ABORDAGENS SOBRE A EXPANSÃO COMERCIAL E ECONÔMICA DA CIDADE DE LAGARTO-SE Dulcilene Santos Tavares 1 Almir Souza Vieira Junior 2 RESUMO Partindo de um breve contexto sobre a cidade de Lagarto-SE, o objetivo foi analisar a expansão econômica e comercial da cidade nas últimas décadas. Destacando, o centro comercial da cidade que muda gradativamente. Trabalhando os aspectos metodológicos a partir de levantamento bibliográfico e fazendo-se uso do método analítico-descritivo e estudo de campo. Assim, chegou-se à conclusão que o processo de expansão se deu através de ações sociais e políticas-econômicas, contudo, procurou-se compreender a dinâmica dos negócios consolidados e sua especulação territorial. Palavras-Chaves: Comércio. Expansão. Lagarto ABSTRACT Starting with a brief background of the trade of the town of Lagarto-SE, the objective was to analyze the economic and trade expansion of the city in recent decades. Highlighting the city's commercial center that gradually changes. Working from the methodological aspects of literature and making use of the analytical method and descriptive field study. So come to the conclusion that the expansion process was through social action and political-economic, however, sought to understand the dynamics of business and consolidated his speculation territorial. Word-Keys: Expansion. Lagarto. Trade. INTRODUÇÃO A pesquisa inicialmente busca entender como surgiu esse centro urbano, a partir do entendimento do seu contexto histórico e do processo de expansão da cidade. A partir da década de 1970, a estrutura urbana brasileira sofre importantes mudanças, que de acordo com Corrêa (2001, p.89), é determinada por mudanças ocorridas na organização socioespacial. Especialmente a desconcentração, a extensão e 1 Licenciada em Geografia pela Faculdade José Augusto Vieira e cursando Pós-Graduação em Território, Desenvolvimento e Meio Ambiente também pela Faculdade Jose Augusto Vieira - FJAV, e-mail: [email protected]. 2 Professor do curso de geografia da Faculdade José Augusto Vieira - FJAV, Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe, e-mail: [email protected]. a diversificação das atividades produtivas, com o nascimento de centros industriais e comerciais variados e especializados. Nota-se, no entanto, uma nova geografia como mostrou Santos (1994, p.123), com alterações na contextualização, no conteúdo e nas formas de uso do espaço, onde os resultados combinados configuram um novo Brasil urbano, no qual se destaca um complexo e variado processo de reestruturação da rede urbana, a partir da redefinição dos conteúdos e dos papéis das cidades, sejam elas metrópoles, grandes cidades, cidades médias ou cidades pequenas. No entanto foi preciso analisar as características do processo de crescimento do comércio, houve a necessidade de se caracterizar o papel dos primeiros habitantes neste espaço, assim como seus fundadores e políticos. Esta pesquisa tenta resumidamente mostrar a importância de um início estrutural da formação de uma cidade, dando ênfase à formação do sistema, suas características, processos de desenvolvimento e mudanças mais notáveis considerando seus pontos relevantes, sendo o objetivo básico mostrar todo o processo de criação e efeitos de tal expansão. A partir do contexto abordado, a pesquisa procura analisar com o objetivo de esclarecer sobre as interferências e complexidades econômicas. Usaram-se metodologias como, definições acerca da problemática econômica e social, aspectos metodológicos a partir de levantamento bibliográfico e o uso do método analítico-descritivo e estudo de campo. Dessa forma chega-se à conclusão que o processo de expansão depende de ações sociais e político-econômicas. Dessa forma a pesquisa conclui que a cidade em estudo tem uma localização favorável, é um dos polos de atração de investimento no estado, na região Centro-Sul, atingindo economicamente os municípios que compreendem essa região e até mesmo municípios do interior da Bahia, com uma política expansionista de oferta de serviços, como a construções de Faculdades, Hospital, Clínicas e mais recentemente a construção de uma Universidade e um Shopping, ações executadas pelos agentes das esferas privada e estatal, principalmente. 