Saneamento Básico Politicas Nacionais Economia Engenharia Ambiental Meio ambiente Saúde Julho / agosto de 2006 - Ano XI em xeque Distribuição gratuita Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE Saneamento mais uma vez Candidatos ao governo do Estado definem estratégias para o setor Melhorar a gestão e acabar com o uso político da CEDAE no jogo do poder é consenso entre os candidatos ? Eleições CAC/PRECE COMPLEXO PETROQUÍMICO DO RIO DE JANEIRO ASEAC propõe a utilização de água de reúso no novo pólo da Petrobrás PÁGINAS 18 e 19 As entidades que integram o Movimento em Defesa da CEDAE, CAC e PRECE formaram uma chapa para participar da gestão das duas entidades. A participação de todos os associados e trabalhadores da ativa e aposentados nas eleições é fundamental, para garantir a fiscalização da gestão e a lisura nos investimentos dos órgãos de saúde e previdência da CEDAE. Não deixe de participar. Veja a relação dos candidatos na página 17 PRECE TENTA IMPEDIR ENTRADA DE FISCAIS DO TCE NA SEDE DA EMPRESA PÁGINA 20 Editorial PEDRO EVANDRO FERREIRA Presidente da ASEAC Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE Rua Sacadura Cabral, 120, Sala 1004, Centro Rio de Janeiro - RJ Telefone: 2263-6240 Telefax: 2253-7482 E-mail: [email protected] Home Page: www.aseac.com.br DIRETORIA EXECUTIVA Diretor Presidente Pedro Evandro Ferreira Diretor Administrativo Jorge Haddad de Aquino Diretor Financeiro Maurício Abramant Guerbatin Diretor de Comunicação Maria de Fátima Guerbatin Diretor Técnico João Benedito Mello Diretor Social Marcio de Melo Rocha Diretor Jurídico Dylair Benigno dos Santos Diretor Adjunto Nelson Portugal Conselho Diretor - 2004/2006 Repres. dos Advogados Aloysio Gomes Feital Filho Repres. dos Aposentados Antonio Bastos de Oliveira José Rômulo de Melo Paulo C. S. Ripper Nogueira Repres. dos Arquitetos Tânia Mara Silva Repres. dos Contadores Sérgio Pereira Repres. dos Economistas João A. Vasco Rodrigues Repres. dos Engenheiros Adriano Gama Alves Armando Costa Vieira Jr. Carlos Henrique Pereira José Roberto da C. Dantas Mara R. K. K. S. Alô Sérgio Vieira F. Martins Repres. dos Geólogos Paulo Roberto da Cruz Repres. dos Químicos Augusto César F. Gesteira Conselheiros Natos Antônio Ignácio da Silveira Walnyr B. de Oliveira Emy Guimarães de Lemos João Carlos do R. Pinto Renato Lima do E. Santo Carlos Henrique Menezes Jaime Dutra Noronha Dario Mondego Paulino Cabral da Silva Conselho Fiscal Jaime Dutra Noronha Ricardo Afonso das N. Leitão Sueli Kolling Myriam Allemand D. Diniz Rita de Cássia R. dos Santos Jorge Rodrigues Leitão Editado por Planeja e Informa Produções Ltda. (21) 2223-1197 2233-9883 [email protected] Direção de arte: J.Paulo Sampaio 2 Consciência COLETIVA A união faz a força, e a força no bem supera todos os obstáculos A caso você já se deu conta de que trabalhamos numa grande empresa? Sim, a CEDAE é uma grande empresa, que a muitos alimenta e a outros tantos, talvez em maior número, dessedenta. Toda organização pode ser comparada ao corpo do ser humano. Quando o ser humano não se cuida, ou se submete a estímulos desequilibrantes, seu corpo se desarmoniza, adoece. Isto ocorre não por causa do corpo, mas do Espírito que o dirige. Assim é com a CEDAE. Não são os desmandos oriundos da sua direção, nem tão pouco os do governo que a fazem adoecer. Estes podem trazer-lhe algum prejuízo, mas a CEDAE só adoece quando o Espírito está doente. E tal qual no corpo, a responsabilidade é do Espírito. Mas será que há nesse corpo chamado CEDAE um Espírito? Sem dúvida, é ele Julho /agosto de 2006 Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE que a faz adoecer ou ser saudável e brilhar, cumprindo sua bela missão, de ser fonte da vida. Todos nós, empregados nesta grande organização, constituímos o Espírito Cedaeano. Nossas ações, nossa