Automatismos Electromecânicos Motores de Indução (Manual de Apoio) Formador: Ricardo Oliveira 1. Introdução aos Motores de Indução - Os motores de indução ou motores assíncronos, conjuntamente com os motores síncronos, são os principais motores de corrente alternada. Figura 1 – princípio de funcionamento do motor síncrono e assíncrono. Na experiência mostrada na figura 1, rodando manualmente o íman, cria-se um campo magnético, designado de girante, em torno da agulha magnética ou da espira m curto-circuito colocada no interior dos pólos N-S do íman. Na experiência relativa ao motor síncrono, a agulha magnética é atraída pelos pólos do íman e entra em rotação à mesma velocidade do íman, diz-se que a agulha magnética roda à velocidade de sincronismo n ou (ns). Se em vez da agulha magnética utilizar-mos uma espira em curto-circuito no interior do íman, experiência relativa ao motor assíncrono, a mesma, porque está sujeita a variação do fluxo que a atravessa, será sede de circulação de uma corrente induzida. Tal corrente, pela Lei de Lenz tende a opor-se à causa que a produziu, cria um campo magnético que se opõe ao campo magnético girante do estator. Como os campos são de sinal contrário, há atracção entre eles e a espira roda, mas comum ligeiro atraso em relação ao campo girante do estator. De uma forma geral, uma máquina diz-se síncrona quando roda à velocidade de sincronismo, isto é, a velocidade do rotor é igual à do campo magnético girante criado pelo estator . Uma máquina diz-se assíncrona quando roda a uma velocidade diferente da velocidade de sincronismo. Estas duas máquinas podem funcionar coo gerador ou como motor. No caso da máquina síncrona, temos, respectivamente, o gerador síncrono (alternador) e o motor síncrono. No caso da máquina assíncrona, a utilização como MotoresdeIndução gerador é pouco usual, a sua grande utilização é como motor assíncrono. 2 - Motores de Indução trifásicos - Enquanto nos motores convencionais de corrente contínua o estator e o rotor necessitam de alimentação, nos motores assíncronos só o estator é alimentado , o rotor recebe energia por indução, daí , estes motores designarem-se por motores de indução. O motor de indução trifásico (Tree-Phase induction Motor) ou motor assíncrono trifásico é actualmente utilizado na maioria dos accionamentos industriais. Trata-se de uma máquina robusta, de construção simples, de rendimento elevado, de baixa manutenção, facilmente colocada em serviço, mais barata comparada com outras e com binário de arranque que atende à maioria das aplicações. Sendo a distribuição de energia eléctrica feita em corrente alternada e apresentando o motor de indução trifásico uma grande simplicidade, robustez e baixo custo, é o motor mais utilizado. Associado a um controlador electrónico de velocidade, ele é adequado para quase todos os tipos de accionamentos industriais. O tipos básicos de motores de indução são os trifásicos e os monofásicos. Os motores de indução monofásicos, normalmente potências baixas, têm aplicação, principalmente em accionamentos domésticos. Por outro lado, os motores de indução trifásicos são utilizados na maioria dos accionamentos industriais. Página1 2.1 Constituição O motor de indução trifásico industrial é constituído pelos seguintes elementos: Figura 2 – Constituição do motor de indução trifásico Figura 4 – Motor com 2 pólos O estator parte fixa da máquina, é constituído por chapas ferromagnéticas empilhadas e isoladas entre si para reduzir as perdas por histerese e as correntes de Foulcault. As chapas possuem ranhuras nas quais são colocados os enrolamentos que são alimentados por um sistema trifásico de correntes. Figura 5 – Motor com 4 pólos Figura 3 - Estator de um motor de indução Na sua forma mais simples, o estator de um motor trifásico é constituído por três enrolamentos dispostos a 1200 uns dos outros, fase A,B e C. Cada fase cria um campo magnético, sendo a resultante dos três campos um campo magnético girante no estator do motor - o equivalente a um íman a girar no estator, o motor como representado na fig.4, possui um par de pólos magnéticos (2 pólos). Se em cada fase existirem duas bobinas ligadas em série, o motor tem dois pólos magnéticos por fase, (fig.5), possuindo então o campo magnético girante, dois pares de pólos (4 pólos). Os motores trifásicos industriais possuem 2 ou 4 pólos, mas também se fabricam com maior nº de pólos. MotoresdeIndução O rotor, parte móvel da máquina , é constituído, tal como o estator, por pilhas de chapas finas isoladas umas das outras e ranhuradas. O rotor é apoiado no veio de rotação do motor, que possui rolamentos nos extremos. Entre o estator e o rotor existe uma ligeira abertura de ar, designada por entreferro, que deve ser o mais pequena possível para reduzir a relutância magnética total do circuito e assim aumentar a indução e, consequentemente, o fluxo magnético (o ar é muito menos permeável às linhas de força do campo magnético que o ferro). A carcaça em ferro fundido, aço ou alumínio, destina-se a alojar o estator e o rotor e também proteger os componentes do motor dos efeitos prejudiciais do ambiente em que o mesmo opera. Página2 2.2 - Tipos de Motores de indução trifásicos Dependendo dos elementos condutores colocados nas ranhuras do rotor, fabricam-se motores de rotor em curto-circuito ou em gaiola e motores de rotor bobinado. resistência muito fraca e uma reactância elevada no arranque do motor, e uma reactância muito fraca em regime nominal. Durante o arranque a frequência rotórica é elevada (igual à frequência da rede) e portanto a reactância da giola interna também é elevada (XL=2.