Saneamento Básico  Politicas Nacionais

Economia  Engenharia Ambiental  Meio ambiente  Saúde
Julho / agosto de 2006 - Ano XI
em xeque
Distribuição gratuita
Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE
Saneamento mais uma vez
Candidatos ao governo do Estado
definem estratégias para o setor
Melhorar a
gestão e acabar
com o uso político
da CEDAE no
jogo do poder é
consenso entre
os candidatos
?
Eleições CAC/PRECE
COMPLEXO PETROQUÍMICO
DO RIO DE JANEIRO
ASEAC propõe a utilização de água
de reúso no novo pólo da Petrobrás
PÁGINAS 18 e 19
As entidades que integram o Movimento em Defesa da CEDAE, CAC e PRECE formaram uma chapa para participar
da gestão das duas entidades. A participação de todos os
associados e trabalhadores da ativa e aposentados nas
eleições é fundamental, para garantir a fiscalização da
gestão e a lisura nos investimentos dos órgãos de saúde
e previdência da CEDAE. Não deixe de participar.
Veja a relação dos candidatos na página 17
PRECE TENTA IMPEDIR ENTRADA DE FISCAIS DO TCE NA SEDE DA EMPRESA
PÁGINA 20
Editorial
PEDRO EVANDRO FERREIRA
Presidente da ASEAC
Associação
dos Empregados
de Nível
Universitário
da CEDAE
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Rio de Janeiro - RJ
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Direção de arte: J.Paulo Sampaio
2
Consciência
COLETIVA
A união faz a força, e a força no
bem supera todos os obstáculos
A
caso você já se deu conta
de que trabalhamos numa
grande empresa? Sim, a
CEDAE é uma grande
empresa, que a muitos
alimenta e a outros tantos,
talvez em maior número, dessedenta.
Toda organização pode ser comparada
ao corpo do ser humano. Quando o ser
humano não se cuida, ou se submete a
estímulos desequilibrantes, seu corpo
se desarmoniza, adoece. Isto ocorre
não por causa do corpo, mas do Espírito que o dirige.
Assim é com a CEDAE. Não são
os desmandos oriundos da sua direção, nem tão pouco os do governo
que a fazem adoecer. Estes podem
trazer-lhe algum
prejuízo, mas a
CEDAE só adoece
quando o Espírito
está doente. E tal
qual no corpo, a
responsabilidade é
do Espírito. Mas
será que há nesse
corpo chamado CEDAE um Espírito?
Sem dúvida, é ele
Julho /agosto de 2006
Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE
que a faz adoecer ou ser saudável e
brilhar, cumprindo sua bela missão,
de ser fonte da vida.
Todos nós, empregados nesta
grande organização, constituímos o
Espírito Cedaeano. Nossas ações,
nossa maneira de ser e agir determinarão sua saúde ou doença.
A CEDAE é o reflexo de nossas
próprias ações. Se estivermos conscientes de nosso papel e importância,
estaremos unidos e fortalecidos nesta
união. Sendo grandes, faremos da CEDAE uma grande empresa. Depende
de nós construir e manter a empresa
que queremos para nossos filhos. Isolados, somos frágeis como simples
varas, mas unidos como um feixe,
essas frágeis varas
sustentarão o mundo. Pense nisso, e
haja como espírito
de luz a espantar as
trevas do egoísmo,
da descrença e da
sordidez.
Unamo-nos em
prol de uma CEDAE
mais justa, mais forte e operante!
Saúde e Previdência
É TEMPO DE MUDANÇA
Diretoria da ASEAC
Todos pela PRECE
Pela quantidade de denúncias que chegam a ASEAC, pode-se ter uma idéia de como é difícil reformar a PRECE. Na raiz de tudo, uma confusão.
O
termo “contribuição” não
tem nada de dúbio. É algo
que nós fazemos para que
alguma coisa maior se realize ou se resolva. E nosso
sistema de previdência privada se baseia na solidariedade entre
os que estão trabalhando e os que já
se aposentaram.
