Existência e Sobrevivência dos Espíritos
"A dúvida, no que concerne à
existência dos espíritos, tem como
causa primária a ignorância acerca da
verdadeira natureza deles. Geralmente
são figurados como seres à parte da
criação e de cuja existência não está
demonstrada a necessidade”.
"Seja qual for a idéia que dos
Espíritos se faça, a crença neles
necessariamente se funda na existência de um princípio inteligente fora da
matéria. Essa crença é incompatível
com a negação absoluta deste princípio. Tomamos por ponto de partida, a
existência, a sobrevivência e a individualidade da alma que têm no Espiritualismo a sua demonstração teórica e
dogmática e, no Espiritismo, a demonstração positiva”.
Desde que se admite existência da alma e sua individualidade após a
morte, forçoso é também que se admita:
1º - que a sua natureza difere da do corpo, visto que, separada deste,
deixa de ter as propriedades peculiares ao corpo;
2º - que goza da consciência de si mesma, pois que é passível de
alegria, ou de sofrimento, sem o que seria um ser inerte, caso em que
possuí-la de nada nos valeria. Admitindo isso, tem-se que admitir que essa
alma vai para alguma parte. Que vem a ser feito dela e para onde vai?
Segundo as crenças que conhecemos, vai para o céu, ou para o inferno.
Mas onde ficam? Dizia-se outrora que o céu era em cima e o inferno era em baixo.
Porém o que são o alto e o baixo no Universo, uma vez que se conhece a
esfericidade da Terra, o movimento dos astros, movimento que faz com que em
dado instante o que está no alto esteja, doze horas depois em baixo.
Verdade é que por lugares inferiores também se designam as profundezas
da Terra. Mas que vêm a ser essas profundezas e também as crenças antigas
sobre os céus de fogo e os céus de estrelas, desde que a Ciência nos esclareceu
todos estes mistérios. A Terra não é o centro dos mundos, que o nosso Sol não é
único, milhões deles brilham no espaço.
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UNIVERSO GEOCÊNTRICO DE PTOLOMEU
UNIVERSO HELIOCÊNTRICO DE COPÉRNICO
A que ficou reduzida a importância da Terra mergulhada nessa
imensidade? Por que injustificável privilégio este quase imperceptível grão de
areia (insignificante planeta) que não avulta pelo seu volume, nem pela sua
posição, nem pelo papel que lhe cabe desempenhar, seria o único planeta
povoado de seres racionais?
A razão se recusa a admitir semelhante nulidade do infinito e tudo nos diz
que os diferentes mundos são habitados. Ora, se são povoados, também
fornecem seus contingentes para o mundo das almas."
Ora, sabendo que o Universo passou por inumeráveis cataclismos, para
onde foram essas almas?
Não podendo a doutrina da localização das almas harmonizar-se com os
dados da Ciência, outra doutrina mais lógica lhes assina por domínio, não um
lugar determinado e circunscrito, mas o espaço universal; formam elas um mundo
invisível, em o qual vivemos imersos, que nos cerca e acotovela incessantemente.
Haverá nisso alguma impossibilidade, alguma coisa que repugne à razão? De
modo nenhum; tudo, ao contrário, nos afirma que não pode ser de outra
maneira.Mas, então, que vem a ser das penas e recompensas futuras, desde que
lhe suprimam os lugares especiais onde se efetivem? Notai que a incredulidade,
com relação a tais penas e recompensas, provém geralmente de serem umas e
outras apresentadas em condições inadmissíveis. Dizei, em vez disso, que as almas tiram de si mesmas a sua felicidade ou a sua desgraça; que a sorte lhes
está subordinada ao estado moral; que a reunião das que se votam mútua
simpatia e são boas representa para elas uma fonte de ventura; que de acordo
com o grau de purificação que tenham alcançado, penetram e entrevêem coisas
que almas grosseiras não distinguem, e toda a gente compreenderá sem
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dificuldade. Dizei mais, que as almas não atingem o grau supremo, senão pelos
esforços que façam por se melhorarem e depois de uma série de provas adequadas à sua purificação; que os anjos são almas que galgaram o último grau da
escala, grau que todos podem atingir, tendo boa vontade; que os anjos são os
mensageiros de Deus, encarregados de velar pela execução de seus desígnios...
