2 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por todos os dias da minha existência e por encher o meu caminho de desafios. Aos meus pais por me darem todo o suporte, minha namorada e meus familiares, por terem me encorajado a acreditar e buscar o meus sonhos. Ao meu orientador, prof. Leandro Afonso, que com muita paciência e dedicação colaborou para a conclusão deste trabalho. Agradeço também ao Chico e Leonardo Paioli, ao técnico de surf profissional Pedro Robalinho e aos atletas que participaram da pesquisa de campo por facilitarem a coleta dos dados. E a todos os amigos que contribuíram com suas opiniões e duvidas pertinentes ao assunto. 3 RESUMO Titulo: Cronotipo do surfista profissional brasileiro Autor: Fabio Augusto Ropero Orientador: Prof. Ms. Leandro dos Santos Afonso O surfista profissional brasileiro tem demonstrado grande preocupação com a preparação física, de modo a buscar melhorias no seu desempenho nas competições, por meio de uma freqüência de treinamento em média de 4,5 horas por dia e 6,2 dias por semana, abrangendo tanto a parte tática, técnica e física (ROPERO, 2006). O objetivo do presente estudo foi verificar o cronotipo do surfista profissional brasileiro. O intuito é disponibilizar o conhecimento da cronobiologia, ciência dedicada à análise dos ritmos biológicos, aos treinadores e técnicos do surf. No presente estudo foi feita uma pesquisa de campo descritiva através da utilização do questionário de matutinidade-vespertinidade de HORNE e ÖSTBERG (1976), adaptado para o Brasil por BENEDITO-SILVA et al. (1990). A amostra foi composta por 16 atletas da elite do surf brasileiro, ranqueados pela ABRASP, sendo que 4 do sexo feminino e 12 do sexo masculino , com idade média de 26,1 ± 6,4 anos. Os dados foram coletados na 3ª etapa do Super Surf (Circuito Brasileiro de Surf Profissional) no ano de 2006, na praia de Itamambuca na cidade de Ubatuba, litoral norte do Estado de São Paulo. Para a análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva tendo como base os resultados das tabelas de classificação de HORNE e ÖSTBERG (1976) e do Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (GMDRB / ICB / USP). A grande maioria da amostra foi identificada como sendo do cronotipo intermediário e nenhum indivíduo foi identificado como vespertino ou moderadamente vespertino. 4 SUMÁRIO PÁGINA: 1 INTRODUÇÃO......................................................................................................5 2 OBJETIVO............................................................................................................7 3 JUSTIFICATIVA....................................................................................................8 4 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................8 4.1 Origem do surf no mundo......................................................................8 4.2 Origem do surf no Brasil........................................................................9 4.3 Variáveis naturais do surf.....................................................................10 4.3.1 Ondulações.................................................................................11 4.3.2 Ventos.........................................................................................11 4.3.3 Marés..........................................................................................12 4.3.4 Fundos........................................................................................13 4.4 Origem dos Estudos Sobre Cronobiologia.........................................14 4.5 Cronobiologia........................................................................................15 4.6 Treinamento...........................................................................................17 4.7 Cronotipo e Desempenho.....................................................................19 4.8 Variações diárias no desempenho.......................................................22 4.8.1 aspectos cognitivos e motores...................................................23 4.8.2 flexibilidade.................................................................................24 4.8.3 força máxima, força de resistência e capacidade aeróbia..........25 5 METODOLOGIA...................................................................................................26 6 RESULTADOS......................................................................................................27 7 DISCUÇÕES..........................................................................................................32 5 8 CONCLUSÃO........................................................................................................34 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.....................................................................35 1 INTRODUÇÃO O surf é uma modalidade esportiva que tem apresentado um grande desenvolvimento profissional nas últimas décadas. O Brasil está entre as três potências mundiais ao lado dos EUA e Austrália, no entanto a sua prática ainda apresenta uma carência de estudos científicos. O cenário do surf competitivo no Brasil, conta com órgãos como: a CBS (Confederação Brasileira de Surf), reconhecida pelo Ministério do Esporte como Entidade de Administração Nacional do Surf, e a ABRASP (Associação Brasileira de Surf Profissional) que contribuem para elevar o nível profissional da modalidade. No ramo empresarial, conforme ZUCCO et al. (2002), a indústria do surf movimenta valores em torno de R$ 2 bilhões ao ano e emprega direta e indiretamente, aproximadamente 140 mil pessoas. MENDEZ-VILLANUEVA e BISHOP (2005), descreve o surf como: “Atividade intermitente, caracterizada por períodos de alta, baixa intensidade e períodos de recuperação”. Necessitando de força nas braçadas, para que a prancha alcance a velocidade adequada para entrar na onda. O surf competitivo tem como forma de disputa um sistema de baterias eliminatórias com duração de 20 a 40 minutos de acordo com o formato da competição, e podem ter a participação de 2 ou 4 atletas. Nas baterias com 4 atletas os dois melhores pontuados seguem na competição, e nas baterias com 2 atletas, chamado de disputa “homem a homem”, dois surfistas se enfrentam em busca da somatória das duas melhores notas, e segue apenas o melhor pontuado. 