Isto significa dizer que o que eu pago
hoje não fica depositado em meu nome,
rendendo juros e correção, para que, no
futuro, eu desfrute do que poupei. Não,
tudo que eu recolho à PRECE se destina
àqueles que já se aposentaram. Quando
chegar a minha vez, os que estiverem
na ativa, trabalhando, pagarão por mim.
Zelar para que haja um equilíbrio nesse
sistema é interesse de todos nós, portanto, para que não sejamos surpreendidos
com as verdades e inverdades que vêm
sendo divulgadas a respeito da PRECE,
em todos os meios de comunicação.
Não devemos acreditar ou desacreditar das informações que têm sido
apresentadas, e sim nos solidarizar em
prol da responsabilidade mútua ou
interesse recíproco na gestão daquela
entidade. Participando é que poderemos
ver aflorar a verdade. Não pensem no que
a ASEAC (ou a PRECE) pode fazer por
vocês, mas sim o que vocês podem fazer
pela ASEAC (ou pela PRECE).
Situação da CAC também preocupa associados e familiares do Plano de Saúde
Que saudade da CAC!
Não faz muito tempo, reinavam nos corações e
nas almas dos cedaeanos a segurança e o orgulho
de sabermos que tínhamos amparados, caso houvesse necessidade de cuidados médicos, a nossa
família, através de um plano eficiente.
A
Não faz muito tempo,
quando na recepção de um
consultório médico, clínica
e/ou hospital, ao olharmos
para aqueles que lá se encontravam, portadores de
outros planos de saúde, nos sentíamos
tranqüilos e orgulhosos na hora de sermos atendidos, pois tínhamos a certeza
de que seríamos muito bem recebidos.
Não faz muito tempo, médicos, psicólogos, donos de clínicas e outros profissionais de saúde nos dirigiam a palavra
no sentido de “quererem fazer parte do
atendimento pela CAC”, e que ela mesma
aceitava sugestões nesse sentido.
Não faz muito tempo, as reclamações – por acaso existentes
– eram resolvidas, e todas no âmbito
associado/associação (CAC).
Que coisa triste, que coisa feia!
Hoje, só chegam notícias de que associados querem deixar de participar
da nossa CAC. As razões são simples,
coerentes e verdadeiras. E se baseiam
na reciprocidade de valores, pois estes
valores de atendimento não têm mais
satisfeito aos anseios dos associados
que, na existência do campo vasto de
opções acessíveis, acabam optando por
outro plano de saúde.
No entanto, não podemos esquecer
da existência de um outro valor – o valor
da conquista. E a CAC é uma conquista
dos trabalhadores. E portanto, não devemos deixar que ela se vá.
Por isso, gostaríamos muito que a
direção daquela Casa deixasse transparecer a verdade sobre a saúde financeira
e operacional da Instituição. E que isso
se fizesse de forma clara e transparente,
de preferência através de outros veículos
de comunicação isentos, e não apenas
através de seu jornal.
Por isso, estamos oferecendo espaço neste jornal para que a direção da
CAC se manifeste sobre suas propostas
e projetos para a instituição, demonstrando, assim, respeito pelos associados e trabalhadores.
Chega de tanta maldade com o
patrimônio do trabalhador!
Fotos de arquivo
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Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE
3
AS PROPOSTAS DOS CANDIDATOS
em xeque
Saneamento mais uma vez
Candidatos ao governo do Estado
definem suas estratégias para o setor: a hora da decisão
C
omo é tradição da ASEAC em todas as campanhas políticas para eleger
prefeitos, governadores e
presidentes da República,
o Jornal da ASEAC procurou os candidatos ao
governo do Estado do
Rio de Janeiro em 2006
para ouvi-los a respeito de suas posições
e propostas para o saneamento básico
fluminense e, consequentemente, para
a CEDAE, como gestora e operadora
desses serviços.