π.f.L). Daí que no arranque, as correntes sejam predominantemente induzidas na gaiola exterior (menor impedância). O motor arranca como se tivesse quase exclusivamente uma só gaiola – a exterior. Figura 6 – Motor com rotor em gaiola 2.2.1 - O Motor de Rotor em Gaiola, é o tipo mais comum de motor; trata-se de um motor em que o rotor possui, dentro das ranhuras das chapas laminadas do núcleo, barras condutoras, dispostas paralelamente e ligadas mecanicamente e electricamente, entre si, nas extremidades, por anéis condutores (curtocircuitos). Esta disposição forma uma espécie de gaiola de esquilo, daí este tipo de motor também ser conhecido por motor de rotor em gaiola. Figura 7 – Rotor em gaiola Nos pequenos motores, a gaiola pode ser totalmente moldada, normalmente a alumínio. As barras da gaiola estão dispostas com determinada inclinação com a finalidade de melhorar as propriedades de arranque e diminuir ruídos. O motor de rotor em gaiola é um motor de uma só alimentação, não necessita de colector nem de escovas. Não possui, por isso, contactos eléctricos sujeitos a desgaste. Este facto tem como resultado um motor robusto e com uma manutenção muito baixa. Figura 8 – Barras interior e exterior (em corte) do rotor em gaiola dupla Quando o motor atinge a sua velocidade nominal, a frequência rotórica é muito reduzida e como tal a reactância da gaiola interior é muito reduzida (com impedância bastante menor que a da gaiola exterior) pelo que as correntes são predominantemente induzidas na gaiola interior – o motor passa a funcionar quase exclusivamente com a gaiola interior. Este facto conduz a que as correntes rotóricas sejam mais elevadas e portanto a um aumento de binário total, desde o arranque até à velocidade nominal. 2.2.3 - Motor de rotor bobinado Trata-se de um motor que possui nas ranhuras de rotor, em vez de barras condutoras, enrolamentos que são ligados a anéis colectores colocados no veio. 2.2.2 - Motor de Rotor em Gaiola Dupla Este motor é constituído por duas gaiolas, uma interior à outra, cujas barras condutoras (I e II) podem ser vistas em corte na Fig. 8. As barras da gaiola interior são geralmente de cobre, enquanto as da gaiola exterior podem ser de cobre ou latão. A gaiola exterior tem uma resistência mais elevada que a interior e uma reactância fraca. A gaiola interior tem uma MotoresdeIndução Figura 9 – Rotor Bobinado Página3 Estes anéis estão em contacto com escovas que por sua vez, ligamos os enrolamentos do rotor ao circuito exterior. Figura 10 – Esquema de motor de rotor bobinado Rotor Bobinado Este tipo de motor é, normalmente de potência elevada e destina-se a arranques de cargas com elevado binário resistente e grande inércia. Permite arranques suaves e progressivos recorrendo a resistências, chamadas rotóricas, ligadas através das escovas e dos anéis colectores, em série com o enrolamento trifásico do rotor. Estas resistências, após o arranque, vão sendo progressivamente diminuídas até que o motor atinja a velocidade nominal. Deste modo, é possível controlar o binário de arranque de uma forma suave. Apesar desta vantagem, para as mesmas especificações, o motor de rotor bobinado é mais caro e menos eficiente que o motor de rotor em gaiola. Por esta razão, este tipo de motor só é utilizado quando o motor de gaiola não consegue fornecer o binário de arranque pretendido. Alimentando os enrolamentos com um sistema de tensões trifásico, são criados três campos magnéticos alternados sinusoidais (H1,H2,H3), um por enrolamento. Tal como as correntes de alimentação, estes campos estão desfasados de 120⁰ entre si. Os campos magnéticos, sempre dirigidos segundo o mesmo eixo, são máximos quando a corrente nos enrolamentos também o é. A resultante deste três campos é um campo magnético girante no interior do estator. ● Este campo girante, ao atravessar o rotor, provoca uma variação de fluxo nos condutores de gaiola ou de rotor bobinado, gerando-se, de acordo com a lei de Faraday, uma força electromotriz induzida (f.e.m) nesses condutores. ● Como os condutores do rotor, quer no caso do rotor em curto-circuito quer no caso do rotor bobinado, estão em circuito fechado, os mesmos são percorridos por correntes induzidas. Estas correntes induzidas, de acordo com a lei de Lenz, têm um sentido tal que , pelas suas acções magnéticas , tendem a opor-se à causa que lhes deu origem. Criam um campo magnético em torno dos condutores do rotor cuja resultante é um campo que tende a opor-se ao campo magnético girante criado pelo estator. Para se opor, este campo terá de possuir pólos magnéticos contrários. 