6 De acordo com a ABRASP o julgamento das ondas é feito da seguinte forma: “o surfista deve realizar as mais radicais e controladas manobras nas seções críticas de uma onda com velocidade, pressão e fluidez para maximizar seu potencial de pontos. Tanto o surfe inovador/progressivo, bem como a variedade do repertório das manobras, será levado em consideração para a computação de pontos das ondas surfadas. O surfista que executar esse critério dentro do maior grau de dificuldade nas ondas deverá receber as maiores notas”. Sendo assim, a parte física do atleta durante a competição é exigida de maneira intensa. Nos dias de hoje os surfistas profissionais brasileiros demonstram grande preocupação com a preparação física, de modo a buscar melhorias no seu desempenho nas competições. De acordo com ROPERO (2005) atletas profissionais do surf brasileiro ranqueados pela ABRASP, apresentam uma freqüência de treinamento em média de 4,5 horas por dia, abrangendo tanto a parte tática, técnica e física. No entanto apresenta-se de grande importância à observação do ritmo circadiano para uma melhora no desempenho através da otimização de horários do dia onde as respostas fisiológicas no exercício físico sejam favoráveis (RISSATO, 2001). De acordo com MARQUES e MENNA-BARRETO (2003), ritmo circadiano entende-se por um conjunto de ritmos biológicos associados ao ciclo claro/escuro, cujo período varia de 20 a 28 horas. Para DELATRE (2003) citado por ALVES FILHO (2003) o organismo sofre mudanças ao longo das 24 horas do dia em parâmetros biométricos (peso, altura, espessura de dobra de pele) e funcionais (pressão arterial, produção de hormônios, desempenho motor ou cognitivo, metabolismo e temperatura central, atividades renais, respiratórias e digestivas). 7 Para ALVES FILHO (2003) o ser humano possui relógios internos que comandam as funções do corpo. Algumas pessoas são do cronotipo matutino típico (aproximadamente 10% da população), ou do cronotipo vespertino típico (outros 10%). Ainda existe outro grupo classificado como indiferente (aproximadamente 80% da população) ao período do dia. Cada indivíduo apresenta um maior grau de disposição em determinada fase do dia e podem ser classificado em um determinado cronotipo. Os indivíduos do cronotipo matutino são aqueles que acordam mais cedo e com um maior grau de disposição. Durante o dia, estes indivíduos, apresentam uma diminuição do estado de alerta e preferencialmente iniciam o episódio do sono mais cedo. Os indivíduos do cronotipo vespertino, ao contrário dos matutinos, acordam mais tarde e com menor disposição, que ao longo do dia tem o nível de alerta aumentado com tendência a ir dormir mais tarde. Já os indivíduos do cronotipo intermadiário, como o próprio nome sugere, apresentam valores intermediários aos horários de acordar e de ir dormir e ao grau de disposição em relação às horas do dia. Estudos mais recentes têm apontado a genética como fatores determinantes para o cronotipo de um indivíduo (REILLY et al., 1997 citado por AFONSO et al., 2005). DELATTRE (2003) citado por ALVES FILHO (2003), ressalta que todos os seres vivos são sincronizados pela natureza. Os dias e as estações do ano têm grande relevância para o bom andamento das funções orgânicas e, por isso, precisam ser respeitados como sincronizadores que são. 2 OBJETIVO O objetivo do presente estudo é verificar o cronotipo do surfista profissional brasileiro. 8 3 JUSTIFICATIVA O presente estudo vem disponibilizar o conhecimento da cronobiologia, aos treinadores e técnicos do surf, com a idéia de que através da identificação do cronotipo do surfista profissional brasileiro, pode-se aplicar o treinamento físico no período em que o atleta apresenta maior disposição e prontidão, com isso melhorando o desempenho nas competições. 4 REVISÃO DE LITERATURA 4.1 Origem do surf no mundo Não se pode afirmar ao certo onde e como tudo começou, mas para KAMPION e BROWN (1998), os aventureiros polinésios chegaram às ilhas havaianas sobre suas grandes canoas de viagem e deram origem a uma nova civilização, que adaptou a mitologia e o modo de vida das ilhas a sua cultura. Estes por sua vez mostravam um gosto especial pelo ato de brincar com as ondas do oceano. De acordo com LORCH (1980), sua prática acontece desde 900 a.C. , quando o rei do Taiti, Moikeha, resolveu viajar para o Havaí só para surfar. Ele teria aportado em várias ilhas, mas foi em Wailua no Kauai, que encontrou ondas perfeitas. Mais tarde Moikeha teria se casado com duas filhas do rei de Kauai. No século XVIII, quando as ilhas havaianas recebiam os primeiros homens brancos, o surf já era praticado pela realeza e englobava aspectos sociais, religiosos, e culturais (GUTEMBEG, 1989). 9 A prática do surf então era considerada historicamente como o esporte dos reis havaianos, e eles eram os únicos que poderiam desfrutar das ondas que quebravam nas ilhas. O nascimento do surf moderno é atribuído ao Duke Paoa Kahanamoku, um excepcional esportista aquático que ganhou medalha de ouro nos 100 metros nado livre nos Jogos Olímpicos de Stockholm, em 1912. Kahanamoku viajou por toda a Europa, Austrália e Estados Unidos, fazendo demonstrações de surf e natação tornando o esporte mais conhecido. Após anos de desenvolvimento do surf, surgiu o primeiro campeonato mundial na Austrália em 1964 (KAMPION e BROWN, 1998). Pode se perceber através da história que o surf se modificou. O material e a forma como as pranchas são confeccionadas mudou e o surf tem se tornado um esporte mais competitivo, agressivo e radical, porém, alguns praticantes ainda conservam uma cultura do surf ligada às raízes e o considerando um esporte sagrado e uma forma de viver em harmonia com o meio ambiente. 