Os candidatos do PMDB, Sérgio Cabral; do PSDB, Eduardo Paes; do PRB,
Marcelo Crivella; e do PSOL, Milton
Temer, responderam prontamente à relação de perguntas enviadas, abordando
o modelo de gestão que pretendem introduzir na Companhia e suas posições em
relação à situação da Prece-Previdência,
caso sejam eleitos.
Mas até a data de fechamento desta
edição, dia 24 de julho, embora a reportagem do jornal da ASEAC viesse
insistindo desde o início de julho, os
candidatos Denise Frossard (coligação
PFL/PV/PPS), Carlos Lupi (PDT) e
Vladimir Palmeira (PT) não haviam
respondido as questões formuladas pela
ASEAC, por razões diversas alegadas por
seus assessores de imprensa. Contrariando a postura dos demais candidatos procurados e de governadores anteriores, que
sempre trataram o setor, a CEDAE e seus
técnicos com o máximo de interesse, os
candidatos alegaram desde falta de tempo
e excesso de compromissos na agenda à
falta de quadros especializados na assessoria – que ainda estaria sendo formada
– para não responder às questões.
O candidato do PDT, Carlos
Lupi, através de sua assessoria, foi
o primeiro a se esquivar das perguntas,
alegando que seu programa de governo
ainda estava em fase de elaboração e,
portanto, suas propostas para o setor
de saneamento ainda não estavam
consolidadas. Um argumento um tanto
questionável, na visão da ASEAC, tendo
em vista que o partido do candidato
– o PDT – exerceu
três mandados nos
últimos 20 anos,
através do falecido
governador Leonel
Brizola (dois mandatos) e Anthony
Garotinho. Portanto, tem experiência
nessa área e deveria
já ter formada uma
opinião sobre o quadro que vive o setor
Ilustração sobre fotos de divulgação
4
Julho /agosto de 2006
Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE
no Estado e a própria CEDAE.
Já os assessores da candidata Denise Frossard, depois de muita insistência,
alegaram excesso de agenda da deputada.
E sugeriram que a reportagem do jornal
da ASEAC buscasse informações no
"site" oficial da campanha, pois não
Eleições 2006
Fotos: Arquivo / Alexandre Loureiro
adiantaria sequer tentar conversar com
ela durante os contatos públicos da candidata, pois ela não teria tempo para as
respostas com riqueza de detalhes.
Por último, a assessoria do candidato
do PT alegou problemas de saúde de Vladimir Palmeira, que acabaram gerando
atrasos nos compromissos de campanha
e impedindo que o candidato respondesse à entrevista. Nossa reportagem ainda
tentou uma entrevista por telefone, mas
também não teve sucesso.
Diante do comportamento desses
candidatos, a ASEAC tem apenas duas
análises: ou eles não têm conhecimento
da conjuntura e da situação crítica por
que passa o saneamento no Estado, que
deve ser público para garantir o princípio
da igualdade e equidade entre as classes mais e menos favorecidas, ou não
querem assumir compromissos com a
sociedade e com os trabalhadores do setor, que defendem uma CEDAE pública,
reestruturada, eficiente e indivisível.
Entre os candidatos ouvidos pela
reportagem do Jornal – Sergio Cabral,
Marcello Crivella, Eduardo Paes e Milton Temer – todos deixaram claras as
suas intenções com relação ao modelo
de gestão que pretendem implantar na
CEDAE. A maioria se comprometeu
com a gestão pública do saneamento,
buscando a autonomia e eficiência da
CEDAE pública, através de sua reestruturação, como defende a ASEAC e os
técnicos da CEDAE. As entrevistas estão
dispostas em ordem alfabética.
Compromisso
comum é não
usar a CEDAE
como peça no
jogo do poder
?
