dezembro/2010 | edição 99 | ano IX | www.nossolarcampinas.org.br A História do Natal Therezinha Oliveira O Céu Estrelado Certas Cruzes Léon Denis Chico Xavier Os dois Espelhos Evangelização Infantil Vinícius Divaldo Franco A Revista que se responsabiliza doutrinariamente pelos Textos Publicados. sumário FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 Editor 04 Emanuel Cristiano chico xavier Certas Cruzes - Marteladas SUELy CALdAS SCHUbERT Jornalista responsável Renata Levantesi (Mtb 28.765) reflexão design Gráfico 08 Julio Giacomelli O Céu Estrelado LéON dENIS revisão Zilda Nascimento Administração e Comércio 10 Elizabeth Cristina S. Silva história A prisão de pedro e João CAIRbAR SCHUTEL Apoio Cultural Braga Produtos Adesivos Impressão 12 Citygráfica diálogo Evangelização Infantil dIVALdO FRANCO FALE CONOSCO [email protected] (19) 3233-5596 ASSINATURAS Assinatura anual: R$45,00 14 THEREzINHA OLIVEIRA 20 (Exterior: US$50,00) biografia O doutor demeure ALLAN KARdEC FALE CONOSCO ON-LINE Cadastre-se NO msN e adiCiONe O NOssO eNdereÇO: capa A História do Natal 23 neurologia Surto Alucinatório Benigno da Adolescência dR. NUbOR ORLANdO FACURE [email protected] 24 compreensão Os dois Espelhos VINÍCIUS Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Rua Dr. Luís Silvério, 120 – Vila Marieta 13042-010 Campinas/SP com todas as letras 26 “Um dos que” EdUARdO MARTINS CNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscrição Estadual: 244.933.991.112 27 mensagem Cultiva a paz EMMANUEL/CHICO XAVIER O Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” responsabiliza-se doutrinariamente pelos artigos publicados nesta revista. 2 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP editorial FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 JULGAMENTOS POR EMMANUEL/CHICO Observando os atos dos outros, é importante lembrar que os outros igualmente estão anotando os nossos. Sabemos, no entanto, de experiência própria que, em muitos acontecimentos da vida, há enorme distância entre as nossas intenções e nossas manifestações. Quantas vezes somos interpretados como ingratos e insensíveis, por havermos assumido atitude enérgica ante determinado setor de nossas relações, após atravessarmos, por longo tempo, complicações e dificuldades, nas quais até mesmo os interesses alheios foram prejudicados em nossas mãos? E quantas outras vezes fomos considerados relapsos ou pusilânimes, à vista de termos praticado otimismo e be- Assine 19 3233 5596 nevolência, perante aqueles com os quais teremos chegado ao extremo limite da tolerância? Em quantas ocasiões estamos sendo avaliados por disciplinadores cruéis, quando simplesmente desejamos a defesa e a vitória dos entes que mais amamos, e em quantas outras passamos por tutores irresponsáveis e levianos, quando entregamos as criaturas queridas às provas difíceis que elas mesmas disputam, invocando a liberdade que as Leis do Universo conferem a cada pessoa consciente de si? Reflete nisso e não julgues o próximo, através de aparências. Deixa que o amor te inspire qualquer apreciação, e, quando necessites pronunciar algum apontamento, num processo de emenda, XAVIER coloca-te no lugar do companheiro sob censura e encontrarás as palavras certas para cooperar na obra de ilimitada misericórdia com que Deus opera todas as construções e todos os reajustes. Corrige amando o que deve ser corrigido e restaura servindo o que deve ser restaurado; entretanto, jamais condenes, porque o Senhor descobrirá meios de invalidar as posições do mal para que o bem prevaleça, e, toda vez que as circunstâncias te obriguem a examinar os atos dos outros, recorda que os nossos atos, no conceito dos outros, estão sendo examinados também. v Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Alma e Coração. Págs. 65 - 66. Editora Pensamento. 1972. Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP 3 chico xavier FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 Certas cruzes - Marteladas por Suely 1º-1-1952 “Continuo pedindo ao Alto por tua saúde e refazimento completo. Estou convencido de que todos nós e, acima de tudo, a nossa Causa, precisamos de ti no posto em que te encontras. Sei que o teu ministério é sacrificial, entretanto, meu caro, a missão do alicerce é a de suportar o peso de um edifício inteiro. Imaginemos o que seria de nós, se os nossos amigos espirituais solicitassem dispensa dos encargos a que os constrangemos. Chegado à altura moral e à responsabilidade que atingiste, penso que o teu afastamento voluntário da FEB seria abandonar à tempestade o teu serviço mais sublime na atual encarnação. Acredito, pois, com todo o cabedal de estima que te consagro, que só deverás ou poderás deixar a direção da Casa de Ismael por circunstâncias estranhas à tua vontade, nunca por teu desejo, de 4 vez que, segundo a opinião de nossos Benfeitores Invisíveis, há certas cruzes sob as quais deveremos morrer. Atravessamos uma época sombria, e num barco de compromissos graves como esse em que navegamos mais valerá sermos substituidos por ordem superior, a fim de que não nos seja imputada a culpa pela perturbação ou pelo soçobro de muitos. Confio em ti e peço ao Senhor te fortaleça. Quanto às marteladas, nem de leve pensemos em diminuição delas. Enquanto estivermos por aqui e, principalmente, enquanto estivermos trabalhando, pelo mundo seremos aguilhoados e perseguidos sem pausa de descanso. Que o Senhor não nos negue, por misericórdia, a oportunidade de algo sofrer e algo fazer, a benefício de nós mesmos, no resgate do pretérito escuro e triste.” Caldas Schubert O primeiro tópico dessa carta dá notícias da continuidade das lutas para Wantuil de Freitas. E são de tal gravidade que este admite em suas cogitações a possibilidade de se afastar voluntariamente da Presidência da FEB. Chico Xavier usa de novos argumentos para animá-lo, lembrando-lhe, inclusive, os compromissos assumidos. Wantuil de Freitas ocupou a Presidência da FEB por largo período — cerca de 27 anos. Na missiva que Chico escreve em 52, Wantuil já havia completado oito anos no cargo. E, como temos acompanhado através dessa correspondência, foi um período de lutas constantes e sucessivas. Para quem observasse de longe, talvez nem de leve imaginasse o teor e a intensidade das tribulações enfrentadas por Wantuil de Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP Assine 19 3233 5596 chico xavier FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 Freitas. O que sobressai, quase sempre, é o cargo e o que ele possa expressar. Como também não passaria pela mente de ninguém que Wantuil, em certos momentos, preferisse estar longe de tantas preocupações e aborrecimentos. Pela resposta de Chico Xavier, tem-se uma noção do grande conflito íntimo vivido por Wantuil de Freitas. Cada frase do texto inicial enseja ensinamento profundo. “Imaginemos o que seria de nós, se os nossos amigos espirituais solicitassem dispensa dos encargos a que os constrangemos”, argumenta Chico. Esse é um bom alerta para todos nós, os que nos acostumamos a ocupar os guias espirituais com toda a sorte de pedidos e exigências. Há uma facilidade muito grande para pedir. Como existe também uma falsa idéia de que os Benfeitores Espirituais estão à disposição dos encarnados nas vinte e quatro horas do dia. O termo constrangemos empregado por Chico, retrata bem a questão. Assine 19 3233 5596 Realmente, a grande maioria remete aos amigos espirituais uma aluvião de solicitações praticamente exigindo deles plantão permanente ao lado de cada um. Esse apego excessivo aos guias evidencia desconhecimento doutrinário e, no fundo, a necessidade que tem o ser humano de escorarse em alguém. A Doutrina Espírita, todavia, ensina o homem a libertar-se de toda a dependência. Ensina-o a caminhar por si mesmo, sem necessidade de muletas psicológicas. Entretanto, o hábito multimilenar levou-o a um condicionamento difícil de ser vencido. É bem verdade que a presença dos Amigos Espirituais é sumamente reconfortante e tem ainda uma função educativa, pois nos permite o exercício gradual de uma liberdade que nem todos sabem ainda usar. Esse passo decisivo é progressivo e, obviamente, moroso. Não se realiza de súbito. Antes exige um processo gradativo de conscientização que não pode ser apressado. O estudo da Doutrina Espírita e a assimilação dos seus ensinamentos ensejará em cada um a libertação almejada. É, porém, imprescindível que se façam, freqüentemente, os esclarecimentos necessários a fim de que se compreenda melhor a tarefa dos guias e a responsabilidade dos encarnados. Com isso evitar-se-á o vezo de se constranger os amigos da espiritualidade com petitórios infantis e absurdos, com questões terra-aterra e que competem ao ser humano resolver. Deixemos para pedir ajuda nos instantes graves de nossa vida, em momentos decisivos e quando realmente se faça necessário. * Chico recorda a Wantuil de Freitas o alto compromisso assumido. E afirma-lhe que deixar a direção da Casa de Ismael só mesmo por circunstâncias alheias à sua (de Wantuil) vontade, por ser aquele um serviço sublime na atual encarnação do Presidente da FEB. Termina com a opinião dos Benfeitores Espirituais, expressa em belíssima frase: “há certas cruzes sob as quais deveremos morrer.” Há certas cruzes sob as quais de- Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP 5 chico xavier FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 veremos morrer repetimos bem alto. Certas vidas na Terra tiveram essa