1 O MUNICÍPIO DE LAGARTO 1.1 Localização e Características Gerais Localiza-se na região Centro-Sul de Sergipe (mapa1) entre as latitudes de 10º41'30" e 10º56’43” Sul e as longitudes de 37º34’22” e 37º52'09" Oeste, com altitudes em torno dos 180 metros acima do nível do mar. Limita-se ao Norte com os municípios de Pedra Mole e Macambira; ao Sul com os municípios de Riachão do Dantas e Boquim; ao Leste com os municípios de São Domingos, Campo do Brito, Itaporanga d’Ajuda e Salgado; e a Oeste com Simão Dias. Mapa 1 – Localização do Município de Lagarto Fonte: Digitalização Hunaldo Lima, Adap. Almir Junior O município possui uma área de 969,226 km² (IBGE, 2012), situada em uma faixa de transição climática, e famosa por apresentar uma das melhores distribuições de terra do estado, tendo muitas pequenas propriedades e grande população rural. Sendo Lagarto e Itabaiana os municípios onde se concentra boa parte da população rural de Sergipe. As terras de Lagarto fazem parte de duas bacias hidrográficas, a do Rio Piauí e do Rio Vaza-Barris, tendo como principais cursos fluviais, além do Piauí e Vaza-barris, os rios Jacaré, Piauitinga de Cima, Machado, Caiça e os riachos Oiti, Pombos, Flexas e Urubutinga. O município tem áreas de preservação como as piscinas do povoado Brejo, as fontes de água naturais e o Balneário da Bica, localizado no centro urbano, mas hoje fechado ao público. O município possui atualmente cerca de 100 povoados (mapa 2). Mapa 2 – Município de Lagarto: Limites e Principais Povoados Fonte: Digitalização Hunaldo Lima, Adapt. Almir Junior Como recursos minerais mais explorados e inexplorados têm-se na referida área, as pedras de revestimento, a argila, o calcário, o mármore e o enxofre. 1.2 A Ocupação das Terras de Lagarto De acordo com a Enciclopédia dos Municípios (IBGE, 2012), as terras do atual município de Lagarto foram colonizadas a partir de 1596. A sede do município é uma das mais antigas povoações de Sergipe. Foi à terceira vila criada na Capitania sergipense, vindo após a criação das de Nossa Senhora da Vitória, de São Cristóvão e Santo Antônio e Almas de Itabaiana. Conforme a pesquisa do jornalista e escritor Adalberto Fonseca (2002), em meados de 1575, atendendo aos pedidos dos índios Kiriris que habitavam as margens do rio Jacaré e Piauí-açu, dois missionários da equipe de Manoel Nóbrega, jesuítas, conhecidos como João Salônio e Gaspar Lourenço chegaram a fundar a margem do rio Jacaré uma tapera, acompanhada também de soldados, logo esta aldeia foi ateada fogo e os índios presos. Em seguida passa-se por outra fase de ocupação em 1596, com distribuição de sesmarias a Gaspar de Menezes, Gaspar d’ Almeida, Domingos Werneck Nobre e Antônio Gonçalves de Santana e outros, onde se pode verificar em “Historia de Sergipe” de Felisbelo Freire (1891). Com estes nomes celebres nasceram o povoado Santo Antônio. Este foi crescendo aos poucos com o surgimento do cultivo de algodão, milho e feijão, mas principalmente, a criação de gado. Porém em 1645, conforme Fonseca (2002), muitos habitantes do povoado morreram vitimas da “bexiga de santo Antônio”, a conhecida Varíola. Ele diz: ”não há registro sobre o total de mortes, mas alguns cronistas afirmam que num só dia pereceram mais de 200 pessoas.” Assim os doentes foram levados pelos frades para o local onde hoje é a Praça da Piedade, assim nascia a então cidade de Lagarto. A nova população construiu seus casebres e começou novamente a ocupação dessas terras em novo espaço sob a invocação de Nossa Senhora da Piedade de Pedra do Lagarto, por decreto episcopal de 11 de dezembro de 1679, sendo o mesmo confirmado por Laudelino Freire, em Quadro Corográfico de Sergipe, quando afirma: “... estes, aterrados pelo aparecimento da varíola, se mudaram para o local em que está a cidade...”