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Jornal do Comércio | Porto Alegre, quinta-feira, 10 de setembro de 2015
ARTIGO
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ARQUIVO PESSOAL/JC
O lado negro das startups
Em menos de uma década,
a palavra startup saiu do
desconhecido para ocupar uma
posição consolidada no senso
comum. Criadoras de soluções,
elas têm alterado as relações
socioeconômicas, mas, agora,
começamos a ver os problemas
sofridos por esse modelo.
Como uma reação tardia à
feroz (e por vezes cega) difusão
das startups, cada vez mais se
pergunta: qual o verdadeiro
significado desse movimento?
Por trás de tantos ganhos e
vantagens que essas empresas
sustentam em seus discursos,
onde estão as perdas?
Alguns projetos que se
apoiam no “sharing economy”
confirmam que a criatividade, o
compartilhamento, a colaboração e a sustentabilidade de fato
impulsionam a uma revisão de
processos, instituições e tradições constituídas. Por exemplo,
o Airbnb, que revolucionou
o processo de ocupação de
domicílios, e o Uber, mudando
a cara do transporte público.
Do outro lado, há um mar
de casos de insucesso, cujas
histórias são varridas para
debaixo do tapete.
A HomeJoy, por exemplo,
intermediava trabalho doméstico nos Estados Unidos da
mesma forma como o Helpling
o faz no Brasil. Promoveu ruptura, mas não conseguiu seguir
com as tão necessárias injeções
de dinheiro e, por isso, fechou
as portas. Entre as justificativas
que levaram o projeto ao fracasso está a falta de respaldo
jurídico e o receio de que a
startup tivesse que assumir
vínculos empregatícios.
O primeiro ponto a se
pensar bem quando se fala de
startups brasileiras é que, até
agora, ninguém sabe ao certo
como ganhar dinheiro. Todo
mundo acha que ter participação numa empresa é como
comprar ações do Facebook
quando ele era pequeno - você
PEDRO SCHAFFA
Sócio-fundador da SBAC
Advogados, escritório
de advocacia que fornece
soluções jurídicas para
startups e pequenos e
médios empresários.
BOM SABER
O Senai oferece cursos de tecnologia e
inovação ligados à indústria calçadista. Seu Centro Tecnológico do Couro
é referência nacional nas áreas de
tecnologia do Couro e Meio Ambiente.
A instituição é cadastrada no Pronatec,
do governo federal. #seliga
dicas, sugestões, informações
JONATHAN HECKLER/JC
Como ser dono e funcionário da
sua empresa ao mesmo tempo?
LUCILENE ATHAIDE
@lucileneathaide
Felipe Weschenfelder, de Estância Velha,
diz produzir 300 pares de chinelos por dia
investe R$ 1 mil e tira R$ 1 bi.
Dificilmente um acionista
vai ganhar dinheiro só com
dividendos. Há milhares de
investidores de 1ª viagem que
ganhariam muito mais aplicando seu dinheiro na poupança
do que na loteria das startups.
Muito se ouve nesse mundo
de startups que todos falham e
que isso não é problema, que
você não só pode, como deve
quebrar uma, duas, três vezes
até alcançar o sucesso. Só que
é importante saber que nem
sempre o fracasso é um degrau
na escalada para o sucesso. Às
vezes, ele é só mais um passo
em direção ao abismo.
Ser dono de um negócio não
é sinônimo de vida mansa. Há
quem trabalhe o dobro depois
de virar empreendedor. Para
falar sobre esse assunto, convidamos Felipe Weschenfelder,
35 anos, da Sient, de Estância
Velha, que diz produzir 300 pares de chinelos por dia sozinho.
Por esse trunfo, elegemos
Weschenfelder um especialista em independência em seu
ramo. Ele trabalha com materiais
recicláveis, como mangueiras de
jardinagem, PVC, restos de couro
da indústria etc. Para instalar o
maquinário, em casa, investiu
cerca de R$ 50 mil.
“Houve uma semana em que
produzi 4 mil pares de chinelos
sozinho”, lembra. Tanta produção
tem um segredo: organização.
Weschenfelder estabelece seus
horários de trabalho como se
fosse uma indústria. Distrações
passam longe.
“Se eu não montar uma estratégia, não funciona”, diverte-se.
Abaixo, veja outros fatos que
podem servir de inspiração:
»»Antes da Sient, Weschenfelder
investiu em outras marcas, todas
ligadas à indústria calçadista –
que é característica da região
onde mora. Ele tem afinidade
com o assunto e já trabalhou
para grandes empresas do ramo
no Vale do Sinos.
»»Para chegar ao mercado do
Interior, Weschenfelder faz
parcerias e paga comissão pelas
vendas.
»»O empresário também estabelece algumas parcerias com
brechós e lojas alternativas
da Capital, e já exportou para
estados como São Paulo, Rio de
Janeiro e Santa Catarina.
»»Para ele, o mais difícil não é a
concorrência com as grandes
marcas nacionais que também
comercializam chinelos, mas,
sim, manter um diferencial
estético e de qualidade em seus
produtos.
»»“Busco dar um atrativo a mais.
Mostro que, além de bonito, o
meu produto é sustentável e tem
um conceito. É diferente, não é
fast fashion, não é volume.”
»»Weschenfelder busca aperfeiçoamento constante. Atualmente, ele estuda Design de Moda
na Universidade Luterana do
Brasil (Ulbra).
‘Uma
semana
produzi 4
mil pares
de chinelos
sozinho’
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Como ser dono e funcionário da sua empresa ao mesmo tempo?