característica. Vultos, que a História registra, deixaram-se imolar na cruz do dever e da abnegação, da renúncia e da doação total de si mesmos para que a Humanidade crescesse e avançasse. Desde Sócrates a Galileu, de Francisco de Assis e João Huss a Gandhi, Albert Schweitzer e Eunice Weaver, uma notável galeria de nomes que se destacaram nos diversos campos do conhecimento humano, todos eles assinando com a própria vida a sua trajetória terrena. E há, ainda, os que, passando anonimamente, se dedicaram até ao sacrifício pessoal para propiciar a marcha do progresso humano. Essas são as cruzes pelas quais vale a pena morrer. Invisíveis e insuspeitadas cruzes. Anônimas e desconhecidas, vão sendo arrastadas por ombros que se vergam ao seu peso, mas deixam no solo em que se apóiam um sulco de luz que lhes assinala a passagem, para todo o sempre. * Chico acrescenta que a época é sombria e os compromissos são de muita gravidade. Uma substituição, portanto, só mesmo por ordem superior, pois a deserção 6 ao dever poderia acarreta problemas mais sérios ainda. Nos dois últimos tópicos do texto, Chico alude às marteladas que ambos têm recebido e afiança Wantuil que em relação a estas não haverá diminuição. E conclui pedindo a oportunidade de algo sofrer e algo fazer no resgate do pretérito. A posição de Chico Xavier é a daquele que entende a necessidade de expurgar as faltas do passado e a conseqüente certeza de que só poderá fazê-lo através de testemunhos constantes. Os que já alcançaram essa situação são acusados de masoquistas, de procurarem sofrimentos, de terem uma fé doentia e cega. Chico sabe, contudo, através da Doutrina Espírita — que também nos propicia os mesmos ensinamentos -, que há obstáculos e espinhos na caminhada. Mas, sabe, igualmente, que muito pode ser realizado. Por isso escreve sofrer e fazer. A conquista da paz interior demanda tempo. A arrancada definitiva das sombras para a luz não se faz sem percalços, lágrimas e aflições. Emmanuel escreveria pouco tempo depois, no livro “Fonte Viva” (cap. 140): “Por enquanto, a cruz ainda é o sinal dos aprendizes fiéis.” A cruz é também a companheira imprescindível daqueles que empenham a própria vida pelo desenvolvimento da Humanidade. No “Código Penal da Vida Futura” (“O Céu e o Inferno”), Allan Kardec assevera que as imperfeições geram sofrimentos: “1º — A alma ou Espírito sofre na vida espiritual as conseqüências de todas as imperfeições que não conseguiu corrigir na vida corporal. O seu estado, feliz ou desgraçado, é inerente ao seu grau de pureza ou impureza. 2º — A completa felicidade prende-se à perfeição, isto é, à purificação completa do Espírito. Toda imperfeição é, por sua vez, causa de sofrimento e de privação de gozo, do mesmo modo que toda perfeição adquirida é fonte de gozo e atenuante de sofrimentos. (...) 7º — O Espírito sofre pelo mal que fez, de maneira que, sendo a sua atenção constantemente dirigida para as conseqüências desse mal, melhor compreende os seus inconvenientes e trata de corrigir-se.” Joanna de Ângelis afirma em seu livro “No Limiar do Infinito”: “A dor, em qualquer situação, jamais funciona como punição, porquanto sua finalidade não é punitiva, porém educativa, corretora.” (Cap. 6.) “Por isso a dor não deve ser en- Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP Assine 19 3233 5596 chico xavier FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 carada na condição de punição divina, mas, como processo normal da evolução, mediante o qual o ser se libera, como a gema que se liberta do envoltório grosseiro aos golpes da lapidação. Trabalhada, sulcada pelo arado, aturdida pelo adubo, visitada pela semente a terra mais produz. Quando mais instado pelo sofrimento e adubado pela fé, o homem mais avança, melhor progride.” (Cap. 7.) Alcançada essa compreensão, a criatura tem outra visão da vida terrena. Ao referir-se à premente necessidade de sofrer, Chico demonstra igual entendimento. Entenda-se bem: não é uma apologia a necessidade de sofrer, mas o reconhecimento puro e simples de que existe sofrimento na própria vida humana. As contingências da vida terrena, as vicissitudes em geral que o viver ocasiona são mais que suficientes para comprovarmos isso. Quando um Espírito, de mediano entendimento espiritual, se prepara para uma nova encarnação, ele sabe que deverá enfrentar todas as vicissitudes terrestres, mas, além disso, que igualmente não deve fugir às circunstâncias que atenuariam essas vicisAssine 19 3233 5596 situdes e que facilitariam a sua vida. Assim, buscará aquelas provas que se constituem em óbices na caminhada e que, ao mesmo tempo, não o desviem do curso mais conveniente para aquisição de experiências valiosas. É nesse sentido que Chico Xavier abençoa as marteladas e prefere as dificuldades, entendendo o quanto são benéficas para a sua existência. “Grato pelas notícias do Hernani e do Américo. Não tenho informações deles em sentido direto, há muito tempo. (...) Lamentei não me tivesse dito o confrade..., sobre o boato de que eu havia recebido o professor Pedro Ubaldi de joelhos. Teria desmentido a notícia de viva voz. Ele foi recebido em Pedro Leopoldo com naturalidade e cortesia, como são recebidas as pessoas que se dirigem até aqui, e veio até nós, numa sexta-feira, noite de sessão pública. Como esse, outros boatos têm surgido, mas prefiro ignorá-los, porque o tempo seria consumido em acen- der uma fogueira de propaganda, indesejável para o nosso movimento de evangelização (...) (...) Dia 17 de dezembro findo, recebemos no “Centro Espírita Luis Gonzaga” a visita pessoal do ex-sacerdote católico e Professor Huberto Rohden. É uma figura simpática de pregador, que tratou a Doutrina com sincera reverência. Ignoro se esposará nossos princípios, intimamente, mas, pela palavra, mostrouse muito identificado com as nossas idéias e ideais, sob o ponto de vista do Evangelho. (...)” Na parte final da carta Chico esclarece a respeito do boato de que ele teria recebido o Professor Ubaldi de joelhos. Mais uma vez constatamos que os boatos mais estranhos surgem na vida de Chico Xavier. Menciona ainda a visita do Professor Huberto Rohden. v Fonte: SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de Chico Xavier. Págs. 299 - 306. FEB. 1998 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP 7 reflexão FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 O CÉU ESTRELADO por Léon Um livro grandioso, dissemos, está aberto aos nossos olhos, e todo observador paciente pode ler nele a palavra do enigma, o segredo da vida eterna. Aí se vê que uma Vontade dispôs a ordem majestosa em que se agitam todos os destinos, se movem todas as existências, palpitam todos os corações. 8 Denis Ó Alma! aprende primeiro a suprema lição que desce dos espaços sobre as frontes apreensivas. O Sol está escondido no horizonte; seus alvores de púrpura tingem ainda o céu; luz serena indica que, além, um astro se velou aos nossos olhos. A noite estende acima de nossas cabeças seu zimbório constelado de estrelas. Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP Assine 19 3233 5596 reflexão FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 Nosso pensamento se recolhe e procura o segredo das coisas. Voltemo-nos para o Oriente. A vialáctea expande, qual imensa fita, suas miríades de estrelas, tão aconchegadas, tão longínquas, que parecem formar uma contínua massa. Por toda parte, à medida que a noite se torna mais densa, outras estrelas aparecem, outros planetas se acendem qual se fossem lâmpadas suspensas no santuário divino. Através das profundezas insondáveis, esses mundos permutam os seus raios de prata; impressionamnos, a distância, e nos falam uma linguagem muda. Eles não brilham todos com o mesmo fulgor: a potente Sírius não se pode comparar à longínqua Capela. Suas vibrações gastaram séculos a chegar até o nosso olhar, e cada um de seus raios vale por um cântico, uma verdadeira melodia de luz, uma voz penetrante. Esses cânticos se resumem assim: “Nós também somos focos de vida, de sofrimento, de evolução. Almas, aos milhares, cumprem, em nós, destinos semelhantes aos vossos”. Entretanto, todos não têm a mesma linguagem, porque uns são moradas de paz e de felicidade, e outros, mundos de luta, de expiação, de reparação pela dor. Uns parecem dizer: Eu te conheci, Alma humana, Alma terrestre; eu te conheci e hei de te tornar a ver! Eu te abriguei em meu seio outrora, e tu voltarás a mim. Eu te espero, para, por tua vez, guiares os seres que se agitam em minha superfície! E depois, mais longe ainda, essa estrela que parece perdida no fundo dos abismos do céu e cuja luz trê- Assine 19 3233 5596 mula é apenas perceptível, essa estrela nos dirá: Eu sei que tu passarás pelas terras que formam meu cortejo, e que eu inundo com os meus raios; eu sei que tu aí sofrerás e te tornarás melhor. Apressa a tua ascensão. Eu serei e sou já para contigo uma vera amiga, porque até mim chegou o teu apelo, tua interrogação, tua prece a Deus. Assim, todas as estrelas nos cantam seu poema de vida e amor, todas nos fazem ouvir uma evocação poderosa do passado ou do futuro. Elas são as “moradas” de nosso Pai, os estádios, os marcos soberbos das estrelas do Infinito, e nós aí passaremos, aí viveremos todos para entrar um dia na luz eterna e divina. Espaços e mundos! que maravilhas nos reservais? Imensidades sidéreas, profundezas sem limites, dais a impressão da majestade divina. Em vós, por toda parte e sempre, está a harmonia, o esplendor, a