MONITORAMENTO REMOTO UTILIZANDO REDES DE SENSORES SEM FIO* Gustavo Vendrame Barbara (PIBIC/CNPq-UTFPR), Bruno Augusto Angélico (Orientador), e-mail: [email protected], [email protected]. Universidade Tecnológica Federal do Paraná/Departamento de Engenharia Elétrica/Cornélio Procópio, PR. Engenharia Elétrica – Sensoriamento remoto Palavras-chave: Rede(s) de sensor(es); Temperatura; Luminosidade. RESUMO: As redes de sensores sem fio têm se mostrado uma ferramenta eficaz para se obter dados de vários aspectos do meio, auxiliando assim em um melhor entendimento de como se comportam algumas variáveis do meio (temperatura, umidade, pressão, luminosidade, etc.) em determinado local. Após coletar dados de algumas variáveis do meio (temperatura e luminosidade), utilizando-se uma rede de sensores sem fio, observaram-se algumas variações nos valores coletados e também que tais variações estavam diretamente relacionadas a dois fatores muito importantes para serem considerados em uma análise: o horário do dia, que está diretamente relacionado à variação apresentada por um mesmo sensor em diferentes horários do dia e a localização do sensor, que está diretamente relacionada à variação apresentada entre os sensores em um mesmo momento do dia. Introdução propiciar ao pesquisador uma melhor análise dos dados coletados. Sendo que o pesquisador pode transformar os dados em tabelas ou gráficos para propiciar um melhor entendimento do que os dados indicam. Os sensores são de grande importância para diversas áreas, pois podem coletar vários tipos de informações, sendo que a maioria das informações coletadas é referente às variáveis do meio, ou seja, temperatura, umidade, Sabe-se hoje que a necessidade de monitoramento, seja ele contínuo ou apenas por algum tempo, é pervasiva. Vários fatores devem ser monitorados e o ser humano muitas vezes não consegue ou não pode realizar tais monitoramentos. Para realizá-los usam-se as redes de sensores sem fio, que são capazes de coletar dados de um determinado local e armazená-los, de modo a * Artigo apresentado no XVII Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica (SICITE 2012) ANAIS III | ISSN – 2237-3659 | www.utfpr.edu.br/cornelioprocopio Universidade Tecnológica Federal do Paraná | 26 de novembro de 2012 | Cornélio Procópio - PR 1 pressão, luminosidade, etc., porém também podem ser coletadas informações que não são referentes às variáveis do meio, como é o caso do monitoramento do tráfego, em que os sensores monitoram as vias e estacionamentos. [1] As redes de sensores sem fio podem ser programadas para diferentes tipos de monitoramento: [2] - Contínuo: Onde os dados são coletados sem a necessidade de solicitação; - Iniciado pelo observador: Onde o observador envia uma requisição, os sensores captam os dados e os enviam para a estação base; - Orientado: Este tipo de monitoramento é muito importante na prevenção de desastres, pois o sensor só envia uma informação quando ela for muito diferente das demais, fazendo assim com que o programador perceba mais rapidamente que algo está ocorrendo fora do normal. Inicialmente, antes que se possa realizar o sensoriamento, é necessário conhecer a fundamentação teórica e diversos softwares e ferramentas normalmente utilizadas nesse processo. - Linguagem C: Linguagem de programação muito utilizada, e de fácil entendimento, possibilitando ao programador maior poder de programação; [3] - Linux Ubuntu: software livre, sistema operacional utilizado durante o trabalho; [4] - Gnuplot: Software livre que gera bons gráficos, o que permitiu no decorrer do trabalho um melhor entendimento dos dados coletados pelos sensores; [5] - TinyOS: Sistema operacional destinado exclusivamente para o gerenciamento das redes de sensores sem fio.[6] Este artigo tem por seu objetivo principal apresentar os resultados obtidos por meio do sensoriamento de duas variáveis do meio (temperatura e luminosidade), utilizando uma rede de sensores sem fio, bem como analisar e interpretar tais resultados. Materiais e métodos Os dispositivos que foram utilizados no decorrer do trabalho consistiam em motes modelo Iris, e placas de sensores modelo MDA100, ambos da marca Crossbow [7]. A princípio, teve-se contato com tutoriais específicos dos equipamentos, de modo que a cada tutorial feito, maior era o conhecimento adquirido para o propósito final do trabalho, que era ANAIS III | ISSN – 2237-3659 | www.utfpr.edu.br/cornelioprocopio Universidade Tecnológica Federal do Paraná | 26 de novembro de 2012 | Cornélio Procópio - PR 2 fazer com os sensores coletassem os dados para posterior análise. Para a coleta de dados foram utilizados dois sensores (coleta de dados de temperatura) ou três sensores (coleta de dados de luminosidade), sendo que os dados coletados foram armazenados no formato .txt e convertidos em formato .csv, para que se pudesse criar gráficos com os dados obtidos para um melhor entendimento desses. Após o término dos tutoriais estabelecidos pelo orientador, pode-se dar início ao sensoriamento, ou seja, coleta de dados. Assim, abaixo constam os resultados obtidos pelo sensoriamento, bem como a análise desses dados. Resultados e Discussão valores coletados pelos sensores em cada amostra em graus Celsius. Dados de temperatura: Inicialmente foram coletados pelos sensores dados da temperatura ambiente. A figura 1 apresenta os dados coletados pelos dois sensores, em posições diferentes, utilizados no procedimento. No eixo das abscissas, consta o número de amostras. A cada 1s foram coletadas 10 