ID: 62321310 17-12-2015 Tiragem: 33074 Pág: 46 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 13,11 x 30,49 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Segunda opinião médica é uma mais-valia no SNS A Debate Serviço Nacional de Saúde Luís Costa Rede Nacional de Especialidade Hospitalar e de Referenciação de Oncologia Médica, criada por despacho do ministro da Saúde, defende que “o circuito de segundas opiniões deve estar formalizado” e recomenda que o médico assistente (ou 1.º clínico) seja envolvido no processo. No documento, elaborado por especialistas em oncologia, é sublinhado que a segunda opinião “não é motivo para quebra da relação terapêutica com o 1.º clínico, nem o vincula à mesma”. No mesmo sentido, no pedido de opinião “o circuito deve ser transparente”, com cooperação entre todos os envolvidos. Na era de acesso global à informação, esta posição destaca a importância do enquadramento formal, e institucional, do exercício do direito à segunda opinião médica. Neste contexto, importa agora saber o que é preciso fazer para o concretizar. É comum o médico pedir a opinião de um colega, que seja mais experiente num tipo de caso específico, que ajude no diagnóstico e no conhecimento das opções de tratamento adequadas. Essa busca de informação é feita informalmente, pedindo opiniões e conselhos ao vizinho ou a um colega que se conheceu num congresso. Não tendo essa facilidade, é também cada vez mais comum que doentes e famílias procurem informação na Internet. Este é um meio onde a informação sobre a medicina está disponível, embora possa nem sempre ser fidedigna. Na procura de informação com outros médicos, em Portugal ou noutro país, é pois decisivo o enquadramento. Sem este, a informação sobre temas de medicina é não uma ajuda, mas tão-só um factor adicional de angústia para todos. A opinião de um especialista, numa determinada área clínica, tem um valor para o sistema de Saúde. Esse valor é quantificável nas horas de consulta e no estudo que o médico assistente poupa para conhecer determinado caso. Mas, se olharmos para os meios de diagnóstico usados na busca de uma doença complexa e/ou rara, temos também ganhos potenciais no uso adequado dos meios. Isto, além de salvaguardar o doente do desgaste dos exames desnecessários e muitas vezes redundantes. No entanto, importa sublinhar que para o sucesso do processo é indispensável, e incontornável, a proximidade do seu médico assistente, enquadrado numa equipa e unidade qualificada próxima. De outro modo, a informação da segunda opinião pode não servir todo o seu potencial para o bem-estar do doente. Em suma, o guidance e esclarecimento individualizado da segunda opinião médica representa um ganho, fácil de medir, para o doente e para o seu médico assistente. E é também uma mais-valia para o sistema de Saúde, quantificável no melhor uso de meios de diagnóstico, no bom uso do tempo de estudo para apoio à decisão clínica, e na possibilidade de indicar tratamentos ajustados a cada caso concreto. Podemos pois concluir que a segunda opinião médica é, por tudo isto, um direito fundamental do doente, um dever e um factor de enriquecimento profissional para o médico assistente, e um ganho de eficiência para o sistema de Saúde. É pois tempo de pensar nas formas de garantir que em toda as unidades de saúde do país, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, os médicos e os doentes possam aceder a este serviço. Na segunda opinião médica, o médico assistente tem um papel de relevo Médico oncologista, director do Serviço de Oncologia do Hospital de Santa Maria, medical adviser da Best Doctors