3- Princípio de funcionamento Nos motores assíncronos trifásicos, o estator é formado por um conjunto de três enrolamentos colocados de forma que ente eles existam ângulos de 120⁰ Figura 12 – Correntes no rotor resultantes da lei de Lenz ● Como o campo do estator é girante e, sabendo-se que pólos de nomes contrários se atraem, os pólos do rotor são atraídos pelos pólos do estator e o rotor entra em rotação, tentando acompanhar o campo girante do estator. O rotor nunca consegue alcançar a velocidade do campo girante porque este tipo de motor possui o chamado escorregamento ou deslizamento abordado de seguinte. Figura 11 estatóricos – MotoresdeIndução Ligação dos enrolamentos Como se pode constatar, o princípio de funcionamento do motor de indução baseia-se em leis fundamentais do electromagnetismo: lei de Faraday, lei de Lenz e lei de Laplace. Página4 Em resumo: No funcionamento do motor há 2 limites para S que facilmente se determinam: 1º - Campo magnético girante no estator 2º - Campo magnético induz f.e.m no rotor 3º - Circulam correntes no rotor que criam um campo magnético 4º - Interacção entre o campo girante do estator e o campo gerado no rotor S = 0 n = ns → Motor a roda à velocidade de sincronismo S = 1 n = 0 → Motor parado (arranque) Como tal o escorregamento varia entre os limites: 0 < S < 100% Os motores de indução normais são dimensionados de modo a funcionarem com baixos valores de deslizamento: 5º - O motor roda • Em vazio 0,5% < S < 1% • À plena carga 3% < S < 5% 3.1 – Velocidade do motor A velocidade de um motor (n) é aquela que corresponde à velocidade de rotação do campo girante. Depende do nº de pólos (p) e da frequência (f) da tensão de alimentação. O seu valor é dado pela seguinte expressão: n f p Em que: n - velocidade síncrona em rotações por segundo (r.p.s.) f – frequência da alimentação do motor Medida do escorregamento O Escorregamento pode ser medido por vários processos: • Método estroboscópico • Método do milivoltímetro • Leitura de velocidade pelo taquímetro De realçar que o mais prático, usual e fiável é o de leitura da velocidade do rotor com o taquímetro, calculando-se de seguida com a fórmula anterior o escorregamento. Os outros dois processos são pouco utilizados devido a não serem de fácil realização prática e muito menos precisa. p – número de pares de pólos 3.3 - Perdas no motor 3.2 – Escorregamento do motor O rotor do motor assíncrono roda a uma velocidade inferior à velocidade de sincronismo. Diz-se por isso que o motor ‘escorrega’ relativamente à velocidade de sincronismo com uma velocidade relativa ns. - Em funcionamento como motor, a máquina absorve potência eléctrica da rede e fornece potência mecânica ao veio. Este é o modo de funcionamento mais comum da máquina assíncrona. O escorregamento pode ser normalmente expresso em percentagem dado pela expressão: S n ns 100% n Em que: S - Escorregamento em percentagem n – Velocidade sincronismo do motor ns – Velocidade do rotor MotoresdeIndução As perdas que ocorrem num motor são, essencialmente, as seguintes: -Perdas eléctricas -Perdas magnéticas -Perdas mecânicas Página5 As perdas eléctricas aumentam acentuadamente com a carga aplicada ao motor. Estas perdas são devidas ao efeito de Joule, os condutores dos enrolamentos aquecem devido ao aumento de corrente. Podem ser reduzidas aumentando a secção dos condutores. As perdas magnéticas ocorrem nas lâminas de ferro do estator e do rotor. São devidas ao efeito de histerese e às correntes induzidas (correntes de Foulcault), variam com a densidade do fluxo e a frequência. Estas perdas podem ser reduzidas através do aumento da secção do ferro no estator e no rotor, do uso de lâminas delgadas e do melhoramento dos materiais ferromagnéticos. As perdas mecânicas são devidas, essencialmente, ao atrito das partes móveis: rolamentos, ventilação e perdas devido à oposição do ar. Podem ser reduzidas usando elementos com baixo atrito e aperfeiçoando os sistemas de ventilação. de uma velocidade, uma placa com seis bornes marcados de acordo com a norma IEC34-8(EN 60034-8). Estes bornes destinam-se a ligar entre si os enrolamentos do motor e efectuar a ligação à rede eléctrica. A disposição dos bornes permite, no motor trifásico, através de shunts, colocar facilmente o motor a funcionar com os enrolamentos ligados em estrela ou triângulo. Figura13- Placa de bornes – Norma IEC 34-8 A potência útil de um motor é dada pela expressão: Pu =Pa- Perdas Pu – potência útil Pa – potência absorvida Podemos ainda dividir pelos seguintes tipos de perdas: • Perdas por efeito de Joule no estator • Perdas no ferro no estator • Perdas por efeito de joule no rotor • Perdas no ferro no rotor • Perdas mecânicas (devido ao atrito) O rendimento do motor (η)é dado pela expressão: Pu 100% Pa • O rendimento (η) do motor de indução trifásico é normalmente superior a 80%. De referir ainda que a potência nominal indicada na placa da máquina é a potência útil fornecida pelo veio do motor (Pmec) e não a absorvida (Pel). Para se determinar a potência eléctrica divide-se a potência mecânica pelo rendimento da máquina. 4 – Ligações e arranque dos motores 4.1 – Caixa de ligações A caixa de ligações dos motores industriais possui no seu interior, para os motores trifásicos MotoresdeIndução Figura 14 - Placa de bornes (marcação antiga) 4.2 - Arranque de Motores trifásicos - Para que o motor entre em funcionamento, o seu binário de arranque terá de ser superior ao binário resistente (carga accionada+ atritos). Iniciada a marcha, o motor aumenta progressivamente a sua velocidade, ao mesmo tempo que a corrente, elevada no arranque (cerca de 6 In), diminui gradualmente. O Motor estabiliza a sua velocidade quando o binário motor iguala o binário resistente. 