maneira de ser e agir determinarão sua saúde ou doença. A CEDAE é o reflexo de nossas próprias ações. Se estivermos conscientes de nosso papel e importância, estaremos unidos e fortalecidos nesta união. Sendo grandes, faremos da CEDAE uma grande empresa. Depende de nós construir e manter a empresa que queremos para nossos filhos. Isolados, somos frágeis como simples varas, mas unidos como um feixe, essas frágeis varas sustentarão o mundo. Pense nisso, e haja como espírito de luz a espantar as trevas do egoísmo, da descrença e da sordidez. Unamo-nos em prol de uma CEDAE mais justa, mais forte e operante! Saúde e Previdência É TEMPO DE MUDANÇA Diretoria da ASEAC Todos pela PRECE Pela quantidade de denúncias que chegam a ASEAC, pode-se ter uma idéia de como é difícil reformar a PRECE. Na raiz de tudo, uma confusão. O termo “contribuição” não tem nada de dúbio. É algo que nós fazemos para que alguma coisa maior se realize ou se resolva. E nosso sistema de previdência privada se baseia na solidariedade entre os que estão trabalhando e os que já se aposentaram. Isto significa dizer que o que eu pago hoje não fica depositado em meu nome, rendendo juros e correção, para que, no futuro, eu desfrute do que poupei. Não, tudo que eu recolho à PRECE se destina àqueles que já se aposentaram. Quando chegar a minha vez, os que estiverem na ativa, trabalhando, pagarão por mim. Zelar para que haja um equilíbrio nesse sistema é interesse de todos nós, portanto, para que não sejamos surpreendidos com as verdades e inverdades que vêm sendo divulgadas a respeito da PRECE, em todos os meios de comunicação. Não devemos acreditar ou desacreditar das informações que têm sido apresentadas, e sim nos solidarizar em prol da responsabilidade mútua ou interesse recíproco na gestão daquela entidade. Participando é que poderemos ver aflorar a verdade. Não pensem no que a ASEAC (ou a PRECE) pode fazer por vocês, mas sim o que vocês podem fazer pela ASEAC (ou pela PRECE). Situação da CAC também preocupa associados e familiares do Plano de Saúde Que saudade da CAC! Não faz muito tempo, reinavam nos corações e nas almas dos cedaeanos a segurança e o orgulho de sabermos que tínhamos amparados, caso houvesse necessidade de cuidados médicos, a nossa família, através de um plano eficiente. A Não faz muito tempo, quando na recepção de um consultório médico, clínica e/ou hospital, ao olharmos para aqueles que lá se encontravam, portadores de outros planos de saúde, nos sentíamos tranqüilos e orgulhosos na hora de sermos atendidos, pois tínhamos a certeza de que seríamos muito bem recebidos. Não faz muito tempo, médicos, psicólogos, donos de clínicas e outros profissionais de saúde nos dirigiam a palavra no sentido de “quererem fazer parte do atendimento pela CAC”, e que ela mesma aceitava sugestões nesse sentido. Não faz muito tempo, as reclamações – por acaso existentes – eram resolvidas, e todas no âmbito associado/associação (CAC). Que coisa triste, que coisa feia! Hoje, só chegam notícias de que associados querem deixar de participar da nossa CAC. As razões são simples, coerentes e verdadeiras. E se baseiam na reciprocidade de valores, pois estes valores de atendimento não têm mais satisfeito aos anseios dos associados que, na existência do campo vasto de opções acessíveis, acabam optando por outro plano de saúde. No entanto, não podemos esquecer da existência de um outro valor – o valor da conquista. E a CAC é uma conquista dos trabalhadores. E portanto, não devemos deixar que ela se vá. Por isso, gostaríamos muito que a direção daquela Casa deixasse transparecer a verdade sobre a saúde financeira e operacional da Instituição. E que isso se fizesse de forma clara e transparente, de preferência através de outros veículos de comunicação isentos, e não apenas através de seu jornal. Por