Julho /agosto de 2006
Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE
5
EDUARDO PAES
Candidato do PSDB quer
CEDAE PÚBLICA
“A privatização da CEDAE não é a saída. A empresa
precisa ser tratada como uma empresa pública, mas
que tenha uma administração profissional”. Essa é a
visão do candidato do PSDB sobre a CEDAE, que ele
promete manter sob gestão pública. Eduardo Paes
citou os exemplos da Companhia de Saneamento de
Minas Gerais (Copasa) e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que
foram totalmente reformuladas, abriram seu capital
e têm ações em bolsa. O candiato garante que, se
eleito, a CEDAE “será uma empresa pública que vai
deixar de encher de dinheiro o bolso de políticos, e
continuar a cumprir seu papel institucional, que é
viabilizar a saúde e a vida da população, e com um
detalhado contrato de gestão a ser assinado entre
a CEDAE e o Governo do Estado”
Jornal da ASEAC - Qual a sua visão
com relação ao quadro do saneamento
no Estado do Rio de Janeiro?
Eduardo Paes - Sei que a primeira
coisa que funciona é prevenção. E a
prevenção de doenças e da poluição
ambiental se faz com rede de esgoto.
Há situações críticas no Estado, como o
município de São Gonçalo, onde apenas
2% dos quase um milhão de habitantes
contam com saneamento básico. Na
Zona Oeste do Rio, o quadro é igualmente calamitoso. A área ambiental
sempre me preocupou muito. Fui secretário de Meio Ambiente da capital
e sei que devido à ausência de diálogo
entre prefeituras e Estado, essa situação
não é atacada com a urgência e seriedade que deveria ser. Todos sabem que
saneamento básico é pressuposto para
a saúde, mas as autoridades preferem
6
atacar com paliativos o problema em
vez de resolver imediatamente a questão
no Estado. Isso desafogaria os hospitais, que são outra dor de cabeça para
o poder público. Na recente crise nos
hospitais das redes federal, estadual e
Municipais, a situação da saúde na re-
CEDAE é usada
hoje como
instrumento
partidário
dos amigos
do poder
Julho /agosto de 2006
Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE
Eduardo Paes
Partido: PSDB
Fotos Arquivo / Alexandre Loureiro
gião metropolitana só não foi agravada
graças a quantidade e a qualidade da
água distribuída pela CEDAE, e por isso
seus trabalhadores estão de parabéns.
Jornal da ASEAC - A CEDAE vem
sendo sucateada há alguns anos sempre
servindo aos governos, nunca ao Estado e, por isso, não consegue cumprir
integralmente a sua função de atender
a toda a população com serviços de saneamento. Qual a sua proposta para o
modelo de gestão da Companhia?
Eduardo Paes - Nossa empresa de
esgoto é disparada a pior do Brasil,
por causa da ingerência política da
partidarização e do crescimento desordenado. A CEDAE não é usada
hoje em dia para atender a população
ou prestar serviço, mas como instrumento de ação partidária dos amigos
Eleições 2006
do poder do governo do Estado. Quero
profissionalizar a CEDAE.
Jornal da ASEAC - Os técnicos da
companhia reclamam de mais autonomia para a CEDAE, de forma que
a empresa possa ganhar eficiência e se
reestruturar para se modernizar administrativa e operacionalmente, sem ingerência política em suas áreas técnicas.
Como o senhor pretende conduzir esse
problema? Haverá um contato de gestão
entre a CEDAE e o Governo?
Eduardo Paes - O problema da
interferência política na CEDAE será
atacado da mesma maneira que em
outras áreas do governo do Estado. É
preciso limar a ingerência dos políticos
em setores essenciais de prestação de
serviço à sociedade. Uma das bandeiras
da minha campanha é a profissionalização do Estado. Talvez não haja órgão
mais emblemático que a CEDAE para
começar este processo de nomeação de
gestores e técnicos para cuidar de áreas
atualmente nas mãos de políticos não
qualificados para este trabalho. Tenho
conhecimento do excelente nível dos
trabalhadores da CEDAE.