4.2 Origem do surf no Brasil De acordo com ZENI (2002), a história da origem do surf no Brasil aconteceu em dois momentos distintos. No primeiro momento, de acordo com SARLI (2001) citado por ZENI (2002), o santista Thomas Rittscher afirma não ter visto ninguém praticando o surf no Brasil antes dele, entre os anos de 1934 e 1936. Em um segundo momento, no verão de 1939, Osmar Gonçalves construiu a primeira prancha de surf do Brasil. Esta era feita de madeira seguindo instruções de uma revista científica norte-americana que havia ganhado de seu pai, e junto com 10 seu amigo Juá foram durante muito tempo os únicos surfistas do país. Outro momento de destaque na história foi na década de 50, quando o número de vôos internacionais para o Brasil aumentar e os estrangeiros começavam a conhecer o nosso litoral, em especial o litoral do Rio de Janeiro. Vindos principalmente dos EUA, onde o surf já era praticado há meio século, aproveitavam para se divertir e desfrutar das ondas, desta forma motivando os cariocas que viajavam para o exterior a trazer em suas bagagens pranchas de surf. Após o período da Ditadura Militar, com a expansão do surf para o sul do país, o esporte cresceu aceleradamente e a partir da década de 80 surgiram as primeiras indústrias e competições nacionais. Depois nos anos 80 o esporte ganhou o apoio da mídia e o surfista profissional começou a ser visto como um atleta (GUTEMBERG, 1989). 4.3 Variáveis naturais do surf De acordo com GANERI (1994), mais de 2/3 da superfície terrestre estão cobertos por água salgada, tornando o nosso planeta o mais “aquoso” do sistema solar. A água se distribui em cinco oceanos: Pacífico, Atlântico, Índico, Antártico e Ártico. Em algumas praias, ao se aproximarem da terra, o oceano oferece ondas perfeitas para a prática do surf, que é um esporte praticado em contato direto com a natureza e que está sujeito à influência de diversas variáveis que podem alterar a formação e o tamanho das ondas. Sendo assim, de acordo com o posicionamento da praia, a intensidade e direção dos ventos, correntes, ondulações e marés; podese decidir qual o local apropriado para surfar naquele momento (ZENI, 2002). 11 O conhecimento das variáveis naturais do surf que mudam constantemente durante todo o decorrer do tempo, apresenta-se de grande importância para praticantes do esporte pelo motivo que com esse conhecimento o atleta possa escolher o local aliado de acordo com as melhores condições para a prática. 4.3.1 Ondulações As ondas são causadas pela ação dos ventos que transferem energia para a água do oceano criando as ondulações (GANERI, 1994; GUTEMBERG, 1989; LORCH, 1980). O tamanho de uma onda depende da velocidade do vento, da quantidade de tempo que ele sopra e do tamanho da área onde o vento sopra (GANERI, 1994; LORCH, 1980). De acordo com KAMPION e BROWN (1998), assim que as ondas são criadas, elas avançam ao longo do oceano até baterem em terra, onde liberam a energia do vento quando rebentam nas praias que orlam as extremidades do mar. Para GUTEMBERG (1989) é importante o conhecimento geográfico para escolha da praia para a prática do surf, pois, acredita-se que para cada praia vai existir uma ondulação que faz com que as ondas quebrem de forma diferenciada. 4.3.2 Ventos Vento é o ar em movimento, que é causado por diferenças na temperatura e na pressão ao redor da terra. O calor do Sol é responsável pela direção dos ventos, que por sua vez afetam a superfície do mar impulsionando as correntes de 12 superfície criando as ondulações. Durante o dia, a terra se aquece mais rapidamente que a água fazendo com que o ar quente suba e o ar frio do mar se desloque em direção a terra. Este vento é denominado brisa marinha. Á noite, o padrão se inverte porque a terra resfria mais rapidamente que a água fazendo com que o vento, denominado de brisa continental, sopre da terra para o mar (GANERI, 1994). Para ZENI (2002) além da fundamental importância que tem na formação das ondulações, os ventos também são responsáveis por determinar as condições ideais para a prática do surf, dependendo da sua direção e intensidade. 4.3.3 Marés Para GANERI (1994) as marés são as mudanças diárias no nível do mar que são causadas principalmente pela atração do Sol e da Lua sobre a terra. A força de atração da Lua sobre os oceanos é duas vezes maior do que a do Sol. Em um período de aproximadamente um mês, a Lua completa sua órbita em torno da Terra. Sua influência mais importante sobre a Terra é o fenômeno das marés. Ao assumir determinada posição, a Lua promove um deslocamento das massas de águas oceânicas naquele ponto e no ponto diretamente oposto. Assim, devido à rotação da Terra, no período de aproximadamente 24 horas, ocorrem duas marés altas com um período de 12,4 horas. Porém, levando em consideração as variações na profundidade dos oceanos, as variações das correntes marítimas e disposição irregular das massas de terra, em algumas costas as duas marés altas são idênticas, e em alguns casos chega a ocorrer apenas uma maré alta num período de 24,8 horas (CIPOLLA-NETO et al., 1988). 13 Os ciclos de maré acontecem durante 24 horas e 50 minutos duas vezes por dia, na maior parte do mundo. O mar sobe e invade a costa (preamar), e desce ou vaza (baixa-mar) novamente. Existe também um outro ciclo, de marés de sizígia e de quadratura, que acontece duas vezes em um período de 28 em 28 dias, com um intervalo de uma semana. Marés de sizígia têm maior amplitude entre a maré alta e baixa, enquanto marés de quadratura têm menor amplitude (GANERI, 1994). A variação das marés pode influenciar na formação das ondas fazendo com que elas fiquem maiores, menores, mais cheias ou mais cavadas. 