isso, estamos oferecendo espaço neste jornal para que a direção da CAC se manifeste sobre suas propostas e projetos para a instituição, demonstrando, assim, respeito pelos associados e trabalhadores. Chega de tanta maldade com o patrimônio do trabalhador! Fotos de arquivo Julho /agosto de 2006 Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE 3 AS PROPOSTAS DOS CANDIDATOS em xeque Saneamento mais uma vez Candidatos ao governo do Estado definem suas estratégias para o setor: a hora da decisão C omo é tradição da ASEAC em todas as campanhas políticas para eleger prefeitos, governadores e presidentes da República, o Jornal da ASEAC procurou os candidatos ao governo do Estado do Rio de Janeiro em 2006 para ouvi-los a respeito de suas posições e propostas para o saneamento básico fluminense e, consequentemente, para a CEDAE, como gestora e operadora desses serviços. Os candidatos do PMDB, Sérgio Cabral; do PSDB, Eduardo Paes; do PRB, Marcelo Crivella; e do PSOL, Milton Temer, responderam prontamente à relação de perguntas enviadas, abordando o modelo de gestão que pretendem introduzir na Companhia e suas posições em relação à situação da Prece-Previdência, caso sejam eleitos. Mas até a data de fechamento desta edição, dia 24 de julho, embora a reportagem do jornal da ASEAC viesse insistindo desde o início de julho, os candidatos Denise Frossard (coligação PFL/PV/PPS), Carlos Lupi (PDT) e Vladimir Palmeira (PT) não haviam respondido as questões formuladas pela ASEAC, por razões diversas alegadas por seus assessores de imprensa. Contrariando a postura dos demais candidatos procurados e de governadores anteriores, que sempre trataram o setor, a CEDAE e seus técnicos com o máximo de interesse, os candidatos alegaram desde falta de tempo e excesso de compromissos na agenda à falta de quadros especializados na assessoria – que ainda estaria sendo formada – para não responder às questões. O candidato do PDT, Carlos Lupi, através de sua assessoria, foi o primeiro a se esquivar das perguntas, alegando que seu programa de governo ainda estava em fase de elaboração e, portanto, suas propostas para o setor de saneamento ainda não estavam consolidadas. Um argumento um tanto questionável, na visão da ASEAC, tendo em vista que o partido do candidato – o PDT – exerceu três mandados nos últimos 20 anos, através do falecido governador Leonel Brizola (dois mandatos) e Anthony Garotinho. Portanto, tem experiência nessa área e deveria já ter formada uma opinião sobre o quadro que vive o setor Ilustração sobre fotos de divulgação 4 Julho /agosto de 2006 Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE no Estado e a própria CEDAE. Já os assessores da candidata Denise Frossard, depois de muita insistência, alegaram excesso de agenda da deputada. E sugeriram que a reportagem do jornal da ASEAC buscasse informações no "site" oficial da campanha, pois não Eleições 2006 Fotos: Arquivo / Alexandre Loureiro adiantaria sequer tentar conversar com ela durante os contatos públicos da candidata, pois ela não teria tempo para as respostas com riqueza de detalhes. Por último, a assessoria do candidato do PT alegou problemas de saúde de Vladimir Palmeira, que acabaram gerando atrasos nos compromissos de campanha e impedindo que o candidato respondesse à entrevista. Nossa reportagem ainda tentou uma entrevista por telefone, mas também não teve sucesso. Diante do comportamento desses candidatos, a ASEAC tem apenas duas análises: ou eles não têm conhecimento da conjuntura e da situação crítica por que passa o saneamento no Estado, que deve ser público para garantir o princípio da igualdade e equidade entre as classes mais e menos favorecidas, ou não querem assumir compromissos com a sociedade e com os trabalhadores do setor, que defendem uma CEDAE pública, reestruturada, eficiente e