Jornal da ASEAC - A Companhia já
enfrentou diversas pressões de alguns
governos para privatizar os serviços:
primeiro a tentativa de venda da empresa, no final da década de 90; depois,
a tentativa de venda de 51% de suas
ações; e mais recentemente a tentativa
de cisão da empresa em seis. Qual a
sua proposta para o modelo de gestão
da empresa? Objetivamente, o senhor
pretende manter a CEDAE pública?
Eduardo Paes - Não acho que a
privatização da CEDAE seja a saída. Primeiro, ela precisa ser tratada
como uma empresa pública, mas que
tenha uma administração profissional. Temos dois exemplos no Brasil,
a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e a Companhia
de Saneamento Básico do Estado de
São Paulo (SABESP). Elas foram
totalmente reformuladas, abriram
seu capital e têm ações em bolsa.
Além disso, o governo desses estados
abriu parceria com os municípios,
que são acionistas dessas empresas.
A CEDAE não será privatizada. Ela
será uma empresa pública que vai
deixar de encher de dinheiro o bolso
de políticos, e continuar a cumprir seu
papel institucional, que é viabilizar a
saúde e a vida da população, e com
um detalhado contrato de gestão a ser
assinado entre a CEDAE e o Governo
do Estado.
Jornal da ASEAC - A proposta de
marco regulatório em discussão no
Congresso prevê a gestão cooperada do
saneamento entre estados e municípios.
Como o senhor pretende orientar esse
relacionamento na área de saneamento,
já que a tendência é de que os municípios atuem em conjunto com os estados
nas regiões metropolitanas? Teremos
nos municípios parceiros estratégicos
e institucionais?
Eduardo Paes - A cooperação insti-
tucional é outra das principais bandeiras da minha campanha. Os consórcios
municipais são pilares de qualquer
administração moderna. Já temos um
bom exemplo disso na Região Metropolitana, com o consórcio intermunicipal de saúde da Baixada Fluminense.
Os municípios têm de ser parceiros
do estado na questão do saneamento.
No entorno da lagoa de Jacarepaguá,
o problema da ausência de saneamento
já poderia ter sido resolvido há anos.
O Governo do Estado avisa que não
tem dinheiro para fazer as obras, mas
quando a Prefeitura se oferece para a
tarefa, também é impedida porque o
governo não deixa mexer. É com essa
lógica do “não faço nem deixo fazer”
que queremos acabar, através de uma
relação de parceria com os municípios,
independente de qual for o partido dos
prefeitos e as nossas diferenças políticas. Esse problema em Minas Gerais já
foi superado pelo Aécio Neves através
de uma parceria institucional da COPA-
Quero dotar
os municípios
da bacia do
Paraíba do Sul
de redes de
esgotos
Julho /agosto de 2006
Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE
7
Eleições 2006
EDUARDO PAES
SA com a Prefeitura de Belo Horizonte,
que hoje é dona de 12% das ações da
companhia de saneamento.
Jornal da ASEAC - O Estado do Rio é
extremamente dependente de uma única
fonte de abastecimento – o Paraíba do
Sul, cuja bacia abrange três estados da
Federação SP, RJ e MG – que hoje sofre
um rápido processo de degradação. Que
medidas o senhor vislumbra para preservar esse importante manancial e buscar
alternativas de segurança para abastecer
especialmente a Região Metropolitana
do Rio de Janeiro?
Eduardo Paes - Queremos investir
em todo o entorno do Paraíba do Sul,
dotando a área com rede de esgoto, para
que os detritos não cheguem in natura
nas águas do rio. A poluição industrial
depende de fiscalização e de ação
contundente contra as empresas que
eventualmente estejam prejudicando
o meio ambiente. É preciso fazer com
que elas atendam as normas da legislação, caso contrário, serão fechadas,
até que cumpram seus deveres. Além
disso, é necessário um trabalho de
manutenção do rio, de dragagem e
replantio de vegetação ciliar nas margens, para evitar o assoreamento do rio.
