Professora: Elisandra Bär de Figueiredo CARACTERÍSTICA DE UM ANEL PROPOSIÇÃO 1 Seja A um anel com unidade. Se m, n ∈ Z, então (mn)1A = (m1A )(n1A ). Seja A um anel. Considere o seguinte subconjunto de N∗ : S = {n ∈ N∗ / n · a = 0A , a ∈ A}. Se S = ∅ dizemos que o anel A tem característica zero e escrevemos c(A) = 0. Se S ̸= ∅, então existe o mínimo de S. Sendo h = minS > 0, dizemos que o anel A tem característica h > 0 e escrevemos c(A) = h. EXEMPLO 1 Mostre que c(Zm) = m. PROPOSIÇÃO 2 Seja A um anel com unidade. Então, a característica de A é igual ao período da unidade no grupo (A, +). PROPOSIÇÃO 3 A característica de um anel de integridade ou é zero ou é um número primo. EXEMPLO 2 Considere o anel A formado por todas sequências innitas de elementos de Z2 com a adição e multiplicação denidas componente a componente. Determine c(A). 1 EXEMPLO 3 A característica de um anel com unidade nito é maior que zero. EXEMPLO 4 Seja A um anel com unidade e considere o conjunto Z1A = {m · 1A / m ∈ Z}. Prove que este conjunto é um subanel de A. PROPOSIÇÃO 4 Seja A um anel com unidade. Se a característica de A é h > 0, então Z1A é isomorfo a Zh . Se a característica de A é zero, então Z1A é isomorfo a Z. 2 CARACTERÍSTICA DE UM CORPO Se K é um corpo, então K é um anel de integridade, logo, ou c(K) = 0 ou c(K) = p sendo p um número primo. No caso em que c(K) = p, temos que K contém um subanel isomorfo a Zp . Como p é primo temos que Zp é um corpo, consequentemente Z1A é um subcorpo de K isomorfo a Zp . Além disso, se L é um subcorpo de K, então 1K ∈ L, logo, m · 1K ∈ L, para todo m ∈ Z, ou seja, Z1K ⊂ L, donde Z1K é o menor subcorpo de K. Justique as passagens deste parágrafo. No caso em que c(K) = 0, temos que Z1K ⊂ K é um subanel isomorfo a Z. Porém, Z1K não é subcorpo (Porque?). Entretanto, podemos mostrar que o menor subcorpo de K (quando c(K) = 0) é isomorfo a Q. Sugestão: Considere f : Q → K dada por f (m) n = m · 1K , n · 1K m, n ∈ Z, n ̸= 0. Prove que f é aplicação, é injetora e homomorsmo de anéis. Justique as passagens deste parágrafo. Os corpos Zp e Q são chamados corpos primos e sobre eles se assentam todos os corpos de característica maior que zero no primeiro caso e os de característica zero no segundo caso. 3 IDEAIS NUM ANEL COMUTATIVO DEFINIÇÃO 1 Seja A um anel comutativo. Um subconjunto I ⊂ A, I ̸= ∅, será chamada de ideal em A se para quaisquer x, y ∈ I e para qualquer a ∈ A valem as seguintes relações: (i) x − y ∈ I; (ii) ax ∈ I. EXEMPLO 5 No anel dos números inteiros os subconjuntos nZ em que n é um número inteiro dado são ideais. EXEMPLO 6 Seja A = RR . Mostre que I = {f ∈ A/ f (1) = 0}é um ideal em A. EXEMPLO 7 Mostre que o núcleo de um homomorsmo de anéis f : A → B é um ideal de A. Observação: Todo ideal num anel A é um subanel de A, porém a recíproca é falsa. Dê um contra exemplo. PROPOSIÇÃO 5 Seja I um ideal num anel comutativo A. Então: (a) 0A ∈ I; 4 (b) a ∈ I ⇒ −a ∈ I, ∀a ∈ I; (c) para quaisquer a, b ∈ I a + b ∈ I; (d) se o anel A possui unidade e se existe um elemento inversível u ∈ A tal que u ∈ I, então I = A. EXEMPLO 8 conjunto Seja A um anel comutativo e sejam a1 , a2 , · · · , an ∈ A (n ≥ 1). Mostre que o < a1 , a2 , · · · , an >= {x1 a1 + x2 a2 + · · · + xn an / x1 , x2 , · · · , xn ∈ A} é um ideal em A. DEFINIÇÃO 2 O ideal < a1 , a2 , · · · , an > é chamado ideal gerado por a1 , a2 , · · · , an . Um ideal gerado por somente um elemento a ∈ A recebe o nome de ideal principal gerado por a. Neste caso usam-se as notações < a > ou a · A. Se todos os ideais de um anel de integridade são principais, então este anel é chamado de anel principal. EXEMPLO 9 Se I é um ideal em Z, então I = nZ, para algum n ∈ N∗ . 5 PROPOSIÇÃO 6 Sejam m1 , m2 , · · · , mk ∈ Z∗ e J =< m1 , m2 , · · · , mk > . Se d ∈ Z é tal que J = dZ, (por que existe tal d?) então valem as seguintes armações: (i) existem r1 , r2 , · · · , rk ∈ Z tais que d = m1 r1 + m2 r2 + · · · + mk rk ; (ii) d é um divisor comum de m1 , m2 , · · · , mk , ou seja, d|mi para todo i ∈ {1, 2, · · · , k}; (iii) Se d′ é um divisor comum de m1 , m2 , · · · , mk , então d′ também é divisor de d. Observação: O número d da proposição acima é chamado mdc de m1 , 6 m2 , · · · , mk em Z. PROPOSIÇÃO 7 Seja A um anel comutativo com unidade. Então, A é um corpo se, e somente se, os únicos ideais em A são os triviais. 7 IDEAIS PRIMOS E MAXIMAIS Interseção Dados dois ideais I e J num anel comutativo A, então I ∩ J é um ideal em A. Além disso, I ∩ J é o maior ideal contido em I e em J. Prove estes fatos. Adição: Se I e J são ideais em A, então I + J = {x + y/ n ∈ I, y ∈ J é um ideal em A. Além disso, é o menor ideal que contém I e J. DEFINIÇÃO 3 Seja P um ideal num anel comutativo A. Dizemos que P é um ideal primo se P ̸= A e se para todo a, b ∈ A vale o seguinte: ab ∈ P EXEMPLO 10 ⇒ a∈P ou b ∈ P. Verique quais dos ideais abaixo são primos. 1. I = {0} em Z. 2. I = 3Z em Z. 3. I = 6Z em Z. 4. I = {0} × Z em Z × Z. 8 DEFINIÇÃO 4 Seja M um ideal num anel comutativo A. Dizemos que M é um ideal maxi- mal se M ̸= A com a seguinte propriedade: o único ideal em A que contém M e é diferente de M é o próprio anel A. Ou seja, M é um elemento maximal em relação à inclusão no conjunto dos ideais em A que são diferentes de A. EXEMPLO 11 Verique quais dos ideais abaixo são maximais. 1. I = 3Z em Z. 2. I = 6Z em Z. 3. I = Z × 2Z em Z × Z. PROPOSIÇÃO 8 Seja A um anel comutativo com unidade. Então, todo ideal maximal em A é primo. EXEMPLO 12 A recíproca da última proposição é falsa. Observe que I = {0} × Z em Z × Z é um ideal primo, porém não é maximal. 9