indivisível. Entre os candidatos ouvidos pela reportagem do Jornal – Sergio Cabral, Marcello Crivella, Eduardo Paes e Milton Temer – todos deixaram claras as suas intenções com relação ao modelo de gestão que pretendem implantar na CEDAE. A maioria se comprometeu com a gestão pública do saneamento, buscando a autonomia e eficiência da CEDAE pública, através de sua reestruturação, como defende a ASEAC e os técnicos da CEDAE. As entrevistas estão dispostas em ordem alfabética. Compromisso comum é não usar a CEDAE como peça no jogo do poder ? Julho /agosto de 2006 Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE 5 EDUARDO PAES Candidato do PSDB quer CEDAE PÚBLICA “A privatização da CEDAE não é a saída. A empresa precisa ser tratada como uma empresa pública, mas que tenha uma administração profissional”. Essa é a visão do candidato do PSDB sobre a CEDAE, que ele promete manter sob gestão pública. Eduardo Paes citou os exemplos da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que foram totalmente reformuladas, abriram seu capital e têm ações em bolsa. O candiato garante que, se eleito, a CEDAE “será uma empresa pública que vai deixar de encher de dinheiro o bolso de políticos, e continuar a cumprir seu papel institucional, que é viabilizar a saúde e a vida da população, e com um detalhado contrato de gestão a ser assinado entre a CEDAE e o Governo do Estado” Jornal da ASEAC - Qual a sua visão com relação ao quadro do saneamento no Estado do Rio de Janeiro? Eduardo Paes - Sei que a primeira coisa que funciona é prevenção. E a prevenção de doenças e da poluição ambiental se faz com rede de esgoto. Há situações críticas no Estado, como o município de São Gonçalo, onde apenas 2% dos quase um milhão de habitantes contam com saneamento básico. Na Zona Oeste do Rio, o quadro é igualmente calamitoso. A área ambiental sempre me preocupou muito. Fui secretário de Meio Ambiente da capital e sei que devido à ausência de diálogo entre prefeituras e Estado, essa situação não é atacada com a urgência e seriedade que deveria ser. Todos sabem que saneamento básico é pressuposto para a saúde, mas as autoridades preferem 6 atacar com paliativos o problema em vez de resolver imediatamente a questão no Estado. Isso desafogaria os hospitais, que são outra dor de cabeça para o poder público. Na recente crise nos hospitais das redes federal, estadual e Municipais, a situação da saúde na re- CEDAE é usada hoje como instrumento partidário dos amigos do poder Julho /agosto de 2006 Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE Eduardo Paes Partido: PSDB Fotos Arquivo / Alexandre Loureiro gião metropolitana só não foi agravada graças a quantidade e a qualidade da água distribuída pela CEDAE, e por isso seus trabalhadores estão de parabéns. Jornal da ASEAC - A CEDAE vem sendo sucateada há alguns anos sempre servindo aos governos, nunca ao Estado e, por isso, não consegue cumprir integralmente a sua função de atender a toda a população com serviços de saneamento. Qual a sua proposta para o modelo de gestão da Companhia? Eduardo Paes - Nossa empresa de esgoto é disparada a pior do Brasil, por causa da ingerência política da partidarização e do crescimento desordenado. A CEDAE não é usada hoje em dia para atender a população ou prestar serviço, mas como instrumento de ação partidária dos amigos Eleições 2006 do poder do governo do Estado. Quero profissionalizar a CEDAE. Jornal da ASEAC - Os técnicos da companhia reclamam de mais autonomia para a CEDAE, de forma que a empresa possa ganhar eficiência e se reestruturar para se modernizar administrativa e operacionalmente, sem ingerência política em suas áreas técnicas. Como o senhor pretende conduzir esse problema? Haverá um contato de gestão entre a CEDAE e o Governo? Eduardo Paes - O problema da interferência política na CEDAE