O Rio Paraíba do Sul passa por três
estados, São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais, e com esses três estados
e os municípios localizados na bacia
hidrográfica é que faremos convênios
para a proteção e recomposição do Rio
e de sua bacia hidrográfica. Esse é um
patrimônio e uma riqueza do nosso
Estado e vai ser a menina dos olhos
da nossa ação ambiental.
Privatização não é a saída. A
CEDAE precisa ser tratada como
uma empresa pública, mas com
uma administração profissional
cípio do Rio e sei que tanto o bem-estar
da população quanto o desenvolvimento
econômico passam pelo investimento
neste setor. Na refinaria de Itaboraí, precisamos dar um exemplo de gestão que
beneficie o desenvolvimento econômico
que este empreendimento irá proporcionar, sem deixar de lado as condições de
vida da população do município. Para o
funcionamento da refinaria, os recursos
hídricos são tão necessários quanto a
saúde de seus trabalhadores. O trabalho
de preservação ambiental na área será
realizado com muita atenção para não
desperdiçarmos o potencial da indústria
e de forma alguma prejudicarmos o povo
de Itaboraí. Os técnicos do Estado, da
Feema, da Serla e principalmente da CEDAE, serão convocados para junto com a
sociedade organizada propor premissas,
soluções e proteções para a implantação
do complexo de Itaboraí, pois trata-se
de um importante investimento para o
país, para o estado e para a região, e
que deverá coexistir com os mananciais
de água potável da região, tão ou mais
importantes que a refinaria.
Jornal da ASEAC - Recentemente, a
PRECE-Previdência - o fundo de pensão dos empregados da CEDAE - foi
envolvido em escândalos na CPI dos
Jornal da ASEAC - Como pretende
equacionar o dilema de abastecer a
população e as indústrias diante da
forte pressão sobre os recursos hídricos decorrente do rápido crescimento
econômico que o Estado vem experimentando? Notadamente a questão da
refinaria de Itaboraí.
Eduardo Paes - Através de um trabalho sério na bacia do Paraíba do Sul é
possível equacionar a questão. Se hoje
enfrentamos dificuldades nessa área, elas
se devem ao descaso de décadas com os
recursos hídricos do Estado. Temos
condições de atender às indústrias e à
população, a questão é gerenciar nossos
recursos e investir na preservação. Fui
secretário de Meio Ambiente do muni-
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Julho /agosto de 2006
Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE
fundos de previdência, e a CAC (Plano
de Saúde dos empregados da empresa) também enfrenta um processo de
sucateamento e desmonte. Em ambos
os casos, os empregados denunciam
ingerência política e má administração, a mesma visão da subcomissão
da CPI dos Correios. Se eleito, de que
forma pretende tratar essa questão, já
que das duas instituições dependem
as famílias dos trabalhadores e os
aposentados da CEDAE?
Eduardo Paes - Ambas as instituições
passam por problemas que são conseqüências do entreguismo da CEDAE às
mãos dos políticos. Como gerenciam o
dinheiro dos funcionários da CEDAE , o
interesse pessoal e econômico desses cidadãos é imenso nestas instituições. Na
CPI dos Correios, pude esmiuçar como
relator-adjunto as entranhas da Prece
e descobrimos um rombo de R$ 309
milhões, o maior entre os 14 fundos de
pensão investigados devido à suspeita de
desvio de recursos com fins políticos. A
profissionalização da CEDAE vai valer
para todas as instituições relacionadas e
como já temos perfeita noção da maneira
como as coisas funcionaram na Prece
durante tanto tempo, a fiscalização e a
cobrança por serviços e transparência
serão especiais ali.