4.3.4 Fundos De acordo com ZENI (2002), existem diferentes tipos de fundos espalhados pelas praias em todo o planeta com características especificas que influenciam diretamente na formação das ondas. Para LORCH (1980) existem os fundos formados por bancos de areia, chamados de “beach break”, onde as ondas podem quebrar de diversas formas devido ao seu fundo móvel. Os formados por corais são denominados “reef break”, onde as ondas quebram sempre no mesmo lugar devido ao seu fundo fixo com pouca profundidade. O “point break” se caracteriza por uma ponta de terra entrando em direção ao restante da praia em perfeita simetria. 14 4.4 Origem dos Estudos Sobre Cronobiologia Ciclos geofísicos como: dia e noite, estações do ano, fases da lua e oscilações das marés. São resultantes da interação da terra com as forças de atração exercidas pelo sol e pela lua, aliadas a inclinação natural de seu eixo. Portanto, os ciclos ambientais conduzem diversos ciclos biológicos e são responsáveis por sincronizar os ritmos biológicos das matérias vivas (MARQUES e MENNA-BARRETO, 2003; CIPOLLA-NETO et al., 1988). “Diversos ciclos nos seres vivos tendem a acompanhar esses ciclos geofísicos, como é, por exemplo, o caso do ciclo sono/vigília, que se repete aproximadamente a cada 24 horas” (CIPOLLA-NETO et al., 1988). De acordo com MARQUES e MENNA-BARRETO (2003) foi de Andróstenes de Thasos em 325 a.C. uma das primeiras descrições detalhadas e com caráter científico que descreve com riqueza de detalhes o movimento periódico diário das folhas da planta tamarindus indicus, o conhecido tamarindo. Este é provavelmente o primeiro relato documentado de um ciclo de atividade/repouso em planta. Embora seja uma ciência relativamente recente, desde o século XVIII, o astrônomo francês J.J. De Mairan já fazia observações de como as plantas (Mimosa pudica) respondiam aos estímulos da luz solar. Com isso percebeu que os seres vivos mantinham relação com o ambiente geofísico. Então começou a formular hipóteses e depois partiu para experimentos. Em um deles De Marian colocou um vaso de planta dentro de um baú, que foi armazenado em um porão e depois de algum tempo pode constatar que mesmo sem a presença de pistas temporais como 15 a luz solar a planta mantinha seu ritmo biológico coincidindo com o ciclo dia/noite, de modo a especular a existência de um ritmo endógeno inerente ao abrir e fechar das folhas da planta. Ainda acreditava-se que as alterações rítmicas eram dependentes das ações ambientais como: dia e noite, frio e calor. Em 1729, seus resultados foram publicados pela Academia Real de Ciências de Paris (LOUZADA e MENNABARRETO, 2004; MARQUES e MENNA-BARRETO, 2003; CIPOLLA et al., 1988). Em 1759, Du Monceau mostrou que o movimento das folhas da sensitiva não dependia de variações da temperatura do ambiente (CIPOLLA-NETO et al., 1988). Até o final do século XIX, os estudos sobre ritmos biológicos incluíam relatos de ritmos predominantemente no homem, com observações referentes a mudanças diárias e também sobre ritmos mensais e anuais entre os parâmetros como: peso corporal; temperatura corporal; desempenho humano e variáveis associadas a excreção urinária. Outra linha de estudos envolvia a manipulação do ambiente através da observação dos ritmos em condições ambientais constantes, ou quase constantes. A maioria dos estudos foram realizados com plantas mas existiam trabalhos que se dedicavam ao estudo de ritmo em animais, como: o estudo do ritmo de pigmentação em artrópodos (MARQUES e MENNA-BARRETO, 2003). 4.5 Cronobiologia A Cronobiologia pode ser definido como o estudo sistemático das características temporais da matéria viva, em todos os seus níveis de organização, sendo assim, seu objetivo é compreender e explicar o tempo como um fator que organiza e estrutura os elementos biológicos, no sentido de conhecê-los e analisa- 16 los (LOUZADA e MENNA-BARRETO, 2004; MARQUES e MENNA-BARRETO, 2003; CIPOLLA-NETO et al., 1988). O ciclo “circadiano” domina nossas vidas. Ele regula os períodos de sono, de fome, de humor, da atividade mental, da atividade física e desempenho, como também os aspectos fisiológicos e psicológicos dos seres humanos (RISSATO, 2001). Para LOUZADA e MENNA-BARRETO (2004) a modificação de horários em nossa rotina diária (ciclo circadiano) causam uma desorganização temporal interna. Esse é o caso do horário de verão, uma mudança sutil, mas que exigem do organismo um ajuste da sincronização dos ciclos geofísicos com a nossa organização temporal interna. Os ritmos biológicos são evidentes na maioria dos seres vivos. Nas plantas, quando mostram épocas de floração alternadas com fases vegetativas, no animais, em ciclos de atividade e repouso, em seres humanos, com a freqüência de batimentos cardíacos e muitos outros. A manifestação mais evidente dos ritmos biológicos é o ciclo claro / escuro, um ritmo circadiano, cujo período varia de 20 a 28 horas de acordo com a espécie. Em diferentes ambientes existentes no planeta terra, cada espécie viva demonstra harmonia entre o ambiente em que vive e os ritmos biológicos. Portanto, se ocorrer uma oscilação no ambiente, uma espécie para se adaptar a ele, deve oscilar também, e a adaptação temporal consiste na harmonização entre a ritmicidade biológica e os ciclos ambientais (MARQUES e MENNA-BARRETO, 2003). No entanto, se não houver nenhuma pista temporal para sincronizar o indivíduo, este apresenta um ciclo circadiano em livre-curso, que nada mais é do 17 que a expressão dos seus ritmos endógenos (LOUZADA e MENNA-BARRETO, 2004; MARQUES e MENNA-BARRETO, 2003; CIPOLLA-NETO et al., 1988). Em condições onde não existam pistas temporais o ser humano acordaria uma hora mais tarde a cada dia, pois a variação da temperatura corporal apresenta uma variação maior que 24h (LOUZADA e MENNA-BARRETO, 2003). 