. (Freire, 1902, p. 121). O distrito de Lagarto revelou-se em 1703, enquanto a vila foi criada em 1727, sendo a terceira do estado de Sergipe, após as de São Cristóvão e Itabaiana. A vila foi reconhecida como cidade (lei provincial no. 1.140, de 20 de abril de 1880), porém ainda constava de um número pequeno de habitantes. A origem do nome Lagarto costuma ser explicada através da teoria que, teria uma pedra em forma de um lagarto ou teiú nas mediações da cidade, por isso, a denominação “Nossa Senhora da Piedade de Pedra do Lagarto”. Adalberto Fonseca afirma que, em anotação do padre José Salomão Saraiva datada de 1821 consta o seguinte: “Não encontrando ninguém nessa paróquia que me desse posse, assumi as diretrizes da Matriz de Nossa Senhora da Piedade da Pedra do Lagarto”. (Mesquita: 1981, p. 7). 1.3 A Importância de Mons. Daltro para o Município Entre tantos nomes marcantes na historia desta incrível cidade podemos destacar monsenhor João Batista de Carvalho Daltro, pois foi um dos que contribuíram para o crescimento desta cidade, o mesmo concluiu a igreja matriz, fundou hospital, cemitério, escolas, e contribui bastante para o fortalecimento da agropecuária local. Como presidente do conselho municipal edificou várias obras como a prefeitura, a praça da piedade, e junto ao governo da província muitas melhorias para região como, por exemplo, a ponte sobre o rio Caiça que liga Lagarto a Simão Dias. Monsenhor Daltro implantou verdadeira reforma agrária no município, já que ele só admitia o casamento quando os noivos dispunham de uma casinha para morar, um pedacinho de terra para trabalhar, um cavalo para andar e uma vaca para dar leite para as crianças. Quando os noivos não tinham esses requisitos, chamava-se seus pais e os obrigava a distribuir as terras com seus filhos. Essa política durante 42 anos explica a estrutura fundiária da área, pois Lagarto com 969, 226 km² (IBGE) de área é seccionado em milhares de pequenas propriedades, conforme o Censo do IBGE de 2008. Monsenhor Daltro morreu em 02 de fevereiro de 1910, aos 82 anos, na Fazenda Baixão, município de Simão Dias, onde nasceu em 23 de junho de 1823. Foi sepultado em 03 de fevereiro na matriz de Nossa Senhora da Piedade. Vigário coadjutor de Simão Dias e Lagarto foi nomeado titular desta última freguesia onde serviu por muitos anos “[...] semeando o bem em torno de si pelo exemplo de suas virtudes, realçadas pela mais nobre dentre todas, do absoluto desprendimento dos seus haveres em favor dos desprotegidos da fortuna”. Dito por Armindo Guaraná no Dicionário Bibliográfico Sergipano (p.245), onde acrescenta: Se, como sacerdote e pároco foi incansável na propaganda da fé e no combate às doutrinas condenadas pela Igreja, como cidadão muito contribuiu para o progresso daquela zona, promovendo a realização de melhoramentos materiais de incontestável utilidade (GUARANÁ, 1925, p.245). 2 LAGARTO HOJE Procurou-se através de pesquisas de campo abordar o período de ocupação deste território, que hoje forma o município de Lagarto com uma área de 969,226 km² e 94.852 habitantes. A população de Lagarto orgulha-se, entre outras coisas, de ser uma das maiores cidades do Estado com aspecto de grande centro. 2.1 A Economia Lagartense Entre o litoral e o sertão de Lagarto possuem uma grande diversidade de atividades econômicas e estão especialmente pautadas nos produtos agrícolas, com destaque no cultivo de Tabaco e plantas cítricas como; laranja, limão, maracujá, abacaxi. Possui os rebanhos ovinos, suínos, bovinos, equinos e os galináceos. É grande a industrialização do Tabaco que movimenta a economia do município, onde mais de 50% de sua produção é exportada para outros estados do país. A cidade também possui outros setores como: as indústrias de embalagens, concessionárias de veículos, fábricas de móveis, fábricas de velas, indústrias de produtos químicos e indústrias do gênero alimentício. A agricultura, a pecuária e o comércio central formam o tripé de sustentação da economia local gerando empregos e movimentando a cidade. O que pode ser visto claramente na tabela a seguir. Tabela 1 - PIB 2005 - 2009 (1.000 R$) – Brasil, Sergipe, Aracaju e Lagarto 2005 Brasil 2006 2007 2 147 239 292 2 369 483 546 2 661 344 525 2008 3 032 203 490 Sergipe 13 427 437 15 124 269 16 895 691 19 551 803 Aracaju 5 197 568 5 633 122 6 268 972 6 759 420 Lagarto 402 170 464 242 527 089 575 189 2009 (1) Posição 3 239 404 053 19 767 111 21º do BR 1º de