A economia cafeeira viveu seu apogeu durante a segunda metade do século 19 e início do século 20, chegando a representar 70% das exportações do Brasil. Até 1930, o café foi a principal fonte de renda do País e, ao entrar em declínio, já havia ajudado no desenvolvimento industrial de São Paulo. As primeiras sementes de café chegaram ao Brasil em 1727. Conta-se que nesta data, Palheta, um jovem tenente do Pará, foi enviado à Guiana Francesa para solicitar mudas da planta ao governo daquele país. Apesar do governador M. d'Orvilliers negar o pedido, sua esposa, não resistindo aos encantos do oficial, teria feito chegar a Palheta sementes de café escondidas em um ramo de flores. Por volta de 1760, mudas do grão foram levadas do Pará para o Rio de Janeiro. Foi justamente na Baixada Fluminense que o café se propagou ao longo do século 19. Logo a planta chegou ao Vale do Paraíba. A região teve destaque no cultivo do café por vários anos, sendo depois superada pelo chamado Oeste Paulista (regiões de Campinas e Sorocaba - Oeste Velho - e de Ribeirão Preto e Araraquara - Oeste Novo). As plantações chegaram ainda ao sul de Minas Gerais. O cultivo de café tornou-se rapidamente a principal atividade agrícola do País. Em 1840, já era responsável por quase a metade da renda obtida com exportações. O maior produtor era o Estado de São Paulo, principalmente devido à chamada "terra roxa" (rossa, em italiano, que significa vermelha), ideal para o plantio. Com o crescimento da economia cafeeira, os três Estados ganharam status e passaram a deter o poder no Império e, posteriormente, da República, proclamada em 15 de novembro de 1889. Apesar das plantações ficarem no interior de São Paulo, a capital do Estado também ganhou prestígio e se desenvolveu com o produto. Os grandes senhores do café gastavam em São Paulo o dinheiro oriundo do café. Assim, em meados do século 19, começava a surgir a elite paulistana. Nesta época, o coração de São Paulo - então com cerca de 20 mil habitantes - era o triângulo formado pelas ruas 15 de Novembro (antiga rua da Imperatriz), São Bento e Direita. Lá estavam lojas, cafés, salões de chá, livrarias, bancos e escritórios. Era por ali que circulavam os chamados carros de praça. A principal rua da cidade era a 15 de Novembro, onde estavam as lojas mais sofisticadas, geralmente com nomes franceses, como a Pygmalion (de roupas) e a joalheria Bento Loeb. Lá também ficava a galeria Werbendoefer, com 36 lojas no térreo e 54 escritórios no primeiro andar. Sua cobertura era de cristal. A redação de O Estado de S. Paulo e de outros jornais ficavam na 15 de Novembro, bem como a sede de bancos e de clubes, como o Jockey. Aos poucos, as riquezas geradas pela agricultura ajudaram a cidade a crescer. Na década de 1860, foram implantadas as ferrovias e linhas de bonde a burro. No final do século 19, foram criados novos bairros para abrigar a classe dominante paulistana. Os barões do café mudaram-se para a capital e foram morar nas recéminauguradas avenidas Paulista e Higienópolis, ou em suas imediações. Em 1890, alguns pontos da cidade ganharam iluminação elétrica. Pouco depois, foi assinado contrato com a canadense Light and Power para o fornecimento de energia elétrica e de transportes coletivo. Em maio de 1900 foi inaugurada a primeira linha de bondes elétricos. São Paulo entrou para o século 20 com 240 mil habitantes, ganhando ares modernos. Com o dinheiro do café e com a mão-de-obra de imigrantes, surgiram as indústrias. Mas o grande crescimento industrial coincidiu também com o declínio da economia cafeeira. A grande crise ocorreu em 1929, quando houve a quebra da bolsa de valores de Nova York. Desde então, o café passou por períodos de altos e baixos. Apesar de hoje não ser mais o principal produto agrícola do país, ainda é cultivado em muitas áreas, especialmente no Paraná. O País é o segundo maior consumidor de café, atrás apenas dos Estados Unidos, e ainda está entre os principais exportadores do grão. CAROLINA MARTINELLI MASSARO