Como viver os desafios de estudar fora do país? Foto na famosa pedra da universidade. Um dos grandes presentes que ganhei na minha vida foi conhecer o Movimento de Empresa Júnior (MEJ), uma legião de jovens que querem mudar o mudo e que realizam, no dia a dia, projetos pessoais e profissionais fantásticos e de grande relevância. No MEJ eu tenho amigos, pessoas que me ensinam e ajudam a desenvolver os propósitos do Tio Flávio Cultural. Um dia desses me peguei conversando com um grupo de jovens que falavam da sua vontade e do seu medo de viajar, conhecer lugares diferentes, fazer uma viagem por países tão distantes do Brasil (geográfica e culturalmente). E daí tive a ideia de pedir a três jovens que estão estudando fora para que contem a sua experiência. Hoje é o dia do DEL: Wendel Sakaki, Brasileiro, 22 anos, estudante da Universidade de Limerick/ Irlanda. “Durante a vida vivenciamos muitos ciclos diferentes, que muitas vezes são iniciados ou encerrados por um único ser: VOCÊ! Tudo que realizamos na vida partiu de uma escolha. Quando criança e na adolescência muitas vezes não temos autonomia para decidirmos o que fazer ou não fazer m determinados assuntos. Nesta etapa da vida os pais ou responsáveis nos conduzem para o caminho que acreditam ser o melhor. Após certo tempo, chegamos à maturidade e de cara começam a nos ser cobradas muitas escolhas que decidirão o nosso futuro e, talvez, a nossa vida. Podemos dizer que a primeira grande escolha da vida pessoal, com impactos na profissional, é o ingresso ou não na universidade ou serviço militar. Muitos opinam mas no fim quem decide o que quer fazer somos nós, mesmo que troquemos dali a alguns meses ou anos o curso tomado como inicial. Escolhas como essa traçarão nosso destino e dali para frente serão frequentes. Comigo não foi diferente, passei por diversas áreas como elétrica, mecânica, alimentos e logística para chegar no que estudo atualmente, Engenharia de Produção. E foi nesse curso que conheci e me apaixonei pelo MEJ. Dentro dele, cresci muito profissionalmente e pessoalmente durante os anos que lá estive, na Ômega Júnior, na Universidade Federal de São João Del Rei, MG. E foi dentro dessa empresa, numa roda de amigos, que começou a me despertar o interesse de realizar o tão sonhado intercâmbio. Digo tão sonhado, pois há algum tempo isso parecia utópico para mim que não imaginava nunca ser alcançado. Porém, comecei a ver meus amigos realizando essa experiência incrível e me perguntei : porque eu não posso ir também? No fim de 2013 estava decido que tentaria intercâmbio. Mas como estudar? Como realizar a prova? Nessa época eu estava realizando estágio, era membro da empresa júnior e de quebra tinha a faculdade que não podia parar. E ai, o que fazer? Estudei o que foi possível, fiz a prova num dia de folga, sendo que o local mais próximo que consegui no dito dia foi em Mariana-MG, que fica aproximadamente a 3 horas e meia da cidade que eu morava, São João Del Rei. Graças a um amigo consegui uma carona até o local da prova e consegui realiza-la. Até ai achei que não tinha ido muito bem, pois além do pouco estudo não tinha dormido direito no dia anterior devido à viagem. Foi então que para minha surpresa a minha nota foi aceita e suficiente para alguns países que já tinha em mente. A partir dai terminei o meu contrato com a empresa que me empregava e passei o meu cargo na empresa júnior para lutar por esse sonho. E o país escolhido foi a Irlanda. Tudo parecia uma maravilha, um sonho que se materializava, até que um mês e meio antes de embarcar aconteceu algo que me balançou demais na decisão final: minha avó veio a falecer. Pensei muito, pedi opiniões, ouvi conselhos. Até que meu avô disse uma frase pra mim “Nós já vivemos bastante nossa vida, vai lá e vive a sua”. Foi quando decidi embarcar. Chegando ao novo país nada parecia real, deslumbrado com cada detalhe desde as secadoras de mãos no aeroporto até os pubs irlandeses. Rapidamente me apaixonei pela cultura e por um povo extremamente educado. Realizei três meses de PSE, que nada mais é que um curso preparatório para a universidade a fim de melhorar a proficiência na língua local. Tudo foi fantástico, durante esses três meses morei com pessoas dos mais variados estados do Brasil, do Sul ao Nordeste, aprendi muito da cultura brasileira e me apaixonei ainda mais pelo nosso País. Porém, ao fim desse período tomei meu segundo tapa da vida, recebo a notícia do falecimento do meu avô, isso me abalou bastante, tudo aquilo que tava colorido começou a perder a cor e pela primeira vez a vontade de voltar veio à mente. Novamente amigos e a família ajudaram a me manter aqui. Não poderia largar meu sonho sendo que não poderia reverter a situação. Ao fim do curso fomos remanejados de casas e desta vez fui morar com irlandeses e duas brasileiras, o que possibilitou um contato maior com os costumes deste País. As aulas começaram, a didática bem diferente do Brasil me assustou no início, mas com o tempo peguei o jeito e gostei do método. Após os exames de outono me encontrei na pior situação que passei longe da família: uma morte novamente, só que dessa vez muito inesperada e foi do primo mais próximo que eu tinha, éramos verdadeiros irmãos. Nada me tirava da cabeça que o correto seria voltar, pois não tinha cabeça pra mais nada .Porém, mais uma vez a força da família falou mais alto, embora contrariado e travando uma luta interna, fiquei mais 6 meses para finalizar o ano letivo e realizar aqueles módulos que nunca teria chance de fazer no Brasil. Fiquei e fiz valer minha palavra. Concluí o ano letivo mesmo com todos os contratempos que tive em seu decorrer. Por fim, acredito que vale a pena destacar a oportunidade de conhecer outros países e outras culturas, além daquele no qual você está realizando o intercâmbio, eu viajei por cerca de 25 países e tomei um verdadeiro choque cultural desde vivenciar a realidade de uma periferia africana, como ver as maiores obras primas criadas pelo homem como a torre Eiffel e a Atlantic Road. Isso sem contar as paisagens naturais que foram os ápices das minhas viagens, que muitas vezes realizei sozinho, pois não dá para conciliar com a agenda dos novos amigos. E posso dizer que esses foram momentos de profundo auto-conhecimento, como este que ocorre agora redigindo este texto num saguão do aeroporto de Roma à espera do próximo voo. Enfim, se posso dar um verdadeiro conselho ele se resume nessas palavras: Acredite em si mesmo, pois o único capaz de fazer acontecer os seus sonhos é você. O resto deixa na mão do homem lá de cima que ele guiará para o melhor caminho.” Del e membros da sua Empresa Júnior no Brasil. Pai e filho aproveitando para turistar.