será atacado da mesma maneira que em outras áreas do governo do Estado. É preciso limar a ingerência dos políticos em setores essenciais de prestação de serviço à sociedade. Uma das bandeiras da minha campanha é a profissionalização do Estado. Talvez não haja órgão mais emblemático que a CEDAE para começar este processo de nomeação de gestores e técnicos para cuidar de áreas atualmente nas mãos de políticos não qualificados para este trabalho. Tenho conhecimento do excelente nível dos trabalhadores da CEDAE. Jornal da ASEAC - A Companhia já enfrentou diversas pressões de alguns governos para privatizar os serviços: primeiro a tentativa de venda da empresa, no final da década de 90; depois, a tentativa de venda de 51% de suas ações; e mais recentemente a tentativa de cisão da empresa em seis. Qual a sua proposta para o modelo de gestão da empresa? Objetivamente, o senhor pretende manter a CEDAE pública? Eduardo Paes - Não acho que a privatização da CEDAE seja a saída. Primeiro, ela precisa ser tratada como uma empresa pública, mas que tenha uma administração profissional. Temos dois exemplos no Brasil, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP). Elas foram totalmente reformuladas, abriram seu capital e têm ações em bolsa. Além disso, o governo desses estados abriu parceria com os municípios, que são acionistas dessas empresas. A CEDAE não será privatizada. Ela será uma empresa pública que vai deixar de encher de dinheiro o bolso de políticos, e continuar a cumprir seu papel institucional, que é viabilizar a saúde e a vida da população, e com um detalhado contrato de gestão a ser assinado entre a CEDAE e o Governo do Estado. Jornal da ASEAC - A proposta de marco regulatório em discussão no Congresso prevê a gestão cooperada do saneamento entre estados e municípios. Como o senhor pretende orientar esse relacionamento na área de saneamento, já que a tendência é de que os municípios atuem em conjunto com os estados nas regiões metropolitanas? Teremos nos municípios parceiros estratégicos e institucionais? Eduardo Paes - A cooperação insti- tucional é outra das principais bandeiras da minha campanha. Os consórcios municipais são pilares de qualquer administração moderna. Já temos um bom exemplo disso na Região Metropolitana, com o consórcio intermunicipal de saúde da Baixada Fluminense. Os municípios têm de ser parceiros do estado na questão do saneamento. No entorno da lagoa de Jacarepaguá, o problema da ausência de saneamento já poderia ter sido resolvido há anos. O Governo do Estado avisa que não tem dinheiro para fazer as obras, mas quando a Prefeitura se oferece para a tarefa, também é impedida porque o governo não deixa mexer. É com essa lógica do “não faço nem deixo fazer” que queremos acabar, através de uma relação de parceria com os municípios, independente de qual for o partido dos prefeitos e as nossas diferenças políticas. Esse problema em Minas Gerais já foi superado pelo Aécio Neves através de uma parceria institucional da COPA- Quero dotar os municípios da bacia do Paraíba do Sul de redes de esgotos Julho /agosto de 2006 Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE 7 Eleições 2006 EDUARDO PAES SA com a Prefeitura de Belo Horizonte, que hoje é dona de 12% das ações da companhia de saneamento. Jornal da ASEAC - O Estado do Rio é extremamente dependente de uma única fonte de abastecimento – o Paraíba do Sul, cuja bacia abrange três estados da Federação SP, RJ e MG – que hoje sofre um rápido processo de degradação. Que medidas o senhor vislumbra para preservar esse importante manancial e buscar alternativas de segurança para abastecer especialmente a Região Metropolitana do Rio de Janeiro? Eduardo Paes - Queremos investir em todo o entorno do Paraíba do Sul, dotando a área com rede de esgoto, para que os detritos não cheguem