SE, 7 069 448 64º do BR 614 668 7º de SE Fonte: IBGE, 2011 2.1.1 a agricultura O município tem como produtos de referência a mandioca, o fumo, a laranja, o maracujá, e a pimenta. Lagarto tem zonas propícias para a lavoura e para a pecuária o que contribui para que a economia local crescesse de forma desconcentrada. O peculiar município é composto de muitos indicadores que representam a força do campo. Um simples olhar em seu interior será possível notar a importância do solo na vida do povo lagartense, pois são milhares de proprietários, ora com atividades de lavoura, ora com a criação de gado ou com as duas em conjunto. São pequenos sítios que alimentam este município e são referências na produção agrícola estadual em valores totais. O município conta com cerca de 7.000 pequenas propriedades, Com várias comunidades rurais bem alicerçadas. Lagarto não sofre mais com o êxodo rural, graças às suas peculiaridades fundiárias. Colônia Treze, Jenipapo, Brasília, Olhos d’Água, Boa Vista, Santo Antônio, Brejo e Sobrado, são alguns dos expressivos povoados do município que fornecem hortaliças para a feira livre. Merece ser lembrada a importante participação do Sr. Antônio Martins de Menezes para a agricultura do município, fundador da Colônia Treze, através da Cooperativa Mista dos Agricultores, hoje um dos maiores polos agrícolas de Sergipe. Além dessa atividade, a cidade dispõe de elevado potencial pecuário, obtendo um dos maiores plantéis do Estado, com fama nacional. É importante salientar que quando se faz menção as áreas de modernização agrícolas do estado de Sergipe, a região Centro-Sul, onde está situado o município de Lagarto, é considerada como referência, muito embora incipiente na produção citrícola. Sendo assim, não é exagero falar em liberação de braços da agricultura em consequência do processo de modernização. Cumpre-nos citar Oliveira, quando comenta o aprofundamento da relação do capital monopolista industrial com a agricultura: “É fundamental explicar que o capital não transforma de uma só vez todas as formas de produção em produção ditadas pelo lucro capitalista. O desenvolvimento do capitalismo se faz de forma desigual e contraditória” (OLIVEIRA, 1999, p. 29). A atividade não agrícola pode complementar ou ser a principal fonte de renda da família. Na realidade estudada, encontramos atividades não agrícolas que tem se desenvolvido bastante, mudando o perfil tradicional da cidade, ainda com grande influência rural, mas abrindo porta para a crescente urbanização, a exemplo do comércio, a construção civil, a educação e os serviços de maneira geral. Por outro lado, as atividades relacionadas à agropecuária, mas praticadas, na maioria das vezes, fora do estabelecimento e consideradas como alternativas para a renda familiar tem também destaque como o diarista/agrícola e a produção de farinha. É claro que muitos fatores contribuíram com o crescimento da cidade, um deles, por exemplo, foi o crescimento populacional, a modernização no campo e o crescimento da oferta de serviços na sede municipal, como a saúde e a educação e a oferta de empregos na indústria, que contribuem para que as pessoas migrem do campo para a cidade e busquem melhor “qualidade de vida” (tabela 1). Contribuem para isso também ações de natureza eminentemente político-social, as criações de rede de estradas para transporte e fluxo de mercadorias, a melhoria dessas vias, serviços de infraestrutura urbana etc. Tabela 2 - População (1960-2010) - Lagarto/SE Ano População 19601 19701 20002 20073 20102 Urbana Rural Total 6.997 40.041 48998 12.623 38.518 53.111 40.527 42.807 83.334 43.273 45.707 88.980 48.889 45.963 94.852 1 População Residente (pessoas): Censo Demográfico 1960, 1970 (IBGE). In: BNB, Lagarto, Fortaleza, 1981. 2 População Residente (pessoas): Censo Demográfico 1991, 2000 e 2010(IBGE). 3 População Residente (pessoas): Contagem Populacional 1996 e 2007 (IBGE) De acordo com a tabela pode-se observar a significativa e tradicional população rural de Lagarto e sua mudança, principalmente nas últimas décadas. Nos anos 2000 ainda tinha-se uma maioria rural, mas que em 2010 já nota-se uma mudança de perfil populacional em direção aos núcleos urbanos, a sede e aos principais povoados como Colônia Treze, Jenipapo e Brasília. Atualmente a município conta com 94.852 mil habitantes, número que pelas estimativas do IBGE alcançará por volta dos anos 2014 cerca de 100.000 habitantes. 