4.2.1 - Arranque Estrela-Triângulo Neste tipo de arranque, os três enrolamentos do estator do motor de rotor em gaiola são, na fase de arranque, ligados em estrela e de seguida em triângulo. Para ser possível as duas ligações, os seis terminais dos enrolamentos têm de estar acessíveis na caixa de ligações. Caso estejam disponíveis apenas três terminais, os enrolamentos já estão internamente ligados e não é possível realizar o arranque estrelatriângulo. Página6 A ligação dos enrolamentos em estrela, de seguida, em triângulo permite a realização do arranque do motor em duas fases. 1- O Motor arranca com os enrolamentos ligados em estrela, a corrente de arranque é reduzida 1/3 da corrente absorvida relativamente ao arranque em triângulo. O Binário de arranque também é reduzido de 1/3 do binário de arranque em triângulo. 2- Após o arranque e atingida uma velocidade de cerca de 85% da velocidade nominal, os enrolamentos são ligados em triângulo, funcionando o motor à potência nominal. Na rede de distribuição pública portuguesa de BT, o valor máximo permitido da corrente de arranque de motores trifásicos em locais habitacionais é de 60ª, quer a rede seja aérea ou subterrânea. Em outros locais, o valor é de 125A para a rede aérea e 250A para a rede subterrânea. 4.2.2 - Arranque Electrónicos com Arrancadores Em aplicações que o motor trabalhe à sua velocidade nominal pode-se utilizar, para realizar arranques suaves (soft start), arrancadores electrónicos. Estes eliminam os inconvenientes dos métodos de arranque clássicos. Possuem normalmente controlo da corrente de arranque, regulação do tempo de arranque e de paragem e regulação do binário de arranque. Os arrancadores evitam os choques mecânicos (saltos repentinos), como acontece no arranque estrela-triângulo, na aceleração das máquinas, aumentando consideravelmente os intervalos de manutenção, o que contribui para uma maior vida útil dos equipamentos. A redução de custo dos arrancadores tem vindo a permitir a expansão do seu uso nos mais variados tipos de aplicações . Por outro lado quando há necessidade de se regular a velocidade de um motor de indução, utilizam-se variadores de velocidade. Estes controlam a frequência e a tensão aplicadas ao motor, permitindo o arranque suave e a regulação da velocidade durante o funcionamento do motor. Figura 15 - Ligação em Estrela (Y) Figura 16 - Ligação em Triângulo (∆) MotoresdeIndução Página7 Motor de Indução Trifásico – Resumo/Aplicações I Figura17 - variador de velocidade Potência (KW) Tipo de Arranque ≤ 2,2 Directo (gaiola simples) ≤4 Directo (gaiola dupla) ≤ 5,5 Y/Δ (gaiola simples) ≤ 11 Y/Δ (gaiola dupla) ≤ 15 Autotransformador ≤ 15 Através de rotor bobinado Tabela 1- Tipos de arranque usuais , em função das potências nominais do motor de indução 4.2.3 - Inversão de Marcha A inversão do sentido de rotação, com os enrolamentos ligados em estrela ou em triângulo, é obtida por troca de duas fases que alimentam o estator do motor. Esta troca implica que o campo girante rode em sentido contrário. Figura 18 - Inversão de marcha para as duas ligações O motor de indução trifásico de rotor em gaiola é actualmente o motor mais usado na indústria, dada a sua grande robustez, baixo preço e arranque fácil (pode mesmo ser directo, em motores de baixa potência). Também porque a sua alimentação é fácil, através de corrente alternada trifásica, e o facto de não possuir colector nem escovas, não produz faíscas nem desgaste destes órgãos, tendo por isso uma manutenção reduzida. Associados a controladores electrónicos de velocidade, os motores de indução trifásicos tendem a assumir um papel de primazia nos accionamentos eléctricos industriais. O accionamento de máquinas e equipamentos mecânicos, por motores eléctricos, é um assunto de extraordinária importância económica. No campo de accionamentos industriais, avalia-se que entre 70% e 80% da energia consumida, pelo conjunto de todas as indústrias, seja transformada em energia mecânica através de motores eléctricos. Destes, os mais utilizados são os motores de indução trifásicos em gaiola. 5 - Motores trifásicos alimentados em Monofásico Em locais onde se disponha de equipamentos com motores de indução trifásicos mas a alimentação seja monofásica é possível, com o auxílio de condensadores, colocar a funcionar os motores trifásicos, desde que a sua potência seja pequena, a partir da rede monofásica (230V).Dispondo o motor trifásico de 3 bobinas, com seis bornes acessíveis, existem várias hipóteses de ligação das mesmas para se obter um funcionamento de acordo com os princípio do motor monofásico. Figura 19 – Motor com seis bornes acessíveis Ligando desta forma as três bobinas do motor trifásico, obtêm-se dois enrolamentos; um principal formado pela bobina V1–V2 e outro auxiliar formado por outras duas bobinas ligadas em série. Ligando um condensador permanente, de valor adequado, em série com o enrolamento auxiliar, temos uma ligação e um funcionamento idêntico ao motor monofásico de condensador permanente. MotoresdeIndução Página8 • Dimensionamento do condensador (Notas) Ligações em Triângulo: Figura 20 – Ligação em funcionamento em monofásico triângulo, → As soluções apresentadas podem não funcionar bem com determinados motores. Nesses casos é necessário experimentar outros valores de capacidade. → Alimentando motores trifásicos com tensão monofásica de 230V , o binário de arranque é significativamente reduzido relativamente ao binário em trifásico. No caso do binário ser insuficiente, pode-se dentro de certos limites, para conseguir o arranque do motor, aumentar a capacidade do condensador. → No motor trifásico, funcionando com alimentação monofásica, a sua potência desce relativamente à potência com alimentação trifásica. 