INTRODUÇÃO À LITERATURA
BRASILEIRA
Profª Elisângela Lopes
O que é a literatura?
A história da literatura
• Séc XII - Trovadorismo – cantigas
• Séc XV – Humanismo – historiografia e teatro
• Séc XVI – Classicismo – ascensão portuguesa –
épica camoniana
A história da literatura brasileira
• Séc XVI – 1500 – Quinhentismo – literatura de
informação
• Séc XVII – Barroco – poesia e contradição
• Séc XVIII – Arcadismo ou neoclassicismo –
pastores e literatura política
A história da literatura brasileira
• Séc XIX –1ª metade – Romantismo – a
construção da identidade nacional, o século
de ouro do romance
• Séc XIX – 2ª metade:
• Realismo – a função crítica da realidade e dos
comportamentos
• Naturalismo – literatura cientificista
• Séc XIX – a poesia de fin de siécle –
parnasianismo e simbolismo
A história da literatura brasileira
• Séc XX – duas primeiras décadas – prémodernismo
• Séc XX – 1922 – modernismo 1ª fase
• Séc XX – a poesia e a prosa de 1930
• Séc XX – 1945 – a prosa regionalista
• Literatura contemporânea ou pós-moderna
OS GÊNEROS LITERÁRIOS
Gêneros literários: épica
• Epopeia: narrativa que faz referência a um
acontecimento histórico vivido por um herói.
• Passado glorioso, marcado por lutas, guerras e
afirmação de um heroi, que representa um
povo, uma nação.
• Presença de deuses e musas; e seres
mitológicos, que podem auxiliar ou dificultar o
alcance dos objetivos por parte do herói.
Gêneros literários: épica
• Epopeia clássica: Ilíada e Odisséia, de Homero
(VIII a.c.)
• Eneida, Virgílio;
• Os Lusíadas, Camões.
Gêneros literários: épica
As armas e os barões assinalados
que da Ocidental praia lusitana
por mares nunca dante navegados
passaram além da Taprobana
em perigos e guerras esforçados
mais do que prometia a força humana
entre gente remota edificaram
novo reino que tanto sublimaram.
Os lusíadas, Camões, 1572.
Gêneros literários: narrativo
• As narrativas em prosa, o romance, o conto, a
novela, pertencem ao gênero narrativo que é
uma modernização da épica.
• Heroi definido pela força de seu caráter; foco
no indivíduo e na psicologia das personagens;
• Tenta sobreviver às dificuldades enfrentadas:
de caráter social, político, psicológico etc.
• Sucumbe às tentações: aspecto de sua
humanidade
• Anti-heroi: contra-exemplo
Elementos da narrativa
• Narrador: quem conta a história, pode ser:
de 1ª pessoa: conta a história que viveu ou da qual
participou; narrador onipresente.
de 3ª pessoa: narra a história que testemunhou;
narrador onisciente.
• Tempo:
Cronológico: os fatos são narrados na ordem em que
ocorreram
Psicológico: tempo da memória, há inversão quanto à
ordem dos fatos narrados
Elementos da narrativa
• Personagens:
Protagonista: ao redor do qual os fatos
acontecem
Antagonista: aquele que se opõe ao
protagonista;
Secundários: os demais
Elementos da narrativa
• Enredo: sequência dos fatos, das ações.
Fato inicial
Conflito
Clímax
Desfecho
• Espaço: lugar ou lugares no quais os fatos
narrados aconteceram.
Gêneros literários: lírico
• aquele em que uma voz particular (eu lírico
ou eu poético) manifesta a expressão do
mundo interior, ou fala de seus sentimentos,
suas emoções e seu estado de espírito.
• Os poemas líricos eram inicialmente cantados,
acompanhados pela lira.
• Passou a ser escrito depois da invenção da
imprensa
Gêneros literários: lírico
• Características:
• Ritmo: movimento sonoro repetitivo,
alternância entre sílabas tônicas átonas e
pausas
• Metro: número de sílabas métricas de um
verso.
