um mar de rosas.
As estatísticas mostram que os casos vêm aumentando. Isso pode ser causado pela mudança socioepidemiológica, com mulheres tendo menos filhos e mais tarde, além do aumento do tabagismo e
da obesidade. A desinformação é outro fator de risco.
Muitas pacientes se surpreendem com o diagnóstico, pois não tinham história familiar. A ausência de parentes próximos com a doença não elimi-
na o risco, inclusive a maioria dos casos não tem
histórico familiar.
Outro erro comum é adiar a avaliação médica,
com o medo de que intervenções possam piorar a
evolução, quando é justamente o contrário. Cabe salientar, ainda, a alarmante falta de acesso à mamografia em alguns locais do País. A qualidade questionável de alguns mamógrafos dá a falsa sensação
de segurança, e o tempo entre suspeita e manejo efetivo é ainda ponto de tensão. Além disso, drogas sofisticadas, mas de alto custo, não estão disponíveis
no sistema público e não se visualizam mudanças.
A falta de um plano de adequação no modelo assistencial cria um desalento para quem lida com a saúde, pois a taxa de mortalidade em áreas pobres é 11
vezes maior do que em zonas com maior Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH). De qualquer forma, o rosa sensibiliza a população e homenageia as
mulheres que travaram ou seguem nessa batalha.
Que sirva também para fomentar mudanças estruturais e, assim, salvarmos mais vidas.
Médico oncologista do Instituto do Câncer Mãe de Deus
Presunção adolescente
Eduardo Jablonski
Talvez a presunção seja uma característica adolescente, embora eu tenha um amigo de 70 anos
que se acha o maior poeta de todos os tempos. Na
verdade, eu também penso isso do rapaz. Quando
eu era jovem, isso há umas três décadas, eu me considerava o maior jogador de futebol de todos os tempos, tudo porque, num coletivo da escolinha do Cecobi na Vila Ipiranga (hoje jardim, em Porto Alegre),
fiz um gol driblando 10 jogadores reservas e porque,
numa praça na Benjamin Constant, fiz 5 mil embaixadinhas sem deixar cair. No final, treinei nas categorias de base de Grêmio, Inter, São José, Cruzeiro,
Aimoré e Novo Hamburgo. Joguei apenas duas vezes (no Cruzeiro e Aimoré), entrando nos últimos 5
minutos, e fiz um gol (pelo Cruzeiro). Essa foi toda a
minha carreira de oito anos, provavelmente a pior
de todos os tempos. Pois é, em alguma coisa eu fui
o melhor.
Na escola estadual onde trabalho, um adoles-
cente de uns 15 anos acha que não precisa cursar o
Ensino Médio, porque ele já sabe tudo de tudo. No
entanto, na prova da área, passou raspando (na de
Linguagens), foi reprovado na de Matemática, na de
Humanas e na da Natureza. Será que isso vai ensinar humildade para ele?
Na faculdade onde trabalho, uma de minhas
alunas — que deve ter a minha idade — colocou na
cabeça do seu filho de 19 anos (ou foi o contrário?)
que ele domina o inglês e, mesmo sem nunca ter
estudado o idioma, deveria pular todas as etapas
e já ser professor. Tentei explicar-lhe que isso é impossível, uma vez que estudo a língua de Shakespeare há 24 anos e sei bem de suas dificuldades.
Levei uns 10 anos para ter o conhecimento de que
disponho e hoje, que sou velho, sei que ninguém
sabe tudo e que vamos aprender todos os dias a
vida toda. A presunção e a arrogância são feias. A
humildade é muito mais bonita.
Professor e mestre em Literatura Brasileira
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Opinião Cuba-EUA Esquerda x direita Tese Médico?