in natura nas águas do rio. A poluição industrial depende de fiscalização e de ação contundente contra as empresas que eventualmente estejam prejudicando o meio ambiente. É preciso fazer com que elas atendam as normas da legislação, caso contrário, serão fechadas, até que cumpram seus deveres. Além disso, é necessário um trabalho de manutenção do rio, de dragagem e replantio de vegetação ciliar nas margens, para evitar o assoreamento do rio. O Rio Paraíba do Sul passa por três estados, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e com esses três estados e os municípios localizados na bacia hidrográfica é que faremos convênios para a proteção e recomposição do Rio e de sua bacia hidrográfica. Esse é um patrimônio e uma riqueza do nosso Estado e vai ser a menina dos olhos da nossa ação ambiental. Privatização não é a saída. A CEDAE precisa ser tratada como uma empresa pública, mas com uma administração profissional cípio do Rio e sei que tanto o bem-estar da população quanto o desenvolvimento econômico passam pelo investimento neste setor. Na refinaria de Itaboraí, precisamos dar um exemplo de gestão que beneficie o desenvolvimento econômico que este empreendimento irá proporcionar, sem deixar de lado as condições de vida da população do município. Para o funcionamento da refinaria, os recursos hídricos são tão necessários quanto a saúde de seus trabalhadores. O trabalho de preservação ambiental na área será realizado com muita atenção para não desperdiçarmos o potencial da indústria e de forma alguma prejudicarmos o povo de Itaboraí. Os técnicos do Estado, da Feema, da Serla e principalmente da CEDAE, serão convocados para junto com a sociedade organizada propor premissas, soluções e proteções para a implantação do complexo de Itaboraí, pois trata-se de um importante investimento para o país, para o estado e para a região, e que deverá coexistir com os mananciais de água potável da região, tão ou mais importantes que a refinaria. Jornal da ASEAC - Recentemente, a PRECE-Previdência - o fundo de pensão dos empregados da CEDAE - foi envolvido em escândalos na CPI dos Jornal da ASEAC - Como pretende equacionar o dilema de abastecer a população e as indústrias diante da forte pressão sobre os recursos hídricos decorrente do rápido crescimento econômico que o Estado vem experimentando? Notadamente a questão da refinaria de Itaboraí. Eduardo Paes - Através de um trabalho sério na bacia do Paraíba do Sul é possível equacionar a questão. Se hoje enfrentamos dificuldades nessa área, elas se devem ao descaso de décadas com os recursos hídricos do Estado. Temos condições de atender às indústrias e à população, a questão é gerenciar nossos recursos e investir na preservação. Fui secretário de Meio Ambiente do muni- 8 Julho /agosto de 2006 Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE fundos de previdência, e a CAC (Plano de Saúde dos empregados da empresa) também enfrenta um processo de sucateamento e desmonte. Em ambos os casos, os empregados denunciam ingerência política e má administração, a mesma visão da subcomissão da CPI dos Correios. Se eleito, de que forma pretende tratar essa questão, já que das duas instituições dependem as famílias dos trabalhadores e os aposentados da CEDAE? Eduardo Paes - Ambas as instituições passam por problemas que são conseqüências do entreguismo da CEDAE às mãos dos políticos. Como gerenciam o dinheiro dos funcionários da CEDAE , o interesse pessoal e econômico desses cidadãos é imenso nestas instituições. Na CPI dos Correios, pude esmiuçar como relator-adjunto as entranhas da Prece e descobrimos um rombo de R$ 309 milhões, o maior entre os 14 fundos de pensão investigados devido à suspeita de desvio de recursos com fins políticos. A profissionalização da CEDAE vai valer para todas as instituições relacionadas e como