Dizei, finalmente que os demônios são simplesmente as almas dos maus, ainda
não purificadas, mas que podem, como as outras, ascender ao mais alto cume da
perfeição e isto parecerá mais conforme com a justiça de Deus. “Aí tendes o que a
mais severa razão, a mais rigorosa lógica, o bom senso, em suma, podem
admitir.”
Para que possamos entender tudo isso, de maneira simples e racional,
observemos o seguinte:
- Figuremos, primeiramente, o Espírito em união com o corpo. Ele é o ser
principal, pois que é o ser que pensa e sobrevive. O corpo não passa de um
acessório seu, de um invólucro, uma veste, que ele deixa quando usada. Além
desse invólucro material, tem o Espírito um segundo, semimaterial, que o liga ao
primeiro. Por ocasião da morte, despoja-se deste, porém, não do outro, a que
damos o nome de perispírito. “Esse invólucro semimaterial, que tem a forma
humana, constitui para o Espírito um corpo fluídico, vaporoso, mas que, pelo fato
de nos ser invisível no seu estado normal, não deixa de ter algumas propriedades
da matéria.”
O Espírito não é, pois, um ponto, uma abstração; é um ser limitado e
circunscrito, ao qual só falta ser visível e palpável para se assemelhar aos
seres humanos.
- A existência da alma e a de Deus, conseqüência uma da outra, constituindo a base de todo o edifício, antes de travarmos qualquer discussão espírita,
importa indaguemos se o nosso interlocutor admite essa base.
Se a estas questões:
- Credes em Deus?
- Credes que tendes uma
alma?
- Credes na sobrevivência da
alma após a morte?
Responder: "não sei; desejara
que assim fosse; mas não tenho a
certeza disso..." equivale a uma negação... Tão inútil seria ir além, como
querer demonstrar as propriedades da luz a um cego que não admitisse a
existência da luz.
Admitida que seja a base, não como simples probabilidade, mas como
coisa averiguada, incontestável, dela muito naturalmente decorrerá a existência
dos Espíritos.
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Resta agora a questão de saber, se o Espírito pode comunicar-se com o
homem, isto é, se pode com este trocar idéias. Por que não? Que é o homem
senão um Espírito aprisionado num corpo? Por que não há de um Espírito livre
poder se comunicar com um Espírito cativo?
Desde que admites a sobrevivência da alma, seria racional que não admitas
a sobrevivência de afetos?
Estando as almas por toda à
parte, não será natural acreditar que a
de um ente que nos amou durante a
vida, se acerque de nós, deseje comunicar-se conosco e se sirva para isso
dos meios de que disponha? Porque
razão, depois de morto, entrando em
acordo com outro Espírito ligado a um
corpo, estaria impedido de se utilizar
desse corpo vivo, para exprimir o seu
pensamento, da mesma forma que o
fazia quando vivo?"
O problema do Ser
O primeiro problema que se apresenta ao pensamento é o do próprio
pensamento, ou, antes do ser pensante.
Qual a natureza de nossa personalidade?
Comporta ela um elemento suscetível de sobreviver à morte?
A estas respostas são afetas todas as apreensões, todas as esperanças da
Humanidade.
O problema do Ser e o problema da alma fundem-se num só. É a alma
humana que fornece ao homem o seu princípio de vida e movimento.
A alma humana é uma vontade livre e soberana, é a unidade consciente
que domina todos os atributos, todas as funções, todos os elementos materiais do
ser, como a alma divina domina, coordena e liga todas as partes do Universo para
harmonizá-las.
A alma é imortal, porque o nada não existe e nenhuma coisa pode ser
aniquilada, nenhuma individualidade pode deixar de ser. A dissolução das formas
materiais prova simplesmente uma coisa: Que a alma é separada do organismo
por meio do qual se comunicava com o meio terrestre. A alma permanece no
Espaço ligada ao seu corpo espiritual, de que é inseparável, a forma imponderável
que para si preparou com seus pensamentos e obras.
Esse corpo sutil, essa duplicação fluídica existe em nós no estado
permanente. Embora invisível, serve, entretanto, de molde ao nosso corpo
material. Este não representa, no destino do ser, o papel mais importante. Essa
forma sutil, que permanece ligando o Espírito à matéria, conforme já foi dito,
mesmo durante a vida pode separar-se, em certas condições, do corpo carnal, e
também agir, aparecer, manifestar-se à distância como mais adiante veremos.
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As provas da existência da alma são de duas espécies:
- morais e experimentais
Vejamos primeiro as provas morais e as de ordem lógica:
- Segundo a Escola Materialista e Monista, a alma não é mais do que a
resultante das funções cerebrais.