• Rima: semelhança de sons no final dos versos
Gêneros literários: lírico
• Formas líricas
• Elegia – poema que trata de acontecimentos tristes,
como a morte de alguém.
• Écloga – poema pastoril que retrata a vida no campo
• Ode – poema que exalta valores nobres, apresenta
tom de louvação
• Soneto – poema de 14 versos organizados em duas
estrofes de 4 versos (quartetos) e duas estrofes de
seis versos (tercetos)
Gêneros literários: lírico
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca
.
- Eu faço versos como quem morre.
Manuel Bandeira
Gêneros literários: dramático
• O texto é produzido para se representado
• Tragédia (drama): peça teatral na qual os
personagens, nobres, procuram, por meio da
ação, levar a platéia a um estado de tensão
emocional.
• Objetiva-se a transgressão da ordem e das
regras estabelecidas
• Personagens movidos pela paixão (pathos)
Gêneros literários: dramático
• Comédia: abordagem de temas cotidianos
• Personagens são seres humanos e “reais”
• Aborda temas alegres e leves
Gêneros literários: dramático
OS SENTIDOS DO TEXTO
Conotação e denotação
Os sentidos do texto
• Denotação: sentido próprio da palavra,
sentido dicionarizado, mais comum.
• Conotação: novo sentido atribuído à palavra
ou expressão, sentido novo, incomum.
São exemplos de uso conotativo da língua: os
provérbios e as figuras de linguagem
Quem semeia vento, colhe tempestade.
Mas só não se esqueça da rosa, da rosa
Da rosa de Hiroxima, rosa hereditária
A rosa radioativa estúpida e inválida.
Vinícius de Moraes
Hiroshima, 6 de agosto de 1945
AS FIGURAS DE LINGUAGEM
FIGURAS DE SOM
• ALITERAÇÃO: repetição da mesma consoante
A voz de minha filha
recorre todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.
(Conceição Evaristo)
FIGURAS DE SOM
• ASSONÂNCIA: repetição de uma mesma vogal
ao longo de um verso ou poema
“Sou Ana, da cama
da cana, fulana, bacana,
Sou Ana de Amsterdam”
Chico Buarque
FIGURAS DE SOM
• PARANOMÁSIA: repetição de sons
semelhantes em palavras diferentes
“Berro do aterro pelo desterro
Berro por seu berro pelo seu erro
Quero que você me apanhe que você me
apanhe”
Caetano Veloso
FIGURAS DE SOM
• ONOMATOPÉIA: uma palavra ou conjunto de
palavras imita o ruído ou o som de algo
“Troc...troc...troc...troc...
ligeirinhos, ligeirinhos,
troc...troc...troc...troc...
vão cantando os tamanquinhos”
FIGURAS DE PALAVRAS
• COMPARAÇÃO OU SÍMILE: ocorre quando há
aproximação comparativa entre dois
elementos expressas por conectivos: feito,
assim como, tal, tal como, qual, que nem...
“Meus sonhos surgem frágeis, leves como
espuma” (Cecília Meireles)
“Teu ser é como aquela fria luz que precede a
madrugada” (Fernando Pessoa)
FIGURAS DE PALAVRAS
• METÁFORA: um termo substitui o outro por
comparação imaginária. Nesse caso não há
conectivo
Teu sorriso é uma aurora” (Castro Alves)
“Sua boca é um cadeado
E meu corpo é uma fogueira”
(Chico Buarque)
FIGURAS DE PALAVRAS
• METONÍMIA: substituição de uma palavra por
outra, havendo entre elas um grau de
semelhança. Tal substituição pode ocorrer de
distintas formas.
• O autor pela obra:
Li Carlos Drummond de Andrade durante as
férias
• A parte pelo todo:
Depois da tempestade, ficaram sem teto.
FIGURAS DE PALAVRAS
• A marca pelo produto:
Cadê minha Caloi?