2.1.2 o comércio Discutindo-se primeiramente o centro comercial de uma cidade na visão de estudiosos. Para Laborde (1994, p. 150-151), o centro é a área da cidade onde se acumula uma especialização que nela existe, ponto focal do sistema de circulação de serviços. Já para Santos (1981, p. 181-185) nódulo principal de rede de vias urbana, com forte concentração de serviços e comércio. Sposito (2004, p. 274) afirma que o centro constitui-se por meio de um processo de concentração de atividade de comercialização de bens e serviços, de gestão pública e privada de lazer e de valores materiais e simbólicos em uma área da cidade. Nas cidades pequenas, como em Lagarto, o centro coincide com o marco inicial da cidade. O centro comercial se distribui no estender de toda Avenida Laudelino Freire, além do calçadão D. Pedro II, Praça Filomeno Hora, até mediações da feira livre. Comércio de Lagarto tem crescido muito nos últimos anos, vários estabelecimentos foram abertos e ampliada à oferta de serviços agregando muitos empregos. No mapa 3 se destacam em amarelo as principais avenidas comerciais da cidade: Libério Monteiro, Contorno, Leandro Maciel; Filadelfo Dória entre outras que cercam e dão acesso ao centro. Mapa 3 – Centro da Cidade de Lagarto e Principais Avenidas Fonte: www.mundi.com.br/Mapa-Lagarto-2711749.html É relevante o crescimento do pessoal ocupado assalariado, se em 1996 tínhamos 2.453 em 2008 tivemos 7.579. Desta forma o mercado se torna mais competitivo e acessível ao consumidor, o que vem gerando emprego (tabela 2). É dentro dessas expectativas, que a cidade de Lagarto vê um crescente desenvolvimento da economia e do comércio. Tabela 3 – Cadastro de Empresas – Censo 2008 - Lagarto Número de unidades locais (Unidades) Pessoal ocupado total (Pessoas) Pessoal ocupado assalariado (Pessoas) Salários e outras remunerações (Mil Reais) Salário médio mensal (Salários mínimos) Número de empresas atuantes (Unidades) 1996 599 1997 644 1998 721 2006 1010 2007 1050 2008 1200 3181 3308 3659 8162 8953 8870 2453 2509 2793 7112 7825 7579 6461 7338 8694 55412 64518 75981 - - - 1,7 1,7 1,8 - - - - - 1156 Fonte: IBGE, Cadastro Central De Empresas Do IBGE – CEMPRE O comércio local apresenta aproximadamente 500 lojas de produtos variados cadastradas na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). As atividades comerciais, segundo o cadastro da Rede Nacional de Informações Comerciais (RENIC), organizado pelas associações comerciais e câmaras de dirigentes lojistas, se desenvolvem através de lojas de calçados, confecções, óticas, joias, móveis, financeiras, bares e restaurantes, farmácias. Vários estabelecimentos são de proprietários imigrantes, naturalizados em Minas Gerais, como os proprietários da loja Minas Calçados, Minas Tecidos, e municípios vizinhos como Itabaiana, Simão Dias e Estância. Destacam-se ainda atividades de valor agregado maior como revendas de carros de passeio (MARACAR e SAMAM) e de máquinas agrícolas. O centro exerce um papel de dinamizador da economia local, e os demais bairros são basicamente residenciais e apresentam uma dependência dos serviços centrais. Como o processo da produção da cidade é dinâmico, percebe-se que surge na cidade o inicio de uma especulação imobiliária, com o surgimento de vários loteamentos, com o fortalecimento dos bairros e um crescimento horizontal vertiginoso. Se fizermos uma correlação do espaço da cidade entre os anos 1950 até hoje, percebe-se um grande avanço, ruas que eram terrenos baldios ou até mesmo lagos se tornaram ruas de comércio e habitadas, e uma pequena rua de comércio dos anos 1950, hoje se tornou uma rua moderna, com variedades e bastante extensiva como se explica no acervo a seguir. Na figura 1 tem um lago conhecido como tanque grande que estava sendo dividido no meio com a criação da estrada para estender a avenida do comércio e que hoje (figura 2) se encontra