6 - Motores de Indução Monofásicos Figura 21 – Ligação em triângulo, inversão de marcha. Figura 22 – Ligação em estrela, funcionamento monofásico. Figura 23 – Ligação em estrela, inversão de marcha. • Dimensionamento do condensador (valores empíricos) → Cada KW de potência do motor, para a tensão da rede de 230 V, requer um condensador permanente de aproximadamente, 60 μF a 70 μF. Ou seja cada CV – aproximadamente 50 μF Nota : em todas as montagens os condensadores deverão poder suportar tensões de 450 V. MotoresdeIndução Os motores de indução monofásicos, são menos utilizados na indústria que os seus homólogos trifásicos, mas ocupam um espaço importante nos motores de pequena potência. Os motores de indução monofásicos são a alternativa aos motores de indução trifásicos onde não e dispõe de alimentação trifásica, como é, geralmente, o caso de instalações residenciais e comércio. Têm aplicação, por exemplo, em: máquinas de lavar, frigoríficos, bombas de água, ventiladores, ar condicionado, sistemas de frio, ferramentas eléctricas, etc. Para a mesma potência, relativamente ao motor trifásico, o motor de indução monofásico é mais volumoso, apresenta menor binário de arranque e nominal, possui rendimento e factor de potência inferiores e, para as mesmas potências, um preço mais elevado. Também possui vibração mecânica (ruído) superior. Contrariamente ao motor trifásico, que arranca directamente a partir da rede eléctrica, o motor monofásico necessita de um enrolamento auxiliar para arrancar por si. Página9 6.1 – Constituição do motor monofásico O Motor monofásico tem uma constituição interna semelhante à do trifásico, com a diferença de que o estator , na sua forma mais simples, tem apenas um enrolamento, formado por duas bobinas alimentadas por fase (L) e neutro (N) da rede. condensador. Com este processo de arranque o motor funciona como se possuísse uma alimentação bifásica, com correntes desfasadas entre si de um ângulo ≤ 90⁰. Quanto maior o ângulo de desfasagem entre as correntes no enrolamento principal e auxiliar, maior será o binário de arranque. Figura 24- Estrutura simplificada do motor de indução monofásico O rotor é constituído por um núcleo ferromagnético do tipo gaiola de esquilo, não sendo o rotor bobinado utilizado nestes motores. 6.2 - Princípio de funcionamento Por ter somente uma fase de alimentação, este motor, quando se alimenta o estator, a corrente alternada produz um campo magnético que, em vez de ser girante como nos motores trifásicos, é pulsante. Desta forma recorre-se a técnicas para o motor realizar o arranque como por exº criar um segundo enrolamento (enrolamento auxiliar). Figura 26 – Exemplo de desfasamento de 90⁰ entre as correntes Após o arranque o , o enrolamento auxiliar pode ser desligado, seguindo o rotor o campo girante do enrolamento principal que roda nesse sentido. Na fase de arranque, o motor funciona como se fosse bifásico . Na prática além do enrolamento auxiliar, outros elementos podem ser utilizados para se obter um desfasamento entre as correntes do enrolamento principal e do enrolamento auxiliar. Dependendo da técnica utilizada, os motores de indução monofásicos podem ser classificados do seguinte modo: • Motor de fase dividida • Motor de condensador de arranque • Motor de dois condensadores • Motor de pólos sombreados 6.3 - Motor de fase dividida Figura 25 – Enrolamento enrolamento auxiliar principal e A finalidade deste segundo enrolamento é provocar um desfasamento entre as correntes do enrolamento principal (Ip) e do enrolamento auxiliar (Ia), de forma a que o campo magnético resultante seja girante e diferente de zero em n=0, possibilitando assim o arranque do motor. O desfasamento entre as correntes no enrolamento principal e auxiliar é conseguido pela diferença construtiva dos dois enrolamentos e , também com a ajuda de um MotoresdeIndução O Motor de fase dividida ou repartida é o motor de monofásico mais simples. O seu estator é constituído por 2 enrolamentos : o enrolamento principal, que recebe a energia durante todo o tempo de funcionamento do motor e o enrolamento auxiliar , que se destina a criar o campo girante na fase de arranque, que possibilita a rotação do motor. Estes enrolamentos, num motor de 2 pólos, formam entre si um ângulo de 90º eléctricos. Num motor de 4 pólos formam um ângulo de 45º. Página10 Figura 29 – Binário do motor de fase dividida Figura 27 – Esquema de ligação do motor de fase dividida O enrolamento principal, possui mais espiras e fio de maior secção que o enrolamento principal, tem menor resistência e maior e idêntica reactância indutiva (XL), sendo o quociente reactância/resistência(XL/R) mais elevado no enrolamento principal. Estando os enrolamentos ligados em paralelo com a rede, consegue-se desta