4.6 Treinamento O treinador antes da prescrição do treinamento deve solicitar uma avaliação médica e de aptidão física. O objetivo principal é a detecção de problemas silenciosos que possam limitar a desempenho ou colocar o atleta em risco (STEINMAN, 2003). De acordo com ROPERO (2006) o surfista profissional brasileiro tem apresentado grande preocupação com a preparação física, de modo a buscar melhorias no seu desempenho nas competições. Conforme sua pesquisa pode constatar que esses atletas apresentam uma freqüência de treinamento em média de 4,5 horas por dia e 6,2 dias por semana, abrangendo tanto a parte tática, técnica e física. STEINMAN (2003) sugere a utilização de dois períodos diários de treinamento, manhã e tarde, com atividades complementares como Yôga, ciclismo, corridas, natação, musculação e outras. E alerta que o treinamento de força muscular, de resistência e explosão, é fundamental para se obter resultados positivos, mas que o treinamento deve priorizar as ondas, pois, chegar cansado para as seções de surf pode atrapalhar o desempenho e aumentar as chances de lesão. 18 Para PLATONOV (2003) no treinamento desportivo, a preparação física é um dos aspectos mais importantes no desenvolvimento das qualidades motoras: força, velocidade, resistência, flexibilidade e coordenação. Conforme relato de GARRET e KIRKENDAL (2003), o treinamento consiste na realização de um exercício de forma sistemática com o intuito de melhorar a habilidade física bem como de adquirir destreza em relação ás técnicas de um determinado evento desportivo. O objetivo do treinamento para McARDLE et al. (2003), é uma estimulação das adaptações estruturais e funcionais que aprimoram o desempenho em tarefas específicas. Para STEINMAN (2003) só talento natural e habilidade não são suficientes para ganhar os campeonatos de surf, mas é necessário que o atleta siga com dedicação um programa de treino especifico. A especificidade do treinamento refere-se às adaptações das funções metabólicas e fisiológicas que dependem do tipo de exercício e sobrecarga imposta. No caso dos exercícios anaeróbicos específicos, o estresse induz adaptações específicas da força-potência. Já no caso do estresse com exercícios de resistência específicos produz adaptações nos sistemas aeróbicos específicos, porém com um intercâmbio limitado dos benefícios derivados entre o treinamento de força-potência e aeróbico. Evidências sugerem que exista também uma especificidade temporária na resposta ao treinamento, tendo em vista que os melhores resultados são obtidos quando o indivíduo é testado na mesma hora do dia em que o treinamento ocorre regularmente (McARDLE et al., 2003). 19 4.7 Cronotipo e Desempenho. Para DELATRE (2003) o organismo sofre mudanças ao longo das 24 horas do dia em parâmetros biométricos (massa corporal, estatura, espessura de dobra de pele) e funcionais (pressão arterial, produção de hormônios, desempenho motor ou cognitivo, metabolismo e temperatura central, atividades renais, respiratórias e digestivas). De acordo com MELLO et al. (2004) a privação do sono pode levar o individuo a um estado de irritabilidade e ansiedade, causando dificuldade de concentração e problemas no aprendizado. Na idade adulta, ocorre uma estabilização na duração total de sono, em média 8 horas diárias. Podendo existir indivíduos que necessitem dormir por mais tempo, os grandes dormidores, que se oferecida à oportunidade dormem mais de 10 horas, e os pequenos dormidores, que necessitam de 6 a 7 horas diárias de sono (LOUZADA e MENNA-BARRETO, 2004). O ser humano possui relógios internos que comandam as funções do corpo. Algumas pessoas são do cronotipo matutino típico (aproximadamente 10% da população), ou do cronotipo vespertino típico (outros 10%). Ainda existe outro grupo classificado como intermediário (aproximadamente 80% da população) ao período do dia, o que sugere uma distribuição gaussiana (ALVES FILHO, 2003). Cada indivíduo apresenta um maior grau de disposição em determinada fase do dia e podem ser classificado em um determinado cronotipo. Os indivíduos do cronotipo matutino são aqueles que acordam mais cedo e com um maior grau de disposição. Durante o dia, estes indivíduos, apresentam uma diminuição do estado de alerta e preferencialmente iniciam o episódio do sono mais cedo. Os indivíduos 20 do cronotipo vespertino, ao contrário dos matutinos, acordam mais tarde e com menor disposição, que ao longo do dia tem o nível de alerta aumentado com tendência a ir dormir mais tarde. Já os indivíduos do cronotipo intermediário, como o próprio nome sugere, apresentam valores intermediários aos horários de acordar e de ir dormir e ao grau de disposição em relação às horas do dia. Estudos mais recentes têm apontado a genética como fatores determinantes para o cronotipo de um indivíduo (LOUZADA e MENNA-BARRETO, 2004; REILLY et al., 1997, citado por AFONSO et al., 2005). SILVA et al. (2005), em um estudo com o objetivo de identificar o cronotipo do surfista do município do Rio de Janeiro, obtiveram resultados que sugerem uma influência do cronotipo na escolha pela prática do Surf. Os resultados obtidos foram: Matutinos – 40,7%; Moderadamente Matutinos – 31,2%; Intermediários ou Indiferentes – 58,4%; Moderadamente Vespertinos – 4,2% e Vespertinos – 1,5%. De acordo com RISSATO (2001) apresenta-se de grande importância à observação do ritmo circadiano para uma melhora no desempenho através da otimização de horários do dia onde as respostas fisiológicas no exercício físico sejam favoráveis, também podendo resultar em uma maior motivação. O desempenho atlético pode ser modulado através de diferentes componentes do ritmo circadiano, conforme ilustrado no QUADRO – 1. 