totalmente calçada e atende a uma grande população nos dias de realização da feira livre da cidade, as segundas e quintas-feiras, principalmente. Figura 1: Anos 1950, Antigo Tanque Grande. Fonte: Acervo Biblioteca Municipal “Sílvio Romero”. Figura 2: Avenida Leandro Maciel Ano de 2010. Fonte: Trabalho de Campo. Figura 3: Praça Filomeno Hora - 1960 Fonte: Acervo Biblioteca Municipal “Sílvio Romero”. A figura acima mostra a Praça Filomeno Hora nos anos 1960 quando tinha barracões de feira construídos: o contraste com a foto abaixo é marcante, pois hoje a praça é arborizada e serve como área de lazer e eventos para os residentes e turistas. Figura 4: Praça Filomeno Hora Ano de 2010. Fonte: Trabalho de Campo. Figura 5: Rua Laudelino Freire – 1950. Fonte: Acervo Biblioteca Municipal “Sílvio Romero”. Acima se tem uma das provas do crescimento da cidade, a Rua Laudelino Freire nos anos 1950. Percebe-se na figura um grande número de pessoas andando a pé, e prédios simples, o que já não é mais tão visto atualmente (figura 6). No ano de 2010 essa aparece como rua asfaltada, com sinalização de trânsito, prédios modernos e maior trânsito de veículos. Figura 6: Rua Laudelino Freire no Ano de 2010. Fonte: Trabalho de Campo. Recentemente, o comércio local tem-se desenvolvido bastante, sendo considerado um dos maiores do estado, com lojas bem organizadas e de grande porte. Os investimentos públicos e privados incentivando as modernas formas de consumismo, o que inclui hipermercados, centro comerciais, lazer e outros, além de atividades educacionais, na área da saúde e cultura acabam por atrair consumidores numa escala regional, abrangendo os municípios circunvizinhos do estado de Sergipe e da Bahia, além da própria área rural do município e de outros espaços rurais. 2.1.2.1- feira livre – o comércio popular A feira livre de Lagarto é uma das maiores do estado de Sergipe e acontece, de forma mais ampla, todas as segundas-feiras, desde a madrugada até o entardecer. Estabelece-se no entorno da Praça Rosendo Ribeiro Filho, subdividida em vários setores: frutas, verduras, carne, farinha, trocas, madeiras, roupas. A mesma é bastante conhecida na redondeza e atrai a população dos municípios vizinhos e povoados (figura 7). Figura 7: Feira livre da cidade de Lagarto-SE Fonte: Trabalho de Campo É vista como uma das melhores em variedades e qualidade, a mesma é organizada, pois possui pontos estratégicos para as vendas dos produtos, são feitas divisões, o estacionamento dos transportes ficam em um lado e a feira em outro, tem pontos de moto táxi para atender aos pedestres, além dos jovens carreteiros que transportam os alimentos dos clientes. 2.1.3 a indústria A indústria tem uma participação importante, segundo os dados do IBGE, na formação das atividades econômicas exercidas em Sergipe. O quadro abaixo apresenta, entre outros aspectos, dados sobre pessoal ocupado, salários, retiradas e outras remunerações, receitas, custos e despesas, valor da produção e valor da transformação industrial, onde é possível analisar a importância da indústria para o estado de Sergipe e consequentemente para os municípios-sede. Quadro 1- Pesquisa Industrial Anual – PIA – 2008 Categoria Número de unidades locais Pessoal ocupado em 31.12.08 Salários, retiradas e outras remunerações Encargos sociais e trabalhistas, ind. e benefícios Custos e Despesas Total Unidade 861 36.460 747.100 382.874 Unitário Pessoas Mil reais Mil reais 7.427.165 Mil reais Fonte: Adapt. de IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria, Pesquisa Industrial Anual – Empresa 2008. Alguns empreendedores do Município e do estado se destacam na cidade: José Augusto Vieira (Grupo Maratá), Zezé Rocha (Grupo Rocha), Lila Fraga (Center Plásticos, Fazendas e Fraso - Fábrica de Móveis). Em conjunto essas empresas geram centenas de empregos diretos e indiretos, e atuam em vários setores da economia, tais como indústria, construção, comércio, e educação. A laranja, a mandioca, o fumo são fundamentais para os pequenos produtores do estado nos cultivos industriais. Na cidade de Lagarto mantêm o cultivo da laranja, que também se destaca em outros municípios como