foram, que a corrente no enrolamento auxiliar (Ia) esteja em avanço (cerca de 30⁰) em relação à corrente no enrolamento principal (Ip). Figura 28 – Desfasamento entre as correntes nos enrolamentos O desfasamento conseguido entre as correntes, embora seja pequeno, é suficiente para colocar em funcionamento motores com baixo binário de arranque. Após o arranque, uma vez que a velocidade passa a ser diferente de zero, o enrolamento auxiliar pode ser desligado, seguindo o rotor um dos campos girantes do enrolamento principal. Graficamente pode ser visto na fig.29. MotoresdeIndução Quando o motor atinge entre 70% a 80% da velocidade de sincronismo, o enrolamento auxiliar pode ou não ser desligado, dependendo do motor. Se o enrolamento auxiliar estiver dimensionado para actuar apenas no arranque, ele terá de ser desligado, caso contrário, como é formado por fio fino pode queimar. O desligar do enrolamento auxiliar é efectuado por um dispositivo mecânico (interruptor centrífugo colocado no eixo do motor), ou electricamente, através de relé de intensidade, de relé electrónico ou outro processo. A inversão de sentido de rotação do motor é realizada por inversão do sentido da corrente no enrolamento principal ou no enrolamento auxiliar não em ambos. O ângulo de desfasamento que se pode obter entre as correntes do enrolamento principal e do enrolamento auxiliar é pequeno e, por isso , estes motores têm baixo binário de arranque Ma≈Mn e elevada corrente de arranque Ia≈6In. Devido a estas características, os motores de fase dividida são utilizados em aplicações que necessitem de baixo binário de arranque, tais como: compressores de frigoríficos, ventiladores, exaustores, esmeriladoras, etc. 6.4 - Motor de condensador de arranque O binário do motor de fase dividida está limitado pelo ângulo máximo de desfasagem que se consegue entre as correntes no enrolamento principal e auxiliar. Para aplicações que exijam um maior binário de arranque é necessário aumentar o ângulo de desfasagem, uma vez que este é proporcional ao binário motor. O aumento do ângulo de desfasagem é conseguido com a utilização de um condensador em série com o enrolamento auxiliar. Se o condensador, após o arranque do motor, for desligado, o motor designa-se por “ Motor de condensador de arranque”. O enrolamento auxiliar deste tipo de motor é normalmente formado por fio de diâmetro menor e com maior nº de espiras que o enrolamento principal. Após o arranque, o enrolamento auxiliar deve ser desligado, ele está dimensionado para Página11 funcionar apenas durante alguns segundos, caso contrário queima. Para inverter o sentido de rotação do motor, troca-se as polaridades da alimentação do enrolamento auxiliar ou do enrolamento principal (não de ambas). 6.5 - Motor de condensador permanente Figura 30- Esquema de ligação do motor de condensador de arranque O motor arranca como um motor bifásico, tal como o motor de fase dividida e, quando a velocidade atinge 70% a 80% da velocidade de sincronismo, poucos segundos após o arranque, um dispositivo desliga o enrolamento auxiliar e o condensador, passando o motor a funcionar como monofásico. O condensador permite um maior ângulo de desfasagem entre as correntes dos enrolamentos principal e auxiliar (cerca de 90⁰) , proporcionando, deste modo , um binário de arranque muito superior ao do motor de fase dividida. Estando o condensador de arranque (Start) bem dimensionado, este motor tem o binário de arranque que mais se aproxima do binário do motor trifásico. Com o condensador correcto, o binário de arranque mais que duplica em relação ao binário nominal. Figura 31- Binário do motor de condensador de arranque Após a abertura do circuito do condensador, o funcionamento do motor é idêntico ao do motor de fase dividida. Como este motor apresenta um elevado binário de arranque (Ma≥2 Mn) e uma corrente de arranque relativamente baixa (Ia≈5In), ele pode ser utilizado numa grande variedade de aplicações, como: compressores, bombas de água, ferramentas e máquinas industriais em geral. MotoresdeIndução Neste tipo de motor o enrolamento auxiliar e o condensador ficam permanentemente ligados. O condensador é dimensionado para a corrente em condições normais de funcionamento, como a corrente de arranque é muito superior à corrente nominal, um condensador dimensionado para a corrente nominal deixa de o ser para a corrente de arranque. Por isso, o condensador permanente tem valor inferior ao condensador de arranque. Possuindo o condensador permanente valor inferior ao condensador de arranque, o binário deste motor também é inferior ao do motor anterior, mas, como o condensador fica permanentemente ligado, o motor apresenta um razoável binário nominal, um factor de potência melhorado e uma menor vibração. Este motor pode ter os dois enrolamentos praticamente iguais, sendo neste caso, o condensador o único responsável pela desfasagem entre as correntes. Construtivamente, o motor de condensador permanente tem uma manutenção muito baixa, uma vez que não utiliza interruptor centrífugo ou outro dispositivo para desligar o enrolamento auxiliar. Figura 32- Esquema de ligação do motor de condensador permanente Como o binário de arranque do motor não é elevado, ele é utilizado em equipamentos que não necessitem de um grande esforço no