21 QUADRO 1 – Ritmo circadiano e desempenho atlético. COMPONENTES DO RITMO CIRCADIANO DO DESEMPENHO ATLÉTICO • • • • • • • • • • Tempo de reação Psicomotor: coordenação Percepção sensorial: limiar de dor Cognitivos: processamento de informações Neuromuscular: força Psicológico: humor e alerta Cardiovascular: freqüência cardíaca Metabólicos: temperatura corporal Consumo de O2 em repouso Capacidade aeróbia: VO2 máx. Adaptado de WINGET et al. (1985) citado por SANTOS et al. (2004). Existem fatores que podem influenciar a variação circadiana do desempenho atlético, conforme ilustrado no QUADRO – 2. QUADRO 2 – Fatores que podem influenciar o desempenho atlético. FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR A VARIAÇÃO CIRCADIANA DO DESMPENHO ATLÉTICO • • • • • • • • • • • • Carga de trabalho Estresse psicológico Motivação Cronotipos Interação social Luminosidade e temperatura Nível de treinamento Sono Altitude Hora das refeições e tipo de alimentação Idade e sexo Alterações dos horários do ciclo sono-vigília e viagens transmeridionais Adaptado de Winget et al. (1985) citado por Santos et al. (2004). 4.8 Variações diárias no desempenho 22 Vários estudos sugerem que o desempenho esportivo apresente uma variação circadiana influenciada pelo horário do dia, pois a capacidade de desempenho esportivo está altamente relacionada ao momento em que a temperatura se aproxima de seu valor máximo. Esse valor máximo da temperatura é atingido por volta do final da tarde e início da noite, Como ilustrado na FIGURA 1 (MELLO e TUFIK, 2004; PLATONOV, 2004; REILLY et al., 2003). FIGURA 1 – Curva da temperatura corporal central ao longo das 24 horas. Fonte: MENNA-BARRETO (2003) De acordo com a análise da curva da temperatura central é possível perceber que a temperatura central atinge o seu pico mínimo em torno das 4h, e depois começa a aumentar até aproximadamente às 12h. 23 A partir do horário do almoço ocorre um fenômeno conhecido como decaída pós-almoço, que resulta num decréscimo correspondente na temperatura corporal mesmo que nada tenha sido ingerido (REILLY et al., 2003). Após esse horário a temperatura central apresenta um declínio, e depois volta a aumentar atingindo o pico diurno pro volta das18h. Desportistas que treinam em dois períodos (manhã e tarde), como surfistas profissionais de alto nível de acordo com STEINMAN (2003), apresentam melhor desempenho na segunda metade da jornada (PLATONOV, 2004). 4.8.1 aspectos cognitivos e motores Entre o período das 10 às 12 horas observa-se o nível máximo das capacidades cognitivas do desportista onde se pode detectar o ponto máximo do estado de ânimo e da disposição das capacidades mentais, devido nível máximo de cortizol e catecolaminas que podem ser apresentado na primeira metade do dia (WINGET et al., 1985, citado por PLATONOV, 2004). E no período das 16 às 19 horas apresentará mais altos níveis das capacidades motoras, como o desenvolvimento das capacidades de força, coordenação ou mobilidade articular (REILLY et al., 1984). Operações cognitivas e memória recente têm seu pico de manhã. Portanto, esse é o melhor momento para trabalhar a parte técnica do treinamento, como por exemplo, a habilidade de se equilibrar sobre uma prancha flexível. Essa habilidade representa uma tarefa que exige controle motor apurado, melhor desenvolvido pela manhã, provavelmente porque os níveis da amplitude dos ritmos na temperatura corporal estão mais baixos do que o pico diurno, assim próximos do nível do ótimo 24 desempenho. O tempo de reação atinge seu pico juntamente com a temperatura corporal, no final da tarde, onde a velocidade de condução neural apresenta um aumento de 2,4m/s para cada 1°C (REILLY et al. 2003). 4.8.2 flexibilidade A flexibilidade é uma habilidade herdada genéticamente, mas que pode ser melhorada através de exercícios de alongamento. Seu desenvolvimento permite o aumento da amplitude dos movimentos e diminuem o risco de lesões, sendo assim essencial para a prática do surf (STEINMAN, 2003). Para ORTIZ e MELLO (2004) a flexibilidade é influenciada por vários fatores, inclusive a temperatura corporal. Portanto, quanto maior for a temperatura corporal maior será a flexibilidade do indivíduo. De acordo com PLATONOV (2004) o nível de flexibilidade muda durante o dia sendo menor no período da manhã e vai aumentando aos poucos até que seus índices máximos sejam atingidos por volta do meio-dia. No período da tarde a flexibilidade vai diminuindo novamente. GILFFORD (1987) citado por REILLY et al. (2003), pode constatar a existência de uma variação circadiana na flexão e extensão lombar, na rotação glenoumeral e na flexão anterior de todo o corpo. Apresentando uma amplitude de até 20% nesses ritmos. Qualquer ação que ajude a aumentar a temperatura do músculo, como préaquecimento corporal com aumento da intensidade em torno de 10 a 20%, ou compressa local aplicada na articulação com temperatura de até 45°C, pode aumentar a flexibilidade em até 20% (PLATONOV, 2004). 