XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL ARBORIZAÇÃO E O CLIMA NA CIDADE DE PALMAS, TOCANTINS Renato Torres Pinheiro - Universidade Federal do Tocantins, Palmas, TO. [email protected] Luis Hildebrando Ferreira Paz - Governo do Estado do Tocantins Elivânia dos Santos Reis - Grupo de Pesquisa em Ecologia e Conservação de Aves, UFT. Germán López-Iborra - Departamento de Ecologia, Universidade de Alicante, Espanha. INTRODUÇÃO Na atualidade mais da metade da população mundial vive em cidades. No Brasil este contingente passa de oitenta por cento. O incremento da população urbana e consequente aumento das cidades gera uma série de impactos sobretudo no clima das cidades. Fundada em 20 de maio de 1989, a cidade de Palmas-TO, foi planificada buscando a integração do espaço urbano com as paisagens naturais. O planejamento do território incorporou avanços considerando a bacia hidrográfica como elemento organizador, sendo os recursos hídricos e as matas de galeria adjacentes elementos determinantes para o arranjo urbanístico da cidade (Teixeira, 2009). Na prática, entretanto, o que se presenciou foi o desmatamento de amplas áreas, provocando profundas alterações na paisagem do Cerrado, condutas presenciadas ainda nos dias de hoje. OBJETIVO O objetivo do estudo foi investigar a relação entre a taxa de arborização e as ilhas de calor e frescor na cidade de Palmas, capital do Estado do Tocantins. METODOLOGIA Local de estudo: o estudo foi realizado na área central de Palmas tendo como referência o eixo da Avenida JK, que corta a cidade no sentido leste/oeste. Selecionou-se uma área de aproximadamente 130 mil m2 formando um retângulo de 1906,63m x 7906,63m, representativa dos conjuntos morfológicos característicos da cidade, levando em consideração os seguintes parâmetros: uso e ocupação do solo, pavimentação, arborização e áreas verdes. Coleta dados: A coleta dos dados climatológicos foi realizada por meio do método de transecto móvel e ocorreu em 36 pontos distribuídos ao longo de cinco setores na área central da cidade, além de dois pontos fixos, a estação meteorológica da Universidade Federal do Tocantins e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Para coleta dos dados climatológicos utilizou-se um termo-higrômetro digital máxima e mínima com sensor (marca INCOTERM), acoplado a motocicleta em uma haste de 1,8m do piso, de maneira que o calor do motor não interferisse nas medições. Os dados foram coletados respectivamente em 14/09/2007, 30/09/2008, 08 e 15/10/2008 entre 21h e 24h seguindo o proposto por Oke (2006). A vegetação arbóreo-arbustiva foi mensurada nas quadras urbanas situadas dentro do perímetro amostral, através do método de parcela circular por ponto com raio fixo (Felfili e Rezende, 2003). Foram estabelecidas parcelas com raio de 10 metros (314 m2) eqüidistantes 25 metros. Em cada parcela, foram considerados indivíduos com circunferência altura do peito igual ou superior a 10 cm. Analises Estatísticas: os dados climatológicos foram analisados mediante estatística descritiva e de variância (ANOVA – fator único) e a taxa de arborização por quadra foi determinada mediante estatística descritiva. RESULTADOS E DISCUSSÃO A temperatura média variou ao longo da área de estudo, sendo o ponto 9K o que apresentou a temperatura média mais baixa (24 oC) e o ponto 8N aquele com a temperatura média mais alta (32oC), havendo portanto uma diferença de 8oC. Foram evidenciadas diferenças médias de até menos 3oC entre a temperatura média mais baixa e de até 7,4oC entre a temperatura média máxima e as temperaturas médias das estações meteorológicas fixas (UFT/INPE). Os resultados mostraram haver diferenças significativas entre setores dos valores pontuais de temperatura, (Fo=2,549; Ft=2,434 - one way - ANOVA), indicando variações a distribuição espacial de temperatura. O mesmo 1 XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL teste revelou não haver diferenças significativas quando comparadas a temperaturas dentro de cada setor (Fo=0,780; Ft=1,484). Das cinco regiões amostradas, a área central (setor 5), foi a que apresentou a maior temperatura média do ar. Este setor caracteriza-se pela maior densidade urbana e populacional da cidade, onde o uso do solo é predominante comercial e a taxa de cobertura arbórea está entre as menores da área de estudo, variando entre 4,69% e 8,93%. Neste setor também foi efetuado o registro da maior temperatura pontualmente, que atingiu a média máxima de 32,1°C. A baixa porcentagem de árvores e a presença de grandes espaços abertos cobertos por concreto e asfalto responsáveis pela elevada absorção dos raios solares e reflexão do calor. O setor 4 é formado por quadras residenciais cuja urbanização já está consolidada e apresentando as maiores densidades humanas da área de estudo. Possui elevado percentual de pavimentação e reduzida cobertura arbórea, variando de 5,8% a 12,7% com temperaturas médias em torno de 29,3°C. O setor 3 encontra-se em processo de urbanização havendo um grande número de lotes vagos e médio percentual de áreas pavimentadas, onde se encontram remanescentes de vegetação nativa e cobertura arbórea variando entre 36,7% e 45,2%. A temperatura deste setor situou-se entre os setores com maiores e menores temperaturas médias. O setor 2 é formado por extensas áreas não urbanizadas cuja cobertura vegetal original encontra-se em bom estado de preservação, havendo um reduzido percentual de áreas pavimentadas e cobertura arbórea variando entre 80,5% e 94,6%. Nesta região foi registrada a segunda temperatura média mais baixa 26,8°C. O setor 1 situado ao longo do ribeirão brejo comprido é uma área verde preservada com predomínio de mata de galeria desprovida de áreas pavimentadas e elevada cobertura arbórea, também foi aquele com menor temperatura média 25,7°C e a menor temperatura média da área de estudo 22,5°C. Os resultados evidenciaram que as características do uso do solo urbano interferem na temperatura da cidade. As regiões com maior densidade populacional, solos pavimentados e principalmente baixa cobertura vegetal arbórea são aquelas com maiores temperaturas médias. Estes elementos são responsáveis pela variação do microclima da cidade, formando ambientes térmicamente mais aprazíveis denominados ilhas de frescor e outros menos agradáveis e mais quentes denominados ilhas de calor. CONCLUSÃO A coleta de dados da temperatura do ar e da vegetação representada pela arborização, apresentou indícios do importante papel desempenhado pela vegetação na melhoria das condições microclimáticas da cidade de PalmasTO. Evidenciou-se haver uma relação direta entre a presença de arborização e temperaturas mais amenas e a redução da cobertura arbórea com o incremento da temperatura. Estas diferenças no conforto térmico são fundamentais para o planejamento urbano uma vez que interferem na saúde do indivíduo e na qualidade de vida no meio urbano. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FELFILI, J.M., RESENDE, R.P., 2003. Conceitos e Métodos em Fitossociologia. Comunicações Técnicas Florestais 68p. OKE, TIM R. 2006. Initial guidance to obtain representative meteorological observations at urban sites. Canadá. 2