A fechar Opinião Redes anti-sociais? Dan Grady Social Media Analytics e Enterprise Search Sales Manager da Information Builders Imagine um colega de trabalho com o qual tenha tido uma conversa cara a cara durante uns minutos e que, ao voltar dos seus afazeres, esquece totalmente o que esteve a falar consigo. Não sei o que pensa sobre isso, mas não o consideraria uma pessoa, digamos, social. Poderia até mesmo julgá-lo um sociopata, ou seja, alguém que apenas finge ter empatia. A analítica das redes sociais pode ser algo parecido. Ou não. Cada caso é um caso. A Toyota, por exemplo, analisa as conversas nas redes sociais associadas aos seus vários produtos, assim como aquelas relacionadas com os seus concorrentes. E consegue entender como estas análises influenciam todas as suas áreas de actividade. Isso é admirável, tendo em conta as dimensões deste gigante empresarial. Depois de acompanhar o dia-a-dia desta empresa durante vários meses, fiquei francamente impressionado com a grande variedade de formas em que a Toyota utiliza as informações provenientes destas conversas sociais. Hoje, é muito comum que as empresas “escutem” as conversas produzidas nas redes sociais e tratem de tirar partido dos sentimentos expressos nas mesmas para quantificar os dados. Mas como qualificá-los? Como realmente extrair-lhes proveito para obter as conclusões adequadas e tomar as decisões mais correctas? A realidade analítica Durante os últimos anos tem-se discutido muito, entre os diferentes especialistas, sobre a forma como organizações de sectores tão diversificados como o retalho, os serviços financeiros ou a Administração Pública abordam a analítica das suas redes sociais. E, na 210 \ Marketeer n.º 224, Março de 2015 \ maioria dos casos, estas empresas não têm sido capazes de apurar como ser realmente “sociais” através das redes. Regra geral, as análises realizadas por estas instituições concentram-se em actividades de marketing. Dependendo do software específico com que contam, as análises abrangerão desde as métricas relacionadas com o nível de compromisso e vaidade – ou seja, “gosto”, retweets ou “reach”- até métricas baseadas na escuta, como é o caso dos sentimentos – a métrica do sentimento aplica principalmente uma pontuação numérica a um excerto de texto, dependendo se for negativa ou positiva. Estas pontuações podem ser então utilizadas para priorizar as respostas. Mas devo dizer que não estão a alcançar os seus objectivos. Na verdade, estão a gerar o efeito inverso, o que pode fazer com que se convertam em empresas “anti-sociais”. Muito poucas empresas têm chegado ao nível de poderem entrelaçar os dados sociais com outros dados da sua organização para determinar o impacto que as suas actividades nas redes sociais estão a ter nos negócios - escutando o que “dizem” os clientes e actuando apropriadamente. Por exemplo, são capazes de discernir se uma determinada campanha de marketing digital foi bem-sucedida por ter melhorado o nível de “engagement”, assim como a sua actividade web; mas ser-lhes-ia impossível enlaçar e saber também se ocorreu um aumento semelhante nas suas vendas ou no movimento das suas lojas/sucursais durante o mesmo período de tempo. Ou poderiam descobrir que está a produzir-se um feedback negativo no Facebook ou no Twitter em relação a algo específico; mas provavelmente nunca podem verificar, de maneira consistente, o impacto desta situação noutros canais como o seu call center, o seu help desk ou nos inquéritos telefónicos que realizam. Implicação total Para realizar um tipo de análise completo e multicanal, é necessário um acesso mais aprofundado aos dados do que aquele oferecido pelas actuais ferramentas de tratamento das redes sociais. O que uma empresa deve conseguir é que todas as suas unidades de negócio sejam sociais, ou seja, que não apenas utilizem as redes sociais, mas que sejam realmente sociais. Tanto os departamentos de vendas e marketing, como de apoio técnico, desenvolvimento de produtos, controlo de qualidade e TI, devem estar plenamente envolvidos, de maneira coordenada, no fomento da socialização da empresa, se o que se pretende é extrair o máximo proveito possível desta fonte de informação contínua. Não se esqueça da definição do termo “social”: “tendência a formar relações cooperativas e interdependentes com outros”. Isto é o que temos de nos esforçar para conseguir. Tornar realidade esta capacidade é o que promove o sucesso da Toyota. No entanto, a maioria das organizações não estão a conseguir avançar como pretendiam, devido à sua tradicional natureza “anti-social”. Tanto os departamentos de vendas e marketing, como de apoio técnico, desenvolvimento de produtos, controlo de qualidade e TI, devem estar plenamente envolvidos, de maneira coordenada, no fomento da socialização da empresa, se o que se pretende é extrair o máximo possível desta fonte de informação contínua.