25 4.8.3 força máxima, força de resistência e capacidade aeróbia. ARTINSON et al. (1993) citado por REILLY et al. (2003) relata que a força de flexão do cotovelo e do dorso é maior no início da tarde do que de manhã, pois, de acordo com REILLY (2003) a força muscular atinge seu pico no início da tarde independentemente do grupo muscular ou da velocidade da contração. Resultados demonstram que a força isométrica máxima sofre uma variação diária durante a situação de repouso e em situações onde os atletas realizam exercício continuo (MENNA-BARRETO, 2002, citado por SANTOS et al., 2004). REILLY e DOWN (1986) citado por REILLY et al. (2003) encontraram ritmo diário para a distância do salto com seu pico de desempenho por volta das 17h45min. Para BERNARD (1998) citado por SANTOS et al. (2004) os valores mais altos encontrados em relação a exercícios de potência máxima anaeróbia, foram encontrados no período entre 14 e 18h, em ciclismo e saltos múltiplos quando comparados com valores do período das 9h. Os efeitos da capacidade aeróbia máxima em exercício de alta intensidade sofrem variações diárias. O pico do VO2 máx. foi 7% mais alto no período tarde, o que sugere que o sistema aeróbio pode responder mais rapidamente no período da tarde do que da manhã (HILL e SMITH, 1991, citado por SANTOS et al., 2004). Ao final da tarde, das 16 às 19h, o desenvolvimento da resistência aeróbia apresenta melhores resultados. Esse fato se dá porque, nesse período, é atingida a magnitude máxima do consumo de oxigênio, ventilação pulmonar, volume sistólico débito cardíaco, fazendo com que os desportistas superem com mais facilidade a 26 sensação de fadiga e os processos de recuperação transcorrem com maior intensidade (REILLY et al., 1984). De acordo com PLATONOV (2004) a capacidade especial para o trabalho nos desportistas está mais predisposta no horário do treinamento e competição de costume e deve-se procurar que o horário dos exercícios seja mantido estável, já que a reestruturação do regime de treinamento acarreta em uma diminuição da atividade de trabalho dos desportistas e em um enfraquecimento dos processos de recuperação após a utilização das cargas, podendo assim influenciar negativamente no desempenho nas competições. 5 METODOLOGIA No presente estudo foi feita uma pesquisa de campo descritiva onde sujeitos voluntários, assinavam um termo de consentimento livre e esclarecido e posteriormente respondiam um questionário de matutinidade-vespertinidade de HORNE e ÖSTBERG (1976), adaptado para o Brasil por BENEDITO-SILVA et al. (1990). A amostra foi composta por 16 atletas da elite do surf brasileiro, ranqueados pela ABRASP, sendo que 4 do sexo feminino e 12 do sexo masculino , com idade média de 26,1 ± 6,4 anos. O ranking da ABRASP conta com 60 atletas masculinos e 24 femininos, portanto a amostra foi composta por 20% dos atletas masculinos e 16,66% das atletas femininas. Os dados foram coletados na 3ª etapa do Super Surf (Circuito Brasileiro de Surf Profissional) no ano de 2006, na praia de Itamambuca, localizada na cidade de Ubatuba, litoral norte do estado de São Paulo. Para a análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva tendo como base os resultados das tabelas de classificação de HORNE e ÖSTBERG (1976) e do Grupo 27 Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (GMDRB / ICB / USP). O tempo de prática desses atletas é de 15,7 ± 5,2, com valor máximo de 26 anos e valor mínimo de 10 anos, e tempo de profissionalismo de 7,7 ± 4,9, com valor máximo de 19 anos e valor mínimo de 3 anos. O questionário apresentava 19 questões, que incluem a escolha dos horários de preferência para a realização de tarefas distintas, como atividades físicas e cognitivas, incluindo também os horários de preferência em relação a alimentação, horário de ir deitar e levantar. A análise dos dados foi feita através de uma tabela de pontuação criada pelos autores (HORNE e ÖSTBERG, 1976) do questionário de matutinidade-vespertinidade e adaptado para o Brasil pelo Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (GMDRB / ICB / USP). Como tratamento estatístico foi utilizado a estatística descritiva composta por valores percentuais. 6 RESULTADOS As características dos indivíduos pesquisados em relação à idade são apresentados em média aritmética, desvio padrão, valores máximos, valores mínimos, conforme mostra a TABELA 1. TABELA 1 – Característica da amostra estudada em relação a idade em anos. Idade (anos) Homens Mulheres Geral Média 27,5 21,8 24,6 Desvio Padrão Valor Máximo Valor Mínimo 6,8 38,0 20,0 1,5 24,0 21,0 3,8 38,0 20,0 28 As características dos indivíduos pesquisados em relação ao tempo que praticam o surf são apresentados em média aritmética, desvio padrão, valores máximos, conforme mostra a TABELA 2. TABELA 2 – Característica da amostra estudada em relação ao tempo de prática do surf, em anos. Tempo de Prática Homens Mulheres Geral Média 17,0 11,8 14,4 Desvio Padrão 5,4 1,3 3,0 Valor Máximo 26,0 12,0 26,0 Valor Mínimo 10,0 10,0 10,0 As características dos indivíduos pesquisados em relação ao tempo de profissionalismo são apresentados em média aritmética, desvio padrão, valores máximos, valores mínimos, conforme mostra a TABELA 3. TABELA 3 – Característica da amostra estudada em relação ao tempo de profissionalismo em anos. Profissionalismo Homens Mulheres Geral Média 8,5 5,0 6,8 Desvio Padrão 5,4 1,6 2,6 Valor Máximo 19,0 7,0 19,0 Valor Mínimo 3,5 3,0 3,0 A identificação do cronotipo dos indivíduos do gênero masculino de acordo com a tabela de cassificação de HORNE e ÖSTBERG, não apresentou atletas com características extremas, ou seja, nenhum individuo matutino ou vespertino, fato que também não ocorreu com o cronotipo moderadamente vespertino. Neste grupo 29 específico, foram identificados indivíduos do cronotipo moderadamente matutino e intermediário, com os resultados apresentados na TABELA 4, em valores absolutos e percentuais. TABELA 4 – Cronotipo dos indivíduos do gênero masculino conforme a tabela de classificação de HORNE e ÖSTBERG. CRONOTIPO Matutino Moderadamente Matutino Intermediário Moderadamente Vespetino Vespertino TOTAL ABSOLUTO 0 5 7 0 0 12 PERCENTUAL 0,0 41,7 58,3 0,0 0,0 100,0 A identificação do cronotipo dos indivíduos do gênero masculino de acordo com a tabela de pontuação do GMDRB, não apresentou atletas com características extremas, ou seja, nenhum individuo matutino ou vespertino, o que também não aconteceu com o cronotipo moderadamente vespertino. Neste grupo específico, foram identificados indivíduos do cronotipo moderadamente matutino e intermediário, com os resultados apresentados