beleza! Diante de vós, todos os orgulhos caem, todas as vanglórias se desvanecem. Aqui, percorrendo suas órbitas imensas, estão astros de fogo perto dos quais o nosso Sol não é mais que simples facho. Cada um deles arrasta em seu séquito um imponente cortejo de esferas que são outros tantos teatros da evolução. Ali, e assim na Terra, seres sensíveis vivem, amam, choram. Suas provações e suas lutas comuns criam entre si laços de afeto que crescerão pouco a pouco. E é assim que as Almas começam a sentir os primeiros eflúvios desse amor que Deus quer dar a conhecer a todos. Mais longe, no insondável abismo, movem-se mundos maravilhosos, habitados por Almas puras, que conheceram o sofrimento, o sacrifício, e chegaram aos cimos da perfeição; Almas que contemplam Deus em sua glória, e vão, sem jamais cansar, de astro em astro, de sistema em sistema, levar os apelos divinos. Todas essas estrelas parecem sorrir, qual se fossem amigas esquecidas. Seus mistérios nos atraem. Sentimos que são a herança que Deus nos reserva. Mais tarde, nos séculos futuros, conheceremos essas maravilhas que nosso pensamento apenas toca. Percorreremos esse Infinito que a palavra não pode descrever em uma linguagem limitada. Há, sem dúvida, nessa ascensão, degraus que não podemos contar, tão numerosos são; mas nossos guias nos ajudarão a subi-los, ensinandonos a soletrar as letras de ouro e de fogo, a divina linguagem da luz e do amor. Então o tempo não terá mais medida para nós. As distâncias não mais existirão. Não pensaremos mais nos caminhos obscuros, tortuosos, escarpados, que seguimos no passado, e aspiraremos às alegrias serenas dos seres que nos tiverem precedido e que traçam, por meio de jorros de luz, nosso caminho sem-fim. Os mundos em que houvermos vivido terão passado; não serão mais que poeira e detritos; mas nós guardaremos a deliciosa impressão das venturas colhidas em suas superfícies, das efusões do coração que começaram a unir-nos a outras almas irmãs. Conservaremos a muito cara e dolorosa lembrança dos males partilhados, e não seremos mais separados daqueles que tivermos amado, porque os laços são entre as Almas os mesmos que entre as estrelas. Através dos séculos e dos lugares celestes, subiremos juntos para Deus, o grande foco de amor que atrai todas as criaturas! v Fonte: DENIS, Léon. O Grande Enigma. Págs. 119 – 122. Feb. 2010. Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP 9 história FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 A Prisão de Pedro e João por Cairbar Schutel Enquanto Pedro e João falavam ao povo, sobrevieram-lhes os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus, enfadados por ensinarem eles ao povo e anunciarem em Jesus a ressurreição dos mortos; e deitaram mão neles e os detiveram até o dia seguinte; pois já tinha chegado a tarde. Muitos, porém, dos que ouviram a palavra, creram; e elevou-se o número dos homens a quase cinco mil. — Atos. IV – 1 – 4. 10 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP Assine 19 3233 5596 história FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 Desde que a classe sacerdotal entrou no mundo, tem sido perene a luta que essa classe promoveu contra os Apóstolos. Um sacerdote, seja do credo que for, não suporta absolutamente um Apóstolo. Para os sacerdotes, os Apóstolos são os perversores da consciência, são magos, feiticeiros e têm demônio. Dotados de atroz orgulho, imbuídos de um egoísmo mortífero, os sacerdotes, de todos os tempos, têm-se como os representantes de Deus na Terra, os chefes de tudo e de todos. Só eles são sábios, só eles são virtuosos, só eles são santos, só eles interpretam a vontade de Deus. Nos banquetes, nas festas, na sociedade, na família, os primeiros lugares são sempre ocupados pelos padres (sacerdotes). Nas praças públicas querem ser cumprimentados; as suas sentenças são irrevogáveis e a sua palavra, infalível. Passe o leitor uma vista d’olhos no sacerdotalismo hebreu, no sacerdotalismo levítico, e atualmente no sacerdotalismo romano e protestante, para melhor se inteirar da nossa afirmação. No tempo, ou no início do Cristianismo, conforme depreendemos dos Evangelhos, foi tão abjeta a ação dos sacerdotes que Jesus, o Manso, o Humilde Filho de Deus, viu-se obrigado a apostrofá-los. Assine 19 3233 5596 Quase no fim do seu trabalho messiânico nas vésperas de sua condenação, Jesus não se conteve e ergueu o brado dos sete ais contra o sacerdotalismo que, no dizer do Mestre: “Fechou aos homens o Reino dos Céus”. Abstemo-nos de transcrever esse libelo, não porque deixemos de ser solidários com o Mestre, mas porque em qualquer Novo Testamento, católico ou protestante, o leitor encontrá-lo-á no cap. XXIII, 13-39, de Mateus. São eles os perseguidores de profetas, os assassinos de sábios e dos mensageiros de Deus. Raça de víboras, desconhecem a justiça, a misericórdia e a fé. São cheios de rapina e podridões. Devoram as casas das viúvas e seus olhos estão sempre voltados para as ofertas. O seu Deus é o ventre, como disse Paulo. Como poderiam eles, que a ninguém curavam, suportar a cura operada por Pedro e João? Como poderiam, os incrédulos e materialistas saduceus, ouvir falar na ressurreição de Jesus e na ressurreição dos mortos? Não podendo vedar a palavra aos Apóstolos e proibirlhes a cura dos enfermos, deliberaram prender os intimoratos da Nova Fé. E não é isto que também temos observado na época atual em que o sacerdotismo protestante e romano, principalmente este, desenvolve uma atividade guerreira nunca vista, concorrendo direta e indiretamente para uma luta fratricidade que enche os campos de cadáveres? Onde está o 5º Mandamento da Lei de Deus, que a “Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana” mandou transcrever nos seus catecismos, e a “Santa Igreja Protestante” também mandou imprimir em seus livretos? O mandamento é só para ficar escrito; e não para ser cumprido? Felizmente, os tempos passam, como relâmpagos e o Reino de Deus se avizinha. Esses poderosos que semeiam a desolação e a morte, já estão nos seus últimos estertores, pois com a próxima vinda do reino de Jesus, tudo será renovado e a seara será entregue a quem der frutos de fé e de misericórdia. Diz, finalmente, o texto, que apesar da grande pressão sacerdotal, que dominava com os governos de então, as conversões eram verificadas em massa, já contando o Cristianismo, em poucos dias, só nas circunvizinhanças de Jerusalém, quase cinco mil homens. v Fonte: SCHUTEL, Cairbar. Vida e Ato dos Apóstolos. Págs. 37 – 39. O Clarim. 1993. Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP 11 diálogo FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 diÁlOgO COm dIVALdO POR dIVALdO 1.18 - Evangelização Infantil PerguNta: —Você considera im- portante a preparação da infância através da atividade de evangelização? Por quê? diValdO: — É de alta importância a tarefa da educação espírita das gerações novas. Colocamos aqui a expressão educação espírita, numa abrangência maior do que a da evangelização, porque a evangelização pura e simples pode parecer uma questão já colocada por determinadas doutrinas religiosas do passado. Mas a educação espírita, trazendo a evangelização infanto-juvenil à luz do Espiritismo, é tarefa de emergência, mais do que de urgência, porque a violência e a agressividade que hoje estão nas nossas ruas são fruto da falta de educação 12 da massa, da educação espiritual de profundidade. Diz-se muito que tudo isso é o resultado, em linhas gerais, dos problemas sócio-econômicos. Os estudiosos especializados têm chegado a muitas conclusões. Lamentavelmente, ainda não lemos, fora da área espírita, um sociólogo, um pedagogo, que tenha chegado à conclusão de que tudo isso resulta de fatores morais, que são os geradores do egoísmo e, por conseqüência, dos problemas sócio-econômicos. A base é, portanto, o problema moral. A educação espírita das gerações novas vai criar uma mentalidade sadia, porque ensinará à criança, desde cedo, que o berço não é o início da vida — é o começo do corpo; e o túmulo não é o fim da vida — é a porta da saída do corpo. Falandolhe de reencarnação, situando no seu devido lugar a tarefa preponderante FRANCO do Cristianismo, a obra da educação das gerações novas preparará o novo mundo. É assim, de muita importância este mister que os espíritas não devem deixar à margem. Temos ouvido alguns confrades; “Eu não forço os meus filhos, para a evangelização espírita, porque sou muito liberal”. Ao que poderia ajuntar: “Porque não tenho força moral”. Se o filho está doente, ele o força a tomar remédios; se o filho não quer ir à escola, ele o exige. Isto porque acredita no remédio e na educação. Mas não crê na religião, quando afirma: “Vou deixá-lo crescer, depois ele escolherá”. Isto representa o mesmo que o deixar contaminar-se pelo tétano ou outra enfermidade, para depois aplicar o remédio, elucidando: “Você viu que não deve pisar em prego enferrujado? Agora, irei medicá-lo”. Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP Assine 19 3233 5596 diálogo FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 Ou, tuberculoso, falar-lhe dos preceitos da higiene e da saúde. Se damos a melhor alimentação, o melhor vestuário, o melhor colégio, dentro das nossas possibilidades, aos filhos, porque não lhes damos a melhor religião, que é aquela que já elegemos? Que os filhos, quando crescerem, deixem-na, que optem depois. Cumpre aos pais o dever de dar o que há de melhor. Se eles encontraram, no Espiritismo, a diretriz de libertação, eis o melhor para dar, e não deixar os filhos escolherem, porque estes ainda não sabem discernir. Vamos orientálos. Vamos “forçá-los”, motivandoos, levando-os, provando em casa, pelo nosso exemplo, que o Espiritismo é o que há de melhor. Não, como fazem muitos: obrigam os filhos a irem à evangelização e, em casa, não mantém uma atitude espírita. É natural que os filhos recalcitrem, observando que tal não adianta, já que os pais dizem-se espíritas, mas na intimidade do lar decepcionam. Se, todavia, os pais são espíritas também em casa, eles irão, felizes, às aulas de evangelização da juventude, porque estão impregnados de exemplo. Assine 19 3233 5596 Em Salvador, que é uma cidade praiana, outros me têm proposto: — Vamos arranjar outra hora mais conveniente para transferir a evangelização, porque, você sabe, o domingo é o dia da praia. E que hora será própria? — Outra hora. — Que hora? Volvem a perguntar-me: — Que é que você acha? — Eu não acho nada, porque não tenho filhos, você é que os tem. — Mas não poderia ser noutra hora? — voltam à carga. — Depende de você achar a hora, porque, considere: durante os dias da semana não pode ser, de vez que todos estão estudando; no sábado, à tarde, o evangelizador também tem que se arrumar, já que é a única hora de que dispõe para os seus compromissos, para preparar-se; no domingo à tarde, não pode ser, porque as crianças têm as festinhas de aniversário, as matinezinhas, isso e aquilo; de noite não convém, porque criança não pode dormir tarde; domingo pela manhã não é possível, por causa da praia... As pessoas coçam a cabeça e concluem: É um problema, não? E eu elucido: — É, praia é um problema, porque perverte muita gente. — Não — dizem — a praia não; o problema é esse negócio de evangelização. E encerro o assunto: — Não, não acho; creio que é a solução dos problemas. Aqueles que assim agem, não são espíritas. Na verdade eles não desejam que o filho vá à praia. Ocupando-se em trazer o filho à evangelização, eles, sim, perdem a praia. Então o problema é esse... Sempre sugiro: percam umas praias, mas salvem seus filhos. A evangelização em nossa Casa é das oito às nove da manhã dos domingos, dando tempo de ir-se à praia, se for o caso. A evangelização, a educação espírita é de fundamental importância para a criança. v Fonte: FRANCO, Divaldo P. Diálogo com Dirigentes e Trabalhadores Espíritas. USE. 2001. Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP 13 capa FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 E O VERBO SE FEZ CARNE A HISTÓRIA DO NATAL Quando o natal vai chegando, as vitrinas das lojas se enfeitam de cenas e dizeres alusivos à grande data da cristandade. Muitas crianças ouvem, pela primeira vez, olhinhos brilhando de encantamento, a história do nascimento de Jesus. Uma narrativa singela, movimentada, alegre, dramática, terna e muito comovente. Adultos a revivem, nas saudações festivas, uns aos outros: Feliz Natal! Feliz Natal! E as letras da imprensa, as vozes do rádio, as imagens da televisão, os cânticos, e as pregações dos templos, num concerto uníssono, recontam como se deu a vinda daquele por Therezinha Oliveira que, por suas virtudes sublimes, é o Caminho da Verdade e da Vida. No pensamento de todos, sucedemse, de novo, os episódios do Natal, o nascimento de Jesus. José e Maria saindo de Nazaré da Galiléia (onde moravam) e viajando para Belém da Judéia, estando Maria em adiantado estado de gravidez. Quando chegaram a Belém, a cidade estava repleta de visitantes e não havia lugar para eles na hospedaria. Acomodaram-se num presépio, um estábulo, onde se recolhia os animais e era um lugar quente e protegido, apesar de simples. Ali Maria teve seu primogênito (primeiro filho) a quem chamou Jesus e, envolvendo-o em faixas, o reclinou em berço improvisado: uma manjedoura. Anjos apareceram anunciando aos pastores do campo o nascimento do Salvador. E uma estrela admirável brilhava de modo especial indicando o lugar do nascimento! Seguindo-a, uns magos viriam do Oriente, encontrariam o menino e, prostrando-se ante ele, lhe ofereceriam ouro, incenso, mirra. O Natal de Jesus!... Diz-se que, por causa de um recenseamento, ordenado pelo imperador romano, Maria e José, por serem da casa de Davi, apesar do adiantado estado de gravidez dela, tiveram de viajar de Nazaré da Galiléia, onde moravam, para a longínqua Belém da Judéia, a fim de se cadastrarem, e o transporte era feito a pé ou em lombo de burro. Herculano Pires acredita que esse deslocamento do casal teria sido uma tentativa de acomodar o nascimento de Jesus na cidade de Belém, porque lá é que nasceria o Messias, como profetizado por Miquéias (5:2). Entretanto isso não convenceu a maioria dos israelitas. AS OBJEÇÕES Há quem diga que não foi assim que tudo aconteceu, a começar pela data. Do nascimento de Jesus, começou-se a contar uma Nova Era: a cristã (a.C. e d.C.), mas dizem os estudiosos que Jesus pode ter nascido de 8 anos antes a 4 anos depois da data fixada. Também não se sabe ao certo em que dia e mês ocorreu. O dia 25 de dezembro foi fixado pelo Papa Júlio I, a partir do século IV d.C. (360), para substituir comemorações pagãs por motivos e hábitos cristãos. E pode não ter sido em Belém. 14 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP Para nós, porém, não importa tanto a exatidão do local, dia, mês e ano em que Jesus tenha nascido e, sim, que esse Espírito altamente evoluído veio à Terra, para nos orientar espiritualmente. Assine 19 3233 5596 capa FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 OS rELATOS SOBrE O NATAL No Novo Testamento, especialmente nos evangelhos de Mateus e de Lucas, encontraremos os relatos mais completos sobre o nascimento de Jesus. João falará de modo simbólico sobre a vinda de Jesus. Marcos é omisso a respeito, apresentando Jesus já quando adulto. É verdade que quem conta um conto aumenta um ponto, e essa história tem dois mil anos e foi escrita muito depois da morte de Jesus. Alguns detalhes talvez estejam mal contados, modificados, e outros foram acrescentados. Também é verdade que sobre esses fatos muitas considerações já foram feitas. Parece que tudo já foi dito, assimilado, e repetir somente nos entediaria. Mas, como deixar passar o Natal do Senhor sem memorarmos os acontecimentos e sua significação para a humanidade? As novas gerações precisam saber, temos de lhes transmitir. A propósito, estamos dando a conhecer esses fatos às crianças, aos jovens? Quanto a nós, sempre poderemos retirar deles simbolismos superiores, edificantes. Conversemos, pois, sobre o Natal, à luz dos relatos evangélicos. SIGNIFICAdO prIMEIrO E MAIOr dO NATAL Entendemos que no Natal o significado primeiro e maior seja o do amor de Deus pela humanidade. Com o progresso intelecto-moral que se vai fazendo, temos necessidade de novas revelações espirituais. Isso não fica entregue ao acaso, Deus prevê e provê. Há sempre programações para o progresso da humanidade. Assim, Moisés, Isaías e outros profetas já anunciavam a vinda do Messias, o Cristo. Enxergamos, também, no Natal, o amor de Jesus por nós, os seus irmãos menores. Espírito puro, Jesus não precisava mais habitar mundos corpóreos, vivia em mundos felizes, celestes ou divinos, mas aceitou o reingresso na faixa da carne, porque nós precisávamos dele aqui, para nos ensinar e exemplificar o caminho para Deus. MArIA E JOSÉ SEM HOSpEdAGEM Eram, os dois, espíritos obedientes às leis divinas, de vida digna, honestos e trabalhadores, com mérito para serem os pais carnais do Messias. Porque enfrentaram tantas dificuldades? Não eram ricos nem poderosos, Maria fez a viagem grávida e, ao chegarem a Belém, não encontraram lugar na hospedaria... Esse episódio nos ensina que os que trazem o Mestre em si, transportando-o e colaborando com ele, em seu trabalho pela redenção humana, não gozam de privilégios materiais, não se encontram em regime de exceção. Enfrentam as lutas naturais neste planeta de provas e de expiações. Constitui um alerta para os que, por Assine 19 3233 5596 estarem servindo na seara religiosa, esperam ou exigem concessões especiais, apreço, reconhecimento. Mas assistência espiritual não faltou a Maria e José. Os que servem a Deus podem confiar que terão, também, acompanhamento e proteção espirituais para poderem realizar o seu trabalho. E a grande compensação que desfrutarão será a glória de participar do labor crístico, gozando da intimidade espiritual com o Mestre. Assim, os médiuns em serviço, enquanto aprendem e progridem, intercambiando os espíritos necessitados, sentem, também, os efeitos benéficos e gratificantes da presença dos espíritos superiores. Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP 15 capa FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 A MANJEdOUrA É costume dizer-se que a manjedoura traduz a humildade de Jesus. Acreditamos, porém, que o maior significado da manjedoura está em demonstrar, na sua simplicidade e despojamento, que o valor de uma pessoa não está nas situações materiais em que se apresenta exteriormente, mas no que a criatura é, em si mesma. Desde que Jesus surge na manje- doura, perde significação qualquer orgulho por status terreno, e a pessoa passa a ser valorizada pelo que é, pelo potencial que traz em si, como criação divina, por ser fi lha de Deus. Sendo a manjedoura, também, o lugar do alimento, onde os animais comem, parece nos visualizar Jesus já se nos oferecendo, como “o pão vivo que desceu do céu”. Estamos comendo deste pão? Alimentando- nos de sua vida, de seu ensino e exemplo? Se estamos, sabemos como isso nos faz bem, deixando nos fortalecidos para os embates da vida! Não nos esqueçamos, porém, de repartir com os outros esse alimento divino, atendendo a Jesus, que, ao dizer: Fazei isso em memória de mim, nos pedia para darmos continuidade ao seu ideal e não deixá-lo morrer. Deus, em tudo e sobre todos. A humanidade no entanto, supõe que o mundo esteja ao acaso, ou entregue às hostes malignas, e por isso teme. A multidão de bons espíritos cantava: Glória a Deus nas alturas! Louvavam a Deus, pois é dele que nos vem todo o bem e sua vontade é soberana. Paz na Terra! cantavam, também. Tanta coisa parece faltar no mundo: solo, casas, pão, roupas... E os bons espíritos somente nos desejam paz?! Sim, é o quanto basta, basicamente, às criaturas, pois tudo o mais que nos é necessário Deus já previu e providenciou que exista. Deu aos seres vida, inteligência, capacidade de ação, imortalidade. Por morada, concedeu-lhes o Universo, pleno de recursos, ensejando-lhes a convivência com seres iguais, inferiores ou superiores, para que possam realizar obras e desfrutar vivência afetiva, evoluindo intelectual e moralmente. Que mais precisaria fazer? Os seres humanos é que precisamos fazer a nossa parte, vivendo sem perturbar nem prejudicar a paz, o equilíbrio da natureza (ecológico), do nosso próprio eu (psicológico) e o da coletividade (sociológico), para seguir trabalhando, aprendendo e progredindo. Boa vontade para com os homens! cantavam, ainda, expressando a dis- posição de acompanhar o desígnio de Deus e a atitude fraterna do Mestre, que veio até nós para nos ajudar. Deus, Jesus e os bons espíritos agem com boa vontade para conosco. Estaremos correspondendo a essa boa vontade? Temos boa vontade uns para com os outros? A rEVELAÇÃO dOS ANJOS Narra o evangelista que, de início, só um anjo apareceu aos pastores. Mesmo assim, a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. Curioso esse nosso medo ante as manifestações espirituais! Por que será? Talvez pelo inusitado que nos intimida; ou por estarmos habituados a pensar em deuses rigorosos, que nos apavoram; e, também, porque instintivamente nos reconhecemos em falha perante a lei divina e isso nos faz temerosos de possíveis conseqüências. O anjo, o mensageiro espiritual, precisou acalmar aos pastores: - Não temais. (...) trago novas de alegria para todo o povo (...) na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador, o Cristo. O nascimento de Jesus seria motivo de alegria geral, por causa da missão de Jesus, seu labor em favor da humanidade toda, redimindo-a, salvando-a da ignorância quanto às realidades espirituais, libertando-a do materialismo e do egoísmo, do orgulho e do ódio, bem como da intolerância, ensejando uma era de paz e progresso. Depois apareceu no céu a “milícia celeste”. Como são numerosos os espíritos do Bem! Constituem uma coletividade que alguns denominam Espírito Santo, são a comunidade dos espíritos bons, que agem em nome do amor de 16 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP Assine 19 3233 5596 capa FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 OS pASTOrES A Palestina era uma terra de pastores mas nem todos viram os anjos ou ouviram sua mensagem, só os que guardavam os rebanhos nas vigílias da noite. Estava escuro, havia perigo, sentiam cansaço, solidão... Mas não dormiam e não abandonaram o rebanho; sobrepujando dificuldades, cumpriam o seu dever. Só quem age assim vê os mensageiros de Deus, ou lhes sente a presença e inspiração. E os pastores disseram entre si: Vamos até Belém e vejamos o que aconteceu, o que o Senhor nos deu a conhecer. Se não dessem atenção à notícia e não caminhassem com seus próprios pés no rumo indicado, mesmo tendo visto e ouvido os anjos, não chegariam a ver o Cristo. A ação da criatura complementa a revelação. Quantas revelações já tivemos, os espíritas com a teoria e a prática doutrinárias? Imortalidade, reencarnação, evolução, livre-arbítrio, causa e efeito, intercâmbio mediúnico, fluidos, perispírito, revivescência do Evangelho... Que estamos fazendo para dar seqüência em nossa vida a tantas e tão valiosas informações espirituais? OS MAGOS Apenas Mateus os menciona. A tradição popular os fez reis e afirma que eram três, tendo por nome Melchior, Gaspar e Baltazar, mas o evangelho apenas cita uns magos e sabemos, pelos historiadores gregos, como Heródoto e Xenofonte, que os magos eram sacerdotes muito conceituados entre medos e persas, casta ocupada sobretudo em medicina, astronomia (então, ainda astrologia) e ciências divinatórias (relacionadas às coisas espirituais). Os magos vinham do Oriente e se dirigiam para Jerusalém. Movidos Assine 19 3233 5596 pelo ideal, haviam abandonado comodidades e buscavam a cidade santa, símbolo de espiritualidade. Há quem penetre no campo da espiritualidade visando a interesses materiais, benefícios imediatos. Os magos, porém, buscavam a Jesus, um mestre espiritual. Muitos buscam a Jesus, interessado no que ele lhes possa oferecer de benefícios aqui e agora; os magos o procuravam para adorá-lo, reverenciálo. E quando o encontraram, abrindo os seus tesouros lhe ofertaram dádivas: ouro, simbolizando os valores do ser, tudo o que se é, sabe e pode; incenso, traduzindo submissão, acatamento, obediência; e mirra, demonstrando sentimento, amor, devotamento. Após terem encontrado Jesus, os magos receberam uma revelação em sonho. A comunicação com o plano espiritual, enquanto o corpo dorme, é ocorrência comum, de que nem sempre guardamos lembrança. No seu sonho especial, os magos foram avisados: Não voltem a Herodes. O aviso era para que não fossem contar ao rei onde estava o recém-nascido, porque não queria reverenciá-lo, como afi rmava, e, sim, ceifar-lhe a vida. Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP 17 capa FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 OS JUDEUS E NÓS Quando lemos o relato evangélico, admiramo-nos da cegueira espiritual dos judeus. Há tanto tempo esperavam pelo Messias! Confiantes nas tradições e nas profecias, aguardavam, esperançosos, que se cumprissem os sinais a seu respeito. E Jesus chegou, em meio a muitos sinais reveladores. Por que não o identificaram, não o reconheceram? Esperavam um rei material, guerreiro, libertador físico. Diria o evangelista João: E a luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderam (1:5). Se fosse conosco, pensamos, não nos enganaríamos. O coração lhes revelaria a presença em emoção superior e o seguiríamos, fiéis, pela existência em fora! Brilhasse a estrela guia, cantassem as vozes celestes! E, desligando-se dos compromissos da matéria, sairíamos ao encontro do Cristo, para nos consagrarmos à sua vinha de verdade e amor! Entretanto, para os judeus, a estrela brilhou alguns dias apenas e os anjos apareceram e cantaram somente uma vez. Enquanto nós, espíritas, estamos sempre em contato com os mensageiros espirituais, tendo revelações e presenciando sinais. E ainda não nos transformamos... Temos o que os israelitas não tinham: o conhecimento e entendimento da mensagem do Cristo. No Evangelho de Mateus (cap. 25), aprendemos: Vinde, benditos de meu Pai, tomais posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive sede, e me destes de beber; era estrangeiro, e me hospedastes; estava nu e me vestistes; estive na prisão e me fostes ver. Todas as vezes que fizestes isto a um de meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes. Nosso próximo em necessidade é Jesus! Esse conhecimento nos permite “ver” o Cristo em cada ser... E não o reconhecemos! Nem o seguimos no amor ao próximo! Por que nos admirarmos da cegueira espiritual dos judeus? Vemos um argueiro, um cisco, no olho do nosso irmão e não vemos a trave que há no nosso! riores, estimulam atividades que favorecem otimismo e a fraternidade. Em cada um de nós, a onda do Bem anseia por eclodir. Aproveitemos o anseio de renovação que todos os anos, nessa época, se repete, mas que, mais do que nunca, é premente em nós. Esforcemo-nos por compreender e sentir a mensagem sublime de Jesus. Deixemo-nos envolver no verdadeiro clima do Natal, cheio de perdão, ternura e amizade. Alistemo-nos nas legiões que confiam na vitória do Bem. Unamos as nossas, as vozes dos que cantam o estribilho imortal: unir, recompor, construir, elevar! Movendo-se então, na paisagem espiritual da humanidade, o Mestre enfim encontrará abrigo em nosso coração, as condições de união e vivência do clima fraternal. E, enfim, nascerá em nós esse Cristo divino! O Natal será novo, o Messias o mesmo: Jesus de Nazaré, o verbo divino que, um dia se fez carne e habitou entre nós, como simbolicamente nos diz João Evangelista. Ou como nos dizem os bons Espíritos, o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem para lhe servir de guia e modelo. (O Livro dos Espíritos, 625) Nasça Jesus em nossos corações e, com ele em nós, façamos nascer ao nosso redor um mundo novo de paz e de amor. COMEMOREMOS O NATAL E todo ano o Natal chega, novamente... Há quem diga artificiais e inúteis as comemorações natalinas. Se mal compreendidas e mal feitas, sim, pelos excessos no comer e beber, saudações apenas formais e presentes interesseiros ou vaidosos. Dia, mês e ano do Natal não estão certos? O Natal é uma convenção humana? Que importa? Um dia, Jesus nasceu, veio à Terra, encarnou, a mando de Deus e por amor a nós, seus irmãos menores. Na época natalina, aproveitando