arranque, tais como: ventiladores, exaustores, electrobombas, compressores, serras eléctricas, etc. Página12 6.6 - Motor de dois condensadores 6.7 - Motor de pólos sombreados Este motor possui condensador de arranque e condensador permanente, ligados como se mostra a seguir. Este motor, também designado por motor com espiras de sombra, motor de campo distorcido, ou de pólo dividido, tem um processo de arranque diferente dos motores estudados. Figura 33- Esquema de ligação do motor de dois condensadores Figura 35- Vista em corte do motor Para ultrapassar a situação de um só condensador não ser capaz de criar as condições ideais no arranque e no funcionamento normal , o motor utiliza dois condensadores: um de maior capacidade, utilizado apenas na fase de arranque, e outro de menor capacidade , para utilização no funcionamento normal. Os dois condensadores , na altura do arranque , estão ligados em paralelo, a capacidade total é igual à soma da capacidade do condensador permanente com a capacidade do condensador de arranque. Após o arranque, o condensador de arranque é desligado e o condensador permanente fica ligado em série com o enrolamento auxiliar. Figura 34- Binário do motor de condensador de arranque e permanente Este motor apresenta um bom binário de arranque e um bom binário nominal, sendo normalmente utilizado em compressores, transportadores, electrobombas, etc. Possuindo o motor dois condensadores e dispositivo de abertura do circuito do condensador de arranque, o seu custo é mais elevado. MotoresdeIndução O motor possui um estator com um enrolamento e um rotor em gaiola , que pode ser totalmente moldado. Não tem condensador de arranque nem dispositivo de abertura do enrolamento auxiliar, o que torna a sua construção eléctrica e mecanicamente muito simples, sendo por isso , um motor de baixo custo. Na sua constituição possui uma ou duas espiras (anéis) de cobre em curto-circuito (espiras de sombra) implantadas, diametralmente opostas, numa pequena área de cada pólo do estator. Figura 36- Motor de pólos sombreados O fluxo criado no estator (φ), pelo seu enrolamento, divide-se em duas partes; o que não atravessa as espiras (φ1) e o que as atravessa (φ2) ver fig.37 . O fluxo (φ2) , ao passar no interior das espiras, origina nestas uma corrente induzida, cujo efeito magnético tende a opor-se à causa que lhe deu origem (lei de Lenz), ou seja, é criado no Página13 interior das espiras um fluxo com sentido que tende a contrariar as variações do fluxo (φ2) . Como consequência, o fluxo que passa no interior das espiras atrasa-se relativamente ao fluxo principal. Quando o fluxo indutor aumenta, a corrente induzida nas espiras tem um sentido que cria no seu interior um fluxo que vai diminuir o fluxo indutor (φ2). Na parte não abraçada pela espira, o fluxo é reforçado. Depois, quando o fluxo indutor diminui, a corrente eléctrica induzida cria no interior da espira um fluxo que vai reforçar o fluxo indutor, sendo o fluxo no interior da espira diminuído. 6.8 – Ligação de motores monofásicos A caixa de ligações possui no seu interior, tanto para motores trifásicos de uma velocidade como para motores monofásicos actuais, uma placa com seis bornes. Estes bornes destinam-se a ligar entre si os enrolamentos do motor e efectuar a ligação à rede eléctrica. A utilização de placas de seis bornes, nos motores monofásicos, possibilita , de uma forma simples, por alteração de shunts, colocar facilmente o motor a funcionar num sentido de rotação ou noutro. Os esquemas de ligação estão ,normalmente, desenhados na parte interior da tampa da caixa de ligações. 6.8.1- Motores de condensador permanente Figura 38 Exº de placa de bornes do fabricante CEG, rotação num sentido Figura 37- Fluxos nos pólos do estator Com este processo, em cada pólo do estator, criam-se fluxos ligeiramente desfasados entre si. A resultante destes fluxos origina um campo magnético que se desloca ao longo das faces dos pólos do estator. Deste modo consegue-se criar um pequeno campo girante mas suficiente para movimentar motores de fracos binários. O sentido de rotação do motor de pólos sombreados depende do lado em que situam as espiras e, consequentemente, este motor apresenta um único sentido de rotação. Quanto ao desempenho, estes motores apresentam baixo binário de arranque, baixo rendimento, baixo factor de potência e elevado escorregamento. Os motores de pólos sombreados são fabricados para pequenas potências e, pela sua simplicidade, robustez e baixo custo, são ideais em aplicações onde os requisitos de binário de arranque sejam baixos: pequenas bombas de água, nomeadamente a que retira a água do tambor da máquina de lavar, compressores ventiladores, desumidificadores, exaustores, unidades de refrigeração, secadores de roupa e de cabelo, etc. Figura 39 Exº de placa de bornes do fabricante CEG, rotação em sentido oposto Nas figuras 38 e 39 , porque o fabricante utiliza placas de bornes de motores trifásicos, os terminais das bobinas têm as seguintes designações: • Enrolamento auxiliar: U1 – W1 • Enrolamento principal: V1 – W2 MotoresdeIndução Página14 6.8.2- Motores de condensador permanente e de arranque Nestes motores, o condensador está ligado internamente ao enrolamento auxiliar. Para efectuar a ligação à rede, deve-se identificar primeiro os terminais dos enrolamentos, do condensador e do interruptor centrífugo 6.9 – Motor universal Figura 40 Exº de placa de bornes do fabricante CEG, rotação num sentido O motor universal á uma máquina eléctrica similar a um motor série de CC mas projectada para operar em corrente alternada monofásica. Figura 41 Exº de placa de bornes do fabricante CEG, rotação em sentido oposto Figura 43 - Motor universal A ligação do condensador de arranque pode ser efectuada com um interruptor de comando manual ou automaticamente com interruptor centrífugo, relé de intensidade, relé electrónico ou através de um automatismo. 