na TABELA 5, em valores absolutos e percentuais. TABELA 5 – Cronotipo dos indivíduos do gênero masculino conforme a tabela de classificação do GMDRB. CRONOTIPO Matutino Moderadamente Matutino Intermediário ABSOLUTO 0 1 11 PERCENTUAL 0,0 8,33 91,66 30 Moderadamente Vespetino Vespertino TOTAL 0 0 12 0,0 0,0 100,0 Em relação à identificação dos cronotipos dos indivíduos do gênero feminino de acordo com a tabela de pontuação de HORNE e ÖSTBERG, não foram identificados indivíduos do cronotipo moderadamente vespertino e vespertino. Neste grupo específico, foram identificados indivíduos do cronotipo matutino, moderadamente matutino e intermediário, com os resultados apresentados na TABELA 6, em valores absolutos e percentuais. TABELA 6 – Cronotipo dos indivíduos do gênero feminino conforme a tabela de classificação HORNE e ÖSTBERG. CRONOTIPO Matutino Moderadamente Matutino Intermediário Moderadamente Vespetino Vespertino TOTAL ABSOLUTO 1 2 1 0 0 4 PERCENTUAL 25,0 50,0 25,0 0,0 0,0 100,0 A identificação do cronotipo dos indivíduos do gênero feminino de acordo com a tabela de pontuação do GMDRB, não apresentou atletas com características extremas, ou seja, nenhum individuo matutino ou vespertino, o que também não aconteceu com o cronotipo moderadamente vespertino. Neste grupo específico, foram identificados indivíduos do cronotipo moderadamente matutino e intermediário, com os resultados apresentados na TABELA 7, em valores absolutos e percentuais. 31 TABELA 7 – Cronotipo dos indivíduos do gênero feminino conforme a tabela de pontuação do GMDRB. CRONOTIPO Matutino Moderadamente Matutino Intermediário Moderadamente Vespetino Vespertino TOTAL ABSOLUTO 0 2 2 0 0 4 PERCENTUAL 0,0 50,0 50,0 0,0 0,0 100,0 Na TABELA 8, estão apresentados os resultados em valores absolutos e percentuais de todos os indivíduos pesquisados, independentemente do gênerode acordo com a tabela de pontuação de HORNE e ÖSTBERG. TABELA 8 – Cronotipo de todos os indivíduos conforme a tabela de classificação de HORNE e ÖSTBERG. CRONOTIPO Matutino Moderadamente Matutino Intermediário Moderadamente Vespetino Vespertino TOTAL ABSOLUTO 1 7 8 0 0 16 PERCENTUAL 6,3 43,7 50,0 0,0 0,0 100,0 E na TABELA 9, estão apresentados os resultados em valores absolutos e percentuais de todos os indivíduos pesquisados, independentemente do gênero de acordo com a tabela de pontuação do GMDRB. 32 TABELA 9 – Cronotipo de todos os indivíduos conforme a tabela de classificação do GMDRB. CRONOTIPO Matutino Moderadamente Matutino Intermediário Moderadamente Vespetino Vespertino TOTAL ABSOLUTO 0 3 13 0 0 16 PERCENTUAL 0,0 18,7 81,3 0,0 0,0 100,0 7 DISCUSSÃO 50% da amostra geral, contendo os indivíduos do gênero masculino e feminino, foi identificada de acordo com a tabela de classificação de HORNE e ÖSTBERG, como sendo do cronotipo intermediário, e 81,3% de acordo com a tabela de classificação do GMDRB, como sendo do cronotipo intermediário. Esses resultados já eram esperados, pois, como citado anteriormente 80% da população pertence ao cronotipo intermediário. Na amostra não foram encontrados indivíduos do cronotipo vespertino ou moderadamente vespertino. Tendo em vista que o surfista profissional brasileiro tem uma carga de treinamento de em média 4,5 horas por dia dividido em duas sessões com um intervalo para descanso e alimentação (ROPERO, 2006), esses atletas precisam apresentar o estado de alerta no período da manhã e no período da tarde para um melhor rendimento. Pela grande variação das condições para o surf, o planejamento do treinamento deve ser flexível de forma que possa sempre priorizando as ondas nos 33 momentos que as condições ambientais para a prática do surf se mostrem amplamente favoráveis (STEINMAN, 2003). O questionário de matutinidade e vespertinidade de HORNE e ÖSTBERG (1976) pode ser uma ferramenta de baixo custo e bastante interessante para orientar os técnicos e treinadores de surfistas de alto nível como é o funcionamento dos ritmos biológicos em seus atletas, podendo assim contribuir no momento de planejamento do treinamento físico, técnico e tático desses atletas, onde os estímulos devem ser dados nos momentos em que as respostas sejam mais favoráveis. De acordo com AFONSO et al. (2005) existe variação diurna na freqüência cardíaca de repouso, e sugere a consideração da variável hora do dia, no caso da utilização da freqüência cardíaca como parâmetro fisiológico para a avaliação da aptidão física e da prescrição do treinamento físico. AFONSO et. al. (2004) sugere a importância do conhecimento do efeito dos exercício físico ao organismo em diferentes períodos do dia, e ressalta que uma pequena parcela dos profissionais da Educação Física que trabalham em academia conhecem a cronobiologia, sendo que, a maioria demonstra interesse em se aprofundar nesta área. Sugere-se que mais estudos sejam realizados com o intuito de identificar os aspectos fisiológicos envolvidos na prática do surf a fim de melhorar as condições de treinamento dos surfistas profissionais brasileiros. 8 CONCLUSÃO 34 Podemos concluir com esse estudo que a existência da variação circadiana do desempenho merece mais atenção no momento do planejamento e execução do treinamento desportivo para os surfistas profissionais brasileiros, e sugere-se que a identificação do cronotipo dos atletas como sendo uma maneira simples e de baixo custo para auxiliar o técnico ou preparador físico na prescrição de atividade de acordo com a hora do dia em que os estímulos serão mais eficazes. 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35 AFONSO, L.S.; LIMA, J.P.R. Nível de conhecimento sobre cronobiologia em professores de Educação Física das academias da cidade de São Paulo. Resumo, p. 147, São Paulo. In: 27º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, 2004. 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