a sugestão do calendário terreno, espíritos benévolos convidam ao amor maior, inundam o ambiente espiritual terreno de sons e imagens supe- 18 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP Assine 19 3233 5596 capa FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 QUE BOM QUE VIESTE, JESUS! Jesus, quanta alegria em nossa alma quando lembramos o teu nascimento em nosso mundo! Habitas, por direito, planos de luz e paz na espiritualidade e deixaste-os, para vires viver entre nós... Sabia que nós, teus irmãos menores, éramos e somos criaturas ainda rudes no sentimento e na ação. Mas nos amas e saber que podemos nos transformar para melhor, desenvolvendo as qualidades espirituais que Deus, o Pai nosso e teu, colocou em nossos espíritos como semente de vida eterna e evolutiva. E vieste! Para dizer-nos que a vida do espírito é muito mais valiosa que a do corpo. Não finda no túmulo e seus tesouros “o ladrão não rouba, a traça não rói e a ferrugem não corrompe”. Para alcançá-la, é preciso apenas ter “olhos de ver” a verdade invisível e “ouvidos de ouvir” os chamados do Bem. E “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, perdoando sempre para também ser perdoado. Mestre incomparável, não falaste somente. Demonstraste, vivendo, a lei do serviço incansável em favor do bem de todos, na mais pura e inalterável fraternidade. Que bom que vieste, Senhor! Ainda estamos procurando seguir-te os passos, mas já sabemos que, se nos guiarmos por essas verdades que nos ensinaste, Assine 19 3233 5596 encontraremos a paz e instalaremos o amor na Terra. És, sim, o caminho da verdade e da vida! Ninguém vai ao Pai, senão por ti! Como o povo de Israel anelava por ti, há dois mil anos, assim precisamos de ti, Messias, Ungido do Senhor, para sairmos das trevas e do pranto, da guerra e da dor, para um mundo de luz e alegria, de paz e solidariedade. Na sce em nosso coração, Jesus! Aceita o humilde aposento que te oferecemos em nossa alma, neste momento de prece, e vem iluminar a paisagem de nossa vida! Que estejas conosco, sempre! Em nossos olhos, ao fitarmos os que nos rodeiam. Em nossa boca, quando com eles falarmos. Em nossos pés, para caminharmos ao encontro deles. E em nossas mãos, para ajudá-los sempre que precisarem. Sentindo-te dentro de nós, Jesus, invade-nos imensa alegria e vem-nos um anseio de amor por toda a humanidade! Ah, o canto dos anjos em teu Natal na Terra!... Agora o compreendemos, integralmente, pois também a nossa alma canta: Glória a Deus nas alturas! Paz na Terra! Boa vontade para com todas as criaturas! v Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP OLIVEIRA, Therezinha. Jesus, O Cristo. Págs. 15 – 29. Editora Allan Kardec. 2006. 19 biografia FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 O DOUTOR DEMEURE por Allan Kardec Falecido em Albi (Tarn) a 25 de janeiro de 1865. Era um médico homeopata e distintíssimo. Seu caráter, tanto quanto o saber, haviam-lhe granjeado a estima e veneração dos seus concidadãos. Eram-lhe inextinguíveis a bondade e a caridade, e, a despeito da idade avançada, não se lhe conheciam fadigas, em se tratando de socorrer doentes pobres. O preço das visitas era o que menos o preocupava, e de preferência sacrificava as suas comodidades ao pobre, dizendo que os ricos, em sua falta, bem podiam recorrer a outro médico. E quantas e quantas vezes ao doente sem recursos provia do necessário às exigências materiais, no caso de serem mais úteis que o próprio medicamento. Dele pode dizer-se que era o Cura d’Ars da Medicina. Encontrando, na Doutrina Espírita, a chave de problemas cuja solução debalde pedira à Ciência como a todas as filosofias, o Dr. Demeure abraçara com ardor 20 essa doutrina. Pela profundeza do seu espírito investigador compreendeulhe subitamente todo o alcance, de maneira a tornar-se um dos seus mais solícitos propagadores. Relações de mútua e viva simpatia se haviam estabelecido entre nós, correspondendo-nos. Soubemos do seu decesso a 30 de janeiro, sendo que o nosso imediato desejo foi evocá-lo. Em seguida reproduzimos a comunicação obtida no mesmo dia: “Aqui estou. Ainda vivo, assumi o compromisso de manifestar-me desde que me fosse possível, apertando a mão do meu caro mestre e amigo Allan Kardec. “A morte emprestara à minha alma esse pesado sono a que se chama letargia, porém, o meu pensamento velava. Sacudi o torpor funesto da perturbação conseqüente à morte, levanteime e de um salto fiz a viagem. Como sou feliz! Não mais velho nem enfermo. O corpo, esse, era apenas um disfarce. Jovem e belo, dessa beleza eternamente juvenil dos Espíritos, cujos cabelos não encanecem sob a ação do tempo. “Ágil como o pássaro que cruza célere os horizontes do vosso céu nebuloso, admiro, contemplo, bendigo, amo e curvo-me, átomo que sou, ante a grandeza e sabedoria do Criador, sintetizadas nas maravilhas que me cercam. Feliz! Feliz na glória! Oh! quem poderá jamais traduzir a esplêndida beleza da mansão dos eleitos; os céus, os mundos, os sóis e seu concurso na harmonia do Universo? Pois bem eu ensaiarei fazê-lo, ó meu mestre; vou estudar, e virei trazer-vos o resultado dos meus trabalhos de Espírito e que de antemão, como homenagem, eu vos dedico. Até breve. Demeure.” Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP Assine 19 3233 5596 biografia FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 As duas comunicações seguintes, dadas em data de 1º e 2 de fevereiro, dizem respeito à enfermidade de que fomos acometidos na ocasião. Posto que de caráter pessoal, reproduzimo-las como provas de que o Dr. Demeure se mostrava tão bom como Espírito, quanto o fora como homem. “Meu bom amigo: tende coragem e confiança em nós, porquanto essa crise, apesar de ser fatigante e dolorosa, não será longa, e, com os conselhos prescritos, podereis, conforme desejais, completar a obra que vos propusestes como fito da vossa existência. Sou eu quem aqui está, perto de vós, e com o Espírito de Verdade que me permite falar em seu nome, por ser eu dos vossos amigos o mais recentemente desencarnado. É como se me fizessem as honras da recepção. Caro mestre: quanto me sinto feliz por ter desencarnado a tempo de estar com esses amigos neste momento! mais cedo livre, eu poderia talvez ter-vos poupado essa crise que não previa. Era muito recente o meu desprendimento para ocupar-me de outras coisas que não as espirituais; mas agora velarei por vós, caro mestre. Aqui estou para, feliz como Espírito, ao vosso lado, prestar os meus serviços. Conheceis o provérbio: ‘ajuda-te, o céu te ajudará’. Pois bem, ajudai os bons Espíritos que vos assistem, conformando-vos com as suas prescrições. Está muito quente aqui: esta fumaça é irritante. Enquanto estiverdes doente, convém não fazer lume, a fim de não aumentar a vossa opressão. Os gases Assine 19 3233 5596 que aí se desprendem são deletérios. Vosso amigo Demeure.” “Sou eu, Demeure, o amigo do Sr. Kardec. Venho dizer-lhe que o acompanhava quando lhe sobreveio o acidente. Este seria certamente funesto sem a intervenção eficaz para a qual me ufano de haver concorrido. De acordo com as minhas observações e com os informes colhidos em boa fonte, é evidente para mim que, quanto mais cedo se der a sua desencarnação, tanto mais breve reencarnará para completar a sua obra. É preciso, contudo, antes de partir, dar a última demão às obras complementares da teoria doutrinal de que é o iniciador. Se, portanto, por excesso de trabalho, não atendendo à imperfeição do seu organismo, antecipar a partida para cá, será passível da pena de homicídio voluntário. É mister dizer-lhe toda a verdade, para que se previna e siga estritamente as nossas prescrições. Demeure.” A seguinte comunicação foi obtida em Montauban, aos 26 de janeiro, dia seguinte ao da sua desencarnação, num Centro de amigos espíritas que havia nessa cidade. “Antoine Demeure. Não morri para vós, meus amigos, porém para aqueles que não conhecem a santa doutrina que reúne os que se amaram e tiveram na Terra os mesmos pensamentos, os mesmos sentimentos de amor e caridade. Sou feliz e mais feliz do que esperava, gozando de uma lucidez rara entre os Espíritos, relativamente ao tempo da minha desencarnação. “Revesti-vos de coragem, bons amigos, que eu estarei muitas vezes junto de vós, instruindo-vos em muitas coisas que ignoramos quando presos à matéria, espesso véu que é de tantas magnificências, de tantos gozos. Orai pelos que estão privados dessa felicidade, pois eles não sabem o mal que fazem a si mesmos. “Hoje não me prolongarei, dizendo-vos somente que me não sinto de todo estranho neste mundo dos invisíveis, parecendo-me até que sempre o habitei. Aqui sou feliz em vendo os meus amigos, comunicando-me com eles sempre que o desejo. “Não choreis, meus amigos, porque me faríeis lamentar o haver-vos conhecido. Deixai correr o tempo, e Deus vos encaminhará para esta mansão, onde nos devemos todos reunir finalmente. Boa-noite, amigos; que Deus vos conforte, ficando eu ao vosso lado. Demeure.” Ainda de uma carta de Montauban extraímos a narrativa seguinte: “Tínhamos ocultado à Sra. G..., médium sonambúlico e vidente muito lúcido — a morte do Dr. Demeure, em atenção à sua extrema sensibilidade. Sem dúvida, secundando o nosso intuito, o bom médico também evitou manifestar-se-lhe. A 10 de fevereiro reunimo-nos a convite dos guias, Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP 21 biografia FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 que diziam querer aliviar a Sra. G... de uma luxação, em conseqüência da qual muito sofria desde a véspera. Nada mais sabíamos, e longe estávamos de pensar na surpresa que nos aguardava. Logo que essa senhora se mediunizou, começou a soltar gritos lancinantes, mostrando o pé. Eis o que se passava: A Sra. G... via um Espírito curvado a seus pés com a fisionomia oculta, a fazer-lhe fricções e massagens, exercendo de vez em quando uma tração longitudinal sobre a parte luxada, exatamente como faria qualquer médico. A operação era tão dolorosa, que a paciente vociferava empregando movimentos desordenados. “No entanto, a crise não foi longa e ao fim de uns dez minutos desapareciam a inflamação e os traços da luxação, retomando o pé a sua aparência normal. A Sra. G... estava curada! O Espírito continuava incógnito para o médium, persistindo em não lhe revelar as feições, quando, por mostrar desejos de retirar-se, a doente, que momentos antes não daria um passo, se atira de um salto ao centro do quarto para apertar a mão do seu médico espiritual. Ainda desta feita, o Espírito voltou o rosto, deixando a mão na do médium. Nesse momento a Sra. G... dá um grito e cai desfalecida no soalho, vindo de reconhecer o Dr. Demeure no Espírito que a operava. 