6.9.1 – Constituição O motor universal possui um estator e um rotor com os enrolamentos ligados em série através do comutador (colector). 6.8.3- Motores antigos Em motores antigos é possível que as placas possuam 4 bornes com as letras indicadas. Figura 44 – Constituição do motor universal 6.9.3 – Princípio de funcionamento Figura 42 - Placa de bornes antiga MotoresdeIndução Quando o enrolamento do estator é alimentado, cria um campo magnético que atravessa o enrolamento do rotor. Como o enrolamento do rotor é alimentado em série com o enrolamento do estator, os condutores que estão situados sob um mesmo pólo do estator são percorridos por correntes com o mesmo sentido, sendo portanto, segundo a lei de Laplace, sujeitos a forças com o mesmo sentido. Os condutores situados sob o outro pólo são sujeitos a forças iguais mas com sentido oposto. As duas forças criam um binário Página15 que faz girar o rotor (idêntico ao funcionamento do motor CC). Como a alimentação é alternada sinusoidal, em cada período há inversão do sentido do campo magnético do estator e da corrente do rotor, contudo, como os enrolamentos do estator e do rotor estão em série , a inversão acontece em simultâneo, logo , o binário não inverte e a máquina roda continuamente no mesmo sentido. Para reduzir as perdas por correntes de Foulcault e, deste modo, baixar o aquecimento, neste motor, é obrigatório que o seu circuito magnético seja laminado. O motor universal, quer funcione em corrente contínua, quer funcione em corrente alternada, possui reacção magnética do induzido. Esta reacção distorce o campo magnético indutor e origina o aparecimento de arcos eléctricos entre lâminas do colector e as escovas. Para minimizar este efeito, que degrada o colector e principalmente as escovas, em algumas máquinas, existe, em série com o enrolamento do estator e do rotor, um terceiro enrolamento, designado por enrolamento de compensação. A finalidade tal como nas máquinas de CC é criar um campo magnético contrário ao campo de reacção do induzido, repondo o campo inicial. O motor com este enrolamento designa-se por motor série monofásico compensado – fig. 45 Figura 45 – Esquema de ligação do motor série compensado Embora a potência do motor universal seja, normalmente baixa, a velocidade de rotação em vazio pode atingir valores bastante elevados (vários milhares de r.p.m). A inversão do sentido de rotação é obtida por troca da polaridade da tensão de alimentação do enrolamento do estator ou do rotor, não de ambos. O controlo de velocidade do motor é obtido por variação da tensão aplicada: quanto maior a tensão, maior a velocidade. Este controlo pode ser realizado electronicamente por um circuito de variação do ângulo de fase ou por um circuito de PWM (modulação de Largura de Impulso). MotoresdeIndução 6.9.4 – Aplicações Os motores universais não sã adequados para aplicações que requeiram velocidade constante, conforme se pode verificar pela curva do binário do motor fig.46 Figura 46 – Característica electrodinâmica do motor universal A curva é idêntica à do motor série de CC, a relação entre o binário e a velocidade é inversa, quando uma cresce a outra diminui, a velocidade depende da carga. Assim para binários muito pequenos, o motor pode “embalar”, podendo os enrolamentos do rotor serem destruídos pela força centrífuga. Por esta razão, não devem ser utilizados motores deste tipo quando há a possibilidade, durante o funcionamento, de o veio ficar sem carga. Em máquinas pequenas o perigo não existe porque os atritos já constituem binário resistente suficiente para que tal não aconteça. O custo do motor universal é relativamente baixo e, como é compacto e fornece um bom binário de arranque, tem grande utilização em situações onde é necessário alto binário e baixo peso, como é o caso de ferramentas eléctricas portáteis: berbequins, aparafusadoras, serras, etc Também tem grande utilização em electrodomésticos como aspiradores, secadores de cabelo, trituradoras, moinhos de café, etc. Actualmente também são utiliazdos por alguns fabricantes no accionamento do tambor das máquinas de lavar. A sua grande desvantagem é possuir colector e escovas, órgãos sujeitos a desgaste e, consequentemente, susceptíveis a avarias. Página16 7. Referências / Bibliografia O autor deste manual recorreu frequentemente a textos integrais e imagens dos seguintes livros: Joaquim Carvalho Motores de Indução (sebenta) ISEC 1997 António Francisco Motores Eléctricos ETEP 2ª edição 2009 José Vagos Carreira Matias Máquinas Eléctricas Corrente Alternada Plátano Editora, SA 1ª edição 1990 Robert Ludwig Manual Prático do bobinador Electricista Litexa- Portugal MotoresdeIndução Página17