Fotos: Arquivo
“No município de São
Gonçalo, apenas 2%
de quase um milhão de
pessoas têm saneamento"
Eleições 2006
MARCELO CRIVELLA
GESTÃO PÚBLICA
Candidato do PRB: "Chega de Barganha política"
Marcelo Crivella
Partido: PRB
Jornal da ASEAC - Qual a sua visão
com relação ao quadro do saneamento
no Estado do Rio de Janeiro?
Marcelo Crivella - O Estado tem
o dever de garantir o abastecimento
de água potável a toda população, na
quantidade necessária e dentro de elevados padrões de qualidade, promover
o esgotamento sanitário pleno, tratando
adequadamente os efluentes de modo a
preservar a boa qualidade dos solos, rios
e mares, assim como efetuar a cobrança
por esses serviços através de uma política tarifária justa e compatível com o
poder aquisitivo dessa população. Em
essência, praticar justiça social. Infelizmente, esse ideal foge do alcance da
maior parte das companhias de saneamento básico, em decorrência da falta
de recursos financeiros do poder público
para investir em ampliações e melhorias
de seus sistemas, além do seu elevado
grau de endividamento. Diante disso,
todas as companhias públicas de saneamento se defrontam com o desafio de
modificar seus modelos de prestação de
serviços e de comercialização, de modo
“Em uma palavra, não vamos privatizar a CEDAE.
Em segundo lugar, não vamos permitir que a Cedae
continue sendo objeto de barganha política, com
risco para toda população do Rio. Em terceiro,
vamos adotar um modelo de gestão que garanta
saúde financeira da empresa e capacidade de
realizar novos investimentos para melhorar seu
padrão de serviço”. Em poucas palavras o senador
Marcelo Crivella (PRB) definiu sua proposta para
a CEDAE, que considera perfeitamente viável. Na
visão manifestada pelo candidato nesta entrevista,
saneameno significa saúde e, portanto, deve ser
de responsabilidade do Estado.
a reduzir as perdas e incrementar suas
arrecadações e, assim, prolongar ao
máximo a vida útil de seus sistemas,
otimizando os recursos materiais e humanos disponíveis e gerando recursos
financeiros que, por si só, propiciem
a melhoria dos serviços prestados. A
implementação de ações que visem à
redução das perdas e o incremento de
faturamento, como fator isolado, podem não trazer diretamente qualquer
benefício concreto em favor das comu-
Quero um
modelo de cogestão com
diretores
escolhidos
na empresa
nidades envolvidas, mas se constitui,
sem dúvida, em uma importante etapa
para a efetiva melhoria dos serviços
oferecidos.
Jornal da ASEAC - A CEDAE vem
sendo sucateada há alguns anos sempre
servindo aos governos, nunca ao Estado e, por isso, não consegue cumprir
integralmente a sua função de atender
a toda a população com serviços de saneamento. Qual a sua proposta para o
modelo de gestão da Companhia?
Marcelo Crivella - O ideal seria um
modelo de co-gestão, com o governo
indicando, entre pessoas de reconhecida
competência em gestão empresarial, o
Conselho de Administração, e este indicando a presidência e as diretorias,
que seriam formadas principalmente por
funcionários de carreira da própria empresa. Funcionários estes que ao longo
dos anos adquiriram experiência e estão
cientes da real necessidade da empresa. Desta maneira teremos o propósito
comum do governo e funcionários em
recuperar a empresa.
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Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE
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MARCELO CRIVELLA
Jornal da ASEAC - Os técnicos da
companhia reclamam de mais autonomia para a CEDAE, de forma que a
empresa possa ganhar eficiência e se
reestruturar para se modernizar administrativa e operacionalmente, sem ingerência política em suas áreas técnicas.
Como o senhor pretende conduzir esse
problema? Haverá um contato de gestão
entre a CEDAE e o Governo?