22 Durante a síncope ela recebia cuidados de muitos Espíritos afeiçoados. “Por fim, reapareceu a lucidez sonambúlica e ela conversou com muitos desses Espíritos, trocandose felicitações, sobretudo com o Dr. Demeure, que lhe correspondia aos testemunhos de afeição penetrandoa de fluidos reparadores. “Não é uma tal cena surpreendentemente dramática, considerando-se as personagens como que representando papéis da vida humana? Não será uma prova, entre mil outras, de que os Espíritos são seres efetivamente reais agindo como se estivessem na Terra? Somos felizes por ver, no amigo Espírito, o mesmo coração bondoso do médico solícito e abnegado que foi neste mundo. Ele fora durante a vida o médico do médium, e, conhecendo a sua extrema sensibilidade, poupou-o tanto quanto se fora seu próprio filho. Esta prova de identidade, conferida aos que o Espírito prezava, é admirável e de molde a fazer encarar a vida futura por um prisma mais consolador.” Nota — A situação espiritual do Dr. Demeure é justamente a que se podia antever na sua vida tão digna quão utilmente empregada. Mas, dessas comunicações, resulta ainda um outro fato não menos instrutivo — o da atividade que ele emprega quase imediatamente após a morte, no sentido de tornar-se prestimoso. Por sua alta inteligência e qualidades morais, ele pertence à cate- goria dos Espíritos muito adiantados. A sua felicidade não é, porém, a da inação. Ainda há poucos dias tratava doentes como médico, e mal apenas se desprende da matéria, ei-lo a tratá-los como Espírito. Dirão certas pessoas que nada se adianta, então, com a permanência no outro mundo, uma vez que se não goza ali de repouso. É o caso de lhes perguntarmos se é nada o não termos mais cuidados, necessidades, moléstias; podermos livre e sem fadigas percorrer o Espaço com a rapidez do pensamento, ver os que nos são sempre caros e a toda hora, por mais distantes que de nós se achem! E acrescentaremos: Quando no outro mundo, nada vos forçará a vontade; poderíeis ficar em beatífica ociosidade e pelo tempo que vos aprouvesse, mas ficai certos de que esse repouso egoísta depressa vos enfadaria, e seríeis os primeiros a solicitar qualquer ocupação. Então se vos diria que se a ociosidade vos enfada, deveis vós mesmos procurar algo fazer, visto não escassearem ocasiões de ser útil, quer no mundo dos Espíritos, quer no dos homens. E assim é que a atividade espiritual deixa de ser uma obrigação para tornar-se uma necessidade, um prazer relativo às tendências e aptidões, escolhidos de preferência os misteres mais propícios ao adiantamento de cada um. v Fonte: KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Págs. 201 – 206. Feb. 1992. Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP Assine 19 3233 5596 neurologia FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 Surto alucinatório benigno da adolescência (transtorno mental de origem mediúnica) por Nubor Quero fazer um relato sucinto de três pacientes acometidos de um quadro extremamente perturbador de alucinações auditivas e visuais. Creio que esse quadro pode ser visto como um transtorno que ainda não foi descrito na literatura médica com as características e a interpretação que vou dar ao quadro. Nos três casos os sintomas se iniciaram no curto espaço de uns poucos dias e se agravam rapidamente, assumindo proporções difíceis de serem controlados. Os pacientes começam a ouvir vozes com diálogos organizados, com propósitos bem definidos, sem aquelas características caóticas dos esquizofrênicos. As visões são mais elaboradas, podendo ser identificadas como “entidades” familiares ou não, com competência para dar recados, ordens ou fazerem sugestões objetivas. Podem ocorrer transfigurações fisionômicas e comportamento agressivo. Um paciente dava sinais claros de estar incorporado por uma entidade espiritual que afrontava violentamente os familiares que tentavam contê-lo. O afrontamento entre os familiares e as entidades que se manifestavam foram sempre improdutivos, agravando a situação de agressividade. A conduta médica habitual foi a sedação com o uso de antipsicóticos que contém o paciente sem solucionar o seu quadro. Orientei os familiares para conside- Assine 19 3233 5596 rarem a possibilidade de serem manifestações mediúnicas, que a medicação seria pouco eficaz e que esses quadros são auto-limitados, ou seja, em poucos meses, dois ou três, o quadro vai desaparecer por completo. Era preciso assumir uma postura tranqüilizadora, sem enfrentamentos, pautada em princípios morais elevados, incluindo a prática da caridade dentro e fora de casa. Os três pacientes seguiram esse curso clínico que preveni os familiares. Depois de 3 a 6 meses o quadro desapareceu por completo. Orlando Facure Curiosamente, deixando aos pacientes pouca lembrança do ocorrido. O autor Dr. Nubor Orlando Facure, espírita desde criança, especialista em Neurologia, diretor do Instituto do Cérebro de Campinas, ex-professor titular de Neurocirurgia da UNICAMP, pesquisador, escritor e expositor espírita, é colaborador desta Revista. v Fonte: http://nuborfacure.blogspot.com Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP 23 compreensão FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 os dois espelhos por Vinicius Um dos objetos cujo uso está mais vulgarizado na sociedade é, sem dúvida, o espelho. Sua invenção data do século XIII, quando então se usava forrar a parte posterior do vidro com lâminas de metal. Mais tarde, pelo século XVI, a prática havia mostrado que, estanhando-se as lâminas de vidro na face posterior, a parte anterior refletia perfeitamente a imagem que se colocava em frente. Estava realizada a grande descoberta. Já se não fazia mais mister, como na Antiguidade, recorrer ao poder refletor dos discos de aço polido. O engenho humano havia resolvido o grande problema. O homem podia mirar-se à vontade, vendo sua imagem fielmente refletida na prancha de vidro emoldurada em elegantes caixilhos. Desde então o fabrico de espelhos, constituiu rendosa indústria, tal a generalização do seu emprego. Não há lar, por mais modesto, onde se não encontre esse utensílio havido 24 como indispensável. Nos palácios mais suntuosos, como nos casebres mais humildes, lá está o espelho ostentado luxuosamente nas portas dos ricos guarda-casacas, ou pendentes das paredes em singelos quadrinhos forrados de papelão. Ninguém lhe dispensa o uso: do mais pobre ao mais rico, do sábio ao insciente, do pária ao magnata. Ambos os sexos o consideram como rigorosamente necessário. Sair à rua sem consultá-lo no amanho da gravata, no arranjo do cabelo, na disposição geral do fato, é falta imperdoável que a nossa elite é incapaz de praticar. Quanto às moças, é mais fácil “passar o camelo pelo fundo da agulha”, que a senhorinha do século defrontar com espelhos sem dar um toque no cabelo e no vestuário, sem correr um olhar de inspeção em seu porte e nas linhas gerais do talhe. O espelho é tido em tal estima pelas moças que, além de não dispensá-lo em todos os cômodos da casa, trazem-no consigo em bolsas ou carteiras elegantes, a fim de consultá-lo a cada instante, a todos os momentos. No entanto, cumpre notar, há um outro espelho, que não é fruto do engenho humano, mas constitui a mais preciosa das faculdades com que Deus houve por bem, em seu amor, dotar a todos os seus filhos, a fim de que se refletisse neles a divina paternidade, assegurando-lhes, ao mesmo tempo, o meio seguro de marcharem triunfantes na conquista de um porvir glorioso: é a consciência. Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP Assim como o espelho reflete o nosso exterior, a consciência reflete o nosso interior. Vemos através dela a imagem perfeita de nossa alma, como no espelho a imagem real do nosso rosto. O espelho dá conta de nossa fisionomia, de nosso semblante, de nossa forma. Assine 19 3233 5596 compreensão FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 forço em conservá-lo, declina e periclita, e não nos incomodarmos com o aperfeiçoamento do espírito, sede da inteligência e dos sentimentos? Trocaremos, então, o indumento do corpo pelo indumento da alma, atendendo pressurosos aos reclamos daquele e desprezando os clamores desta? É admirável que o homem se mire tantas vezes no espelho de vidro e não se habitue a usar com a mesma assiduidade o espelho da alma — a consciência — essa faculdade que ele traz consigo, que faz parte integrante de si mesmo, de sua estrutura moral! A consciência nos revela o espírito, o caráter, os sentimentos mais íntimos e recônditos. Ambos — espelho e consciência — se prestam ao mesmo fim: compor as linhas da harmonia, reparar os senões, corrigir, embelezar — o espelho, ao corpo, a consciência, ao espírito. Ambos têm a mesma função: ref letir com justiça, pondo, diante de nosso próprio critério, o aspecto, a figura exata do nosso físico e do nosso moral, a forma externa e a interna do nosso ser. Ora, assim sendo, não será estranhável estimarmos tanto o espelho de vidro, frágil e quebradiço quanto a matéria que reflete, desdenhando a consciência, essa faculdade maravilhosa que reproduz a divina imagem a cuja semelhança fomos criados? Não será insânia curarmos, com tanto zelo, do corpo que perece, olvidando o espírito que permanece? Se não saímos à rua com os cabelos em desalinho com o fato amar- Assine 19 3233 5596 fanhado, com os sapatos despolidos, como, então, ousamos expor aos olhos de nossos maiores, que de cima nos observam, a alma coberta de míseros andrajos e imundas farandolagens? Se consultamos o espelho no que respeita à beleza do corpo, porque não consultarmos a consciência no que concerne à beleza da alma? Valerá, acaso, aquele mais que esta? Se recorremos diariamente, a cada instante mesmo, ao concurso do espelho para adornar o nosso físico, porque não proceder assim, apelando para a consciência constantemente, a fim de tornar íntegro e belo o nosso caráter? Se obedecemos aos reflexos do espelho, corrigindo todas as falhas que ele acusa em nosso exterior, porque não fazer outro tanto atendendo à consciência, sempre que ela acuse, intimamente, as falhas do nosso interior? Porque nos afligirmos com os reparos do corpo, desse corpo que dia a dia, a despeito de todo nosso es- Não condenamos as moças porque desejam ser belas. Essa aspiração é natural, é intrínseca da espécie, constituindo incentivo para o seu aperfeiçoamento. Lamentável é esse estrabismo que leva a mocidade a só buscar o belo exterior, descuidando o belo interior. A beleza é como a saúde: vem de dentro para fora. Reza a tradição que Maria, mãe de Jesus, era um peregrino tipo de beleza. Cremos piamente nessa tradição; cremos porque podemos ver, positivamente, através das virtudes excelsas que lhe exornam o caráter de mulher perfeita, o reflexo de uma beleza sem exemplo nos fastos da história feminina. Se no interior era tudo harmonia, era tudo doçura, encanto e bondade, como o exterior não havia de objetivar tais dotes e virtudes em rasgo e traços de beleza? Sem deixarmos, portanto, de nos olhar por fora, olhemo-nos também por dentro. Façamos uso dos dois espelhos. v Fonte: VINÍCIUS. Em Torno do Mestre. Págs. 111 – 114. Feb. 2009.. Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP 25 com todas as letras FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 VERBO NO PLURAL COM UM DOS QUE POR EdUARdO Ele foi um dos que ficaram ou um dos que ficou? Ele foi um dos jornalistas que escreveram sobre o tema ou um dos jornalistas que escreveu sobre o tema? Este é um caso típico em que as aparências enganam: a concordância não se faz com o um, mas com o dos que. Por isso: Ele foi um dos que ficaram. /Ele foi um dos homens que vieram. Desdobre a oração e veja como raciocinar: Dos que ficaram, ele foi um./ Dos que vieram, ele foi um. É fácil explicar por quê: quando se diz um dos que ficaram, está subentendido que vários ficaram e ele foi um deles. Da mesma forma, vários jornalistas escreveram sobre o tema e ele foi um. Repare ainda numa forma alternativa: Ele é um dos restantes. /Ele é um dos jornalistas mais brilhantes da sua geração. Destes, desses e daqueles seguem a norma. Portanto, sem nenhum receio, use: Esse foi um dos livros que encantaram a sua juventude. / Eis um dos que mais pedem apoio./ Não era um desses que se arrependem./Era uma daquelas casas que haviam desabado. Às vezes o um pode ser omitido: Não sou dos que pensam assim. /Não sou desses profissionais que não sabem o que querem. / É daquelas aves que migram todo ano. v MARTINS Com, nós, ou e mais de um: Com. Se dois sujeitos estiverem ligados por com ou locução equivalente, o verbo ficará no singular se o primeiro deles prevalecer sobre o segundo (e convém pôr o segundo entre vírgulas): O rei, com toda a corte, compareceu à solenidade. / O presidente, ao lado de cinco ministros, participou da missa solene. / O general, acompanhado do ajudante-de-ordens, passou a tropa em revista. O verbo só deverá ir para o plural nos casos (raros) em que os dois sujeitos tiverem a mesma importância: A mãe com a filha foram salvas do incêndio. / O presidente com o primeiro-ministro viajaram para o Brasil. Nós subentendido. Quando a pessoa que fala se inclui num grupo, o verbo concorda com o pronome nós: Todos aprovamos a decisão (eu e eles, nós e eles). / Éramos seis na casa. / Os jornalistas devemos ser objetivos. Ou. Quando o ou que liga duas palavras indica exclusão, o verbo fica no singular: Joana ou Maria será a sua mulher (uma ou outra). / O senador ou o deputado será eleito presidente (um ou outro). Se a idéia for a de inclusão ou oposição, o verbo irá para o plural: O diretor ou o tesoureiro podem assinar a fatura (os dois podem). /Ganhar ou perder fazem parte do jogo (oposição). Neste último caso, prefira o e, quando possível. Mais de um. Verbo no singular: Mais de um deles será convidado. / Mais de um político defende essa tese. Verbo no plural apenas quando a expressão for repetida ou indicar reciprocidade: Mais de um amigo, mais de um parente o advertiram. / Mais de um torcedor se feriram na briga (reciprocidade). Fonte: MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág. 118. Editora Moderna. 1999. 26 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP Assine 19 3233 5596 mensagem FidelidadESPÍRITA | Dezembro/2010 CULTIVA A PAZ “E, se ali houver algum filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; e, se não, ela voltará para vós.” - Jesus. (Lucas, 10:6.) Assine 19 3233 5596 Em verdade, há muitos desesperados na vida humana. Mas quantos se apegam, voluptuosamente, à própria desesperação? Quantos revoltados fogem à luz da paciência? Quantos criminosos choram de dor por lhes ser impossível a consumação de novos delitos? Quantos tristes escapam, voluntariamente, às bênçãos da esperança? Para que um homem seja filho da paz, é imprescindível trabalhe intensamente no mundo íntimo, cessando as vozes da inadaptação à Vontade Divina e evitando as manifestações de desarmonia, perante as leis eternas. Todos rogam a paz no Planeta atormentado de horríveis discórdias, mas raros se fazem dignos dela. Exigem que a tranqüilidade resida no mesmo apartamento onde mora o ódio gratuito aos vizinhos, reclamam que a esperança tome assento com a inconformação e rogam à fé lhes aprove a ociosidade, no campo da necessária preparação espiritual. Para esmagadora maioria dessas criaturas comodistas a paz legítima é realização muito distante. Em todos os setores da vida, a preparação e o mérito devem anteceder o benefício. Ninguém atinge o bem-estar em Cristo, sem esforço no bem, sem disciplina elevada de sentimentos, sem iluminação do raciocínio. Antes da sublime edificação, poderão registrar os mais belos discursos, vislumbrar as mais altas perspectivas do plano superior, conviver com os grandes apóstolos da Causa da Redenção, mas poderão igualmente viver longe da harmonia interior, que constitui a fonte divina e inesgotável da verdadeira felicidade, porque se o homem ouve a lição da paz cristã, sem o propósito firme de se lhe afeiçoar, é da própria recomendação do Senhor que esse bem celestial volte ao núcleo de origem, como intransferível conquista de cada um. Vinha de Luz Emmanuel / Chico Xavier Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP 27 Centro de Estudos Espíritas Conheça nossas atividades e participe. Nosso Lar Cursos gratuitos dias Horários Início 1º Ano: Curso de Iniciação ao Espiritismo com aulas e projeção de filmes (em telão) alusivos aos temas. Duração 1 ano com uma aula por semana. 2ª Feira 20h00 - 21h30 07/03/2011 1º Ano: Curso de Iniciação ao Espiritismo com aulas e projeção de filmes (em telão) alusivos aos temas. Duração 1 ano com uma aula por semana. domingo 10h00 - 11h00 13/03/2011 2º Ano 3ª Feira 20h00 - 22h00 01/02/2011 Restrito 2º Ano domingo 09h00 – 11h00 06/02/2011 Restrito 3º Ano 4ª Feira 20h00 - 22h00 02/02/2011 Restrito 3º Ano Sábado 16h00 – 18h00 05/02/2011 Restrito Evangelização da Infância domingo 10h00 – 11h00 Fev / Nov Aberto ao público Mocidade Espírita domingo 10h00 – 11h00 ininterrupto Aberto ao público Assistência Espiritual: Passes 2ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao público Assistência Espiritual: Passes 4ª Feira 14h00 - 14h40 ininterrupto Aberto ao público Assistência Espiritual: Passes 5ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao público Assistência Espiritual: Passes domingo 09h00 - 09h40 ininterrupto Aberto ao público Palestras Públicas domingo 10h00 - 11h00 ininterrupto Aberto ao público Atendimento ao público Rua dr. Luís Silvério, 120 Vl. Marieta - Campinas/SP (19) 3233-5596 Vídeos Biografias Biblioteca Ônibus: Vila Marieta nr. 348 *Ponto da Benjamim Constant em frente à biblioteca municipal. Conheça mais sobre nós: www.nossolarcampinas.org.br