Entrevista da Professora Rosa Trombetta à rádio Jovem Pan. A Professora Rosa Trombetta, Coordenadora de Cursos da FIPECAFI aborda o assunto eLearning para os ouvintes da Jovem Pan Online. Você sabe o que é eLearning? É um modo de educação à distância que utiliza novas tecnologias para aprendizagem. O ensino virtual é uma boa alternativa para quem deseja adquirir novos conhecimentos, mas dispõe de pouco tempo. Profa. Rosa Trombetta concede entrevista sobre eLearning para a Jovem Pan. A Professora Rosa Trombetta, Coordenadora de Cursos eLearning da FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) concedeu, no dia 12/01/2011, entrevista à jornalista Luciana Ferreira da Jovem Pan Online sobre o futuro da educação à distância no Brasil. Segue o link com a entrevista: http://bit.ly/gV794H Seguem trechos da entrevista: Jovem Pan: O que é o eLearning? Rosa Trombetta: O eLearning é uma modalidade de educação à distância, onde é utilizado canal eletrônico para fazer a intermediação entre o conteúdo e o aluno. Hoje, o eLearning está associado ao uso da internet como canal de distribuição de conteúdo. Jovem Pan: Essa modalidade começou a fazer sucesso no Brasil desde quando? Rosa Trombetta: A gente tem três gerações de educação à distância. A primeira foi por meio de “livros” (textos) enviados aos alunos. Em segundo momento, houve o uso da televisão. E no momento atual há o uso disseminado da internet. A educação se aproveitou desse canal, que é excelente e extremamente proveitoso e que consegue diminuir efetivamente muitas distâncias. A internet permitiu uma interação maior com os alunos em tempo real. Então, as barreiras de tempo e de espaço estão cada vez mais sendo transpostas a favor de uma boa educação. Jovem Pan: Quais são os cuidados básicos na hora de se contratar um serviço de eLearning? Rosa Trombetta: É muito importante você observar a tradição e a reputação dos professores que estão envolvidos na produção do conteúdo. É importante ficar atento sobre as estratégias de ensino que serão utilizadas para desenvolver o curso. Depende também do objetivo do aluno. Se é apenas uma atualização profissional, a ideia é procurar um curso com menos interações, mas didático e objetivo. No caso de um curso de longa duração, é importante observar se haverá atividades síncronas, ou seja, com interatividade dos alunos. Jovem Pan: Uma espécie de dinâmica? Rosa Trombetta: É uma espécie de dinâmica. Você usa uma ferramenta de comunicação onde todos compartilham de um momento conjunto de interação. E isso é muito importante para a troca de experiências e também para revitalizar aquele espírito de grupo, fazendo com que você não se sinta sozinho em um curso mais árduo, mais pesado e que vai exigir mais dedicação e disciplina do aluno. Jovem Pan: Professora, eu quero saber se estudar pela internet beneficia -ou não- o aprendizado. Rosa Trombetta: Estudar pela internet pode beneficiar muito o aprendizado. Você tem acesso a muitos conteúdos simultaneamente. Eles podem ser acessados via internet a qualquer momento, ou seja, você escolhe qual é o seu melhor momento para acessar o conteúdo e isso favorece muito a aprendizagem. Jovem Pan: Como é que o mercado tem recebido essa modalidade de ensino? Sabemos que existem cursos de ótima qualidade, cursos de média qualidade, enfim. Agora como é que o mercado reage a isso? Como é que é a receptividade das empresas com relação a esse tipo de ensino à distância? Rosa Trombetta: As empresas costumam incentivar o uso da educação à distância. O crescimento da adoção de educação à distância pelas empresas, nos últimos anos, é exponencial. É, de fato, uma tendência que veio para ficar. A educação à distância nessa modalidade mais interativa, usando mídias eletrônicas, é casada com objetivos da empresa, uma vez que você entrega para o aluno o programa de ensino onde quer que ele esteja. Dessa forma, você diminui problemas como deslocamento para realizar o treinamento. Além disso, você tem a possibilidade de tornar homogênea a educação. Dessa forma, é possível entregar um programa de educação idêntico para pessoas que estão espalhadas em lugares diferentes e distantes no Brasil e no mundo. Hoje, nós temos muitas empresas no Brasil que atuam globalmente. O fato de você desenvolver um programa à distância facilita para que todas as pessoas da empresa tenham acesso a um mesmo tipo de programa, com os mesmos objetivos e com a mesma qualidade. Então as empresas recebem muito bem a educação à distância. Jovem Pan: Para uma empresa teria o mesmo peso contratar um profissional com um curso de pós-graduação feito na modalidade online, se comparado a outro profissional com um curso do mesmo gênero feito de forma tradicional? Rosa Trombetta: Depende. Se o curso online pertence a uma instituição reconhecida, efetivamente tem tanto peso quanto qualquer curso presencial. É óbvio que a gente tem ainda algumas confusões e algum preconceito em relação à modalidade online. Nas nossas experiências com cursos, a gente já teve muita manifestação de aluno dizer “nossa, eu esperava que esse curso fosse muito mais fácil... Eu estou achando que esse curso exige mais do que um curso presencial...”