amostras. No eixo das ordenadas constam os Figura 1 – Gráfico dos dados obtidos pelos dois sensores de temperatura (em ºC) ANAIS III | ISSN – 2237-3659 | www.utfpr.edu.br/cornelioprocopio Universidade Tecnológica Federal do Paraná | 26 de novembro de 2012 | Cornélio Procópio - PR 3 Ao analisar o gráfico, observa-se que existem algumas diferenças nos valores de temperatura apresentados pelos dois sensores. Isso ocorreu devido à localidade em que cada sensor estava posicionado. Enquanto o sensor 1 estava junto com a basestation (que é o mote que recebe as informações dos sensores, e através de um cabo USB conectado ao computador repassa as informações para o mesmo), o sensor 2 estava dentro de um armário. Percebe-se que a temperatura média do sensor 1 permanece aproximadamente 4º mais baixa que a do sensor 2 e também, que a variação de temperatura do sensor 1 é bem maior que a variação de temperatura do sensor 2. Percebese que tal diferença de temperatura se deve ao fato de que estando o sensor 1 junto a basestation, um lugar em que existe ventilação, possibilita uma menor temperatura e também uma maior variação de temperatura de acordo com o horário do dia. Já o sensor 2, que estava em um armário fechado e sem ventilação, mediu uma temperatura maior do que o 1, porém com menor variações. No entanto, a tendência de variação em ambos os sensores é a mesma. Dados de Luminosidade: Após a coleta dos dados de temperatura, os dados de luminosidade foram coletados. A figura 2 apresenta os resultados obtidos pelo monitoramento da intensidade luminosa Três sensores foram utilizados na coleta de dados. Figura 2: Gráfico mostrando a variação de luminosidade dos três sensores de luminosidade. ANAIS III | ISSN – 2237-3659 | www.utfpr.edu.br/cornelioprocopio Universidade Tecnológica Federal do Paraná | 26 de novembro de 2012 | Cornélio Procópio - PR 4 Observa-se que a diferença entre os dados coletados pelos sensores é muito grande. Essa diferença deve-se novamente à localização dos pontos de medição. O sensor 1 estava junto com a basestation, sendo que quase não ficava exposto diretamente à luz solar. O sensor 2 estava atrás da cortina acima do armário e exposto à luz solar na maioria do dia. Ainda, o sensor 3 estava sobre a mesa do lado oposto ao computador utilizado no projeto, sendo que este estava exposto à luz do sol em alguns momentos do dia. No período noturno os sensores não captaram nenhum sinal de luminosidade, enquanto que, no período do dia, os sensores captaram uma variação muito grande de luminosidade, sendo que o sensor 1 coletou menor variação de luminosidade, pois não estava em contato direto com a luz solar. Os sensores 2 e 3 coletaram maior variação. Verificase ainda que o sensor 2 ficou maior tempo no período de luz, enquanto o sensor 3 capturou uma grande luminosidade apenas quando os raios de luz estavam incidindo diretamente sobre ele. algumas conclusões a respeito das redes de sensores sem fio e dos dados coletados. Apesar de terem sido apresentados apenas dados coletados dentro de uma única sala, as redes de sensores sem fio podem ser utilizadas em larga escala para monitoramento de áreas de risco, indústria e na prevenção de desastres. A partir dos dados coletados pelos sensores, percebe-se que vários fatores interferem nas medidas e, em alguns casos, apresentam graus de correlação. Por exemplo, as variações de temperatura medidas estão intimamente relacionadas com os períodos do dia, devido à radiação solar. O posicionamento e o horário do dia influenciam nos valores de luminosidade e temperatura obtidos. É essencial a escolha de locais adequados para se colocar os sensores, de acordo com as informações a serem coletadas. E, por fim, pode-se destacar que as redes de sensores sem fio são cada vez mais utilizadas no monitoramento de grandezas em determinados ambientes onde a passagem de cabos elétricos é inviável fisicamente e/ou economicamente. Considerações Finais Ao final das análises dos resultados obtidos, tanto de temperatura, quanto o de luminosidade, pode-se chegar a Agradecimentos Agradeço ao CNPq concessão da bolsa. pela ANAIS III | ISSN – 2237-3659 | www.utfpr.edu.br/cornelioprocopio Universidade Tecnológica Federal do Paraná | 26 de novembro de 2012 | Cornélio Procópio - PR 5 Dissertação (Mestrado em ciências) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2007. [3] Kernighan, Brian W./ Ritchie, Dennis M.. C: A linguagem de programação. Rio de Janeiro: Campus, 1973. [4] Ubuntu-br. O que é Ubuntu?. Disponível em: <www.ubuntubr.org/> Acessado em: 04/09/2011 às 16:00. [5] Williams, Thomas / Kelley, Colin. gnuplot 4.4. 2011. [6] Tinyos – Home Page – Disponível em: <http://www.tinyos.net/> Acessado em: 28/01/2012 às 17:28. [7] Crossbow Technology. MTS/MDA Sensor Board Users Manual. San Jose CA, 2006. Referências [1] Loureiro, Antonio A. F./ Nogueira, José Marcos S./ Ruiz, Linnyer Beatrys/ Mini, Raquel Aparecida de Freitas/ Nakamura, Eduardo Freire/ Figueiredo, Carlos Maurício Seródio. Redes de sensores sem fio. XXI Simpósio Brasileiro de Redes de Computadores, Belo Horizonte, p. 179–226. Disponível em: <http://www.sensornet.dcc.ufmg.br /pdf/179_Loureiro_Nogueira_Ruiz_ Mini_Nakamura_Figueiredo.pdf> acessado em 07/09/2011 às 18:36. [2] Brittes, Marisângela Pacheco. Uma proposta para melhoria de desempenho do protocolo LEACH para RSSF. 2007. 90 f. ANAIS III | ISSN – 2237-3659 | www.utfpr.edu.br/cornelioprocopio Universidade Tecnológica Federal do Paraná | 26 de novembro de 2012 | Cornélio Procópio - PR 6