Boquim, Salgado, Itabaianainha e outros. A plantação de fumo esta concentrada em maior parte na cidade de Lagarto destaca-se a indústria Fumo Rocha, onde a mesma é transformada em fumo de corda e outra parte da produção é exportada para outros estados como a Bahia, para a fabricação de cigarro. No agreste do estado, Lagarto, Itabaianinha, Riachão do Dantas e outros também são cultivados a mandioca, que é transformada em farinha, tapioca, amido, esse é utilizado nas indústrias, à cidade também dispõe de indústrias de beneficiamento de plástico, corante, cachaça e café. 2.1.4 outros destaques econômicos do munícipio A cidade também tem alguns pontos turísticos que geram renda para pequenas famílias como, por exemplo, a Barragem Dionízio de Araújo Machado, cercada por bares e com fácil acesso. Também há a Praça Dr. Filomeno Hora e locais para aventureiros como a Pedra da Arara e Cachoeira do Saboeiro. O artesanato ainda é muito presente na vida dos lagartenses, têm-se trabalhos em crochê, bordados em ponto-de-cruz e fabricação de vassouras de palha. Além dessas a cidade realiza festas anuais de destaque estadual e nacional. São elas: Lagarto Folia, Silibrina (uma das mais tradicionais do Nordeste, com mais de 80 anos de tradição), Festival da Mandioca, Vaquejada de Lagarto, Exposição Estadual de Animais, Desfile Cívico-Militar, Festa da Padroeira, Forroreta, Madereta. Estas em conjunto geram uma renda temporária para a população autônoma. 3 AS PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO PARA O MUNICÍPIO DE LAGARTO. Com o crescimento populacional e expansão do comércio e serviços prestados na cidade, as ofertas de emprego ampliaram-se bastante nos últimos anos, contribuindo para o aumento do poder aquisitivo da população, o que satisfaz a mesma e incentiva empresas a se instalarem na cidade. Como por exemplo, tem-se a rede de supermercados Wal-Mart Brasil, que instalou na cidade o supermercado Todo Dia, em 2009; a rede de serviços de crédito Hipercard, pertencente ao Banco Itaú, que construiu um prédio para a instalação do Banco. A consolidação do primeiro Hipermercado fora da capital, gerido pelo grupo CECONSUD, de bandeira Chilena. Além disso, há novas perspectivas no setor terciário, com a possibilidade da oferta de novos serviços, com a instalação em sede definitiva do campus da Saúde da Universidade Federal de Sergipe, a ampliação de cursos e do número de alunos na Faculdade José Augusto Vieira; A construção de um Shopping Center, atraído certamente novas redes de lojas e ampliando-se o quantitativo local de estabelecimentos comerciais. Desta forma, o crescimento econômico do município de Lagarto se torna mais nítido e amplia a gama de serviços ao consumidor, o que vem gerando emprego em Lagarto e em todo o país. CONSIDERAÇOES FINAIS Utilizando-se do estudo do crescimento urbano brasileiro e do desenvolvimento local, associado ao desempenho demográfico da cidade, procurou-se demonstrar o importante papel do comércio na dinâmica de crescimento e redistribuição da população urbana no município durante o período de 1950-2010. O desempenho da cidade teve influência significativa do comércio, da indústria e da agricultura, que, dada a intensidade de suas relações de troca com a variada estrutura produtiva do município, devem ser tratadas de forma especial. Assim vem surgindo um processo de transformação do espaço, formando um fenômeno sócio-econômico-cultural, que com suas diversas modalidades afeta tanto o campo como a cidade, sendo que a mesma não é demasiadamente grande, nem congestionada, com tendência a estabilidade do crescimento. O processo de industrialização/urbanização foi determinante na expansão do município. O aumento da escolaridade, atendimento médico, maior acesso a informação, expansão do emprego industrial, enfim são elementos que favoreceram a região e a evolução populacional. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Atlas Escolar de Sergipe: Espaço geo-histórico e cultural. João Pessoa (PB): Editora Grafset, 2007. ARAÚJO, T.B. de. Ensaios Sobre o Desenvolvimento Brasileiro: Heranças e Urgências. 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