já temos perfeita noção da maneira como as coisas funcionaram na Prece durante tanto tempo, a fiscalização e a cobrança por serviços e transparência serão especiais ali. Fotos: Arquivo “No município de São Gonçalo, apenas 2% de quase um milhão de pessoas têm saneamento" Eleições 2006 MARCELO CRIVELLA GESTÃO PÚBLICA Candidato do PRB: "Chega de Barganha política" Marcelo Crivella Partido: PRB Jornal da ASEAC - Qual a sua visão com relação ao quadro do saneamento no Estado do Rio de Janeiro? Marcelo Crivella - O Estado tem o dever de garantir o abastecimento de água potável a toda população, na quantidade necessária e dentro de elevados padrões de qualidade, promover o esgotamento sanitário pleno, tratando adequadamente os efluentes de modo a preservar a boa qualidade dos solos, rios e mares, assim como efetuar a cobrança por esses serviços através de uma política tarifária justa e compatível com o poder aquisitivo dessa população. Em essência, praticar justiça social. Infelizmente, esse ideal foge do alcance da maior parte das companhias de saneamento básico, em decorrência da falta de recursos financeiros do poder público para investir em ampliações e melhorias de seus sistemas, além do seu elevado grau de endividamento. Diante disso, todas as companhias públicas de saneamento se defrontam com o desafio de modificar seus modelos de prestação de serviços e de comercialização, de modo “Em uma palavra, não vamos privatizar a CEDAE. Em segundo lugar, não vamos permitir que a Cedae continue sendo objeto de barganha política, com risco para toda população do Rio. Em terceiro, vamos adotar um modelo de gestão que garanta saúde financeira da empresa e capacidade de realizar novos investimentos para melhorar seu padrão de serviço”. Em poucas palavras o senador Marcelo Crivella (PRB) definiu sua proposta para a CEDAE, que considera perfeitamente viável. Na visão manifestada pelo candidato nesta entrevista, saneameno significa saúde e, portanto, deve ser de responsabilidade do Estado. a reduzir as perdas e incrementar suas arrecadações e, assim, prolongar ao máximo a vida útil de seus sistemas, otimizando os recursos materiais e humanos disponíveis e gerando recursos financeiros que, por si só, propiciem a melhoria dos serviços prestados. A implementação de ações que visem à redução das perdas e o incremento de faturamento, como fator isolado, podem não trazer diretamente qualquer benefício concreto em favor das comu- Quero um modelo de cogestão com diretores escolhidos na empresa nidades envolvidas, mas se constitui, sem dúvida, em uma importante etapa para a efetiva melhoria dos serviços oferecidos. Jornal da ASEAC - A CEDAE vem sendo sucateada há alguns anos sempre servindo aos governos, nunca ao Estado e, por isso, não consegue cumprir integralmente a sua função de atender a toda a população com serviços de saneamento. Qual a sua proposta para o modelo de gestão da Companhia? Marcelo Crivella - O ideal seria um modelo de co-gestão, com o governo indicando, entre pessoas de reconhecida competência em gestão empresarial, o Conselho de Administração, e este indicando a presidência e as diretorias, que seriam formadas principalmente por funcionários de carreira da própria empresa. Funcionários estes que ao longo dos anos adquiriram experiência e estão cientes da real necessidade da empresa. Desta maneira teremos o propósito comum do governo e funcionários em recuperar a empresa. Julho /agosto de 2006 Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE 9 MARCELO CRIVELLA Jornal da ASEAC - Os técnicos da companhia reclamam de mais autonomia para a CEDAE, de forma que a empresa possa ganhar eficiência e se reestruturar para se modernizar administrativa e operacionalmente, sem ingerência política em suas áreas técnicas. Como o senhor pretende conduzir esse