. Eu costumo, inclusive, dizer que na educação à distância o aluno só se faz presente conforme ele participa o que é diferente do ensino presencial, onde basta ele estar fisicamente lá. Na educação à distância, você precisa participar ativamente, uma vez que se você não participa, é como se você não existisse dentro daquele ambiente. Então isso faz com que o aluno saia daquele papel acomodado de mero receptor de conteúdo e passe a ter atitude, o que é mais condizente com o mercado, que exige do profissional postura ativa. Jovem Pan: Como é possível avaliar bem o aluno que está estudando pela internet se ele não tem o contato corpo a corpo? Rosa Trombetta: Essa é uma ótima pergunta. Você tem formas de encarar a educação à distância. Nos cursos de atualização, a gente entende que a aplicação do conteúdo é vital para o desenvolvimento de carreira e é menos interativo. No curso de longa duração, as intervenções são extremamente particulares. Quando o curso é de longa duração, principalmente cursos de especialização, a legislação no Brasil é explícita em requerer que as provas, as avaliações do curso, sejam feitas presencialmente. Jovem Pan: E os resultados disso têm sido convincentes? Rosa Trombetta: Os resultados são muito bons. Na verdade, tanto no Brasil, quanto no exterior, várias pesquisas apontam que o desempenho de alunos em educação à distância é igual ou, às vezes, superior a de alunos que cursam cursos idênticos, mas realizados presencialmente. Então, o resultado tem sido garantido por pesquisas. Jovem Pan: Professora, a gente percebe que realmente esse tipo de curso caiu no gosto da população, até porque o brasileiro passa horas conectado na internet, seja nas redes sociais ou mesmo navegando pelos sites. E essa possibilidade de não precisar sair de casa, fazer o curso no seu próprio ambiente de trabalho, acaba sendo uma alternativa que se encaixa perfeitamente nesse dia a dia do brasileiro? Rosa Trombetta: Conforme as tecnologias possibilitaram mais interação entre pessoas o método de ensino cai no gosto do brasileiro. Lá fora, no exterior, principalmente no mercado americano e no mercado europeu, observa-se o desenvolvimento maior desse tipo de programa justamente porque eles têm uma necessidade menor de contato físico mesmo. A partir do momento que a gente passou a ter alternativas na internet que possibilitam essas trocas de experiências, o brasileiro se sentiu à vontade e a educação à distância passou a ocupar uma posição diferente. Jovem Pan: Professora, nós estamos em pleno período de férias. Como é que o período poderia ser aproveitado em um curso à distância, por exemplo? Rosa Trombetta: O período é excelente para você não se descuidar da sua formação e do seu desenvolvimento profissional. Você pode acessar cursos de sua casa ou até mesmo em uma viagem. Então, pode utilizar esse tempo para se dedicar a uma atualização profissional. Na verdade, o período de férias acaba sendo um momento extremamente interessante, uma vez que você está mais relaxado e mais feliz. E aí, fazer um curso nesse estado de espírito é muito bom, porque ele acaba sendo um momento em que a aprendizagem fica muito mais espontânea. Jovem Pan: E da parte das instituições de ensino, como é que elas se preparam para oferecer os cursos no período de férias? Rosa Trombetta: As instituições de ensino normalmente têm programas especiais para as férias e inclusive condições especiais para incentivar esse momento. Então é vantajoso para o aluno, porque vai encontrar programas bem formatados para esse tipo de momento ou então preços muito mais baixos do que numa temporada normal. Então é nesse sentido que as instituições se preparam. Jovem Pan: Professora, nós fomos às ruas também pra saber da população o que ela pensa a respeito do hábito do brasileiro de estudar pela internet, se o brasileiro gosta ou não de fazer cursos à distância. Rosa Trombetta: Normalmente a opção por um curso online é feita por vários fatores, não só pelo gostar ou não gostar de estudar na internet. Normalmente, o fator que envolve a escolha dessa opção é justamente a sua disponibilidade. Muitas vezes você precisa se atualizar rapidamente. Então a internet oferece essa flexibilidade. Jovem Pan: Para finalizarmos, que tipos de novidades nós podemos esperar no ensino à distância para os próximos anos? Rosa Trombetta: Hoje há experiências como utilização do second life para você fazer cursos. O aluno interage dentro de um ambiente tridimensional e de aprendizagem. Já temos por aqui algo parecido, inclusive na POLI (Escola Politécnica) da USP (Universidade de São Paulo) com alguns laboratórios de realidade expandida. Então isso também é uma possibilidade de você ter a sensação de estar em uma sala de aula mesmo não estando fisicamente. Esse tipo de experiência, que é uma experiência que aproxima muito dessa sensação do presencial, é uma das grandes expectativas dentro da área de tecnologia e de educação. Mas a gente tem, também, por outro lado, a questão da educação por móbile. Com um iPad, ou equipamento similar, há recursos mais acessíveis e fáceis para se trabalhar dentro de um ambiente de aprendizagem e são extremamente interessantes. Então o uso, do mLearning, que é o mobile learning, espera-se que evolua bastante, uma vez que é crescente a oferta de dispositivos de celular com telas maiores e mais fáceis de acessar conteúdo em qualquer lugar. Quer dizer, posso estar no aeroporto, numa consulta médica, mas com essas tecnologias o aluno consegue acessar programas de educação à distância.