• O continente pelo conteúdo
Tomamos um cálice de licor
• A causa pelo efeito (ou vice-versa)
“Assim o operário ia com seu suor e seu
cimento”
FIGURAS DE PALAVRAS
• O autor pela obra:
Passei as férias lendo Jorge Amado
• O símbolo pela coisa simbolizada
A coroa foi disputada pelos revolucionários
• O inventor pelo invento
Santos Dummond diminuiu a distância entre os
espaços
FIGURAS DE PALAVRAS
• SINESTESIA: fusão de sensações provenientes
dos sentidos humanos (audição, visão, tato,
olfato, paladar)
“milagrosa aquela mancha verde e úmida,
macia, quase irreal”
FIGURAS DE PALAVRAS
• ANTONOMÁSIA: expressão por meio da qual
alguém torna-se conhecido; epíteto ou
apelido
Pelé = José Arantes do Nascimento
O poeta dos escravos = Castro Alves
Dante negro = Cruz e Souza
O bruxo do Cosme Velho = Machado de Assis
FIGURAS DE PALAVRAS
• Alegoria: sequência de metáforas que se
refere a um mesmo objeto.
FIGURAS DE PENSAMENTO
• ANTÍTESE: aproximação de palavras ou
expressões de sentidos opostos
“Depois da luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria”
FIGURAS DE PENSAMENTO
• PARADOXO: aproximação não só de palavras
de sentido oposto, mas de ideias que se
contradizem.
“O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.”
(Camões)
FIGURAS DE PENSAMENTO
• PROPOSOPEIA: atribuição de características
humanas a seres inanimados
“Os sinos chamam para a missa
O vento varria os telhados
Riem amoras orvalhadas”
(Manuel Bandeira)
FIGURAS DE PENSAMENTO
• EUFEMISMO: uso de expressões que atenuam
o sentido
Ele entregou a alma para Deus.
(Ele morreu)
O ministro faltou com a verdade.
(Ele mentiu)
FIGURAS DE PENSAMENTO
• HIPÉRBOLE: ocorre quando há exagero de
uma ideia.
Estou morrendo de fome!
“Minha vida é um mar de lágrimas”
FIGURAS DE PENSAMENTO
• GRADAÇÃO: sequência de palavras que indica
aumento ou diminuição de intensidade de
sentido.
O primeiro milhão possuído excita, acirra,
assanha a guia do milionário.” (Olavo Bilac)
FIGURAS DE PENSAMENTO
• IRONIA: pelo contexto, sugere-se o contrário do
que as palavras parecem exprimir
“Moça linda, bem tratada,
três séculos de família,
burra como uma porta:
um amor”
Mário de Andrade
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
• PLEONASMO: repetição da mesma ideia ou
redundância de significado
“Sorriu para Holanda um sorriso marcado de
pavor”
(Antonio Calado)
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
• ANÁFORA, REPETIÇÃO OU PARALELISMO
“O mar foi ficando escuro, escuro, até que a
última lâmpada se apagou” (Mário Palmério)
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
• ANÁFORA: Repetição intencional de
palavra no início da frase ou do verso
Depois o areal extenso...
Depois o oceano de pó...
Depois no horizonte imenso
Desertos... Desertos só...
Castro Alves
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
•
ZEUGMA: supressão de um termo já
presente no enunciado
Uns diziam que se matou, outros, que fora para
o Acre
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
• POLISSÍNDETO: repetição de uma conjunção
coordenativa (geralmente a “e”)
“Vão chegando as burguesinhas pobres,
E as criadas das burguesinhas ricas
E as mulheres do povo, e as lavadeiras da
redondeza.”
Manuel Bandeira
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
• HIPÉRBATO: inversão na ordem direta da
oração
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas, de
um povo heroico o brado retumbante”
• ORDEM DIRETA: SUJEITO – VERBO –
COMPLEMENTO
As margens plácidas do Ipiranga ouviram o
brado retumbante de um povo heroico.
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
• SILEPSE: concordância não com a palavra mas
com a ideia associada
• Silepse de gênero: masculino e feminino
“Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito”
• Silepse de número: singular e plural
Corria gente de todos os lados , e gritavam.
• Silepse de pessoa:
Na noite seguinte, algumas pessoas estávamos
reunidas
Download

(Microsoft PowerPoint - Introdu\347\343o a literatura brasileira)