problema? Haverá um contato de gestão entre a CEDAE e o Governo? Marcelo Crivella - Toda ação para ser bem sucedida deve ser estrategicamente planejada. Será montado um plano de ação em conjunto com os funcionários, com metas a serem atingidas e prazos para o alcance dessas metas, dentro de uma visão dinâmica e menos burocrática. Com base nos resultados obtidos continuaremos com o mesmo plano de ação ou adotaremos modificações para torná-lo mais eficaz. Todas as nossas conquistas serão obtidas através de tentativas e resultados. De qualquer modo, em nenhuma circunstância permitiremos ingerência político-partidária na CEDAE. Queremos ter uma gestão rigorosamente técnica. Jornal da ASEAC - A Companhia já enfrentou diversas pressões de alguns governos para privatizar os serviços: primeiro a tentativa de venda da empresa, no final da década de 90; depois, Não vamos permitir ingerências políticopartidárias na CEDAE a tentativa de venda de 51% de suas ações; e mais recentemente a tentativa de cisão da empresa em seis. Qual a sua proposta para o modelo de gestão da empresa? Objetivamente, o senhor pretende manter a CEDAE pública? Marcelo Crivella - Os dados que possuo (do balanço anual, SNIS) mostram que a empresa é economicamente viável. O que se viu nos últimos anos foi uma tentativa de seguir modelo de outras áreas que foram privatizadas. Porém, cabe salientar que não podemos tratar o saneamento como telecomunicações, energia etc. Saneamento é saúde, portanto é um dever do Estado, e não podemos fugir de nossas responsabilidades. Em uma palavra, não vamos privatizar a CEDAE. Em segundo lugar, "Saneamento é um dever do Estado. Não podemos fugir à nossa responsabilidade" Julho /agosto de 2006 10 Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE não vamos permitir que a CEDAE continue sendo objeto de barganha política, com risco para toda população do Rio. Terceiro, vamos adotar um modelo de gestão que garanta saúde financeira à empresa e capacidade de realizar novos investimentos para melhorar seu padrão de serviço. Jornal da ASEAC - A proposta de marco regulatório em discussão no Congresso prevê a gestão cooperada do saneamento entre estados e municípios. Como o senhor pretende orientar esse relacionamento na área de saneamento, já que a tendência é de que os municípios atuem em conjunto com o estado nas regiões metropolitanas? Teremos nos municípios parceiros estratégicos e institucionais? Marcelo Crivella - A área de saneamento requer um grande investimento. Sabemos que cada valor investido será futuramente recuperado em saúde, mas infelizmente nosso país não possui a cultura da ação preventiva. Nem todos os municípios estão preparados para gerir um sistema de saneamento próprio. Dependem do subsidio cruzado, por não possuírem recurso hídrico próprio. A função do Estado é de manter sempre este equilíbrio; conto com a sabedoria e sapiência dos prefeitos para entenderem que, se sua área é auto-suficiente, para o bem estar da saúde pública ele deverá participar também do subsidio cruzado para com os que não contam com esta característica. De qualquer modo, procuraremos adotar uma administração compartilhada, eventualmente trazendo representantes municipais para o Conselho de Administração da empresa, de forma estatutária. Jornal da ASEAC - O Estado do Rio é extremamente dependente de uma única fonte de abastecimento - o Paraíba do Sul, cuja bacia abrange três estados da Federação SP, RJ e MG - que hoje sofre um rápido processo de degradação. Que medidas o senhor vislumbra para preservar esse importante manancial e buscar alternativas de segurança para abastecer especialmente a Região Metropolitana do Rio de Janeiro? Marcelo Crivella - É claro que temos que implementar o comitê para garantir a integridade do abastecimento do Rio de Janeiro. Ainda não contamos com