Marcelo Crivella - Toda ação para ser
bem sucedida deve ser estrategicamente
planejada. Será montado um plano de
ação em conjunto com os funcionários,
com metas a serem atingidas e prazos
para o alcance dessas metas, dentro de
uma visão dinâmica e menos burocrática. Com base nos resultados obtidos
continuaremos com o mesmo plano de
ação ou adotaremos modificações para
torná-lo mais eficaz. Todas as nossas
conquistas serão obtidas através de
tentativas e resultados. De qualquer
modo, em nenhuma circunstância permitiremos ingerência político-partidária
na CEDAE. Queremos ter uma gestão
rigorosamente técnica.
Jornal da ASEAC - A Companhia já
enfrentou diversas pressões de alguns
governos para privatizar os serviços:
primeiro a tentativa de venda da empresa, no final da década de 90; depois,
Não vamos
permitir
ingerências
políticopartidárias
na CEDAE
a tentativa de venda de 51% de suas
ações; e mais recentemente a tentativa
de cisão da empresa em seis. Qual a
sua proposta para o modelo de gestão
da empresa? Objetivamente, o senhor
pretende manter a CEDAE pública?
Marcelo Crivella - Os dados que
possuo (do balanço anual, SNIS) mostram que a empresa é economicamente
viável. O que se viu nos últimos anos
foi uma tentativa de seguir modelo de
outras áreas que foram privatizadas. Porém, cabe salientar que não podemos
tratar o saneamento como telecomunicações, energia etc. Saneamento é saúde, portanto é um dever do Estado, e
não podemos fugir de nossas responsabilidades. Em uma palavra, não vamos
privatizar a CEDAE. Em segundo lugar,
"Saneamento é um dever do
Estado. Não podemos fugir à
nossa responsabilidade"
Julho /agosto de 2006
10 Informativo da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE
não vamos permitir que a CEDAE continue sendo objeto de barganha política,
com risco para toda população do Rio.
Terceiro, vamos adotar um modelo de
gestão que garanta saúde financeira à
empresa e capacidade de realizar novos
investimentos para melhorar seu padrão
de serviço.
Jornal da ASEAC - A proposta de
marco regulatório em discussão no
Congresso prevê a gestão cooperada do
saneamento entre estados e municípios.
Como o senhor pretende orientar esse
relacionamento na área de saneamento,
já que a tendência é de que os municípios atuem em conjunto com o estado
nas regiões metropolitanas? Teremos
nos municípios parceiros estratégicos
e institucionais?
Marcelo Crivella - A área de saneamento requer um grande investimento.
Sabemos que cada valor investido será
futuramente recuperado em saúde, mas
infelizmente nosso país não possui a
cultura da ação preventiva. Nem todos
os municípios estão preparados para
gerir um sistema de saneamento próprio. Dependem do subsidio cruzado,
por não possuírem recurso hídrico próprio. A função do Estado é de manter
sempre este equilíbrio; conto com a
sabedoria e sapiência dos prefeitos
para entenderem que, se sua área é
auto-suficiente, para o bem estar da
saúde pública ele deverá participar
também do subsidio cruzado para
com os que não contam com esta
característica. De qualquer modo,
procuraremos adotar uma administração compartilhada, eventualmente
trazendo representantes municipais
para o Conselho de Administração da
empresa, de forma estatutária.
Jornal da ASEAC - O Estado do Rio é
extremamente dependente de uma única
fonte de abastecimento - o Paraíba do
Sul, cuja bacia abrange três estados da
Federação SP, RJ e MG - que hoje sofre
um rápido processo de degradação. Que
medidas o senhor vislumbra para preservar esse importante manancial e buscar
alternativas de segurança para abastecer
especialmente a Região Metropolitana
do Rio de Janeiro?
Marcelo Crivella - É claro que temos
que implementar o comitê para garantir
a integridade do abastecimento do Rio
de Janeiro. Ainda não contamos com
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Saneamento mais uma vez