Resposta:
- A matéria não pode gerar qualidades que ela não tem, átomos não podem
representar a razão, o gênio, o amor puro, a caridade sublime. O cérebro, dizem,
cria a função. É caso compreensível que uma função possa conhecer-se, possuir
a consciência, e a sensibilidade? Como explicar a consciência, a não ser pelo
espírito?
O organismo material não é o princípio da vida e das faculdades; é ao
contrário, o seu limite.
A noção do bem, gravada no fundo das consciências, é, igualmente, prova
evidente da nossa origem espiritual; isso nos permite sentir remorso e dor moral,
conhecer o bem e o mal, o que não sucederia se o homem procedesse do pó ou
fosse resultante das forças mecânicas do mundo.
Se a vista do mal nos tem causado sofrimento, se choramos por nós e
pelos outros, pudemos entrever, nessas horas de tristeza, de dor reveladora, as
secretas profundezas da alma, suas ligações misteriosas com o Além, e
compreendemos o encanto amargo e o fim elevado da existência, enfim, de todas
as existências. Este fim é a educação dos seres pela dor; é a ascensão das coisas
finitas para a Vida Infinita.
Só por um lado pertencemos ao mundo material. É por isso que tão
vivamente padecemos com os seus males.
O homem é, pois, ao mesmo
tempo, espírito e matéria, alma e corpo;
mas, talvez que espírito e matéria não
sejam mais do que simples palavras,
exprimindo de maneira imperfeita as
duas formas da vida eterna, a qual
dormita na matéria bruta, acorda na
matéria orgânica, adquire atividade, se
expande e se eleva no espírito.
Finalizando, a matéria é inteiramente desprovida de unidade como
estabeleceram Becquerel, Curie, Le Bom.
MEDIDAS
A fonte em movimento assinala o poder do manancial.
A caridade em ação é o metro que determina as dimensões da fé.
Emmanuel
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“No Universo só o espírito representa o elemento uno, simples, indivisível e, por conseguinte, lógicamente
é indestrutível, imperecível, imortal!”
“Comunicar-se física e intelectualmente durante a vida e após a
morte, para o Espírito, não há solução
de continuidade entre estes diferentes
estados psíquicos. Quer estes fenômenos se dêem durante a vida material ou
depois, são idênticos nas suas causas,
nas suas leis e nos seus efeitos; produzem-se segundo modos constantes”.
Há continuidade absoluta e graduação entre todos esses fatos,
desvanecendo-se assim a noção de sobrenatural que por muito tempo, os tornou
suspeitos da Ciência. A morte não é um salto; é a separação e não a dissolução
de dois elementos que constituem o homem terrestre, é a passagem do mundo
visível ao mundo invisível, cuja delimitação é puramente arbitrária e devida simplesmente à imperfeição dos nossos sentidos. A vida de cada um de nós no além
é o prolongamento natural e lógico da vida atual, o desenvolvimento da parte
invisível do nosso ser. Há concatenação no domínio psíquico, como no domínio
físico.
Em qualquer ordem de aparições, é sempre a forma fluídica, o veículo da
alma, esboço do corpo físico que se concretiza e se torna perceptível para os
sensitivos.
Prova absoluta da existência dos Espíritos
A fim de não restar dúvida alguma de que os Espíritos são os autores das
manifestações espíritas, observemos os seguintes argumentos:
- Se as mensagens recebidas pela mesa, não são reflexos do pensamento
dos assistentes, se essas comunicações relatam acontecimentos reais,
absolutamente desconhecidos dos participantes, será indispensável admitir que
esses ditados provêm das inteligências desencarnadas que, voluntariamente, se
manifestam, pois que é possível verificar as suas afirmações e analisar a sua
identidade".
Bibliografia: KARDEC, Allan – LM Cap. I, 1a parte; G: Cap. XI 1 a 4; DENIS, Léon:
O Problema do Ser do Destino e da Dor Cap. III e VII; G; DELANNE, Gabriel: O
Fenômeno Espírita Cap. II (2a parte) Prova absoluta da existência dos Espíritos.
MEDIDA DE ELEVAÇÃO
A vida ensina quesomente nos elevamos nas bênçãos da compreensão e do
amor ao próximo na medida em que descemos das passarelas de exibição
de nós mesmos.
Emmanuel
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